'Para desvendar a vida não bastam as ciências, são necessárias também as letras e as artes. E para viver a vida verdadeira, a vida por inteiro, é preciso a ela entregar-se com amor e paixão'.


sexta-feira, 5 de novembro de 2010

“Presidenta Maria”


“Maria, Maria
É um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta...”

Acenderam-se os holofotes e montou-se o circo nos quatro cantos do Brasil: 31 de outubro de 2010 foi a data de uma grande festa democrática de fundamental importância para o nosso país. Nesse dia, os brasileiros calmamente se deslocaram de suas residências até às zonas eleitorais e escolheram por uma significante maioria de votos uma “Maria” para ser a figura mais importante do país e chefiar a nação. “Presidenta” é como essa Maria está sendo chamada nos principais veículos de comunicação. Eu, que já vivenciei alguns momentos políticos importantes do Brasil, confesso que vejo o atual com emoção e esperança. Emoção porque sei que muitas outras Marias viram em Dilma o seu espelho. A Maria que acorda antes do sol nascer e pega na enchada para sustentar a família de numerosos filhos e que não tem chefe porque esse se rendeu a bebida. A Maria que toma conta de dois filhos sozinha, trabalhando o dia todo para sustentá-los e ensinando e sendo ‘Mãe’ durante a noite. A Maria que teve a sorte de entrar para uma Universidade e, cheia de idéias, sonha com um Brasil melhor. A Maria que sofre abuso e violência do marido, mas que nunca o denuncia por medo ou vergonha. A Maria como eu, que olha isso tudo de longe, analisa e conclui que a mudança já está acontecendo e que o hoje e o amanhã melhor que sonhamos começam a se fundir silenciosamente. Essas Marias juntas sonhavam em um dia ouvir uma líder do mesmo gênero fazer um pronunciamento ressaltando a importância da igualdade entre homens e mulheres. Esse sonho foi realizado, assim como o pronunciamento foi muito mais abrangente.

Não quero dar a esse texto uma conotação sexista. Pelo contrário, afinal uma enorme porção da população composta de homens escolheu Dilma como candidata e, efetivamente, elegeu-a. Acho isso muitíssimo positivo e denota, antes de tudo, que não estamos vivendo numa sociedade machista como outrora. Por isso, ressalto a esperança que deposito nesse novo período, no qual as mudanças já estão aparecendo nitidamente.

A “Presidenta Maria” não terá uma tarefa fácil: um país continental e da importância do Brasil exige muito do governante. Acredito que Dilma mostrará sua força: governará com estratégia, inteligência e sabedoria, tudo isso com elegância e saltos altos como toda mulher!

“Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida....”

Seja como for, eu, que sou apenas mais uma Maria desse país, espero de todo coração que a primeira mulher presidente do Brasil tenha um governo memorável.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

domingo, 22 de agosto de 2010

Imaginarium


Viviane estava mexendo nas gavetas de sua mãe quando encontrou uma chave toda trabalhada e muito antiga. Curiosa, a menina de apenas sete anos lembrou do antigo baú que pertencera à sua bisavó materna e que ficava no canto do quarto. Viviane sempre perguntava à mãe o que tinha dentro do baú, mas a mãe desconversava e nunca lhe dissera o que havia ali de fato. Então, a menina foi até a arca, que mais parecia uma peça de museu, e testou se a chave servia. Um encaixe perfeito e apenas um clic quando a menina girou a chave no sentido anti-horário. Com os olhos sedentos e a mente fervilhando de curiosidade, Viviane segurou a arca com as duas mãos e forçou a tampa para cima. Muito pó e um forte cheiro de mofo invadiram suas narinas e fizeram a menina espirrar. Ela coçou o nariz e ajoelhou-se diante do baú olhando o que havia dentro.

Para surpresa da menina, cresceu bem diante de seus olhos uma rosa de dentro do baú vazio. Tratava-se de uma rosa cor de rosa muito vistosa e com um brilho cintilante. Viviane ficou observando e estendeu a mão para tocá-la. Quando encostou na rosa essa desapareceu e surgiu de dentro do baú uma bela jovem vestida de noiva e carregando girassóis nos braços. Ela olhou a menina, sorriu e falou: ‘Olá Viviane! Bem vinda ao meu Mundo Imaginário! Eu sou sua bisavó e tenho algumas coisas fantásticas para lhe mostrar. Apenas fique com os olhos atentos à arca e aproveite o espetáculo!’. Nesse momento ela desapareceu através da cortina do quarto. Viviane olhou para o baú e levou um susto quando a cabeça de um unicórnio branco surgiu e a fitou com ternura. O animal saltou de dentro da caixa e cavalgou até um belo bosque mágico com árvores brilhantes e um belo lago que parecia um espelho d’água. Ele estava bebendo a água do lago quando Viviane observou a chegada de uma lindíssima mulher de vestido vermelho que parecia uma princesa. Ela sorria e trazia um buquê de copos de leite nos braços. A princesa se aproximou do animal, que recuou um pouco no primeiro momento, mas logo deixou que ela o tocasse com muito carinho. Eles ficaram assim, frente à frente, por um tempo. Então, a princesa montou no animal e eles desapareceram cavalgando em direção ao sol poente no horizonte. A menina ficou encantada com a cena. Viviane olhou novamente dentro da caixa, mas não viu nada. Sentiu que alguém a cutucava no ombro esquerdo e olhou para traz: travava-se de um bobo da corte multicolorido dando gargalhadas e saltitando como um coelho. A menina começou a rir muito quando ele parou diante dela e perguntou: ‘Você me acha engraçado? Eu sou engraçado? Hahaha! Tire uma carta! Tire uma carta!’. Viviane pegou a primeira carta do baralho que estava na mão do bobo e olhou: um coringa. ‘Qual carta você tirou? Qual carta você tirou?’, ele perguntou ansioso. ‘Tirei o coringa!’, ela respondeu. ‘O coringa sou eu! O coringa sou eu! Hahaha!’, e pulou dentro do baú desaparecendo imediatamente, assim como a carta na mão de Viviane. A menina achou ele louco e deu risada. Um mago saiu de dentro da arca e fitou a menina com olhar sério. Ele tinha uma longa barba branca e segurava algo que parecia uma bola de cristal. ‘Olhe dentro dessa bola por um instante.’ A menina olhou e sentiu que não estava mais no quarto de sua mãe, mas num belíssimo castelo. O mago estava ao seu lado e disse: ‘Aqui que sua família morava há séculos atrás.’ A menina observou uma jovem de vestido medieval que lembrava muito sua mãe. O mago perguntou novamente com aquele olhar sério: ‘Para onde deseja ir agora?’. Viviane ficou com medo de não estar mais no quarto de sua mãe e disse que queria voltar para casa. Imediatamente, estava sentada na frente do baú com o mago metade do corpo dentro da caixa e metade fora. ‘Agora, você irá trancar novamente a arca e guardar com cuidado a chave. Quando desejar visitar novamente o Mundo Imaginário estaremos aqui para você. Não comente isso com ninguém. Nem com sua mãe. Até mais ver Viviane!’ O mago desapareceu e a caixa fechou-se sozinha. A menina apenas trancou cuidadosamente e guardou a chave na gaveta que havia encontrado. Viviane sentou-se na cama da mãe e ficou pensando um pouco a respeito de tudo que acontecera.

Do outro lado da porta do quarto, a mãe de Viviane escutou tudo que havia acontecido. As risadas, a conversa da menina. Ela sabia bem do que se tratava. Quando a menina abriu a porta e a encontrou por ali apenas sorriu. Ela não resistiu e perguntou: ‘Aconteceu alguma coisa que você queira me contar Viviane?’. A menina balançou a cabeça dizendo que não e foi brincar no jardim. A mãe apenas sorriu por dentro.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis
eleonora.reis7@gmail.com

sábado, 14 de agosto de 2010

O Destino da Cigana


O povo estava todo reunido em volta da fogueira. Algumas mulheres dançavam num ritmo frenético com suas saias coloridas e lenços franjados à luz da lua. As guitarras tocavam em sincronia e o canto parecia um lamento e reverberava dentro do bosque que servia de palco e de local de acampamento para aquela noite. Todos estavam presentes menos Maria de Lourdes, que estava com seus sentidos particularmente aguçados naquela noite. A bela cigana foi se retirando sorrateiramente da reunião e se encaminhando para uma tenda: chegando lá acendeu um candelabro antigo de metal, colocou uma toalha vermelha sobre a mesa e sentou-se para jogar a sorte no baralho. Passara o dia todo vendo sinais na natureza que estavam lhe mostrando uma direção nova na sua vida. Isso já havia acontecido antes com ela, mas ela havia ficado um pouco assustada e decidiu não perguntar nada ao baralho. Contudo, dessa vez era diferente: estavam indo à Alemanha, onde há alguns anos antes ela havia conhecido aquele que fora um grande Amor seu. Como sempre, com a partida da caravana, esse amor ficou apenas dentro de seu coração. Maria de Lourdes jamais esqueceu Igor e guardava a lembrança daqueles dias felizes que eles viveram juntos num verão realmente mágico. O fato é que os sinais estavam mostrando uma nova aproximação com Igor e ela queria ter certeza disso lendo as cartas.

Enquanto embaralhava as cartas ouvia o barulho das pulseiras cheias de moedas que sempre usava. Segurou o baralho, fechou os olhos e fez uma prece silenciosa para que o destino fosse revelado. Tirou a primeira carta que confirmou o motivo do jogo: um homem. Com sua mão cheia de anéis foi dispondo as cartas uma ao lado da outra como costumeiramente fazia para as clientes. Olhou todas dispostas e sentiu um calafrio percorrer o corpo. Nesse momento uma pomba entrou voando rápido dentro da tenda, o que a deixou mais assustada. ‘Um sinal forte de mensagem’, ela pensou. Realmente, o jogo confirmava todos os sinais que ela havia lido na natureza e indicava um reencontro com o seu antigo Amor. Chegando ao final da leitura das cartas, ela apagou as velas, soltou a pomba no bosque e voltou para junto de seu povo naquela bela ‘fiesta’. Todavia, seu pensamento estava em Viena: mais especificamente na orquestra do Grande Teatro.

Igor estava ensaiando as músicas que a orquestra iria apresentar naquela noite em seu quarto. O som alto e agudo da melodia que saia do violino preenchia a peça e os demais quartos do hotel onde estava vivendo. Sorte que os hospedes se encantavam com a música e não reclamavam dos ensaios. Completamente absorvido pela música, Igor foi pego de surpresa por uma pomba que pousou na janela diante dele. Ele parou de tocar e olhou através da janela: a caravana dos ciganos estava chegando na cidade e ele pode ver, entre as mulheres, Maria de Lourdes. A bela cigana tinha sido o primeiro Amor da vida do músico e ele sofrera muito com a separação dos dois. Ele sempre havia planejado que, se ele a encontrasse outra vez, não deixaria que ela se fosse com a caravana. Igor sorriu, piscou para a pombinha e saiu rápido do quarto.

Maria de Lourdes estava mais uma vez encantada com a beleza das ruas de Viena. Distraída com um belo jardim de flores, ela começou ouvir uma linda melodia que ela parecia conhecer. Sentiu novamente o calafrio percorrendo o corpo e lembrou: tratava-se de uma música que Igor havia escrito para ela naquele verão que passaram juntos. Olhou rapidamente em volta buscando por ele. Igor veio por trás: quando ela se virou ele lhe entregou uma belíssima rosa vermelha e beijou gentilmente sua mão. ‘Estou sonhando?’, ela perguntou. ‘Um sonho na vida real’, ele respondeu. Naquele exato momento, o destino dos dois foi traçado. De fato, as cartas não mentem jamais.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

domingo, 8 de agosto de 2010

Sonhos X Realidade


Manuela se virava de um lado para o outro na cama e não conseguia achar posição para dormir naquela noite. Jogou as cobertas para o lado e saiu do quarto pé por pé espiando se a irmã não iria acordar. Quando Manuela entrou no quarto dos pais, viu a mãe de óculos lendo um livro com o abajur aceso.’Mãe, não consigo dormir! Conta uma história?’, ela choramingou. A Mãe achou graça, levantou as cobertas e abriu espaço para a menina deitar. ‘Hoje não vou contar uma história, mas um sonho que a Mamãe teve antes de você nascer e que guardo com muito carinho dentro do meu coração. Você quer escutar?’. Manuela acomodando-se ao lado da mãe e, enquanto puxava as cobertas, fez que sim com a cabeça. A menina ficou parada, levantou os lindos olhos e ficou atenta esperando pela história da mãe.

‘Bem... certa vez eu sonhei que numa terra muito fértil e distante um belo rei recebeu notícias da existência de uma rainha cuja fama era fabulosa: ela era lindíssima, governava com muita honestidade e bondade e seu reino era tão próspero quanto o dele, apesar de distante. O rei ficou intrigado a respeito da tal rainha: pensava muito nela e começou a desejar encontrar-se com ela. Pediu que um mensageiro enviasse um papiro no qual ele solicitava um encontro entre os dois para tratarem de assuntos de interesse político e econômico dos reinos. Na realidade, ele queria era poder estar frente à frente com a lendária rainha. O papiro chegou às mãos da rainha tão logo o mensageiro o entregou. Ela leu o texto com desconfiança, mas recebera as melhores referências desse rei: tratava-se de um homem justo que governava um reino muito próspero numa terra tão distante que ela nunca ouvira falar. Seus conselheiros achavam que era a oportunidade de fazer uma ótima aliança política. A rainha rapidamente decidiu: mandou redigir a resposta que o receberia dentro de duas luas. Depois do mensageiro ter saído, suas amas vieram lhe contar sobre a beleza do tal rei e da sua fama de sedutor. A rainha também ficou intrigada e pediu para prepararem um belíssimo vestido vermelho para o encontro. O rei ficou muito agitado com a resposta: pediu ao jardineiro real para preparar a flor mais rara do jardim para presenteá-la. Também pediu ao joalheiro um colar de rubis e diamantes que ofereceria como um símbolo de amizade entre os povos. Todos sabiam que, na realidade, o rei estava muito interessado na bela rainha.

Duas luas se passaram e chegou o dia em que a caravana do rei chegaria ao palácio da rainha. Ela estava ricamente vestida de vermelho e ouro, usava uma bela tiara dourada e tinha os olhos marcados com um negro kohl. Ela estava um pouco nervosa com o encontro, mas certamente não como ele. Ele estava ansioso e um pouco eufórico, pois seria um encontro com uma mulher que, segundo lhe disseram, era o espelho dele mesmo. Ele estava lindamente vestido num trage real negro e trazia nas mãos uma rosa rara de seis pétalas e o rico colar. As trombetas soaram avisando a chegada do rei. A rainha levantou-se do trono e aguardou ele aproximar-se. Quando o rei e a rainha ficaram frente à frente, tudo parou à sua volta. Quando os olhos se encontraram foi o chamado Amor à primeira vista. Ele entregou a rosa e fez questão de colocar o colar que formou um conjunto perfeito com o vestido que ela usava. Ela lhe entregou de presente uma espada com o seu brazão gravado em ouro e pedras. Eles deixaram as formalidades de lado e foram dar uma volta no lindo jardim real. A sintonia deles era harmônica e perfeita. A noite caiu e o céu estrelado foi testemunha daquele amor puro e verdadeiro. Juntos eles formavam uma união perfeita.

Os primeiros raios de sol da aurora marcavam a cruel, mas necessária, separação dos dois. O rei precisava retornar ao seu povo e aos seus afazeres. A rainha tinha que seguir governando também. Sua união era perfeita pela beleza do Amor, mas impossível dentro de suas realidades. Os dois, que acordaram abraçados, não tocaram nesse assunto. Ele se arrumou e despediu-se dela que o acompanhou até o muro do castelo. Ela ficou vendo seu amado partir ao longe no horizonte. Ele ficou com os olhos fixos no belo rosto de sua amada que foi ficando gradualmente mais distante. Ele partiu, mas deixara seu coração de presente para a rainha e levara embora o dela. Eles terão um ao outro, dentro do coração e na alma, eternamente.’


Manuela estava quase dormindo mas não resistiu e perguntou: ‘Eles não foram felizes para sempre?’. A Mãe riu e fez que não com a cabeça. ‘Por que?’, perguntou a menina. ‘Porque isso não é uma história. É só um sonho que a Mamãe teve querida. Só um sonho.’

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Em Trânsito


Marina estava vivendo um daqueles dias em que nada parecia estar certo na sua vida. Terminou seu trabalho como de costume, mas precisava arejar a cabeça e pensar um pouco acerca de seus problemas. Ao contrário da maioria das pessoas, nesses dias ela preferia dirigir sem destino e aproveitar a paisagem a se isolar. Marina desceu as escadas do prédio onde trabalhava, entrou no carro e escolheu uma direção na pura sorte. Ligou o rádio do carro: a letra da música mencionava um labirinto que a fez lembrar de uma história da mitologia grega. ‘A vida, as vezes, parece mesmo um labirinto’, ela pensou. Deu os ombros e viu passar rapidamente ao seu lado um enorme carro preto reluzente de tão brilhoso. Um carro igual ao do seu Amor a ultrapassou e seguiu rápido. Foi o suficiente para fazer Marina lembrar-se dele com saudade. Ele estava fora da cidade há alguns dias e a dificuldade de comunicação entre eles a deixava triste muitas vezes. No rádio tocou, quase no mesmo momento, uma das músicas que os dois classificavam como sendo ‘deles’, pois adoravam escutar juntos. Com um aperto no peito, ela deixou rolar uma lágrima e pensou que iria ligar para ele assim que chegasse em casa. Limpou o rosto com a mão e seguiu com os olhos fixos na grande avenida.

Sentiu que estava entrando num congestionamento de carros e lembrou que naquele horário isso era bem possível de acontecer. Achou graça quando o carro que parou na sua frente tinha na placa os números iguais aos do seu aniversário: 0702. ‘Cada coincidência’, ela pensou. O trânsito parou por completo. Ela seguia atrás do carro com a placa da data do seu aniversário em fila indiana. Olhou para a esquerda e viu do outro lado da rua um posto de gasolina. Marina verificou no painel do carro: precisava abastecer. ‘Infelizmente está na outra mão’, ela falou baixinho. Seguindo lentamente, agora estava parada diante de uma floricultura. Marina, que adorava flores, esticou o pescoço para ver os belos arranjos. Um deles, de lírios e rosas, foi o que ela mais gostou. Saindo de uma rua lateral e entrando exatamente na sua frente um enorme caminhão de gás ficou no lugar do carro com a data do seu aniversário. Agora parecia que o trânsito estava cada vez mais lento. Olhou para o lado direito e viu uma placa: ‘Estética Marina’. Ela sorriu por conta do nome, olhou para a mão e pensou que precisava de uma manicure. Finalmente, chegara num imenso cruzamento onde o fluxo de carros normalizou. Já estava ficando tarde e Marina decidiu voltar para casa. Dois carros pretos, que mais pareciam o serviço secreto americano, a acompanharam quase até a entrada da sua casa. Marina ficou meio desconfiada, mas logo eles foram embora.

Ela estacionou o carro, ligou o alarme, entrou no prédio e subiu as escadas rapidamente. Sua vizinha perguntou como havia sido o seu dia e ela respondeu que não estava muito bem, mas que havia saído para dirigir e pensar nos problemas. ‘E pensou?’, perguntou a vizinha. Marina sorriu e respondeu : ‘Entrei num labirinto que me fez esquecer deles’. Marina abriu a porta de casa, tirou os sapatos, pegou o telefone e foi fazer o que era realmente importante: ligar para o seu Amor.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis
eleonora.reis7@gmail.com

quinta-feira, 29 de julho de 2010

A Redação de Lucas


Lucas é um menino de nove anos que vive na região metropolitana de uma grande cidade. Ele vem de uma família de pequenos agricultores que sobrevivem tirando o sustento da terra. Parte do que é plantado é comercializado e a outra parte é para a alimentação da própria família. Lucas está na terceira série do ensino fundamental e sua professora pediu que todos os alunos escrevessem uma pequena redação sobre o meio ambiente. Lucas pegou seu caderno e seu lápis e foi sentar-se numa pedra na lateral da propriedade da família. Ele visualizou os campos cheios de plantações e alguns com a terra ainda revolvida pelo arado. Olhou para além da cerca que demarcava o terreno da família e viu um quadro bem diferente: um aterro sanitário com enormes depósitos de lixo. Lucas inspirou o ar e sentiu a mistura do cheiro de terra recém revolvida, gás e mau cheiro do lixo. Ele já estava acostumado com isso, pois vivera a vida toda ali. Ele coçou a cabeça, olhou a sua volta e começou a escrever o seguinte texto:

‘Meio Ambiente

Meu Pai tem uma plantação muito bonita. Plantamos batatas, cebolas, abóboras e muitas coisas boas. A terra sempre nos dá boa colheita. Aqui em casa é um lugar cheio de árvores de frutas, bichos e coisas do meio ambiente. Por isso vim aqui na rua pra escrever. Pena que aqui do lado de casa tem um lixão. Sempre aparece uma água escura* (*chorume) aqui perto da nossa plantação. Aquela água tem um cheiro muito ruim e o Pai coloca terra sobre ela pra sumir. Quando chove a gente não vê essa água, acho que a chuva leva embora. Não gosto quando ela aparece aqui em casa. O lixão estraga a vista da gente. Lá eles despejam de tudo: eu ja vi ali comida, pneus, coisas de hospital com sangue e até um monte de remédios dentro das caixas uma vez. Peguei um e trouxe pra casa pra mostrar pra Mãe. Ela bateu na minha mão e disse pra mim sair de perto do lixão. Acho que é bom mesmo. Uma vez um menino ali do sítio do lado viu até uma perna de gente no lixão. Eu fiquei com medo de ver isso. Mesmo assim, eu sou curioso e vou lá sem o Pai ver. No lixão também tem uns fogos que ficam queimando. A Mãe disse que eu posso me queimar lá. Acho o cheiro muito ruim e quando eu vou lá é mais forte. Eu não gosto de quase nada de lá, mas as vezes eu já encontrei brinquedos. Eu escondo do Pai e da Mãe pra poder brincar. Fora isso, podiam pedir pra acabar com esse lixão. Acho que o meio ambiente aqui de perto seria melhor sem ele.’


Lucas fechou o caderno e voltou para dentro de casa com o sol se pondo. Ele fizera sua lição do dia e abordou um tema de extrema importância que deveria ser analisado pelas mentes mais influentes da nação. Muito já foi modificado no comportamento das pessoas com relação a seleção do lixo dentro das próprias casas. Contudo, os aterros sanitários ainda são um problema e, principalmente, o efeito dos mesmos no meio ambiente. Diferentes soluções como incineradores e usinas de compostagem são algumas alternativas. Creio que autoridades nesse assunto podem sugerir melhores saídas. O fato é que toneladas de lixo forma-se todos os dias e, cedou ou tarde, todos nós estaremos vivendo como Lucas: ao lado do lixão. Melhor tomar alguma iniciativa antes que isso aconteça.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

domingo, 25 de julho de 2010

Reconstrução do Amor


Salmo 8
‘O SENHOR, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra, pois puseste a tua glória sobre os céus!
Tu ordenaste força da boca das crianças e dos que mamam, por causa dos teus inimigos, para fazer calar ao inimigo e ao vingador.
Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste;
Que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites?
Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste.
Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés:
Todas as ovelhas e bois, assim como os animais do campo,
As aves dos céus, e os peixes do mar, e tudo o que passa pelas veredas dos mares.
O SENHOR, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome sobre toda a terra!’


Reconstrução do Amor

Passado e presente misturavam-se como num turbilhão de emoções e sentimentos na mente de Clara. Deitada em seu quarto ela viu passar na tela da memória momentos felizes e outros nem tanto. Viu pessoas que entraram e sairam de sua vida sem ao menos dizer adeus. Viu amores que foram tão lindos e importantes, que encheram de alegria sua existência em tempos diferentes. Começou a pensar no Amor e no sentido dele. Para Clara Amar era como uma sinfonia: algo complexo que precisa acontecer de forma ordenada e harmônica para que saia realmente bonito. Ela era uma mulher que, embora já tivesse amado algumas vezes, permanecia com o coração puro e sonhava com o Amor verdadeiro. Clara pensou que ela era, talvés, uma alienígena no meio da sociedade. Ela observava o comportamento adotado pela maioria das pessoas em relação aos relacionamentos e ao sexo e ficava, muitas vezes, assombrada. Certa vez, ela lembrou, recebera um telefonema no meio da madrugada de um amigo a convidando para ‘passar a noite’ com ele. Ela, naturalmente, respondeu que não. Contudo, não dormiu mais naquela noite e ficou pensando se o Amor estava assim tão descartável na mente das pessoas. Na sua concepção, ela costumava sair com o pretendente algumas vezes até que começassem a trocar beijos e carinhos, namorar efetivamente e, quando o laço afetivo já estava mais sólido, então partiriam para o sexo, que seria feito com envolvimento emocional. Achava essa uma sequência natural. Todavia, observava que a ordem estava trocada agora: sexo primeiro e se acontecer o Amor que venha depois. Achava isso triste e frio. Mas, era apenas uma alienígena entre tantos homens e mulheres seguidores desse pensamento. Cada um sabe o que é certo ou errado para si.

Clara sabia que independente da sociedade, ainda assim acreditaria no Amor verdadeiro. Ela não pretendia ser exemplo de nada, apenas sentia no seu íntimo que tinha que ser honesta consigo mesma. Amar e ser amada em resposta é o que ela desejava. Construir um relacionamento sólido era um de seus objetivos de vida. O Amor é infinito enquanto dura, como diz o poeta, e perfeito quando correspondido. Viver no mundo real um romance de sonhos deveria ser o desejo de toda mulher. Encontrar a mulher de seus sonhos deveria ser o que todo homem deveria buscar. Pode parecer final feliz de comédia romântica, mas garanto que com mais Amor em suas vidas as pessoas se tornariam menos amargas e hipócritas. Amor e felicidade andam juntos e de mãos dadas. Clara escolheu viver de acordo com os ideais de seu coração. Admiro o pensamento dela e, honestamente, torço para que outras pessoas escolham um caminho parecido. O Amor verdadeiro pode parecer fraco demais nos dias de hoje, mas garanto que ele ainda tem uma força descomunal que o torna soberano.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis
eleonora.reis7@gmail.com

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Mulher


‘Salmo 23
O Senhor é o meu Pastor, nada me faltará.
Deitar-me faz em verdes pastos,
guia-me mansamente às águas tranquilas;
Refrigera a minha alma,
guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome,
Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte
não temeria mal algum, porque tu estás comigo,
a tua vara e o teu cajado me consolam;
Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos,
unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda;
Certamente que a bondade e a misericórdia
me seguirão todos os dias de minha vida,
e habitarei na casa do Senhor por longos dias. ‘


Mulher

Ela é simples e caminha suavemente entre os rebanhos de ovelhas.
Ela é bela e vaidosa: usa o espelho para admirar-se.
Ela é pura e traz no peito um coração verdadeiro e bom.
Ela é nobre e caminha alegremente num jardim de flores multicoloridas.
Ela é forte e enfrenta com coragem as vicissitudes da vida.
Ela é penitente de seus próprios erros.
Ela é mãe que zelosa cuida de seus filhos.
Ela é amante que encontrou sua outra parte.
Ela tem fé que é distribuída através de palavras de Amor.
Ela é feliz quando passeia com os pés descalços na beira do mar.
Ela é...MULHER.

Apenas uma Mulher


Já passavam das 5h da manhã, no final de uma grande festa que estava acontecendo na sua própria casa quando ela ouviu os gritos de seu marido completamente bêbado esbravejando contra ela. Ele a pegou pelo braço, abriu a porta da casa e a jogou para fora junto com um casaco de frio e mais nada. Ela ouviu ele bater a porta e a trancar por dentro. Ela levantou-se ainda um pouco tonta, ajeitou o vestido vermelho que ficara um pouco sujo com a queda, colocou o casaco por cima e decidiu caminhar um pouco para escapar do sofrimento. Ela fechou o casaco e colocou as mãos nos bolsos devido ao frio daquela madrugada. Andando pelas ruas, via as pessoas olharem para ela incrédulas: uma mulher num vestido de festa vermelho andando sozinha sem nenhum destino aquela hora não podia ser boa coisa. Muitos pensavam o pior dela. A realidade é que, naquele exato momento da vida, ela não tinha mais absolutamente nada: sem dinheiro, sem telefone, sem local para ir, sem ninguém. Sua família era do interior e na cidade grande tinha poucos conhecidos. Ela sentiu cansaço nas pernas devido ao salto alto: entrou numa estação de metrô e sentou-se encolhida no chão num canto. Ali, enrolada no único abrigo que tinha que era o seu velho casaco, ela viu passar um filme na sua mente contando a sua própria vida. Ela chorou quando chegou ao momento presente, no qual o destino foi tão injusto. Aliás, pensou que o destino só é justo com os justos da Terra. Não era o seu caso. Ela era apenas uma mulher com sonhos e ideais como qualquer outra do planeta. Agarrou os joelhos com os braços e encostou a cabeça fechando os olhos. Elevou o pensamento a Deus pedindo ajuda por estar cansada demais para tomar uma iniciativa. Sentiu que com o aumento do volume de pessoas na estação muitas passavam e a chutavam como se ela não fosse sequer humana. Outros simplesmente a olhavam com desprezo pensando que ela fosse uma prostituta. Ela estava se sentindo tão humilhada e desprezada que apenas fechava os olhos, chorava e rezava.

Sentiu alguém bater em seu ombro: ela recuou assustada acreditando que fosse ser agredida novamente. Olhou e viu um homem com uma fisionomia calma a olhando com preocupação. ‘O que houve senhorita? Porque está aqui nesse local, onde as pessoas estão inclusive a machucando?’. Ela contou sua história e disse que, naquele momento, não tinha mais para onde ir. Ele a levantou do chão e disse que um casamento não se acaba assim enxotando uma pessoa da sua própria casa. Ele disse que a acompanharia de volta à casa para dar apoio e que esperaria do lado de fora até que ela conversasse com o marido, entrasse num acordo, pegasse suas roupas e algum dinheiro para poder alugar pelo menos um quarto de hotel para recomeçar a vida. Ele alertou que caso o marido fosse agressivo com ela, que ele estaria ali e que ela gritasse pelo seu nome. E foi assim, escoltada por um nobre e bondoso desconhecido, que a pobre moça juntou o resto de dignidade que tinha e arrumou a bagunça que estava dentro da sua vida. Saiu de casa levando suas malas e o sonho de que a vida certamente abriria uma porta melhor do que aquela, onde ela encontraria verdade, paz e um grande Amor. Aquele homem foi o primeiro amigo que ela fez na sua nova jornada e, a ele, ela sabe que será eternamente grata. No seu íntimo ela confia que a esperança de dias melhores está embasada nas palavras do Cristo ‘Todo aquele que se rebaixa será elevado e todo aquele que se eleva será rebaixado.’

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

sábado, 17 de julho de 2010

Entrevista com o Pescador


Maritza era aquele tipo de mulher que vivia a vida em função do trabalho: ela era uma jornalista de renome que havia ficado viúva muito jovem e não tivera filhos. Certa vez, suas férias foram adiantadas para melhor atender as necessidades da redação e ela, pega de surpresa, comprou um pacote de última hora para Fortaleza. Nenhum de seus amigos poderiam tirar férias em setembro para acompanhá-la, o que fez com que ela viajasse sozinha. Mas Maritza era muito prática e estava mesmo pensando em buscar inspiração para escrever um livro nessa viajem. Pegou sua mala, seu notebook e foi em direção aos trópicos. Lá chegando, colocou um vestido verde claro muito confortável, um chapéu de palha e foi beber água de coco num bar à beira mar. Ela levou o jornal do dia e um caderno de anotações caso tivesse alguma idéia no passeio. Estava distraída lendo as notícias e sentindo a suave brisa marinha quando ouviu o motor de um barco se aproximar do píer que estava a apenas alguns metros dela. Tratava-se de um barco de pesca de médio porte que estava retornando da jornada diária. Haviam vários homens trabalhando e retirando caixas de peixes da embarcação, mas Maritza observou um homem bronzeado de sol, de estatura alta, cabelos relativamente longos, claros e um pouco desalinhados devido ao vento que estava sentando na parte da frente do barco lendo um livro. No final do trabalho, ele se juntou aos outros, deu várias instruções, apontou para uma direção no mar, sorriu gentilmente e apertou a mão de todos. Depois, o homem voltou para a embarcação e para o seu livro enquanto todos foram embora. Maritza ficou muito curiosa a respeito daquele pescador intelectual que acabara de avistar e ficou mesmo interessada em que livro ele estava lendo. Como jornalista achou que ele daria uma boa história e como mulher achou ele realmente atraente. Quase instintivamente antes de deixar o bar, ela perguntou ao atendente que horas pela manhã os pescadores partiam para alto mar. O rapaz disse que em geral às 5 horas da manhã. Ela agradeceu com um gesto e resolveu passar perto do píer. Caminhando devagar, Maritza passou ao lado do barco do pescador, que estava absorvido na leitura. Ele sentiu o olhar e virou-se na direção dela. Ela sorriu e seguiu caminhando, enquanto ele a cumprimentava com a cabeça. Apesar de estar acostumada a abordar pessoas para suas matérias, dessa vez ela preferiu observar um pouco mais.

Parecia loucura, mas às 4h30min da manhã Maritza estava levantando para ir até o píer munida de um livro de anotações, câmera fotográfica e idéias sobre qual seria a história daquele homem. Chegando lá viu os homens reunidos junto dele conversando e se divertindo antes de sair para o trabalho. Ela pensou ‘momento de descontração oportuno’ e chegou de mansinho. ‘Bom dia, sou jornalista e não pude deixar de notar seu interesse por livros. Gostaria de ser entrevistado e falar um pouco sobre isso? Trabalho para um jornal de grande tiragem de São Paulo.’ O homem sorriu gentilmente e de forma muito educada respondeu: ‘Estamos de partida senhorita, mas se quiser nos acompanhar na jornada de hoje poderei responder as suas perguntas com muito gosto.’ Maritza jogou sua bolsa dentro do barco e pulou sem pensar duas vezes. Além da aventura de participar de uma pescaria, ela queria conhecer aquela figura tão simples e nobre ao mesmo tempo. Durante aquele dia, Maritza descobriu que o homem era, na realidade, um filósofo graduado em uma Universidade de renome no país. Ele contou que à medida que foi se aprofundando nos seus estudos resolveu viver de uma forma mais simples e saudável. Disse também que a pesca era um hobby que acabou virando sua fonte de renda. Maritza ficou encantada com a calma com que ele falava e a paz que ele transmitia. Quando viu o sol se pondo no horizonte, ela sentiu que não queria mais ficar longe daquela pessoa tão maravilhosa. Enquanto os homens descarregavam o barco, Maritza estava tentando pular para fora quando ele estendeu a mão para ajudá-la. Eles se olharam num momento tão mágico que até as estrelas brilharam com maior intensidade no céu. O pescador convidou Maritza para jantarem juntos naquela noite: ele preparou um peixe da pescaria e beberam um bom vinho que ela trouxe. O luar foi testemunha do Amor que surgiu entre eles. Em poucos meses, Maritza mudou-se para Fortaleza, foi morar junto do seu Amor no barco e começou a escrever um livro sobre o meu tema favorito: o Amor.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis@gmail.com

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Cartas para o Amor


A brisa marinha beijava seu rosto e desalinhava seus cabelos num dia frio de sol. Sentada sobre uma pedra e apoiando sobre o colo seu pequeno livro de anotações, Julia tinha suas idéias bastante conturbadas e cheias de dúvidas. O mar estava absolutamente calmo, mas dentro dela havia um maremoto descontrolado. Ela passou a mão nos cabelos e escreveu rapidamente: ‘Não importa quanto tempo passe, não importa que a primavera chegue novamente, não importa onde você esteja: nada irá mudar o Amor que sinto por você.’ Ela olhou pro céu azul e deixou correr uma lágrima de tristeza e saudade. Passou a mão sobre o ventre e sentiu a vida que crescia ali dentro. Falou baixinho: ‘Esse é o fruto do verdadeiro Amor’. Julia teve que se separar do seu amado por conta da guerra que aconteceu no início do século passado. Naquele tempo, as comunicações eram muito precárias e as cartas se perdiam ou não eram entregues muitas vezes. Já havia alguns meses que ela não recebia nenhuma carta dele e todos já estavam pensando o pior. Uma amiga chegou a dizer para ela esquecer tudo isso, viver a vida que continuava e de dedicar ao filho que ela estava gerando. Ela concordava, mas todas as noites ela escrevia no seu livro coisas a respeito do Amor, pois isso fazia com que ela se sentisse mais próxima dele. Ela escrevia cartas também, mesmo sabendo que possivelmente não haveria resposta. Escrevia, chorava, sofria por Amor. Infelizmente, o Amor pode causar esses efeitos físicos quando somos privados dele. Por outro lado, ela escreveu as coisas mais lindas e puras nessas noites em que estava somente ela, o livro e a pena. Ela escreveu certa vez: ‘O Amor que sinto vai além da distância que um navegador avista na linha do horizonte. Maior que o oceano inteiro. Maior que o planeta em que vivemos. Esse sentimento me preenche por completo e me dá coragem para seguir no caminho. Sei que o Amor vence as maiores barreiras e é capaz de mudar o destino de uma pessoa. O Amor mudou o meu destino e o curso de minha existência. O Amor me curou quando estive doente. O Amor me traz alegria e fé. Às vezes, sofro também por Amor, mas somente devido à incerteza de que poderei estar em seus braços novamente.’ E numa carta ao amado ela escreveu: ‘Hoje, lembrei daquela noite especial em que você me tratou como uma princesa e me deu de presente o anel que jamais tirei do dedo. Sempre que olho o anel lembro que ele representa uma união que vai além do entendimento das pessoas. Representa nossa união eterna.’

Esse livro que ela escrevia eram suas memórias mais íntimas, mas algumas vezes uma amiga lia e ficava realmente encantada com as palavras doces que ela usava. Achavam mesmo que tratava-se de um Amor memorável, embora não tivessem certeza de que o amado estava vivo. Certo dia, sentada numa cadeira no jardim que fora plantado na frente da casa, Julia ouvi alguém gritar seu nome. Estava um pouco distraída em seus pensamentos, mas logo ouviu de novo. Levantou-se com dificuldade devido aos 8 meses de gestação e foi até o portão. Era o mensageiro com uma carta de seu Amor. Ela ficou paralisada diante da carta e não sabia ao certo se devia abrir, mas reconheceu logo a caligrafia. Foi de volta para o jardim, sentou-se na cadeira e abriu a carta devagar: queria saborear cada palavra que ele havia escrito e sentir a presença dele através delas. Ele contou que estivera ferido, que perdeu muito sangue e que quase havia morrido. Ele fez questão de mencionar que um grande amigo que fizera nos campos de batalha ia, todas as noites, quando ele estava na enfermaria desacordado e lia alguma carta nova e todas as outras cartas que ela havia enviado. Todos perceberam que a recuperação dele melhorava com isso. Todos queriam conhecer a dona dessas idéias que foram como um bálsamo para ele e pediam que enviasse um retrato. Além disso, ele disse que o retrato ia ajudar a superar a saudade dele durante a viagem, pois logo estará retornando de volta para casa. Sobre o filho, ele prometeu que estaria presente durante o parto. Não preciso dizer que a alegria invadiu o coração de Julia. Depois de toda a tormenta ela teve a certeza de que o mais importante na vida é o Amor.

Muito Amor para todos!

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

domingo, 11 de julho de 2010

Ponto de Vista sobre o Amor


A opinião das pessoas é mesmo intrigante. Falando sobre Amor, certo dia ouvi alguém afirmar que ‘Amor perfeito não existe’. Outra pessoa largou a pérola que ‘Amor romântico acontece apenas na juventude ou nos filmes, pois na maturidade outras coisas são mais importantes’. Eu escutei com a minha melhor máscara de paisagem e não falei nada. Mas acho que tamanhas bobagens merecem uma boa resposta. Quem não acredita que um Amor pode ser perfeito, ou beirar a perfeição, jamais sequer Amou. Para essas pessoas meus pêsames e minha compaixão, visto que perderam uma existência inteira sem conhecer a bela face do Amor. A perfeição do Amor está principalmente nos pequenos detalhes que ligam duas almas: no carinho, na amizade, no respeito, no afeto, na verdade e no desejo. Querer sem segundas intenções, querer por simplesmente amar, querer e não agüentar viver sem. Isso une dois corações mais do que qualquer outra coisa que esteja em primeiro plano na imaginação de cada um. Para quem acha que ascensão por dinheiro ou status é o mais importante, para quem pensa que a beleza é tudo, para quem acha que sexo está na frente de qualquer coisa; eu afirmo que ai não está o Amor. União de almas acontece por afinidades, por pensamentos semelhantes e por tudo mais que eu já havia mencionado. É um conjunto harmônico e quimicamente compatível. Uma mistura difícil de achar, mas nunca impossível. Trata-se de olhar no espelho e ver o seu verdadeiro reflexo.

Sobre a opinião que o Amor verdadeiro ocorre somente na juventude: a juventude é realmente a época dos sonhos e das fantasias com príncipes e cavalos brancos; não duvido que nessa fase os Amores se assemelhem mais aos filmes. Todavia, alcançar a maturidade e perder essa inocência boa é também perder a capacidade de sonhar. Eu, que não sou mais uma menina, sonho muito e jamais deixarei de sonhar. O Amor não tem idade. Se tivermos 15, 25, 35, 45...70 anos ou mais, vamos sentir a mesma emoção diante do Amor. Ao envelhecermos perdemos um pouco daquela ansiedade adolescente, mas se mantivermos os sonhos em nossos corações, a felicidade irá, de igual maneira, tomar conta de nosso corpo e de nossa alma. A minha grande questão é: porque, afinal, privar-se disso tudo? Precisamos rever os conceitos de maturidade e Amor o mais breve possível. A idade nunca vai interferir nos sentimentos de dois corações e, tampouco, impedir a sua união sagrada.

Meu sonho de hoje é que as pessoas abram seus corações para o Amor. Sim, ele existe é não é criação de poetas, músicos ou cineastras. Deixe o Amor entrar em suas vidas mesmo que a grande maioria ache errado seu modo de pensar. A maioria não está dentro do seu íntimo e não sabe os anseios de seu coração. Viva o Amor verdadeiro! Viva o Amor romântico! Viva a permanência da inocência e dos sentimentos puros! Amar muito e Amar de verdade é o que realmente faz a diferença e irá transformar o seu mundo e o mundo lá fora num lugar bem melhor de se viver.

O Cupido achou que eu sou meio infantil, mas eu expliquei a ele que trata-se de uma nova filosofia. Ele repensou e teve que concordar comigo. Ele gosta muito de Amor verdadeiro e acabou separando várias flechas para me ajudar nessa nova tendência. Ainda bem que ele me apóia! Vamos espalhar esse Amor todo sem idade ou condição específica. Vamos encher o planeta de Amor!

Felicidades e sorte sempre!
Eleonora Reis.

eleonora.reis7@gmail.com

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Crimes Silenciosos


Como é bonito pensar sobre a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Uma vitória feminina depois de séculos de sofrimento, lágrimas e vergonha. Mas será que realmente atingimos esse objetivo? Olho a sociedade e vejo algumas mulheres independentes e bem sucedidas donas do seu nariz e do seu pequeno universo. Contudo, vejo mulheres que vivem nas mesmas condições de desrespeito e humilhação nos seus lares como no início dos tempos. Déspotas modernos estão em toda parte: dentro dos lares, nas Universidades, no ambiente de trabalho ou em muitos outros locais. São homens que acreditam controlar o universo e fazem jogos de poder com o sexo oposto. Jogos muito perigosos esses, que envolvem tirania, agressão sexual, agressão moral e completa falta de respeito com a mulher. Na maioria das vezes, esses homens sentem-se bem em ferir o físico e/ou a alma feminina e, em ambos os casos, as feridas geram cicatrizes profundas que podem permanecer doloridas por toda uma vida. Não pretendo fazer um discurso sexista ou feminista. Muito pelo contrário, pois acredito sobre tudo no Amor e na união dos opostos: masculino e feminino. A minha abordagem está direcionada àqueles que vêm a mulher como um objeto sexual, como um ser inferior em todos os sentidos, como uma criatura não merecedora de respeito ou de qualquer outro sentimento nobre. São os agressores, os estupradores, os manipuladores, os mentirosos, os assassinos, os traidores e os assediadores. Eles cometem brutalidades e são inocentados. Matam e têm uma curta pena na cadeia. Transformam a vida de uma mulher num verdadeiro inferno, mas nunca são senteciados por não deixarem rastro ou prova de suas ações perversas. Tudo muito bem planejado em completo silêncio. Monstros psicopatas é como eu melhor posso classificá-los. Para eles, já que a justiça dos homens é falha ou não tem provas suficientes para condená-los, eu clamo pela justiça de Deus. Deus é onipresente e conhece bem todos os passos deles. A justiça divina defenderá a todas essas pobres vítimas que apenas recebem pedras no lugar de carinho e de Amor. O tempo e a verdade caminham de mãos dadas.

Por outro lado, existem homens que Amam e valorizam o feminino. São homens que têm o coração puro e aberto e acreditam verdadeiramente no Amor. Quisera todas as mulheres pudessem estar com um homem que as trate com delicadeza, com respeito, com honestidade, com amizade, com afeto, com carinho e com Amor. Homens assim são difíceis de encontrar, pois infelizmente vivemos ainda num meio muito machista. Para aquelas que vivem no inferno de indiferença, crueldade e desamor eles parecem um bálsamo que cura todas as feridas. Meu sonho de hoje é que todos os déspotas do mundo sejam julgados pelos seus crimes silenciosos e que todas as suas vítimas recebam amparo e suporte nos braços dos homens do Amor.

A mulher e o homem foram criados para viver em harmonia e paz. Para isso devem construir uma relação de amizade, respeito e Amor. Na diferença dos opostos está o equilíbrio. No seu reflexo encontrará o que procura.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

terça-feira, 6 de julho de 2010

O que é o Amor?


Mergulhada em meus pensamentos e sonhos comecei a me indagar sobre o principal assunto que abordo: o que é, afinal, o Amor? O mais sublime de todos os sentimentos seria uma resposta apropriada. Contudo, o Amor é um sentimento tão complexo e cheio de faces que acredito que essa resposta teria inúmeras variações de acordo com o coração da pessoa que fosse indagada. Acredito que essas variações aconteceriam também devido às experiências pessoais de cada um. Um sujeito que não recebeu amor fraternal dos pais e nunca encontrou alguém que realmente se entregasse com o coração aberto a ele, tende a ver o Amor em coisas que talvez não sejam representantes principais dele. Outro exemplo seriam as pessoas que acreditam que Amor é igual a sexo. O sexo é uma manifestação do Amor. Quando amamos verdadeiramente alguém é natural que desejemos essa pessoa e que nos sintamos felizes e bem quando fazemos sexo com ela. A união dos corpos torna-se perfeita e até mesmo sagrada através do sexo feito com Amor. Mais isso não significa que sexo é Amor. Inclusive, acredito que todas as pessoas que já fizeram sexo com Amor devem saber bem a diferença de uma simples transa. Nos dias de hoje, com a falta de romantismo e a valorização excessiva da imagem dos corpos e da sexualidade nos meios de comunicação, a idéia de Amor e de fazer Amor parece que foi parar dentro de um baú empoeirado que pertencia aos nossos avós. Acho isso lastimável, pois creio que o Amor é tão maior que o simples toque sensorial e uma série de reações fisiológicas que acompanham o mesmo. O Amor faz a gente se sentir vivo, sonhar acordado, realizar todas as coisas lindas ao lado e de mãos dadas com a pessoa amada. Amar é construir uma vida juntos e viver os bons e maus momentos sem jamais esquecer o outro. Amar é tolerar as diferenças de idéias e comportamentos que naturalmente ocorrem, pois não somos programados para agirmos de maneira idêntica. Amar é preocupar-se e cuidar da pessoa amada. Amar é ver as mudanças causadas pelo decorrer do tempo na face e no corpo da pessoa amada e, mesmo assim, continuar amando. Amar é sentir prazer em apenas conversar com o outro. Amar é viver o momento mágico do nascimento de um filho, que representa a união eterna de dois corações. Eu poderia escrever um livro inteiro somente abordando o tema ‘verdadeiro Amor’, do qual sou profunda admiradora. No entanto, creio que a idéia principal já foi posta em pauta. O verdadeiro Amor, esse que vimos nos filmes em preto e branco, é aquele mais perto do Amor infinito.

O Cupido está um pouco desconfortável com todo esse assunto, pois ele ainda prefere o Amor moderno. Ele diz que é mais rápido e facilita o trabalho dele. Eu, honestamente, prefiro coisas clássicas, demoradas e realmente verdadeiras. Vou tentar explicar que o antigo e o novo podem gerar uma combinação inusitada e surpreendentemente boa. Amor verdadeiro, Amor Infinito, Amor perfeito.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

domingo, 4 de julho de 2010

Reflexão em Verde e Amarelo


Um mar de olhos incrédulos assistiram a triste derrota do Brasil na última sexta-feira. Decepção de uma nação inteira não é pouca coisa: choro, sofrimento e sonhos destruídos. Eu achei, de igual maneira, algo realmente lastimável. Apostei todas minhas fichas na seleção de ouro, mas não foi dessa vez que meu palpite estava certo. Na vida e no jogo nem sempre o que parece favorito vence. Por outro lado, juntando os pedaços de esperança que estavam caídos no chão, comecei a pensar se os brasileiros realmente deveriam sentir-se envergonhados ou tristes por isso. Futebol é uma paixão nacional, isso não se discute. Concordo que as pessoas, no auge de uma paixão, sofram demais diante de um resultado negativo. Mas colocando os óculos para enxergar melhor, vejo que o futebol não é o único atributo do nosso país. Vivemos num dos países mais ricos de recursos naturais do mundo: temos abundância de águas, terras férteis e mata nativa que contém a maior farmácia natural do globo. A agricultura, a pecuária e os minérios são abundantes. Nossas belezas naturais têm uma diversidade impar e atraem milhares de turistas que vêm ao Brasil para ver nossas praias, rios e florestas. O Brasil é um dos países mais promissores com um desenvolvimento de causar inveja a muito país desenvolvido. Nossas crianças estão vivendo hoje num país melhor, com um acesso mais fácil à educação o que levará a uma sociedade melhor no futuro. Tantos atributos tem nosso país e nosso povo que eu poderia escrever um texto realmente longo. Creio que já deixei claro meu ponto de vista. Sou patriota sim. Torço como louca para a seleção brasileira, mas meu patriotismo não termina com uma derrota. Não sou patriota apenas num jogo da copa do mundo. Sou patriota ontem, hoje e amanhã. Sou patriota até debaixo d’água. Sou patriota por inteiro. Isso porque amo verdadeiramente o Brasil e tenho muito orgulho de ser brasileira.

Não estou, com isso, induzindo ninguém a se comportar da mesma maneira. Contudo, acho que podemos transformar essa nuvem negra que está sobre o país num dia ensolarado novamente. Muitas alegrias virão nos jogos de futebol nacionais e tantas outras com o crescimento do país. Esperança e fé em dias melhores servem para esse acontecimento e para muitos outros da vida. Cabeça erguida e orgulho de viver nessa nação rica e maravilhosa.

Como eu não podia deixar de falar de Amor, mesmo num texto sobre a derrota do Brasil na copa, quero fazer a seguinte comparação: essa derrota é como o rompimento de um relacionamento – é muito doloroso e sofrido que chega a dar vontade de desaparecer. Porém, se existe Amor o casal reata novamente e a reconciliação tem um sabor tão bom que tudo chega a ser melhor do que era antes. Vamos esperar por esses dias e pela alegria que eles prometem. Vamos nos reconciliar com a seleção e com o Brasil.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Profundo Amor


Como saber a dimensão de um Amor? O Amor é um sentimento que arrebata não somente o coração, mas a alma e a totalidade das células do corpo. Gosto sempre de falar sobre ele, pois para mim o Amor é um mistério de Deus. Nada explica a razão pela qual duas pessoas ao cruzarem olhares, trocarem palavras e carinhos possam ficar absolutamente envolvidas a ponto de desejarem dividir uma vida juntos. Parece mágica, mas não é. Assim, acredito mesmo em alguma forma de intervenção divina. Mas voltando à dimensão de um Amor, creio que existem muitos níveis de intensidade. Já comentei anteriormente sobre os tipos de Amor, mas a intensidade é diferente. O que você faria para demonstrar aquilo que sente pelo seu Amor? Mandaria colocar um outdoor dizendo ‘Eu te amo’ no caminho dela(e)? Ofereceria uma música especial no rádio? Mandaria rosas com uma linda carta de Amor? Mandaria torpedos apaixonados logo cedo? Diria que o Amor de vocês é mais importante que tudo? São apenas exemplos, mas eu gostaria de saber se você faria isso? O Amor é um sentimento tão lindo e perfeito que todos os casais deveriam experimentar a força que ele tem. Deviam ser mais românticos e demonstrar os sentimentos sem medo de serem julgados. Eu mesma sou conhecida como uma romântica incurável e não me envergonho disso. Como vou ter vergonha do Amor? O sentimento mais nobre de todos e que só traz felicidade e alegria. Confesso que sonho acordada com o Amor todos os dias e, até mesmo, em meus sonhos ele está. Por isso, nada mais lindo do que poder abrir o peito e extravasar todo o sentimento. Ter a necessidade e a iniciativa de fazer esse tipo de coisas que exemplifiquei demonstra a dimensão de um Amor, pois os amantes sentem-se tão bem e felizes juntos que procuram agradar um ao outro sempre que têm a possibilidade. Claro que estou falando dos casos de Amor verdadeiro, pois todos sabemos que é possível fazer tudo isso sem sentir absolutamente nada. Mas vou ignorar o desamor, palavra que me dá náuseas. Minha mensagem é clara e direcionada aos apaixonados de plantão: se você tem esse turbilhão no coração que te inquieta e faz seus dias mais coloridos por saber que não muito distante de você outro coração também pulsa de alegria na mesma intensidade por você; viva cada minuto desse sentimento, expresse tudo o que tem vontade, Ame de corpo e alma. Um gesto de carinho, uma palavra dita na hora e momento oportuno e um olhar sincero podem curar feridas, trazer paz e felicidade ao seu Amor.

O romantismo, além de uma escola literária, deveria ser disciplina obrigatória nas escolas. A vida com romance tem outra perspectiva, outro sabor. Não falo apenas de romance da sessão da tarde ou de coisas açucaradas demais. Estou falando de romance da vida real com tudo que ela engloba. Sim, estou falando de sexo com Amor, pois considero uma mistura absolutamente perfeita. Viver um Amor por completo onde não haja limites para os sentimentos e que se tenha a mistura de desejo, carinho, amizade, respeito e Amor deveria ser o ideal de todas as pessoas. Se permitir viver uma grande história Amor, de um Amor realmente profundo, cuja dimensão é incalculável deveria ser o modelo de comportamento na sociedade. Dessa maneira, ninguém precisaria se preocupar com a dimensão de um Amor, pois saberia que se aquela pessoa se entregou a esse sentimento, certamente foi por ser um Amor realmente imensurável e verdadeiro.

Ame verdadeiramente, sonhe, beije, sorria e seja muito feliz!

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

P.S.:Que o Sol brilhe todos os dias trazendo a esperança de um novo amanhã.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

A Fogueira de São João


Luiza comeu mais uma pipoca do saquinho e sorriu vendo a enorme e bela fogueira. A festa de São João no seu bairro era muito tradicional e todos os anos as pessoas organizavam-se meses antes para prepararem a grande celebração. Luiza caminhava entre as pessoas que brincavam com busca-pés, soltavam balões e comiam pinhão. Ela estava se divertindo muito e seu rosto estava iluminado pelo contentamento. Fazendo um grande alarde, um ator vestido de padre anunciou o casamento na roça. Em seguida, a sua amiga Marieta atravessou a multidão usando um vestido branco todo remendado e de véu e grinalda. Luiza deu risada dela e pensou consigo mesma ‘coitadinha’, pois o vestido era simplesmente horroroso. Feita a celebração do matrimônio com um ator de teatro completamente desconhecido delas, começou a dança de quadrilha. Marieta chamou Luiza para que ela fosse dançar, mas ela fez que não com a cabeça e saiu muito alegre no meio da multidão. Sentindo o sal excessivo da pipoca em sua boca, comprou seu doce favorito de festas ao ar livre: a maçã do Amor. Olhou, então, a banquinha da pescaria e resolveu arriscar a sorte. Entertida tentando morder um pedaço da maçã, Luiza esbarrou violentamente num rapaz que carregava um enorme urso de pelúcia. Por sorte, Luiza salvou sua maçã e o rapaz o seu ursão. Ela levantou os olhos e viu ele ajeitando o cabelo e arrumando os óculos devido à colisão. ‘Desculpe’, ela disse timidamente. ‘Por sorte seu prêmio não caiu no chão.’ Ele a olhou, sorriu muito simpático e disse: ‘Esse belo urso ganhei com a minha notável agilidade na pescaria. Gostaria de aprender?’. Muito animada, Luiza respondeu que sim e seguiu seu novo amigo até o improvisado ‘tanque’. Ele apenas exigiu uma condição para ensinar todos seus truques de pescaria a ela: queria uma mordida da sua maçã do Amor. Ela fingiu ficar pensativa, mas acabou dando um lindo sorriso e concordou.

Ele primeiro mordeu a maçã como desejava e, depois, olhando nos olhos dela apresentou-se: ‘Prazer, me chamo João.’ Ela riu achando que ele estava fazendo uma brincadeira com a data que estavam comemorando, mas ele permaneceu sério. Então, ela apresentou-se: ‘Prazer, sou a Maria Luiza.’Ele pegou a vara de pescar improvisada e começou a falar com grande seriedade sobre suas ‘técnicas’ de pescaria. Luiza achou ele encantador em todos aspectos: era simpático, atencioso, querido, bonito e tinha um agradável senso de humor. Ela fingiu que prestava atenção nas brincadeiras dele, mas no fundo se sentia muito atraída por ele. Ele colocou a mão dela junto à dele para ‘pescarem’ juntos. Dessa forma, ele olhou Luiza de perto e sentiu-se extremamente atraído por ela. Jogaram juntos o anzol no local mais difícil do tanque e pescaram o peixe de número 13. Ganharam juntos o melhor prêmio da banca: uma linda boneca em forma de bebê em tamanho natural. Ele pegou a boneca, deu de presente a ela e disse sorrindo: ‘Esse é o seu prêmio por ter sido uma aplicada aluna de pescaria!’. Ela pegou a boneca nos braços e deu um beijo no rosto dele. ‘E você foi um ótimo professor!’. Ele segurou a mão dela e disse: ‘Acho que mereço mais um beijo e um abraço, pois hoje é o dia do meu aniversário!’. Quando Luiza aproximou-se para beijá-lo novamente, ele a beijou nos lábios de forma delicada e ao mesmo tempo ardente. Fogos de artifícios estouraram no céu marcando o início de um grande Amor. Marieta observou a amiga de longe e sorriu contente. A fogueira virou a madrugada forte e incandescente na noite de São João.

O Cupido resolveu usar chapéu de palha e trocar as flechas por busca-pés! Disse que se identificou demais com essa festa, mesmo que eu discorde um pouco disso. Ele falou que romances que têm seu início em dias santos são aqueles que duram para sempre. Desejo que os romances que iniciaram em dias santos ou não sejam exclusivamente para a felicidade dos amantes e que durem o tempo proporcional a dimensão do Amor: que é infinito na sua perfeição.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

domingo, 20 de junho de 2010

Sol da Meia-Noite


Espanha, século XI

Com uma grande urgência, ela cavalgava sozinha no breu da noite por entre as árvores da floresta. Nos tempos de guerra em que estavam vivendo, isso era extremamente perigoso. Contudo, a mensagem que recebera era clara: seu marido havia sido atingido por uma flecha nos campos de batalha e estava perdendo as forças. Ela era uma sacerdotisa da antiga religião e conhecia as ervas curativas e ungüentos que poderiam salvar a vida dele. Chegando no acampamento, ela foi rapidamente levada a uma tenda onde ele estava sendo cuidado: olhou em volta e viu a espada ainda suja de sangue, a armadura com uma grande perfuração e viu seu amor deitado com uma bandagem no ombro embebida em sangue e tremendo muito. Ela respirou fundo e elevou o pensamento a Deus para ter forças de ajudá-lo. Ela levantou a pesada capa e abriu uma bolsa cheia de ervas e soluções curativas. Aproximou-se dele, que estava anestesiado já, pois haviam retirado há pouco a ponta da flecha. Fez um carinho no seu rosto e começou a retirar a bandagem. Tratava-se de uma ferida profunda que fizera ele perder muito sangue. Ela selecionou algumas folhas e fez uma espécie de emplasto juntamente com os ungüentos. Colocou a bandagem para firmar o curativo. Abriu um frasco com um medicamento líquido e com uma espécie de concha improvisada como uma colher, começou a colocar a solução dentro da boca de seu amado. Servia para estancar o sangramento. Colocou cobertores sobre ele, retirou a capa e deitou-se a seu lado para oferecer o calor do seu próprio corpo. Quisera ela oferecer o seu próprio sangue para ele sair daquele estado de choque, mas isso não era possível. Acreditou na sua fé que quando chegasse a aurora tudo estaria melhor e abraçou o amado colocando a mão sobre o seu peito na altura do coração.

Aquela foi uma longa noite, talvez uma das mais longas que ela já havia vivido. Viu o céu clarear pouco a pouco, os pássaros cantarem anunciando o novo dia e os homens levantarem para iniciar a sua jornada. Observava o amado e sentia a sua gradual melhora: a respiração era menos ofegante, não estava tremendo mais e parecia estar um pouco mais corado. Ela levantou-se e preparou um chá para dar mais força a ele na recuperação. Colocou a cabeça dele em seu colo e novamente com a concha deu a ele na boca. Ele já parecia outro naquela hora. Ela não quis pensar antes na sua morte, pois não imaginaria viver sem ele. Todavia, ela sabia desse grande risco. Fez tudo que estava ao seu alcance, utilizando o conhecimento que tinha e o seu grande Amor, para evitar isso. Passaram mais algumas horas e o sol já estava alto e brilhava lá fora. Ele se mexeu um pouco, abriu os olhos e viu ela deitada ao seu lado. Ele sorriu e quando foi abraçá-la sentiu a fisgada no ombro, que o fez gemer de dor. Ela pediu que ele ficasse parado, fez um carinho no seu rosto e beijou seus lábios. Ele a olhou com gratidão e sorriu. Ela levantou-se para preparar mais medicações, mas tinha certeza no seu íntimo que aquilo tratava-se de um milagre. Sabia, intuitivamente, que o corpo dele não resistiria àquela noite. Ela foi próximo da entrada da tenda, olhou para o céu azul e para o Sol e orou. Ela agradeceu a Deus por seu marido estar vivo, estar recuperando as forças e por que ele estará muito em breve ao seu lado novamente para juntos seguirem o caminho. Nesse momento, ouviu-se uma revoada de pássaros por entre as árvores e o sol brilhou tão forte e tão lindo como nunca anteriormente.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Vitória do Amor


As ruas estavam completamente desertas e totalmente enfeitadas de verde e amarelo naquela hora. Final de copa do mundo não acontece todos os dias e o país tinha todo o direito de parar para assistir a esse fato histórico. Todos estavam na frente de algum televisor acompanhando os passos da seleção brasileira. Todos menos Estela, que embora estivesse vestindo a camiseta do Brasil, estava deitada em seu quarto mergulhada em seus próprios pensamentos.

Tudo havia acontecido muito rápido: ela conheceu Maurício, apaixonou-se perdidamente, foi correspondida, eles começaram um romance tórrido e estavam vivendo uma vida de sonho. Rápido como um raio entre as nuvens de tempestade. Forte como um ciclone tropical. Intenso como o sabor do mais fino vinho. Dentro desse contexto inebriante, quase não havia tempo suficiente para eles estarem juntos, pois todo tempo do mundo era sempre pouco demais. Viviam embriagados um do outro e não imaginavam mais viver de outra forma. Inexplicavelmente, o castelo deles desmoronou numa briga sem sentido por causa de ciúmes: Estela encontrou Maurício por acaso num café com outra mulher. Sem esperar para ouvir a argumentação dele, Estela tirou suas próprias conclusões e colocou um fim na relação. Faziam, agora, sete dias que não se falavam. A dor no peito de Estela rasgava até a sua alma. Ouvindo o comentarista no rádio anunciando o início do jogo, ela levantou-se e olhou através da janela. Viu um menino todo uniformizado tocando uma comprida corneta e alguns homens reunidos assistindo ao jogo no bar da esquina. Queria se animar com o jogo, mas a melancolia não deixava. Recebeu uma mensagem de texto no celular que dizia: ‘Você não entendeu direito. Deixa eu te explicar. Te amo muito e não quero te perder. Maurício.’ Ela segurou o choro, que ficou trancado na garganta. Olhou mais de uma vez a mensagem e não respondeu. Pensou em tudo que eles haviam passado: os momentos inesquecíveis e mágicos. Pensou nos motivos pelos quais ele estava sozinho com aquela mulher e no que havia de errado com a relação deles ou com ela mesma? Estava se torturando profundamente por conta disso, então recebeu uma nova mensagem: ‘Me dê uma segunda chance de te amar. Vou provar o meu Amor por você. Me responda por favor. Beijos. Maurício.’ Um grito uníssono acontece devido a um ‘quase’ gol do Brasil.

Estela liga a TV do quarto e desliga o rádio. Tenta prestar atenção no jogo, mas está com o celular na mão. Um misto de sentimentos contraditórios toma conta de suas idéias. Finalmente ela resolve responder, pois não agüenta mais viver essa dor e essa tortura: ‘Sinto muito a sua falta. Bom jogo. Beijos. Estela.’ O narrador começa a falar freneticamente: escanteio para o Brasil e a chance de um gol. Um grito ensurdecedor reverbera na nação inteira: GOOOOOOOLLLLLLLLL!!!!! No mesmo momento, Estela recebe a resposta de Maurício: ‘Olhe na janela querida.’ Ela afastou a cortina e viu o carro dele estacionado do outro lado da rua. Estava ainda confusa, mas sabia que ele era o Amor de sua vida. Desceu as escadas correndo e entrou no carro. Eles se olharam como da primeira vez. Ficaram assim por um tempo, até que ele fez um carinho no rosto dela. Ela recuou um pouco, pois ainda estava esperando uma explicação. ‘Amada creio que você tirou uma conclusão precipitada naquela tarde. Aquela mulher não tem absolutamente nada comigo.’ Ela franziu a testa e perguntou: ‘Eu sei que ela não é do seu trabalho, pois conheço seus colegas. De onde você a conhece e porque estavam juntos?’. Ele sorriu e respondeu: ‘Aquela mulher é a minha prima que mora em São Paulo. Eu esqueci de te avisar que ela estaria na cidade.’ Mais uma vez um ecoa um urro da multidão com outro ‘quase’ gol. Estela fica sem reação e se sentindo uma tola diante do namorado. Ela baixa a cabeça e diz que está envergonhada. Ele gentilmente ergue a cabeça dela novamente, sorri com carinho e a beija gentilmente. Cornetas, brados, apitos, gritos, buzinas de carro: o Brasil é campeão e as ruas são tomadas pela multidão eufórica.

O Cupido acha os humanos muito confusos e complicados. Isso para ele que é um Deus. Na realidade, na grande maioria dos relacionamentos ocorrem mal-entendidos que podem ser resolvidos ou não. O Amor é muito forte como sentimento, mas, muitas vezes, não resiste às dúvidas.Creio que nada melhor do que uma boa conversa frente a frente para esclarecer certas questões. E quanto ao Cupido...ainda roubou uma flecha daquelas e acerto nele. Quero ver como ele vai agir apaixonado!

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis
eleonora.reis7@gmail.com

domingo, 13 de junho de 2010

No Balcão de Julieta


Ontém foi o Dia dos Namorados e hoje é Dia de Santo Antônio. Assim, eu e o Cupido resolvemos preparar uma surpresa sobre romance, paixão e amores impossíveis. A inspiração vem de um filme absolutamente fabuloso que está em cartaz: ‘Cartas para Julieta’. Fazendo uma curta avaliação, o filme aborda o tema Amor de uma forma suave, bem-humorada e profundamente verdadeira, além de ter uma fotografia linda. Sentimental como eu sou, enchi os olhos de lágrimas com as passagens bonitas algumas vezes, mas também ri muito e me diverti bastante. Todas as pessoas saem do cinema com um sorriso estampado no rosto, o que fez com que eu e o Cupido tivéssemos novamente certeza que o romance romântico está de volta com força total. Tenho certeza que esse filme será um sucesso de bilheteria. O Cupido mandou reparar que a primeira imagem que aparece na abertura é a foto dele. Como é exibido!

No fundo, creio que todas as pessoas querem viver um grande Amor: homens e mulheres, jovens e velhos. O Amor não tem prazo de validade: ele acontece de forma espontânea, sem que a gente nem perceba, mas quando se vê ele assume completamente o rumo de nossas vidas. O Amor também é cego, surdo, mudo e por vezes complica muito a vida dos amantes. É o caso do clássico Romeu e Julieta e de muitos amores impossíveis famosos da literatura e da vida real. Certa vez, vi uma dessas autoridades em psicologia afirmar que os amores que realmente duram para sempre são aqueles impossíveis, pois assim os amantes lutam até a morte se for preciso para defendê-los. O Cupido arregalou os olhos para mim e eu entendi o que ele pensou: o Amor pode ter obstáculos e dificuldades, os amantes devem sim lutar pelos seus ideais e para ficarem juntos, mas morte física como em Romeu e Julieta não está mais na moda. O romance romântico moderno tem que ter sempre um final feliz. Vivemos num mundo veloz de soluções e respostas rápidas. Se existem muitos obstáculos, existem ferramentas para tirá-los do caminho. O Amor eterno é o Amor consumado...é aquele que completa a alma dos amantes e os torna um só. Existe uma tendência que está voltando e que mostra exatamente isso, como no filme que falei anteriormente. Garanto que não trata-se de sentimentalismo estritamente feminino, pois vi rapazes e senhores saírem do filme bem contentes. Amar e ser feliz, o que pode ser melhor do que isso? Bem, amar eternamente ganha.

O Cupido está esperando que eu escreva alguma das minhas histórias curtas. Disse que gosta muito delas principalmente quando ele aparece na história. Então, como ontem e hoje são os dias dele, aqui está a pequena história de Amor que dedico ao Cupido:

Sofia estava sentada na sacada do segundo andar do prédio. Tinha nas mãos seu pequeno caderno de anotações onde rabiscava alguns desenhos e escrevia seus poemas. Seu pensamento estava longe dali: pensava em Charles, um namorado que jamais esquecera e que havia se mudado de cidade. Escreveu no verso: ‘Se meus olhos encontrassem novamente os seus e o mundo parasse de girar mais uma vez, não deixaria você se afastar jamais de mim’. Parou de escrever, olhou para o vaso de orquídea no para-peito da sacada e ouviu um assobio. Achou aquilo estranho e não deu muita importância. Ia começar a escrever de novo, mas o assobio foi mais forte. Levantou-se e olhou para baixo. Quando viu a cena, não conseguia acreditar em seus olhos: segurando uma rosa vermelha na mão e com o sorriso mais lindo que ela já havia visto, estava ali Charles. ‘Devo escalar o balcão ou nos encontramos aqui embaixo Julieta?’ Ela sorriu pensando que estava num sonho, passou rápido no quarto e trocou de blusa (pois, estava com uma roupa feia e velha) e desceu prendendo os cabelos. ‘O que deu em você?’, ela perguntou com uma mão na cintura. ‘Nada, apenas percebi que não posso viver sem você!’. Eles se beijaram demoradamente, com muito afeto e carinho. O Cupido, que não perde tempo, acertou uma de suas flechas açucaradas, que todas as pessoas (inclusive os diabéticos) adoram! Final feliz embaixo do balcão da Julieta e com o pôr-do-sol como testemunha.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Dia dos Namorados


Hoje, o Cupido não sossegou até me fazer sentar diante do computador e escrever alguma coisa. Sim...é o Dia dos Namorados e ele está absolutamente eufórico. Eu diria que ele e muita gente por esse Brasil a fora. Caminhando pelas ruas tumultuadas do centro da cidade, vi muitas vitrines com corações, rosas, lingeries e cupidos (é claro!). Entrei como costumeiramente faço no salão de belezas, mas estava tão cheio que parecia que mais de dez casamentos estavam acontecendo hoje e que todas as noivas e convidadas estavam lá. Vi também entregadores de flores correndo com arranjos bonitos e meninas adolescentes comprando corações de pelúcia onde estava bordado ‘Eu te amo’ em letras garrafais. Vi tudo isso e ri sozinha de contentamento. Eu e o Cupido, na realidade. Então, concluímos que o romance ainda está em voga...e que o Amor é fashion!

A Menina e o Menino

A linda menina tinha apenas 15 anos e esse era o primeiro Dia dos Namorados da sua vida. Conheceu seu amor na escola que estudava, apesar dele estar alguns anos na sua frente. Estava completamente apaixonada e olhava no relógio e na janela - nessa ordem - a cada cinco minutos. Ela estava maravilhosa num vestido de veludo acinturado e botas de cano alto. Estava muito ansiosa para ver o seu amado e entregar o presente que escolhera com muito carinho: um pingente cara-metade que ela iria quebrar para que cada um usasse um pedaço numa corrente. Finalmente, a campainha toca. Atrás de um enorme urso de pelúcias que segurava um coração ela vê seu amor sorrindo. Menos de um segundo depois, um beijo ardente e apaixonado faz com que o urso caia no chão. ‘Demorei?’, ele perguntou sorrindo. ‘Tempo demais! Agora quero você só para mim!’. Esse foi o início de uma noite de sonhos que a menina certamente guardará na lembrança durante toda a sua vida.


A Garota e o Garoto


Enquanto estudava para uma prova da faculdade, a garota fazia uma hidratação caseira nos cabelos e usava máscara de pepino fresco no rosto. Estava assustadora, mas por uma ótima causa: queria estar linda naquela noite. Planejou o Dia dos Namorados por meses e tinha que ter a pele e os cabelos perfeitos. Estava namorando seu colega de faculdade há cinco meses e aquela seria a primeira noite deles sozinhos, pois seus pais haviam viajado. Comprou, já tinha algum tempo, uma lingerie linda e muito sexy que pretendia usar para ele. Planejou, planejou, planejou. Tudo tinha que sair PERFEITO. Enquanto deixou os livros de lado um pouco, resolveu pintar as unhas das mãos de vermelho. Quando estava pintando a unha do dedo anelar escutou o som da campainha tocando. Olhou para o relógio: 17h. Pensou que não esperava ninguém àquela hora. Desceu as escadas correndo (com máscara, creme no cabelo e unhas metade pintadas) e abriu a porta por um impulso. Ficou paralisada quando viu seu namorado com um enorme buquê de rosas e uma espumante na mão. ‘Feliz dia dos namorados!’ , ele disse sorrindo. Ela fechou a porta e não sabia o que fazer. ‘Você não pode me ver assim!’, ela gritou. ‘Não seja temperamental e abra a porta amor. Vim para ficarmos mais tempo juntos’. Ela abriu envergonhada e disse: ‘Queria que tudo saísse perfeito...’. Ele riu do jeito dela, a abraçou com carinho (desviando dos cremes) e falou baixinho: ‘Você é a imperfeição absolutamente perfeita para mim!’. Eles riram juntos e aproveitaram cada minuto daquele dia e daquela noite.

O Cupido deu risada das duas histórias em homenagem ao Dias dos Namorados, mas no fundo acho que ele gostou. Um dia para celebrar o Amor é realmente algo que me agrada. Acho que se comemorássemos mais vezes o Amor, o mundo seria certamente melhor. Espero que os corações se encontrem e se unam hoje (e sempre) com muita paixão, muito carinho, muito desejo e muito AMOR. Amem muito e sejam felizes!

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis
eleonora.reis7@gmail.com

terça-feira, 8 de junho de 2010

Conversa com a Lua


Já passava das 22h quando Melissa saiu de um longo banho morno. Colocou um pijama de seda e calçou um belo par de chinelos de salto alto. Era uma noite de temperatura amena no final de março e ela decidiu descer até o seu local favorito da enorme casa que compartilhava com o marido: a biblioteca. Deixou as luzes apagadas e abriu as pesadas cortinas que escondiam uma imensa janela. Imediatamente, o cômodo foi todo iluminado pela luz do luar. Melissa sempre fazia isso: nas noites de lua cheia ela ia sozinha para a biblioteca contemplar aquele maravilhoso luar e ler, a luz de velas, seus livros antigos. Mas essa era uma noite especial: Melissa estava só por conta de uma viajem de última hora que seu marido tivera de fazer. Ela se sentiu um pouco ‘solteira’ outra vez, decidiu avaliar os últimos acontecimentos de sua vida e compartilhar seus pensamentos com a lua.

Melissa abriu a janela e sentiu o ar fresco da noite no rosto. A lua estava esplendorosa e particularmente brilhante. Pode ouvir os latidos de seu cachorro nos fundos da casa e viu passar uma coruja, que às vezes era vista nas redondezas. Sentou na imponente poltrona Berger, descalçou os chinelos e foi absorvida pela força do luar. Começou a pensar na sua vida: era afortunada de ter se casado com um homem tão importante e rico como João Bernardo; eles haviam construído aquela casa tão ricamente decorada que tomou 2 anos inteiros da vida dela para ficar perfeita, haviam viajado por vários continentes, conhecido culturas e povos tão diferentes, ela deixou seu trabalho como engenheira química e passou a dedicar-se exclusivamente ao marido e aos compromissos sociais que a posição dele exigia. ‘Uma vida de rainha’, ela pensou. Pensou também que entendia a exigência dele de não terem filhos, afinal com uma agenda como a dele isso era absolutamente impossível. Sentia vontade de ter um bebê, afinal isso é inato do sexo feminino. ‘Melhor deixar essa idéia tola de lado, somos felizes e temos tudo que precisamos.’ Melissa suspirou fundo ainda com os olhos fixos na lua. Ficou um pouco agitada devido aos seus últimos pensamentos. Resolveu ler alguma coisa. Lembrou dos seus ‘livros secretos’, que escondia numa gaveta com chave. O marido achava uma tolice que ela lesse livros sobre esoterismo, plantas medicinais e medicina alternativa. Dizia que aquilo era coisa de gente ignorante, crendices populares. Melissa abriu a gaveta e retirou vários livros, que eram suas relíquias. Acendeu as velas do candelabro e um incenso. De frente para lua, abriu aleatóriamente a página de um livro cujo assunto principal era o Amor e a reencarnação e leu a seguinte frase: ‘O verdadeiro Amor é a cura e a resposta para todas as perguntas. Ele liberta e enche o peito de alegria e certeza. Esse é o Amor que perdura por séculos infinitos e que une os corações dos amantes num só.’ Melissa se emocionou e deixou correr uma lágrima pela face. Ela olhou os títulos dos livros: Amor, terapias alternativas, almas gêmeas, ervas que curam, óleos essenciais e seu poder curativo...ela sabia que ali naquela pequena gaveta escondida estava presa toda a essência do seu ser. Melissa olhou fixamente para lua com um olhar triste. Sentia-se incompleta e incompreendida. Perguntou mentalmente à lua o que devia fazer. Chorou baixinho, um choro reprimido no peito havia muito tempo. Pensou na vida que poderia levar fora daquele ‘palácio’. Pensou que seria uma vida simples, mas verdadeiramente feliz. Ela se imaginou trabalhando na síntese de óleos como desejava na época da faculdade, se imaginou casando com um homem simples como ela e tendo uma família. Embriagada nesses pensamentos e ainda chorando um pouco, Melissa dormiu ali mesmo sentada na poltrona e tendo a lua como sua guardiã.

Segundos antes de despertar, Melissa ouviu uma voz suave e calma que disse o seguinte: ‘Siga a vontade do seu coração’. Melissa acordou assustada, pois sabia estar só na enorme casa. Olhou onde estava, viu seus livros espalhados pelo chão e lembrou que havia perguntado o que fazer à lua. Ela sorriu certa de que obtivera sua resposta.

Melissa não mora mais naquela enorme casa e nem está casada com João Bernardo. Ela ouviu a voz do seu coração e resolveu começar de novo, sem gavetas escondidas ou privações. Melissa está muito feliz na sua vida nova e tem a lua como sua guia. A chave da felicidade está dentro dos nossos corações.

Felicidade e sorte sempre!

Eleonora Reis
eleonora.reis7@gmail.com

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Tipos de Amor


“Apelo da amada

Ela.

Que entre o meu amado em seu jardim
para comer dos frutos deliciosos!

Ele.

Já vou ao meu jardim, minha irmã
e minha noiva,
colher mirra e bálsamo,
comer do favo de mel, beber vinho e leite...”


Cântico dos Cânticos – Terceito Canto.

Tipos de Amor

O Amor é um sentimento tão complexo e absolutamente perfeito que pode ser classificado em tipos diferentes ou níveis de expressão:

Ágape

Ele olhou sua amada iluminada pelos raios de sol daquela tarde mágica. Ela era a expressão da alegria e tinha um lindo sorriso estampado no rosto. Ele segurou a mão dela e a puxou para junto de seu corpo. Olhou dentro de seus olhos e a beijou ardentemente. A alegria e a satisfação de estarem juntos e serem um só encheu seus corações de paz e contentamento. ‘Consciência’.

Philia

Ela olhou com carinho seu amado tão preocupado com sua doença. Estava febril apenas, mas ele a cuidava com tanta dedicação e preocupação que parecia estar seriamente doente. Ela segurou a mão dele e o fez sentar no leito: sorriu, olhou nos seus olhos e agradeceu pela amizade verdadeira e pelo amor. Ele sorriu de volta e a abraçou com ternura. A amizade e o respeito estão presentes nesses corações, que estão tão unidos como se fossem irmãos de sangue. ‘Confiança’.

Charis

Aquela era uma noite muito especial para os amantes. Tudo tinha sido minuciosamente preparado. Haviam velas e incensos queimando no ambiente. Um perfume doce estava no ar e fazia daquele quarto quase um local sagrado. Ela estava pronta para celebrar o Amor. Ele bateu na porta. Ela abriu. Eles se olharam e sentiram a força do Amor os unindo. No envolvimento dos corpos daquela noite o Divino estava presente. ‘Na terra e no céu’.

Eunoia

Eles eram muito engajados em causas sociais. Decidiram dedicar um tempo de sua semana, que era muito atribulada, para auxiliar e alimentar meninos de rua. O casal criou uma ONG que recebia alimentos como donativos e todas as quintas-feiras eles saiam com um grupo de pessoas numa Van para distribuir alimentos a esses meninos. Ela era médica e também prestava algum atendimento de saúde e oferecia medicamentos. Eles se olharam numa dessas empreitadas e sorriram um para o outro. Sentiam satisfação no seu íntimo por estar cumprindo com seu dever para com a sociedade. Corações unidos pela mesma causa. ‘Caridade e comunidade’.

Storge

Domingo pela manhã: as duas crianças acordam muito cedo e pulam em cima dos pais na cama de casal. O cachorro aproveita e faz o mesmo. Todos riem da situação. As crianças deitam no meio do casal. Todos aproveitam em ficam brincando um pouco. Ele olha para a mulher meio escabelada, mas com um sorriso realmente lindo. Ele faz um carinho no seu rosto, olha para as crianças, sorri satisfeito e diz que a ama. Corações que se uniram de tal forma que misturaram os seus corpos em uma só carne para sempre. ‘Amor dos filhos’.

Eros

Ele passou ao seu lado e apenas a olhou. Ela percebeu e entendeu perfeitamente o que ele queria dizer. Estavam vivendo um romance tórrido, mas a empresa não permitia o envolvimento de funcionários. Ela colocou perfume e batom, pegou a bolsa e saiu para o almoço. Ele saiu logo atrás. Eles não pensavam em comida. Estavam tão absolutamente embriagados um do outro que queriam aproveitar o intervalo de almoço para estarem juntos no seu local secreto. Ele bateu na porta e ela abriu vestindo apenas a gargantilha que ele havia dado de presente a ela. Passaram aquela uma hora e meia de intervalo se amando. Dois corações queimando de paixão e unidos pela força do Amor. ‘União dos corpos’.

O Amor tem mesmo muitas faces. O Cupido adorou as histórias de hoje e acha que terá mais trabalho depois desse texto. Eu espero que ele tenha mesmo e que o Amor esteja mais e mais e mais nos corações das pessoas.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

domingo, 30 de maio de 2010

O Tempo Retorna


“A arte salvará o mundo,
Para aqueles que quiserem ver.
No seu reflexo encontrará o que procura...
Salve Ictus!”


Conta a lenda que quando percorria suas terras em Lorena, Matilda parou para descansar e se refrescar no poço de uma fonte natural na floresta. Foi então que sua aliança de ouro caiu do dedo nas profundezas do poço. Antes da condessa ficar aflita com a perda, uma truta dourada pulou da água com sua aliança na boca. Matilda pegou o anel da boca do peixe solícito e exclamou: ‘Este é realmente um Vale de Ouro!’ E o lugar passou a se chamar Or-Val, Vale de Ouro, desde então. A condessa ficou conhecida como Matilda de Orval.



O Tempo Retorna

França, século XIII – Havia algumas semanas que Alessandro não recebia notícias de sua amada. Helena vivia dentro dos muros do castelo como ama da Princesa Catarina. Ela vinha de uma família de cavaleiros e tinha sido prometida a um dos rapazes da esquadra real. Alessandro era marcineiro e vivia de maneira muito simples na pequena aldeia de camponeses. Helena e Alessandro se conheceram pela força do destino e se amaram desde o primeiro olhar. Seu amor era impossível, mas era puro e verdadeiro. Trocavam mensagens em segredo por mensageiros amigos, encontravam-se no bosque atrás dos muros do castelo e, quando isso acontecia, a natureza parava para vislumbrar a beleza daquele Amor. Juntos, eles eram perfeitos. Feitos um para o outro. As convenções da vida não concordavam com isso. Alessandro pegou a pena e escreveu num pedaço de pergaminho: ‘Não tenho recebido mais notícias suas. Meu amor é o mesmo e cresce a cada dia. Sigo esperando meu amor. Esperarei o tempo que for preciso. Você é o meu reflexo...minha outra parte. Esperarei para todo sempre.’

Brasil, dias atuais – Sandro acessou o blog de sua amada: ela estava na Índia trabalhando com crianças doentes e colocava ali, naquele diário digital, todos os seus passos. Heloisa era médica e escolheu viver trabalhando junto a ONGs em países subdesenvolvidos ao redor do mundo. Sandro era garçom e conheceu Heloisa num hotel onde trabalhou há anos atrás. Heloisa e Sandro se conheceram pela força do destino e se amaram desde o primeiro olhar. Seu amor era impossível, pois Heloisa era casada, mas era puro e verdadeiro. Jamais cometeram adultério. Apenas saiam como amigos, caminhavam e conversavam por horas. Nesses momentos, o tempo parava para eles e algo mágico realmente acontecia. Até os pássaros percebiam a luz que os envolvia. Juntos, eles eram perfeitos. Feitos um para o outro. As convenções da vida não concordavam com isso. Alessandro parou de chamar Heloisa no MSN, pois sabia que não deveria seguir adiante. Contudo, no seu íntimo, seu amor era forte e latente. Resolveu, então, escrever um e-mail abrindo o seu coração e revelando todos os seus sentimentos: ‘Não tenho recebido mais notícias suas. Meu amor é o mesmo e cresce a cada dia. Sigo esperando meu amor. Esperarei o tempo que for preciso. Você é o meu reflexo...minha outra parte. Esperarei para todo sempre.’

As almas gêmeas nem sempre podem ficar juntas. É cruel que o destino seja esse, mas as vezes elas têm a permissão de se encontrarem. O tempo é soberano e somente ele determinará quando esse encontro poderá ser permanente. Todavia, quando a união entre essas almas predestinadas acontece, os amantes nunca mais se separam espiritualmente.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

terça-feira, 25 de maio de 2010

Segredos de Pandora


Os segredos e mistérios fazem parte do imaginário do ser humano. Não há como negar que todos nós gostamos de uma conspiração, o que se reflete na enorme quantidade de livros e filmes que tratam de algo do gênero. Todo segredo tem um sabor de pecado e de algo realmente fantástico. É parecido com tudo que é proibido que, sem dúvida, é melhor do que qualquer coisa lícita. A mistura de segredo com algo proibido gera frisson na mente de escritores, músicos e artistas em geral, pois se torna uma fonte de inspiração quase inesgotável. A mesma mistura mexe com o imaginário coletivo de tal forma que mesmo uma história sendo ficção, mas sendo muito bem contada, ganha credibilidade de verdade absoluta.

Se eu tenho algum segredo? Posso dizer veementemente que não, mas no fundo ter. Posso dizer que sim, mas não revelá-lo. Posso fazer mistério e depois contá-lo com todos os detalhes. Afinal, os segredos existem para serem revelados em algum momento e, talvez, tenha chego a hora exata e a oportunidade certa de fazê-lo. Isso não é verdade para alguns grupos de pessoas que se reúnem nas sociedades ditas ‘secretas’. Nesses casos, os segredos jamais podem ser revelados para os não-iniciados. Confesso que tenho uma enorme curiosidade acerca de tais segredos. Talvez eu seja meio Pandora, por isso sugiro que não deixem nenhuma arca com mistérios a meu alcance, pois sou capaz de abrir-la! Acho que, além de curiosa, sou extremamente simplista e acabaria fazendo o que as pessoas dessas sociedades secretas não querem: revelando tudo isso de forma muito singela. Depois dessa afirmação, definitivamente jamais serei aceita em qualquer uma delas.

Por outro lado, o segredo também é um forte tempero do Amor. Amar em segredo, um Amor secreto e sentimentos não revelados são alguns exemplos de segredos que, em geral, acabam amplificando muito o Amor. Assim, vou demonstrar isso usando o tema do Amor secreto num pequeno conto:

Ele olhou ansioso por sobre o muro que dava para o pequeno jardim da casa de sua amada. Ela estava sentada em um banco penteando os longos cabelos ruivos. Ele a chamou num tom baixo. Ela percebeu e correu para o muro. Beijaram-se com urgência. A família da moça era contra o namoro deles, pois ele era um andarilho pobre. ‘Está tudo pronto para partirmos amanhã. Você vem comigo, certo? Não desistiu?’. Ela sorriu e o abraçou dizendo: ‘Nós vamos com você! Fiz o teste e estou grávida querido!’ Ele ficou muito surpreso e colocou a mão sobre o ventre dela sorrindo. ‘Essa criança é uma benção e mais um sinal de que devemos ficar unidos para sempre!’ Ele partiu apressado antes que alguém o visse e ela continuou mergulhada nos seus sonhos de Amor eterno.
No dia seguinte, muito cedo pela manhã, ela ouviu passos apressados vindo em direção ao portão. Sorriram um para o outro, na sua grande cumplicidade, enquanto ela alcançava a ele a mala que levaria. Afastaram-se da casa sem dizer uma palavra ou olhar para traz. Os primeiros pássaros a cantar naquele dia foram cúmplices dessa fuga. No coração dos dois estava um misto de ansiedade, medo e um Amor tão grande capaz de quebrar qualquer obstáculo. Queriam ficar juntos, mesmo isso sendo algo proibido. Ficaram juntos e ainda perpetuaram esse Amor através de um filho. Foram felizes numa cidade do Sul. A família dela estava errada em proibir esse grande e maravilhoso Amor.

Dessa forma, o segredo fortaleceu mais ainda o Amor que eles sentiam um pelo outro. Um Amor forte e eterno.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis
eleonora.reis7@gmail.com