'Para desvendar a vida não bastam as ciências, são necessárias também as letras e as artes. E para viver a vida verdadeira, a vida por inteiro, é preciso a ela entregar-se com amor e paixão'.


quarta-feira, 30 de junho de 2010

Profundo Amor


Como saber a dimensão de um Amor? O Amor é um sentimento que arrebata não somente o coração, mas a alma e a totalidade das células do corpo. Gosto sempre de falar sobre ele, pois para mim o Amor é um mistério de Deus. Nada explica a razão pela qual duas pessoas ao cruzarem olhares, trocarem palavras e carinhos possam ficar absolutamente envolvidas a ponto de desejarem dividir uma vida juntos. Parece mágica, mas não é. Assim, acredito mesmo em alguma forma de intervenção divina. Mas voltando à dimensão de um Amor, creio que existem muitos níveis de intensidade. Já comentei anteriormente sobre os tipos de Amor, mas a intensidade é diferente. O que você faria para demonstrar aquilo que sente pelo seu Amor? Mandaria colocar um outdoor dizendo ‘Eu te amo’ no caminho dela(e)? Ofereceria uma música especial no rádio? Mandaria rosas com uma linda carta de Amor? Mandaria torpedos apaixonados logo cedo? Diria que o Amor de vocês é mais importante que tudo? São apenas exemplos, mas eu gostaria de saber se você faria isso? O Amor é um sentimento tão lindo e perfeito que todos os casais deveriam experimentar a força que ele tem. Deviam ser mais românticos e demonstrar os sentimentos sem medo de serem julgados. Eu mesma sou conhecida como uma romântica incurável e não me envergonho disso. Como vou ter vergonha do Amor? O sentimento mais nobre de todos e que só traz felicidade e alegria. Confesso que sonho acordada com o Amor todos os dias e, até mesmo, em meus sonhos ele está. Por isso, nada mais lindo do que poder abrir o peito e extravasar todo o sentimento. Ter a necessidade e a iniciativa de fazer esse tipo de coisas que exemplifiquei demonstra a dimensão de um Amor, pois os amantes sentem-se tão bem e felizes juntos que procuram agradar um ao outro sempre que têm a possibilidade. Claro que estou falando dos casos de Amor verdadeiro, pois todos sabemos que é possível fazer tudo isso sem sentir absolutamente nada. Mas vou ignorar o desamor, palavra que me dá náuseas. Minha mensagem é clara e direcionada aos apaixonados de plantão: se você tem esse turbilhão no coração que te inquieta e faz seus dias mais coloridos por saber que não muito distante de você outro coração também pulsa de alegria na mesma intensidade por você; viva cada minuto desse sentimento, expresse tudo o que tem vontade, Ame de corpo e alma. Um gesto de carinho, uma palavra dita na hora e momento oportuno e um olhar sincero podem curar feridas, trazer paz e felicidade ao seu Amor.

O romantismo, além de uma escola literária, deveria ser disciplina obrigatória nas escolas. A vida com romance tem outra perspectiva, outro sabor. Não falo apenas de romance da sessão da tarde ou de coisas açucaradas demais. Estou falando de romance da vida real com tudo que ela engloba. Sim, estou falando de sexo com Amor, pois considero uma mistura absolutamente perfeita. Viver um Amor por completo onde não haja limites para os sentimentos e que se tenha a mistura de desejo, carinho, amizade, respeito e Amor deveria ser o ideal de todas as pessoas. Se permitir viver uma grande história Amor, de um Amor realmente profundo, cuja dimensão é incalculável deveria ser o modelo de comportamento na sociedade. Dessa maneira, ninguém precisaria se preocupar com a dimensão de um Amor, pois saberia que se aquela pessoa se entregou a esse sentimento, certamente foi por ser um Amor realmente imensurável e verdadeiro.

Ame verdadeiramente, sonhe, beije, sorria e seja muito feliz!

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

P.S.:Que o Sol brilhe todos os dias trazendo a esperança de um novo amanhã.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

A Fogueira de São João


Luiza comeu mais uma pipoca do saquinho e sorriu vendo a enorme e bela fogueira. A festa de São João no seu bairro era muito tradicional e todos os anos as pessoas organizavam-se meses antes para prepararem a grande celebração. Luiza caminhava entre as pessoas que brincavam com busca-pés, soltavam balões e comiam pinhão. Ela estava se divertindo muito e seu rosto estava iluminado pelo contentamento. Fazendo um grande alarde, um ator vestido de padre anunciou o casamento na roça. Em seguida, a sua amiga Marieta atravessou a multidão usando um vestido branco todo remendado e de véu e grinalda. Luiza deu risada dela e pensou consigo mesma ‘coitadinha’, pois o vestido era simplesmente horroroso. Feita a celebração do matrimônio com um ator de teatro completamente desconhecido delas, começou a dança de quadrilha. Marieta chamou Luiza para que ela fosse dançar, mas ela fez que não com a cabeça e saiu muito alegre no meio da multidão. Sentindo o sal excessivo da pipoca em sua boca, comprou seu doce favorito de festas ao ar livre: a maçã do Amor. Olhou, então, a banquinha da pescaria e resolveu arriscar a sorte. Entertida tentando morder um pedaço da maçã, Luiza esbarrou violentamente num rapaz que carregava um enorme urso de pelúcia. Por sorte, Luiza salvou sua maçã e o rapaz o seu ursão. Ela levantou os olhos e viu ele ajeitando o cabelo e arrumando os óculos devido à colisão. ‘Desculpe’, ela disse timidamente. ‘Por sorte seu prêmio não caiu no chão.’ Ele a olhou, sorriu muito simpático e disse: ‘Esse belo urso ganhei com a minha notável agilidade na pescaria. Gostaria de aprender?’. Muito animada, Luiza respondeu que sim e seguiu seu novo amigo até o improvisado ‘tanque’. Ele apenas exigiu uma condição para ensinar todos seus truques de pescaria a ela: queria uma mordida da sua maçã do Amor. Ela fingiu ficar pensativa, mas acabou dando um lindo sorriso e concordou.

Ele primeiro mordeu a maçã como desejava e, depois, olhando nos olhos dela apresentou-se: ‘Prazer, me chamo João.’ Ela riu achando que ele estava fazendo uma brincadeira com a data que estavam comemorando, mas ele permaneceu sério. Então, ela apresentou-se: ‘Prazer, sou a Maria Luiza.’Ele pegou a vara de pescar improvisada e começou a falar com grande seriedade sobre suas ‘técnicas’ de pescaria. Luiza achou ele encantador em todos aspectos: era simpático, atencioso, querido, bonito e tinha um agradável senso de humor. Ela fingiu que prestava atenção nas brincadeiras dele, mas no fundo se sentia muito atraída por ele. Ele colocou a mão dela junto à dele para ‘pescarem’ juntos. Dessa forma, ele olhou Luiza de perto e sentiu-se extremamente atraído por ela. Jogaram juntos o anzol no local mais difícil do tanque e pescaram o peixe de número 13. Ganharam juntos o melhor prêmio da banca: uma linda boneca em forma de bebê em tamanho natural. Ele pegou a boneca, deu de presente a ela e disse sorrindo: ‘Esse é o seu prêmio por ter sido uma aplicada aluna de pescaria!’. Ela pegou a boneca nos braços e deu um beijo no rosto dele. ‘E você foi um ótimo professor!’. Ele segurou a mão dela e disse: ‘Acho que mereço mais um beijo e um abraço, pois hoje é o dia do meu aniversário!’. Quando Luiza aproximou-se para beijá-lo novamente, ele a beijou nos lábios de forma delicada e ao mesmo tempo ardente. Fogos de artifícios estouraram no céu marcando o início de um grande Amor. Marieta observou a amiga de longe e sorriu contente. A fogueira virou a madrugada forte e incandescente na noite de São João.

O Cupido resolveu usar chapéu de palha e trocar as flechas por busca-pés! Disse que se identificou demais com essa festa, mesmo que eu discorde um pouco disso. Ele falou que romances que têm seu início em dias santos são aqueles que duram para sempre. Desejo que os romances que iniciaram em dias santos ou não sejam exclusivamente para a felicidade dos amantes e que durem o tempo proporcional a dimensão do Amor: que é infinito na sua perfeição.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

domingo, 20 de junho de 2010

Sol da Meia-Noite


Espanha, século XI

Com uma grande urgência, ela cavalgava sozinha no breu da noite por entre as árvores da floresta. Nos tempos de guerra em que estavam vivendo, isso era extremamente perigoso. Contudo, a mensagem que recebera era clara: seu marido havia sido atingido por uma flecha nos campos de batalha e estava perdendo as forças. Ela era uma sacerdotisa da antiga religião e conhecia as ervas curativas e ungüentos que poderiam salvar a vida dele. Chegando no acampamento, ela foi rapidamente levada a uma tenda onde ele estava sendo cuidado: olhou em volta e viu a espada ainda suja de sangue, a armadura com uma grande perfuração e viu seu amor deitado com uma bandagem no ombro embebida em sangue e tremendo muito. Ela respirou fundo e elevou o pensamento a Deus para ter forças de ajudá-lo. Ela levantou a pesada capa e abriu uma bolsa cheia de ervas e soluções curativas. Aproximou-se dele, que estava anestesiado já, pois haviam retirado há pouco a ponta da flecha. Fez um carinho no seu rosto e começou a retirar a bandagem. Tratava-se de uma ferida profunda que fizera ele perder muito sangue. Ela selecionou algumas folhas e fez uma espécie de emplasto juntamente com os ungüentos. Colocou a bandagem para firmar o curativo. Abriu um frasco com um medicamento líquido e com uma espécie de concha improvisada como uma colher, começou a colocar a solução dentro da boca de seu amado. Servia para estancar o sangramento. Colocou cobertores sobre ele, retirou a capa e deitou-se a seu lado para oferecer o calor do seu próprio corpo. Quisera ela oferecer o seu próprio sangue para ele sair daquele estado de choque, mas isso não era possível. Acreditou na sua fé que quando chegasse a aurora tudo estaria melhor e abraçou o amado colocando a mão sobre o seu peito na altura do coração.

Aquela foi uma longa noite, talvez uma das mais longas que ela já havia vivido. Viu o céu clarear pouco a pouco, os pássaros cantarem anunciando o novo dia e os homens levantarem para iniciar a sua jornada. Observava o amado e sentia a sua gradual melhora: a respiração era menos ofegante, não estava tremendo mais e parecia estar um pouco mais corado. Ela levantou-se e preparou um chá para dar mais força a ele na recuperação. Colocou a cabeça dele em seu colo e novamente com a concha deu a ele na boca. Ele já parecia outro naquela hora. Ela não quis pensar antes na sua morte, pois não imaginaria viver sem ele. Todavia, ela sabia desse grande risco. Fez tudo que estava ao seu alcance, utilizando o conhecimento que tinha e o seu grande Amor, para evitar isso. Passaram mais algumas horas e o sol já estava alto e brilhava lá fora. Ele se mexeu um pouco, abriu os olhos e viu ela deitada ao seu lado. Ele sorriu e quando foi abraçá-la sentiu a fisgada no ombro, que o fez gemer de dor. Ela pediu que ele ficasse parado, fez um carinho no seu rosto e beijou seus lábios. Ele a olhou com gratidão e sorriu. Ela levantou-se para preparar mais medicações, mas tinha certeza no seu íntimo que aquilo tratava-se de um milagre. Sabia, intuitivamente, que o corpo dele não resistiria àquela noite. Ela foi próximo da entrada da tenda, olhou para o céu azul e para o Sol e orou. Ela agradeceu a Deus por seu marido estar vivo, estar recuperando as forças e por que ele estará muito em breve ao seu lado novamente para juntos seguirem o caminho. Nesse momento, ouviu-se uma revoada de pássaros por entre as árvores e o sol brilhou tão forte e tão lindo como nunca anteriormente.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Vitória do Amor


As ruas estavam completamente desertas e totalmente enfeitadas de verde e amarelo naquela hora. Final de copa do mundo não acontece todos os dias e o país tinha todo o direito de parar para assistir a esse fato histórico. Todos estavam na frente de algum televisor acompanhando os passos da seleção brasileira. Todos menos Estela, que embora estivesse vestindo a camiseta do Brasil, estava deitada em seu quarto mergulhada em seus próprios pensamentos.

Tudo havia acontecido muito rápido: ela conheceu Maurício, apaixonou-se perdidamente, foi correspondida, eles começaram um romance tórrido e estavam vivendo uma vida de sonho. Rápido como um raio entre as nuvens de tempestade. Forte como um ciclone tropical. Intenso como o sabor do mais fino vinho. Dentro desse contexto inebriante, quase não havia tempo suficiente para eles estarem juntos, pois todo tempo do mundo era sempre pouco demais. Viviam embriagados um do outro e não imaginavam mais viver de outra forma. Inexplicavelmente, o castelo deles desmoronou numa briga sem sentido por causa de ciúmes: Estela encontrou Maurício por acaso num café com outra mulher. Sem esperar para ouvir a argumentação dele, Estela tirou suas próprias conclusões e colocou um fim na relação. Faziam, agora, sete dias que não se falavam. A dor no peito de Estela rasgava até a sua alma. Ouvindo o comentarista no rádio anunciando o início do jogo, ela levantou-se e olhou através da janela. Viu um menino todo uniformizado tocando uma comprida corneta e alguns homens reunidos assistindo ao jogo no bar da esquina. Queria se animar com o jogo, mas a melancolia não deixava. Recebeu uma mensagem de texto no celular que dizia: ‘Você não entendeu direito. Deixa eu te explicar. Te amo muito e não quero te perder. Maurício.’ Ela segurou o choro, que ficou trancado na garganta. Olhou mais de uma vez a mensagem e não respondeu. Pensou em tudo que eles haviam passado: os momentos inesquecíveis e mágicos. Pensou nos motivos pelos quais ele estava sozinho com aquela mulher e no que havia de errado com a relação deles ou com ela mesma? Estava se torturando profundamente por conta disso, então recebeu uma nova mensagem: ‘Me dê uma segunda chance de te amar. Vou provar o meu Amor por você. Me responda por favor. Beijos. Maurício.’ Um grito uníssono acontece devido a um ‘quase’ gol do Brasil.

Estela liga a TV do quarto e desliga o rádio. Tenta prestar atenção no jogo, mas está com o celular na mão. Um misto de sentimentos contraditórios toma conta de suas idéias. Finalmente ela resolve responder, pois não agüenta mais viver essa dor e essa tortura: ‘Sinto muito a sua falta. Bom jogo. Beijos. Estela.’ O narrador começa a falar freneticamente: escanteio para o Brasil e a chance de um gol. Um grito ensurdecedor reverbera na nação inteira: GOOOOOOOLLLLLLLLL!!!!! No mesmo momento, Estela recebe a resposta de Maurício: ‘Olhe na janela querida.’ Ela afastou a cortina e viu o carro dele estacionado do outro lado da rua. Estava ainda confusa, mas sabia que ele era o Amor de sua vida. Desceu as escadas correndo e entrou no carro. Eles se olharam como da primeira vez. Ficaram assim por um tempo, até que ele fez um carinho no rosto dela. Ela recuou um pouco, pois ainda estava esperando uma explicação. ‘Amada creio que você tirou uma conclusão precipitada naquela tarde. Aquela mulher não tem absolutamente nada comigo.’ Ela franziu a testa e perguntou: ‘Eu sei que ela não é do seu trabalho, pois conheço seus colegas. De onde você a conhece e porque estavam juntos?’. Ele sorriu e respondeu: ‘Aquela mulher é a minha prima que mora em São Paulo. Eu esqueci de te avisar que ela estaria na cidade.’ Mais uma vez um ecoa um urro da multidão com outro ‘quase’ gol. Estela fica sem reação e se sentindo uma tola diante do namorado. Ela baixa a cabeça e diz que está envergonhada. Ele gentilmente ergue a cabeça dela novamente, sorri com carinho e a beija gentilmente. Cornetas, brados, apitos, gritos, buzinas de carro: o Brasil é campeão e as ruas são tomadas pela multidão eufórica.

O Cupido acha os humanos muito confusos e complicados. Isso para ele que é um Deus. Na realidade, na grande maioria dos relacionamentos ocorrem mal-entendidos que podem ser resolvidos ou não. O Amor é muito forte como sentimento, mas, muitas vezes, não resiste às dúvidas.Creio que nada melhor do que uma boa conversa frente a frente para esclarecer certas questões. E quanto ao Cupido...ainda roubou uma flecha daquelas e acerto nele. Quero ver como ele vai agir apaixonado!

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis
eleonora.reis7@gmail.com

domingo, 13 de junho de 2010

No Balcão de Julieta


Ontém foi o Dia dos Namorados e hoje é Dia de Santo Antônio. Assim, eu e o Cupido resolvemos preparar uma surpresa sobre romance, paixão e amores impossíveis. A inspiração vem de um filme absolutamente fabuloso que está em cartaz: ‘Cartas para Julieta’. Fazendo uma curta avaliação, o filme aborda o tema Amor de uma forma suave, bem-humorada e profundamente verdadeira, além de ter uma fotografia linda. Sentimental como eu sou, enchi os olhos de lágrimas com as passagens bonitas algumas vezes, mas também ri muito e me diverti bastante. Todas as pessoas saem do cinema com um sorriso estampado no rosto, o que fez com que eu e o Cupido tivéssemos novamente certeza que o romance romântico está de volta com força total. Tenho certeza que esse filme será um sucesso de bilheteria. O Cupido mandou reparar que a primeira imagem que aparece na abertura é a foto dele. Como é exibido!

No fundo, creio que todas as pessoas querem viver um grande Amor: homens e mulheres, jovens e velhos. O Amor não tem prazo de validade: ele acontece de forma espontânea, sem que a gente nem perceba, mas quando se vê ele assume completamente o rumo de nossas vidas. O Amor também é cego, surdo, mudo e por vezes complica muito a vida dos amantes. É o caso do clássico Romeu e Julieta e de muitos amores impossíveis famosos da literatura e da vida real. Certa vez, vi uma dessas autoridades em psicologia afirmar que os amores que realmente duram para sempre são aqueles impossíveis, pois assim os amantes lutam até a morte se for preciso para defendê-los. O Cupido arregalou os olhos para mim e eu entendi o que ele pensou: o Amor pode ter obstáculos e dificuldades, os amantes devem sim lutar pelos seus ideais e para ficarem juntos, mas morte física como em Romeu e Julieta não está mais na moda. O romance romântico moderno tem que ter sempre um final feliz. Vivemos num mundo veloz de soluções e respostas rápidas. Se existem muitos obstáculos, existem ferramentas para tirá-los do caminho. O Amor eterno é o Amor consumado...é aquele que completa a alma dos amantes e os torna um só. Existe uma tendência que está voltando e que mostra exatamente isso, como no filme que falei anteriormente. Garanto que não trata-se de sentimentalismo estritamente feminino, pois vi rapazes e senhores saírem do filme bem contentes. Amar e ser feliz, o que pode ser melhor do que isso? Bem, amar eternamente ganha.

O Cupido está esperando que eu escreva alguma das minhas histórias curtas. Disse que gosta muito delas principalmente quando ele aparece na história. Então, como ontem e hoje são os dias dele, aqui está a pequena história de Amor que dedico ao Cupido:

Sofia estava sentada na sacada do segundo andar do prédio. Tinha nas mãos seu pequeno caderno de anotações onde rabiscava alguns desenhos e escrevia seus poemas. Seu pensamento estava longe dali: pensava em Charles, um namorado que jamais esquecera e que havia se mudado de cidade. Escreveu no verso: ‘Se meus olhos encontrassem novamente os seus e o mundo parasse de girar mais uma vez, não deixaria você se afastar jamais de mim’. Parou de escrever, olhou para o vaso de orquídea no para-peito da sacada e ouviu um assobio. Achou aquilo estranho e não deu muita importância. Ia começar a escrever de novo, mas o assobio foi mais forte. Levantou-se e olhou para baixo. Quando viu a cena, não conseguia acreditar em seus olhos: segurando uma rosa vermelha na mão e com o sorriso mais lindo que ela já havia visto, estava ali Charles. ‘Devo escalar o balcão ou nos encontramos aqui embaixo Julieta?’ Ela sorriu pensando que estava num sonho, passou rápido no quarto e trocou de blusa (pois, estava com uma roupa feia e velha) e desceu prendendo os cabelos. ‘O que deu em você?’, ela perguntou com uma mão na cintura. ‘Nada, apenas percebi que não posso viver sem você!’. Eles se beijaram demoradamente, com muito afeto e carinho. O Cupido, que não perde tempo, acertou uma de suas flechas açucaradas, que todas as pessoas (inclusive os diabéticos) adoram! Final feliz embaixo do balcão da Julieta e com o pôr-do-sol como testemunha.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Dia dos Namorados


Hoje, o Cupido não sossegou até me fazer sentar diante do computador e escrever alguma coisa. Sim...é o Dia dos Namorados e ele está absolutamente eufórico. Eu diria que ele e muita gente por esse Brasil a fora. Caminhando pelas ruas tumultuadas do centro da cidade, vi muitas vitrines com corações, rosas, lingeries e cupidos (é claro!). Entrei como costumeiramente faço no salão de belezas, mas estava tão cheio que parecia que mais de dez casamentos estavam acontecendo hoje e que todas as noivas e convidadas estavam lá. Vi também entregadores de flores correndo com arranjos bonitos e meninas adolescentes comprando corações de pelúcia onde estava bordado ‘Eu te amo’ em letras garrafais. Vi tudo isso e ri sozinha de contentamento. Eu e o Cupido, na realidade. Então, concluímos que o romance ainda está em voga...e que o Amor é fashion!

A Menina e o Menino

A linda menina tinha apenas 15 anos e esse era o primeiro Dia dos Namorados da sua vida. Conheceu seu amor na escola que estudava, apesar dele estar alguns anos na sua frente. Estava completamente apaixonada e olhava no relógio e na janela - nessa ordem - a cada cinco minutos. Ela estava maravilhosa num vestido de veludo acinturado e botas de cano alto. Estava muito ansiosa para ver o seu amado e entregar o presente que escolhera com muito carinho: um pingente cara-metade que ela iria quebrar para que cada um usasse um pedaço numa corrente. Finalmente, a campainha toca. Atrás de um enorme urso de pelúcias que segurava um coração ela vê seu amor sorrindo. Menos de um segundo depois, um beijo ardente e apaixonado faz com que o urso caia no chão. ‘Demorei?’, ele perguntou sorrindo. ‘Tempo demais! Agora quero você só para mim!’. Esse foi o início de uma noite de sonhos que a menina certamente guardará na lembrança durante toda a sua vida.


A Garota e o Garoto


Enquanto estudava para uma prova da faculdade, a garota fazia uma hidratação caseira nos cabelos e usava máscara de pepino fresco no rosto. Estava assustadora, mas por uma ótima causa: queria estar linda naquela noite. Planejou o Dia dos Namorados por meses e tinha que ter a pele e os cabelos perfeitos. Estava namorando seu colega de faculdade há cinco meses e aquela seria a primeira noite deles sozinhos, pois seus pais haviam viajado. Comprou, já tinha algum tempo, uma lingerie linda e muito sexy que pretendia usar para ele. Planejou, planejou, planejou. Tudo tinha que sair PERFEITO. Enquanto deixou os livros de lado um pouco, resolveu pintar as unhas das mãos de vermelho. Quando estava pintando a unha do dedo anelar escutou o som da campainha tocando. Olhou para o relógio: 17h. Pensou que não esperava ninguém àquela hora. Desceu as escadas correndo (com máscara, creme no cabelo e unhas metade pintadas) e abriu a porta por um impulso. Ficou paralisada quando viu seu namorado com um enorme buquê de rosas e uma espumante na mão. ‘Feliz dia dos namorados!’ , ele disse sorrindo. Ela fechou a porta e não sabia o que fazer. ‘Você não pode me ver assim!’, ela gritou. ‘Não seja temperamental e abra a porta amor. Vim para ficarmos mais tempo juntos’. Ela abriu envergonhada e disse: ‘Queria que tudo saísse perfeito...’. Ele riu do jeito dela, a abraçou com carinho (desviando dos cremes) e falou baixinho: ‘Você é a imperfeição absolutamente perfeita para mim!’. Eles riram juntos e aproveitaram cada minuto daquele dia e daquela noite.

O Cupido deu risada das duas histórias em homenagem ao Dias dos Namorados, mas no fundo acho que ele gostou. Um dia para celebrar o Amor é realmente algo que me agrada. Acho que se comemorássemos mais vezes o Amor, o mundo seria certamente melhor. Espero que os corações se encontrem e se unam hoje (e sempre) com muita paixão, muito carinho, muito desejo e muito AMOR. Amem muito e sejam felizes!

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis
eleonora.reis7@gmail.com

terça-feira, 8 de junho de 2010

Conversa com a Lua


Já passava das 22h quando Melissa saiu de um longo banho morno. Colocou um pijama de seda e calçou um belo par de chinelos de salto alto. Era uma noite de temperatura amena no final de março e ela decidiu descer até o seu local favorito da enorme casa que compartilhava com o marido: a biblioteca. Deixou as luzes apagadas e abriu as pesadas cortinas que escondiam uma imensa janela. Imediatamente, o cômodo foi todo iluminado pela luz do luar. Melissa sempre fazia isso: nas noites de lua cheia ela ia sozinha para a biblioteca contemplar aquele maravilhoso luar e ler, a luz de velas, seus livros antigos. Mas essa era uma noite especial: Melissa estava só por conta de uma viajem de última hora que seu marido tivera de fazer. Ela se sentiu um pouco ‘solteira’ outra vez, decidiu avaliar os últimos acontecimentos de sua vida e compartilhar seus pensamentos com a lua.

Melissa abriu a janela e sentiu o ar fresco da noite no rosto. A lua estava esplendorosa e particularmente brilhante. Pode ouvir os latidos de seu cachorro nos fundos da casa e viu passar uma coruja, que às vezes era vista nas redondezas. Sentou na imponente poltrona Berger, descalçou os chinelos e foi absorvida pela força do luar. Começou a pensar na sua vida: era afortunada de ter se casado com um homem tão importante e rico como João Bernardo; eles haviam construído aquela casa tão ricamente decorada que tomou 2 anos inteiros da vida dela para ficar perfeita, haviam viajado por vários continentes, conhecido culturas e povos tão diferentes, ela deixou seu trabalho como engenheira química e passou a dedicar-se exclusivamente ao marido e aos compromissos sociais que a posição dele exigia. ‘Uma vida de rainha’, ela pensou. Pensou também que entendia a exigência dele de não terem filhos, afinal com uma agenda como a dele isso era absolutamente impossível. Sentia vontade de ter um bebê, afinal isso é inato do sexo feminino. ‘Melhor deixar essa idéia tola de lado, somos felizes e temos tudo que precisamos.’ Melissa suspirou fundo ainda com os olhos fixos na lua. Ficou um pouco agitada devido aos seus últimos pensamentos. Resolveu ler alguma coisa. Lembrou dos seus ‘livros secretos’, que escondia numa gaveta com chave. O marido achava uma tolice que ela lesse livros sobre esoterismo, plantas medicinais e medicina alternativa. Dizia que aquilo era coisa de gente ignorante, crendices populares. Melissa abriu a gaveta e retirou vários livros, que eram suas relíquias. Acendeu as velas do candelabro e um incenso. De frente para lua, abriu aleatóriamente a página de um livro cujo assunto principal era o Amor e a reencarnação e leu a seguinte frase: ‘O verdadeiro Amor é a cura e a resposta para todas as perguntas. Ele liberta e enche o peito de alegria e certeza. Esse é o Amor que perdura por séculos infinitos e que une os corações dos amantes num só.’ Melissa se emocionou e deixou correr uma lágrima pela face. Ela olhou os títulos dos livros: Amor, terapias alternativas, almas gêmeas, ervas que curam, óleos essenciais e seu poder curativo...ela sabia que ali naquela pequena gaveta escondida estava presa toda a essência do seu ser. Melissa olhou fixamente para lua com um olhar triste. Sentia-se incompleta e incompreendida. Perguntou mentalmente à lua o que devia fazer. Chorou baixinho, um choro reprimido no peito havia muito tempo. Pensou na vida que poderia levar fora daquele ‘palácio’. Pensou que seria uma vida simples, mas verdadeiramente feliz. Ela se imaginou trabalhando na síntese de óleos como desejava na época da faculdade, se imaginou casando com um homem simples como ela e tendo uma família. Embriagada nesses pensamentos e ainda chorando um pouco, Melissa dormiu ali mesmo sentada na poltrona e tendo a lua como sua guardiã.

Segundos antes de despertar, Melissa ouviu uma voz suave e calma que disse o seguinte: ‘Siga a vontade do seu coração’. Melissa acordou assustada, pois sabia estar só na enorme casa. Olhou onde estava, viu seus livros espalhados pelo chão e lembrou que havia perguntado o que fazer à lua. Ela sorriu certa de que obtivera sua resposta.

Melissa não mora mais naquela enorme casa e nem está casada com João Bernardo. Ela ouviu a voz do seu coração e resolveu começar de novo, sem gavetas escondidas ou privações. Melissa está muito feliz na sua vida nova e tem a lua como sua guia. A chave da felicidade está dentro dos nossos corações.

Felicidade e sorte sempre!

Eleonora Reis
eleonora.reis7@gmail.com

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Tipos de Amor


“Apelo da amada

Ela.

Que entre o meu amado em seu jardim
para comer dos frutos deliciosos!

Ele.

Já vou ao meu jardim, minha irmã
e minha noiva,
colher mirra e bálsamo,
comer do favo de mel, beber vinho e leite...”


Cântico dos Cânticos – Terceito Canto.

Tipos de Amor

O Amor é um sentimento tão complexo e absolutamente perfeito que pode ser classificado em tipos diferentes ou níveis de expressão:

Ágape

Ele olhou sua amada iluminada pelos raios de sol daquela tarde mágica. Ela era a expressão da alegria e tinha um lindo sorriso estampado no rosto. Ele segurou a mão dela e a puxou para junto de seu corpo. Olhou dentro de seus olhos e a beijou ardentemente. A alegria e a satisfação de estarem juntos e serem um só encheu seus corações de paz e contentamento. ‘Consciência’.

Philia

Ela olhou com carinho seu amado tão preocupado com sua doença. Estava febril apenas, mas ele a cuidava com tanta dedicação e preocupação que parecia estar seriamente doente. Ela segurou a mão dele e o fez sentar no leito: sorriu, olhou nos seus olhos e agradeceu pela amizade verdadeira e pelo amor. Ele sorriu de volta e a abraçou com ternura. A amizade e o respeito estão presentes nesses corações, que estão tão unidos como se fossem irmãos de sangue. ‘Confiança’.

Charis

Aquela era uma noite muito especial para os amantes. Tudo tinha sido minuciosamente preparado. Haviam velas e incensos queimando no ambiente. Um perfume doce estava no ar e fazia daquele quarto quase um local sagrado. Ela estava pronta para celebrar o Amor. Ele bateu na porta. Ela abriu. Eles se olharam e sentiram a força do Amor os unindo. No envolvimento dos corpos daquela noite o Divino estava presente. ‘Na terra e no céu’.

Eunoia

Eles eram muito engajados em causas sociais. Decidiram dedicar um tempo de sua semana, que era muito atribulada, para auxiliar e alimentar meninos de rua. O casal criou uma ONG que recebia alimentos como donativos e todas as quintas-feiras eles saiam com um grupo de pessoas numa Van para distribuir alimentos a esses meninos. Ela era médica e também prestava algum atendimento de saúde e oferecia medicamentos. Eles se olharam numa dessas empreitadas e sorriram um para o outro. Sentiam satisfação no seu íntimo por estar cumprindo com seu dever para com a sociedade. Corações unidos pela mesma causa. ‘Caridade e comunidade’.

Storge

Domingo pela manhã: as duas crianças acordam muito cedo e pulam em cima dos pais na cama de casal. O cachorro aproveita e faz o mesmo. Todos riem da situação. As crianças deitam no meio do casal. Todos aproveitam em ficam brincando um pouco. Ele olha para a mulher meio escabelada, mas com um sorriso realmente lindo. Ele faz um carinho no seu rosto, olha para as crianças, sorri satisfeito e diz que a ama. Corações que se uniram de tal forma que misturaram os seus corpos em uma só carne para sempre. ‘Amor dos filhos’.

Eros

Ele passou ao seu lado e apenas a olhou. Ela percebeu e entendeu perfeitamente o que ele queria dizer. Estavam vivendo um romance tórrido, mas a empresa não permitia o envolvimento de funcionários. Ela colocou perfume e batom, pegou a bolsa e saiu para o almoço. Ele saiu logo atrás. Eles não pensavam em comida. Estavam tão absolutamente embriagados um do outro que queriam aproveitar o intervalo de almoço para estarem juntos no seu local secreto. Ele bateu na porta e ela abriu vestindo apenas a gargantilha que ele havia dado de presente a ela. Passaram aquela uma hora e meia de intervalo se amando. Dois corações queimando de paixão e unidos pela força do Amor. ‘União dos corpos’.

O Amor tem mesmo muitas faces. O Cupido adorou as histórias de hoje e acha que terá mais trabalho depois desse texto. Eu espero que ele tenha mesmo e que o Amor esteja mais e mais e mais nos corações das pessoas.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com