'Para desvendar a vida não bastam as ciências, são necessárias também as letras e as artes. E para viver a vida verdadeira, a vida por inteiro, é preciso a ela entregar-se com amor e paixão'.


terça-feira, 30 de março de 2010

Livro do Amor


Nossa vida inteira está sempre associada aos livros e ao aprendizado. A cartilha nos ensina a ler e a tabuada a calcular. Os livros de química, de botânica, de matemática, de inglês e de tantas outras disciplinas que aprendemos ao longo do processo educacional nos permitem entender, em parte, o mundo a nossa volta. Os livros também nos permitem sonhar: conhecer mundos distantes, viver experiências inusitadas, sorrir e chorar. São como gênios mágicos, esperando que um amo qualquer abra a sua primeira página e lhe devolva o sopro da vida mais uma vez. Os livros carregam, sobretudo, idéias e ideais e, dessa forma, têm um papel fundamental em passar através de gerações o conhecimento e os segredos antigos.

Eu sou uma fã da leitura: aprendi coisas muito importantes (senão as mais importantes) longe das salas de aulas que freqüentei. Apenas eu e algum exemplar ao qual dei vida ao abri-lo no silêncio do meu quarto. Ele me ensinando e me fazendo vivenciar experiências que dariam histórias para um novo livro. A alquimia do conhecimento: transformando o simples metal (ou leigo) em ouro puro (mestre). Um mergulho no infinito do saber.

Existem livros sobre todos os temas e para todos os gostos, isso é fato. Mas pensando em toda a crueldade e as guerras que existem no mundo, creio que o homem esqueceu-se de escrever um livro sobre o Amor. Ah, é claro: Romeu e Julieta, Cathy e Heathcliff e Ceci e Peri; são exemplos de casais apaixonados inesquecíveis da literatura. Romances proibidos, impossíveis e eternos. Contudo, apesar de adorar romances, não estou colocando em pauta esse tipo de leitura. Estou falando de um livro que ensine os homens a respeitar seus semelhantes; a estender a mão a um estranho que precisa de ajuda; a trabalhar não apenas visando seus próprios interesses, mas também os dos seus semelhantes. Estou falando de um livro que promova uma revolução sem sangue na sociedade, que transforme o ser humano para melhor e promova a harmonia entre os povos. Quando todos tiverem um exemplar do Livro do Amor em casa e a leitura dele se tornar um hábito, não haverá mais guerra e a verdade irá disseminar-se pelos quatro cantos do planeta. E quando todo esse Amor estiver dentro dos corações de cada um de nós, haverá esperança nos olhos das crianças e a Vida agradecerá fazendo a sua melhor reverência. Você deve estar se perguntando se já escreveram esse livro e eu direi que sim, em incontáveis edições. Ele deve estar esquecido em alguma gaveta fria da sua casa suplicando para que alguém o deixe respirar novamente. Os autores são muitos, que trabalharam em equipe para tornar as idéias visionárias de seu líder imortalizadas no papel. Eles trabalharam juntos em nome do Amor até o dia de sua morte. A sorte é que esse Amor foi tão forte que chegou até os dias de hoje. Nessa Páscoa, abra a sua Bíblia e a deixe não apenas respirar, mas exalar o doce perfume do Amor em seu lar.

Feliz Páscoa a todos!

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

terça-feira, 23 de março de 2010

Sonhos Possíveis


Não existe nada mais belo do que o idealismo e os sonhos dos jovens. Quem já passou por isso lembra: a sensação de que se pode alcançar o topo do mundo quando se entra na faculdade, ou a certeza de que se vai fazer toda a diferença e mudar o curso da história quando de segura o diploma de graduação. Esse frescor d’alma, esse olhar por atrás de lentes coloridas, poéticas e de aumento impulsionam e movem a vida dentro do campus universitário. Planos, aspirações, sonhos, ideais, objetivos: misture tudo isso com uma pitada de fantasia e obtenha a mistura exata do ‘alimento’ essencial ao espírito de todos universitários. Eu vejo ao meu redor alunos com muita determinação e vontade de ir além; com certeza no coração e com o olhar que se perde no infinito das possibilidades. Vejo neles, hoje, eu mesma há anos atrás. Correr atrás de um sonho sempre foi o meu objetivo e continua sendo até hoje. A sorte é que a vida me deu as condições e a possibilidade de fazê-lo. Infelizmente, para a grande maioria isso não é possível.

A peculiar história da vida real apresentada no filme “Um Sonho Possível” retrata de uma forma bastante abrangente esse tema: um rapaz de rua acaba sendo ‘adotado’ por uma família, que lhe oferece todas as condições para que ele desenvolva suas aptidões e conclua seus estudos. Ele, por sua vez, acaba se revelando um grande talento que jamais seria reconhecido se ele continuasse vivendo nas ruas. O sonho dele, definitivamente, foi possível. Isso me fez pensar em quantos meninos e meninas de rua por esse mundo afora não tiveram a mesma sorte? Quantos jornalistas, arquitetos, escritores, cientistas, advogados, engenheiros e médicos (entre outras profissões) brilhantes a humanidade perde por dia por falta de condições mínimas e de incentivo à educação? Dezenas, centenas, milhares. Esse parece um lamento antigo e fora de moda, eu sei. Mas cheguei a pensar mesmo na utopia de que todos os jovens deveriam ter acesso a um mesmo programa educacional e, além disso, a um acompanhamento psicopedagógico desde a tenra idade para direcionar a escolha da carreira de acordo com as aptidões de cada um. Seria, no mínimo, justo com os menos afortunados. Essa não é a propaganda política obrigatória ou o slogan de alguma campanha política, mas seria um sonho a educação para todos.

Por outro lado, tenho visto também outro grupo de pessoas: os graduados sem um emprego próprio à sua qualificação. Nos últimos anos, o número de Faculdades e Universidades cresceu muito no Brasil, permitindo um acesso maior a essas instituições de ensino. Contudo, o que deveria impulsionar o crescimento do país, acabou se transformando em uma triste realidade: bacharéis com os diplomas guardados na gaveta juntamente com aqueles belos sonhos que tinham durante a graduação. Mão-de-obra qualificada subaproveitada ou que simplesmente desiste de sua área e busca uma colocação num emprego muito inferior à sua qualificação por questão de sobrevivência. Creio que essa é a parte do lamento mais triste dessa resenha: os sonhos destruídos. Horas de estudo, noites sem dormir, provas dificílimas, anos de dedicação, dia da formatura: sonho alcançado. Mercado de trabalho: não há vagas. Qual será o destino das gerações futuras? Terão elas sonhos como eu tive quando entrei na Universidade? Perguntas com respostas em aberto.

Como não custa nada sonhar, eu sonho com o dia em que os sonhos serão tão valorizados que todas as pessoas irão correr atrás deles. Nesse dia, a vida será tão bela e colorida como ela nunca foi. Nesse dia, todos os sonhos irão se realizar e jamais serão destruídos. Nesse dia, todos trabalharão honestamente exercendo suas profissões com dignidade. E como trata-se de um sonho: uma revoada de pombas brancas voará livre em direção aos sete arco-íris no céu azul.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

sexta-feira, 12 de março de 2010

Enganando Chronos


Numa animada primeira conversa entre duas pessoas um assunto leva a outro: uma experiência de vida aqui, um conselho ali e vários relatos de fatos depois seguem sempre acompanhados da pergunta que apavora a grande maioria (senão todas) as mulheres e boa parte dos homens – ‘quantos anos você tem?’.

Acho muito interessante que as pessoas sempre tenham esse tipo de curiosidade. Talvez o fato de conhecer a idade de alguém permita que se trace um paralelo com a sua própria experiência de vida. Então, no seu íntimo o ‘curioso’ sobre a idade do outro pensa: ‘quando eu tinha 25 anos eu também já havia me formado’, ou seja lá qual for o assunto que está em pauta na discussão. Além disso, também existem os ‘curiosos sobre a idade alheia’ profissionais: são aquelas pessoas que mal começam a conversar com alguém já fazem a famosa pergunta. Eu confesso que me sinto um pouco desconfortável com essas pessoas ou diante da pergunta em si. Depois dos trinta (e esse é o máximo que vou revelar aqui), não conseguimos aceitar os números impostos por Chronos. É como se ele estivesse fazendo a pior brincadeira de mau-gosto de todos os tempos, pois não nos sentimos efetivamente com a idade que temos. Confesso também que demoro um pouco a responder, faço um clima de suspense, mas acabo revelando a minha verdadeira idade. Acho que ainda sou muito ingênua e honesta em relação a esse assunto. Talvez por (ainda) não me preocupar verdadeiramente com a passagem do tempo. Creio que, ao longo da década que me levará aos quarenta anos, vou aprender rapidamente que algumas mentirinhas definitivamente não são pecado.

Hoje, escutei uma sábia pessoa sexagenária fazer a seguinte colocação: ‘Minha idade intelectual beira os cem anos, mas me sinto como se tivesse apenas treze anos na maior parte do tempo’. Certamente, existe disparidade entre a idade cronológica e a mental em muitas pessoas. Sentir-se jovem não é necessariamente parecer jovem. Desde os tempos remotos, quando os alquimistas perdiam noites de sono debruçados em seus alfarrábios tentando encontrar o Elixir da Longa Vida, o homem acredita que alguma panacéia pode ter um efeito mágico e lhe devolver o viço da juventude. A indústria cosmética, as cirurgias, as inovações científicas prometem uma pele jovem e sem rugas. Será que fazer uso de todos esses recursos estéticos muda o íntimo do ser humano? De nada adianta um rosto sem rugas, um corpo esculpido a bisturi e em academias se o espírito não for livre...se o espírito não for jovem. Sorrir muito, viver de forma leve, respeitar os outros, admirar tudo de belo que a vida oferece e amar muito são alguns passos para libertar a alma. A perfeição física ou a juventude eterna não existem. Mas a beleza está em todas as pessoas que sorriem verdadeiramente com o coração e têm alegria de viver. Dessa forma, com a sabedoria velha, o corpo saudável e a mente aberta podemos enganar até mesmo aquele que é sempre um juiz implacável:Chronos.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

terça-feira, 2 de março de 2010

A 'EX'


De que mundo paralelo e encantado vem essa mulher? Ninguém sabe responder. Como pode ser ela tão virtuosa, inteligente, sexy, bonita e perfeita? Também sem resposta. E porque, quisera Deus, ela veio ANTES de mim na vida dele? Caros leitores, tenho o prazer de apresentar-lhes a ‘EX’.

Faz parte do universo feminino criar mil e uma fantasias a respeito da mulher que fisgou o coração do seu príncipe antes mesmo de você conhecê-lo. Primeiro surge aquele sutil ciúme e também uma grande curiosidade. Perguntas como ‘Como ela se chama? Quanto tempo vocês ficaram juntos? Ela é bonita?’ acontecem nessa fase. A partir daí, começam as suposições e a imaginação voa longe, principalmente se a ‘EX’ foi uma mulher realmente importante na vida dele: como uma namorada de 10 anos, uma noiva ou pior, uma ex-mulher! A série de perguntas seguinte envolve o relacionamento do casal: ‘Porque não deu certo? Vocês se falam? Você ainda tem algum sentimento por ela?’ Nesse ponto, da fase de curiosidade passamos para algo mais complexo: a fase da neurose.

Poderia escrever um livro sobre como uma mulher neurótica com o relacionamento passado do namorado pode se comportar. Existem desde coisas simples e leves que podem ser feitas, como vasculhar as gavetas do namorado atrás de pistas e fotos antigas enquanto ele toma banho, ou verificar agendas de anos anteriores e, se tiver acesso, checar o celular dele para averiguar se ainda está salvo o número dela. O problema começa quando a intensidade da curiosidade aumenta demasiadamente. Nessa fase, vários comportamentos inadequados e até mesmo invasivos (em relação à privacidade das pessoas) começam a acontecer: investigar o computador pessoal dele atrás de fotos e e-mails reveladores, anotar o número de telefone da ‘EX’ e ficar telefonando apenas para ouvir a voz dela ou para dar trotes (com a intenção de falar efetivamente com ela por alguns instantes), entrar no orkut da 'EX' e a adicionar como sua ‘amiga’ para poder acompanhar de perto tudo que se passa na vida dela, ou ainda pior, tentar ficar amiga (não virtualmente, mas realmente) da ‘EX’, sem revelar que é a nova namorada do príncipe.

Eu sei que tudo isso parece engraçado e, observando com olhar crítico, um pouco doentio. Saibam que esses não foram exemplos que simplesmente criei na minha mente fecunda de escritora: todos eles aconteceram na vida real. Tudo isso gira em torno do grande mito que é a ‘EX’ para a nova namorada. Acredito que a curiosidade seja uma das principais características femininas e não é à toa que a caixa de Pandora, que deveria ficar fechada, foi aberta. Sobre o mito da ‘EX’ penso que todo o esforço, o estresse e as horas de sono perdidas pensando que ela é alguma deusa mitológica perfeita que, cedo ou tarde, irá arrebatar novamente o coração do príncipe, poderiam ser poupados com uma simples conversa de ‘cavalheiros’ entre as duas mulheres. A ‘EX’ ia relatar a realidade e descrever com precisão os motivos que a levaram a se afastar do príncipe. A atual ia conhecer a ‘deusa grega’ de perto e poderia tirar conclusões reais a respeito dela, com o plus de saber de defeitos de seu amado que ela nem sonharia em pensar. As duas apertariam as mãos e seriam felizes em suas vidas. Sem mito ou estigma. Pena que isso é utopia: o dia que duas mulheres teoricamente rivais (por amarem o mesmo homem em tempos distintos) ficarem amigas, uma buscando verdadeiramente ajudar à outra para evitar os mesmos erros, a humanidade alcançou o cume da evolução.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com