'Para desvendar a vida não bastam as ciências, são necessárias também as letras e as artes. E para viver a vida verdadeira, a vida por inteiro, é preciso a ela entregar-se com amor e paixão'.


quinta-feira, 21 de julho de 2011

Ela


Ela é bem jovem ainda, mas com uma história muito interessante. Parece que foi ontem que era vista rodopiando a saia e sonhando no jardim. Um sonho modesto de menina-moça. Um sonho com o Amor como tantas mulheres em todos os tempos sonham. Uma menina linda de cabelos ondulados e olhos profundos e pensativos a imaginar como seria Amar. Muito ela teve de enfrentar depois disso e por causa disso. Contudo, ela foi sempre fiel àquilo que acreditara e sentira.

A dor na vida dela se misturou ao Amor no seu primeiro casamento. Infelizmente, tratava-se de um tempo remoto àquele e tudo era previamente arranjado. Dois jovens inexperientes e tendo cada um suas próprias expectativas: mistura nada favorável a um casamento feliz. Ele a deixava para viajar por longa data e ela sofria sozinha e buscava abrigo na casa de sua irmã. Freqüentemente era vista sozinha novamente no jardim a pensar no seu próprio destino. Nesse tempo, começou a sentir modificações em seu corpo e percebeu que estava grávida. Mas o destino foi cruel com essa moça: quando seu marido voltou de viajem foi morto por vândalos a deixando completamente sem chão: jovem, viúva e grávida. Ela recebeu apoio de sua família, mas naquele tempo as mulheres eram muito menosprezadas em condições como essa e não foi diferente com ela.

Nesse momento sofrido, apareceu o homem que veio mudar sua vida para sempre: o grande e eterno Amor da sua vida. Ele era eloqüente, forte e a Amou desde o primeiro minuto que a viu no jardim da casa de sua irmã. Eles eram almas gêmeas e certamente o destino colocara tal homem diante dela para ajudá-la a superar a dor da perda do primeiro marido e o fato de ter ficado viúva grávida. Num curto espaço de tempo, ela deu a luz a um lindo menino que foi imediatamente aceito e amado pelo bom homem como se fosse seu filho. Eles estavam vivendo a mais linda história de Amor de todos os tempos e, por essa razão, acharam por bem oficializar o casamento como era correto pela lei. Contudo, a cerimônia foi simples e realizada numa praia. A celebração foi memorável e virou a noite toda até o amanhecer. Um casamento por Amor era bem raro de acontecer naquelas tribos, mas tratava-se de um caso bem diferente, visto que a noiva era viúva. Todos aceitaram e os noivos foram os maiores beneficiados.

Eram outros tempos aqueles e, mesmo bons homens como o que casara com a moça, poderiam sofrer perseguição. Infelizmente, a humanidade perdera um dos maiores pacifistas de todos os tempos. O bom homem foi morto e a moça ficou pela segunda vez viúva. Além disso, novamente ela sentiu que seu corpo estava se transformando por um bebê. Os tempos eram de revolta e perseguição. Muito sofrimento com a perda do seu verdadeiro e grande Amor invadira seu peito, mas já existiam duas vidas que dependiam dela: um menino maior e a que estava em seu ventre, logo ela precisava lutar para sobreviver. Um bom amigo e parente do seu segundo marido se ofereceu para levá-la por uns tempos para um exílio até que as coisas se acalmassem na cidade onde moravam. Ela aceitou. Viajaram de barco pelo mar em direção a terras distantes e ela era vista com o ventre cada vez mais dilatado e os cabelos ao vento a escrever muitas histórias em pergaminhos. A última notícia que temos dela é que nascera uma linda menina e que a vida no exílio estava sendo boa e tranqüila para todos.

Tão jovem e com uma história tão atribulada. Tão jovem e com uma história tão real e bela.

Uma heroína que lutou pela sobrevivência de sua prole e que merece o respeito de todas nós mulheres e também de todos os homens.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Poemas e Bordados


As coisas eram muito diferentes no início do século passado: a abordagem era mais sutil e elegante entre homens e mulheres. Imaginem um homem sensível: poeta e pintor. Vivia de forma simplória que beirava a margem da sociedade, pois se sustentava de sua inspiração através de gravuras e poemas escritos que expunha na praça. Imaginem uma Lady da corte com seus vestidos bordados e pele clara como uma porcelana. Ela vivia numa redoma de vidro bordando o enxoval para algum casamento de conveniências que a arranjariam. Ela não conhecia o Amor. Ele vivia pelo Amor.

Quando ele a viu passar pela primeira vez teve certeza que seu coração pulsava no momento certo e que estava diante do grande Amor de sua vida. Mas como seria possível atingi-la? Ela era praticamente inacessível. Então, vivia a espiá-la entre as árvores ou atrás de arbustos. Seu coração ardia de Amor e muita inspiração encheu sua mente para escrever os mais belos poemas.

Certo dia quando foi almoçar, deixou um menino cuidando sua tenda, observou de longe sua amada entrar e, pasmem, comprar um poema! Era o sinal que ele precisava para começar a seu plano. Chamou um elegante amigo seu para que ele cortejasse a moça com palavras e enviasse seus poemas dizendo que era um nobre que vivia em outra cidade. E assim aconteceu: a moça reconheceu a caligrafia, mas o rapaz disse que ele e o poeta eram de uma mesma escola na qual o professor ensinava aquele tipo de desenho de letra. A moça corava com cada um dos poemas e passou a mandar pequenos mimos como lenços bordados de presente. Ele, por sua vez, estava cada dia mais apaixonado e ficava a observar de longe.

Num passeio na praça, a moça resolveu entrar na tenda do rapaz e, quando ele se virou, deparou-se com ela sorrindo o que foi um choque. Ele engasgou e perguntou no que poderia atendê-la. “- Onde o poeta estudou caligrafia?”, disse ela delicada. Ele sorriu: “- O poeta nunca estudou caligrafia.” “- Estranho?”, disse ela um pouco incrédula. “- Você gostou da poesia?”, ele perguntou puxando assunto. “- Muitíssimo!”. Assim, começou uma conversa animada entre os dois e o início do que seria o entendimento entre as duas metades de uma mesma alma. O Amor começou instantaneamente, visto que já estava presente nos corações. Claro que o poeta teve que explicar a função do seu ‘mensageiro’ e tudo mais. Isso por conta da diferença social que existia entre eles. O Amor foi maior que tudo nesse caso em particular. Sentados na tenda ficaram lendo poemas e conversando muito animados. Ao longe, o amigo que serviu de ‘mensageiro’ ficou apenas observando e sorrindo satisfeito.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

domingo, 10 de julho de 2011

Para crianças: Entre Gatos e Cachorros


O rei dos cachorros avistou ao longe uma gatinha da nobreza. “-Vamos pegá-la”, disse ele com ironia e dando uma grande gargalhada. Os cachorros latiram alto concordando e desejando acabar com a gata branca. O rei dos cachorros reuniu sete dos seus escudeiros de confiança e mandou cada um executar uma missão: o primeiro devia fazer uma armadilha para a gata cair num buraco. A gatinha caiu, mas havia uma tábua de madeira no fundo que a impulsionou permitindo que ela fugisse da primeira armadilha. O segundo colocou um poderoso veneno no leite da gatinha, que distraída com um passarinho que voava por perto, virou toda a tigela no chão. O terceiro deveria engordar a gatinha, mas ela percebeu que a ração estava demais e a dividiu com outra gatinha amiga sua. O quarto tentou namorar a gatinha, mas ela não se interessava por cachorros. O quinto se jogou numa lata de lixo e se disfarçou de gato para ficar amigo da gatinha e depois fazer mal a ela, mas o faro da gatinha percebeu que aquele definitivamente era um cachorrinho e não um gato. O sexto vivia dentro do palácio da gatinha e colocou sonífero na água de beber dela, mas naquele dia ela percebeu o gosto estranho e resolveu beber água numa bela fonte do jardim. O sétimo cão era o próprio rei dos cachorros, que resolveu arquitetar um plano mirabolante para pegar a gatinha: pediu ao mago real que o transformasse num belo gato de forma que a gatinha o achasse atraente. Além disso, elaborou uma situação de forma a parecer que ele a salvava de uma colisão com um trem em alta velocidade. A gatinha se apaixonou e se casou com o tal gato, que na realidade era o rei dos cachorros. Esse foi o grande erro que ela cometeu: o rei se mostrou como ele realmente era e a prendeu numa jaula muito alta e inacessível a todos. A gatinha ficou infeliz e definhou sozinha naquele local por anos.

Um belo dia, um gato de rua resolveu passear pelos muros do castelo e, por curiosidade, subiu até aquela torre diferente. Quando viu uma gatinha branca dormindo na gaiola resolveu chamá-la. Miou alto até que ela despertou. “-O que você faz ai?”, perguntou ele curioso. “-Me casei por engano com o rei dos cachorros e ele me prendeu aqui porque não gosta de gatos.” O gato vira-latas ficou inconformado e buscou uma forma de abrir a gaiola da gatinha. Como ela estava muito fraca, ele a levou nos braços durante a noite para não serem vistos. Na sua casa improvisada na floresta, o gato preparou infusões de folhas e plantas medicinais, alimentou bem a gatinha e velou seu sono por muitas noites. Certo dia acordou e viu a gatinha passeando faceira no jardim na frente da casa. Ela estava muito bem e era chegada à hora de voltar ao palácio de sua família. Ele, contudo, sentia que jamais seria o mesmo sem ela.

Ao chegar ao palácio, o rei dos gatos e pai da gatinha agradeceu ao gato com muitas medalhas e honrarias. A gatinha, contudo, apontou para o gato quando ele já estava na porta: “-Gostaria da presença dele na nossa corte.” O pai concordou e o gato fora viver no castelo. Não demorou muito para que a amizade deles se transformasse num grande e lindo Amor. O casamento aconteceu como mandava a tradição dos gatos, visto que o primeiro fora uma enorme mentira. O rei dos cachorros fora caçado e preso na mesma jaula que deixara a gatinha por anos para aprender que rivalidades bobas não devem existir entre cães e gatos e que tudo na vida tem limites.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

O Discurso do Rei


O sol já estava alto quando a bela moça saiu da antiga casa em direção ao poço para pegar água. Ao atravessar o jardim, visualizou o Homem de quem todos estavam falando na cidade. Ele pertencia à outra tribo e vinha cheio de pessoas a sua volta. Ela parou diante do muro e ficou observando Ele passar. Confirmando o que escutara de diversas pessoas, Ele possuía o olhar mais puro e o semblante mais bonito que ela já havia visto em toda a sua vida. Quando passou diante da casa, Ele a olhou rapidamente. A moça sentiu algo muito diferente: uma espécie de chamado. Deixou o jarro de barro no chão e foi atrás da multidão que o seguia.

Num monte não muito longe da casa da moça Ele sentou-se e começou a falar. Suas palavras eram tão lindas que pareciam o canto dos pássaros para ela. Ele falava de Amor e de paz entre os homens, dizia que todos deveriam ser misericordiosos e perdoar setenta vezes sete vezes os inimigos. Ela foi tocada em sua mente e em sou espírito por aquele discurso e perdeu a noção do tempo que estava ali. Resolveu aproximar-se para ouvir melhor o que Ele dizia e, cada vez mais, sentia que aquela era a filosofia que ela devia acreditar em sua vida. Num momento importante em que o Homem fazia uma bela oração, sua irmã a puxou pelo braço e disse que estavam todos preocupados com o sumiço dela por tantas horas. Ela apenas explicou que resolvera conhecer o famoso Homem sobre o qual todos estavam falando na cidade. “- Fique um pouco e escute você também as palavras Dele.”, disse ela à irmã. As duas ficaram cerca de mais uma hora escutando o Homem falar. A irmã se emocionou e uma lágrima escorreu em sua face. As duas se olharam e, sem dizer nada, sabiam que era Ele. O homem se levantou e, junto com seus amigos, tomou a direção da cidade. As duas os ouviram comentar que eles precisavam de um local para cear naquela noite. A irmã da moça chegou diante Dele, se apresentou e disse que eles poderiam jantar em sua casa. O Homem foi muito gentil e agradeceu com delicadeza. Eles seguiram juntos ao local, mas sobre tudo a jovem ficou particularmente interessada na doutrina Dele. Ela queria segui-Lo como todos aqueles homens, embora não soubesse se isso era possível.

Após a ceia, todos se reuniram para ouvi-Lo discursar novamente. A jovem largou todo o serviço que estava fazendo e sentou-se próxima ao Homem. Sua irmã, com medo do julgamento dos outros, a chamou de volta para a cozinha. O Homem disse que ela poderia ficar, a olhou com carinho e perguntou se ela sabia escrever. Ela imediatamente afirmou que sim. “-Dêem uma pena e um pergaminho a ela. Você vai escrever o que eu disser.” A jovem ficou radiante, embora a família não tenha gostado. Contudo, naquela noite, ela escreveu o discurso do Mestre dos Mestres.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

domingo, 3 de julho de 2011

Do Show ao Sonho


Sandra estava entediada com a própria vida já havia um tempo. Nada de novo e de realmente interessante acontecia e ela passou a ficar um pouco melancólica relembrando fatos passados. Um desses fatos era um romance que tivera com um ator muito sedutor há cerca de seis anos. ‘Tempo demais’, ela pensou consigo. Contudo, a lembrança dos magníficos momentos que viveram juntos pairava de tempos em tempos na sua mente. Nunca imaginava que poderia encontrá-lo novamente, pois ele havia se mudado para outra região do país muito distante. Contudo, sua memória perdurava.

Sandra tornou-se organizadora de matrimônios e realizava o chamado cerimonial. Dessa maneira, conhecia todo o tipo de evento, desde os mais tradicionais aos mais informais. Organizava e preparava tudo com esmero e era recomendada por muitas pessoas na cidade. Por conta disso, seu nome tinha muito prestígio no ramo dos casamentos.

Certo dia, ao abrir a correspondência e recebeu um enorme convite vermelho e roxo. Achou curioso e abriu imediatamente: tratava-se de um evento que misturava cerimonial de casamento, teatro e circo. Algo que Sandra nem imaginava ser possível. Tratava-se do casamento de dois atores do Cirque du Soleil, por isso todo esse cunho teatral. Ela não sabia como eles a convidaram, mas imaginava que sua fama no ramo dos casamentos a tinha rendido esse ingresso para o espetáculo – se é que poderia se chamar um casamento assim.

Chegado o dia do evento, Sandra colocou um vestido discreto azul de veludo com um decote em ‘V’ nas costas. Estava muito elegante e parecia uma das convidadas do casamento. Na Igreja havia uma área somente para os convidados ‘plus’ como ela: se tratavam de pouquíssimas pessoas ao contrário do que Sandra imaginava. Alguns ela conhecia, como um fotógrafo e um músico. Ela estava ansiosa para o início do casamento.

O altar da Abadia estava coberto com um enorme pano branco do teto ao chão para esconder um provável cenário. Havia uma decoração diferenciada de elásticos, cordas, flores e velas nos tons vermelho e branco. Pessoas vestidas com malhas de lycra vermelha e roxas passavam entre os convidados distribuindo doces como num circo. Embora o clima fosse surreal, o noivo veio de fraque como manda o figurino. Quando ele entrou quatro homens o cercaram e um deles carregava um estandarte enorme com uma flor de lis vermelha e se posicionou diante do noivo. Esses homens vestiam uniformes vermelhos e comportavam-se como se fossem escudeiros. Ao que parece, o noivo era de uma antiga família tradicional francesa que seguiu a vida no circo. Ao chegar ao altar, o pano branco caiu revelando uma enorme cortina vermelha como se fosse um palco.

Sandra estava extasiada, pois nunca vira um cerimonial tão diferente como aquele. Achou muito interessante que o padre tenha concordado com tudo isso dentro da Igreja. Depois pensou que melhor que seja assim hoje em dia. Todavia, Sandra não sabia que o melhor ainda estava por vir: o sino anunciou a chegada da carruagem que trouxe a noiva. Imediatamente, acrobatas presos por elásticos vestindo malhas vermelhas encheram o teto da Abadia cruzando de um lado para outro. Ninguém podia acreditar no belíssimo espetáculo, que durou o tempo em que a noiva saia da carruagem e era arrumada pelo cerimonial. Novamente, algo lindo e inovador: uma noiva nitidamente grávida que, ao invés de um buquê, trazia um bebê de colo usando apenas fraldas como uma madonna. Ela entrou cercada de quatro crianças maiores que carregavam lírios brancos e rosas vermelhas. A música também era uma marcha nupcial diferenciada, o que deu uma força sobre-humana àquela cena. Sandra era acostumada a transformar sonhos em realidade, mas nunca estivera numa situação como aquela e, por isso, não conteve as lágrimas ao ver a noiva entrando.

Durante a cerimônia tudo foi relativamente normal, com exceção da movimentação dos acrobatas para o grande final. Todos estavam curiosos para saber o que eles iriam fazer. Terminada a cerimônia com um beijo, a noiva pegou um dos buquês das crianças para sair. Os acrobatas começaram a cruzar a Abadia pelos ares jogando pétalas de rosas e papel laminado picado. Uma música do Cirque du Soleil muito alegre invadiu a Igreja. Na saída, muitas pessoas caracterizadas com as fantasias do Cirque du Soleil esperavam para jogar arroz nos noivos e uma enorme faixa vermelha e rosa metalizada foi colocada na passagem dos noivos com a palavra ‘LOVE’. ‘Casamento por Amor’, pensou Sandra. ‘Muito bom que ainda existam’.

Ela esperou que todos se retirassem para olhar os detalhes da decoração. Certamente, surgiriam pedidos de algo similar, mas ela concluiu que definitivamente os acrobatas estavam fora de questão. Foi até o altar dar uma olhada naquela cortina de teatro. Quando estava tocando o veludo vermelho chegou à conclusão que era definitivamente uma cortina de teatro real. Nesse momento escutou passos atrás da cortina e puxou para ver quem era: um belo homem todo de negro se virou e sorriu. “- Gostou do meu show?”, perguntou irônico. Ela não podia acreditar, mas era Saulo, o ator por quem ela fora apaixonada por todos aqueles anos. “- Achei lindo! Parecia um sonho!”. Ele sorriu e disse que tinha feito questão de patrocinar o matrimônio dos atores somente para aproximar a vida dele da dela e que jamais a havia esquecido. Final feliz para o Amor duplamente.

O casamento de Sandra e Saulo não foi um grande show, mas uma cerimônia muito simples na praia. Contudo, dentro de suas vidas e profissões os sonhos dos casamentos e dos espetáculos não param jamais.

Felicidades, sorte e sonhos sempre!

Eleonora Reis.

sábado, 2 de julho de 2011

Melodia Mágica


Edith, brasileira de origem francesa, herdara o nome da famosa cantora Edith Piaf. O pai de Edith era músico e tocava em bares noturnos praticamente desde o dia do seu nascimento até sua morte. A mãe, por sua vez, era atriz na rádio local e em algumas peças de teatro mambembe, pois seus sonhos mais altos estavam no Teatro de Revista ou mesmo no Teatro Municipal. Com tantos artistas numa só família – haviam outros como era de se esperar – a garota, que seguiu a carreira de professora primária era uma espécie de alienígena. Desde que ela tinha idade suficiente para estar de pé, a mãe ensinava o teatro e apresentações para as pessoas verem e se divertirem. A garotinha tímida fazia o que lhe mandavam, mas odiava tal condição com todas as suas forças. Com aquela idade e vivendo com seus pais ela não podia fazer nada diferente, sabia apenas que não queria ser atriz ou artista.

Foi nas letras que ela se encontrou: na literatura mais especificamente. Claro que se trata de uma forma de arte, mas mais subjetiva e sem grandes shows. Na realidade, nenhum show naquele tempo, pois ela não era uma escritora famosa, apenas lecionava para alunos da quinta série do ensino fundamental. Sua vida não tinha o brilho dos palcos, mas ela mergulhava num mundo imaginário que transformava sua vida em algo peculiar e interessante, acabando com a monotonia e toda a falsidade que estava a sua volta.

Numa ocasião, buscando a inspiração para a sua escrita, Edith abriu a janela da velha casa e sentiu o vento com seu aroma de outros lugares distantes. O vento trouxe um calor e um ‘q’ de notícia ou de algo novo se aproximando. Edith debruçou-se na janela olhando as folhas das árvores do grande bosque que a cercava. Existiam poucas casas naquela região, mas de uma em particular partiu um som melodioso de saxofone. Edith não sabia quem era, mas aquela música mudou seu pensamento imediatamente e encheu seu peito de paz e satisfação. A inspiração fluiu rapidamente e ela escreveu um belíssimo conto. No dia seguinte no mesmo horário, o saxofonista misterioso tocou sua música enquanto Edith escrevia sua literatura. No terceiro dia, Edith escutou a música e não resistiu: desceu as escadas do sobrado e, por entre as árvores, seguiu a melodia pelo bosque. Diante da casa de onde partia o som, tocou confiante a campainha e ouviu a melodia parar imediatamente. Sentiu um calafrio percorrer o corpo e o ventou soprou de forma diferente nas folhas das árvores. Através de um vitrô posicionado ao lado da porta, pode observar um vulto descendo as escadas. Sentiu receio no que estava fazendo e decidiu sair imediatamente dali. Agiu como uma menina que bate a campainha e depois corre para se esconder. A diferença é que ela fugiu fazendo questão de não olhar para traz. Dessa maneira, todos os dias no mesmo horário, ela escutava aquela música que inspiraram tantas histórias que ela escrevera ao longo da vida. Simplesmente pela mágica da melodia.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Ciência e Religião


Ágil é como posso definir Frederico. Pensamentos e atitudes que sempre deixavam todos realmente surpresos. Mente complexa e surpreendente com habilidade para todas as ciências, mas também para as artes. Instintos aguçados e olhos de lince. Sabedoria de uma coruja e capacidade regenerativa de uma águia. O que era, afinal, Frederico?Algum tipo de alienígena infiltrado na sociedade ou um ciborg construído em laboratório? Nem um, nem outro: Frederico era um prodígio. Uma das mentes mais brilhantes de seu tempo e alcançara esse patamar por esforço e vontade próprios. Sua paixão eram os livros, além do espaço virtual, onde encontrava conteúdos ilimitados. Sua atitude era bastante arredia: vivia num mundo silencioso e seu, no qual podia meditar e ler. Creio que todos os autodidatas são assim: preferem o isolamento para desenvolver suas capacidades. Frederico vivera assim por muitos anos e, dessa maneira, sentia-se feliz.

Como era escritor, fora chamado para o lançamento do livro numa grande livraria de São Paulo. Chegando ao local, haviam duas mesas para autógrafos e uma mulher de bela aparência vestida de negro ao lado. Como ele achou aquilo tudo muito esquisito e imaginou que a tal mulher fosse da organização do evento, ele perguntou a ela quem estaria ali autografando ao seu lado. A mulher sorriu e disse que a autora do livro que estava exposto. Ele pegou o livro que apresentava uma capa verde e leu o título: ‘Caminho do Amor’. Frederico deu uma risada sonora, pois não via lógica em estar autografando seu livro de astrofísica ao lado de um de auto-ajuda. A mulher de negro pegou um exemplar e entregou a ele: “- Leve com você! Eu ganhei dois. Acho que talvez você goste da leitura.” Ele aceitou por educação colocando o livro dentro da pasta. Quando já estava cheio de pessoas a sua volta, ele olhou para o lado e viu no meio da multidão que a cercava a mulher de negro autografando os livros. Ela percebeu o olhar, sorriu e piscou para ele.

Ao chegar ao seu ‘território’, Frederico ficou curioso sobre o livro e, principalmente, sobre a mulher. Abriu a contracapa e leu sobre ela: Claire De Lorena, doutora em letras pela USP, além de vários cursos sobre filosofia e religião em diversas instituições no mundo. Achou tudo muito curioso e resolveu ler sobre o assunto que ela escrevia. Sentou-se confortavelmente numa cadeira, ligou o abajur e apenas se levantou quando terminou. Ele tinha os olhos marejados de lágrimas e um sentimento muito forte dentro do peito. Sentimento esse que, até então, desconhecia. O que ele tinha absoluta certeza é que precisava conversar com aquela mulher novamente: sentiu uma necessidade tão grande que mesmo naquela hora da madrugada - eram em torno de duas horas – se houvesse possibilidade de comunicação ele entraria em contato. Sentou-se diante do computador e pesquisou o nome dela no Google: finalmente encontrou o e-mail, que já era uma porta para chegar até ela. Pensou muito e escreveu seu texto, depois foi deitar-se, mas não conseguia dormir. Claire despertou nele algo adormecido, uma verdade que ele não achava que existia, pois via as coisas de forma cética e lógica.

No dia seguinte, às onze horas da manhã o celular de Frederico tocou: “-Bom dia! Meu nome é Claire, você me enviou um e-mail ontém. Estou em sua cidade e achei que seria interessante se marcássemos o encontro que você sugeriu para hoje, pois retorno amanhã cedo.” Frederico sentiu um frio na espinha, mas combinou um almoço com Claire. Quando foi se vestir parecia um colegial de tão inseguro sobre a aparência. Chegou muito cedo ao local marcado e ficou observando todas as pessoas que entravam. Claire chegou vestida de azul claro com um largo sorriso estampado no rosto. Apertou a mão dele e disse baixinho: “- Sabia que você entraria em contato, pois nada é por acaso nessa vida.” Ele a olhou com dúvida, mas teve que se render aos encantos e à filosofia dela.

Frederico e Claire namoraram por um bom tempo: ele a ensinou sobre ciência e artes; ela o ensinou sobre religião e filosofia. Os dois formavam um belo par e eram absolutamente complementares. O casamento foi celebrado por uma pastora numa pequena capela no alto de uma colina.

A união entre a ciência e a religião no caminho do Amor é perfeita e exemplar: só tende a gerar bons frutos.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Para Crianças: As Duas Torres


Anualmente, acontecia uma disputa acirrada no Império de Confins do Mundo. A cidade era dividida em duas torres, que correspondiam aos dois reinos: Azuis e Vermelhos. Essa competição costumava parar a cidade e atraia viajantes de muitas localidades que faziam questão de vir para assistir o confronto. Contudo, se vocês estão imaginando que se trata de uma batalha entre guerreiros estão completamente enganados. Os representantes dos dois reinos são duas crianças, na realidade, duas meninas.

Tudo é arrumado para que as crianças consigam num período de 11h desvendar o labirinto que está diante do castelo da cidade e levar a bandeira de seu reino até o Imperador. Na trajetória que deve ser percorrida existem muitos obstáculos e um relojoeiro acompanha cada participante, mas não tem permissão de ajudá-la. Ele vai junto apenas para alertar a hora certa.

Nesse ano, as participantes eram duas garotas chamadas Alice e Morphea respectivamente. Todos estavam apostando em Alice, pois era uma garota atlética e rápida de uma forma geral. Morphea era uma garota mais intelectual, além de ser mais lenta, pois passara um bom tempo da sua infância apenas sonhando. Muitos achavam que ela não chegaria nem ao meio do labirinto. Independente da opinião das pessoas, no momento da largada lá estavam os quatro: Alice e o relojoeiro vermelho, Morphea e o relojoeiro azul. Nesse instante um canguru maluco pulou alto e um coelho saltou de dentro da bolsa disparando um tiro de festim e confete: estava dada a largada!

Alice era dona de uma personalidade extremamente competitiva: para ela não havia meio termo, era ganhar ou ganhar. Ela não admitia perder ou sequer pensar nisso. Achava que seria moleza ganhar da sonhadora, pois tinha o corpo fino e rápido. Olhou o relojoeiro e achou ele um traste que só iria atrasá-la. Decidiu perguntar as horas: “– Treze para as onze. ’, ele respondeu calmamente. “- O que!!?? Vamos mais rápido! Estranho...pensei que recém havíamos iniciado o percurso?!”, nesse momento ela por distração pisou em falso e caiu numa armadilha: um buraco cheio de uma erva com poderes muito fortes que provocava inclusive alucinação. Alice alucinou e logo entrou num transe semelhante a um sono. O relojoeiro, que não podia ajudar, apenas sentou e esperou.

Morphea era uma criança calma. Calma até demais para muitos. O fato é que ela pensava antes de agir: usava mais a razão à emoção. Dessa maneira, conseguiu desviar de várias armadilhas do caminho e estava indo muito bem no percurso do labirinto. Num dado momento, ela indagou as horas para o seu relojoeiro: “- Treze para as onze.” , ele respondeu sonoramente. “-Como?!”, perguntou ela incrédula. “-Deixe-me ver esse relógio!”. “-Não posso! Ordens são ordens!” disse ele sacudindo a cabeça. “- Pois acho que você está mentindo e vou desconsiderar a informação.”, disse ela muito brava. Seguiu caminhando na mesma velocidade. Nesse momento, Morphea avistou o relojoeiro vermelho sentado na frente de um buraco. “- O que faz aqui?” indagou ela. “– Não posso fazer nada, ela caiu!”. Diante disso ela achou que devia tomar uma atitude, afinal a garota estava em sono alucinógeno profundo e ela conhecia bem os danos disso. Pegou os dois relojoeiros pelos colarinhos e disse firme: “– Se vocês não ajudarem, mando cortarem a garganta de ambos quando chegarmos, pois sou filha do Rei Azul! Ela precisa de ajuda urgente!”. Os dois, apavorados, retiraram a garota do buraco e Morphea a carregou nos braços por todo o labirinto.

Quando chegou diante do Imperador de Confins do Mundo com a outra competidora nos braços e com as duas bandeiras ele imediatamente decidiu que a Torre Azul era a vencedora. Contudo, Morphea não aceitou, pois sabia que a adversária já estava quase alcançando o final do labirinto quando caiu. Naquele ano, as Torres Azul e Vermelha festejaram juntas e Alice ficou profundamente agradecida a Morphea. Sendo assim, viraram amigas e esqueceram as diferenças entre os dois reinos.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Para Crianças: Burning Boy


Burning Boy era uma criança muito diferente das demais: suas costas passavam o dia todo queimando. Além disso, tinha os sentidos mais aguçados que a maioria e costumava beber muita água. Durante a noite, Burning Boy apagava e virava cinzas. Muitas vezes ele fazia xixi na cama por conta do fogo que ficava exposto durante todo o dia.

Ser assim, tão diferente dos demais, tinha um custo alto. As crianças riam muito dele e faziam piada do seu fogo. Na realidade, a maioria tinha medo de se aproximar e se queimar. Dessa maneira, Burning Boy era uma criatura solitária e triste. Muitas vezes, ele chorava sozinho no seu travesseiro à noite. A regeição é uma das piores coisas que se pode enfrentar na vida, mas ele estava tendo que se acostumar com isso. Não existiam outros como ele e, dessa maneira, a vida escolhera por si a solidão como único caminho ao pobre garotinho.

Certa vez, estava passando na frente da casa de uma das suas colegas e percebeu fumaça na janela do quarto dela. Em seguida, ouviu gritos de socorro de dentro do quarto e avistou a garota na janela com labaredas por de traz. “– Socorro Burning! Me Ajude!”, ela gritou em desespero. Naquele momento, ele sentiu algo muito diferente: uma espécie de transformação em seu corpo seguida de uma dor intensa. Imediatamente, asas de fogo apareceram nas costas do garoto e ele voou e salvou sua colega.

Quando os bombeiros chegaram, Burning Boy percebeu que existiam outros anjos da guarda de fogo iguais a ele e sentiu-se muito feliz. A garota, por sua vez, espalhou para toda a escola que Burning Boy era, na realidade, um anjo. Após aquele dia todos o aclamaram pela sua façanha.

Burning Boy foi convidado a trabalhar, nas horas vagas, nos bombeiros e aceitou. Assim, ficou perto daqueles que eram como ele e, dessa maneira, sentiu-se incluso e útil na sociedade.

Na vida, nem todos são iguais e aqueles que possuem habilidades especiais devem ser inclusos e valorizados para cumprirem com os seus próprios destinos.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Jogos de Poder


Havia um clima de rivalidade entre as duas famílias: isso era evidente. Se reuniam como era tradição em todas ocasiões festivas da cidade, contudo sempre que havia uma oportunidade um dos membros manifestava o desejo de trair, de alguma forma, outro da família oposta. Por séculos fora assim e naquele momento não era diferente. A grande maioria dos membros de ambas famílias tinham posições importantes na cidade: seja política, seja nos negócios. Nem todos se envolviam na disputa de poder ou de ganância por maiores lucros, mas os poucos que o faziam geravam um desconforto coletivo, que nenhum membro ousava em contestar. E assim viviam os ricos comerciantes e políticos influentes nos seus pequenos ou grandes feudos e realizando, eventualmente, os seus jogos de poder.

O inesperado de tudo isso foi quando o senhor José Deodoro resolveu prometer a mão da sua filha Maribel em casamento a um rico comerciante local da família oposta a sua. Era um acordo que beneficiaria o comércio de ambos, ou seja, uma aliança financeira além da aliança. O jovem empreendedor chamado Arnaldo era um homem muito sagaz e ambicioso, sentia um orgulho interior de ser membro de sua família e aceitara casar-se com Maribel apenas pelas vantagens que isso traria em seus projetos de crescimento da empresa. Na realidade, ele só tinha olhos para uma moça prima sua, que era o grande Amor da sua vida.

O casamento foi um dos maiores eventos da cidade e saiu na coluna social de todos os jornais. O casal mal se conhecia e, por essa razão, não tiveram um grande entrosamento no início. Como era acostumado a viver muito sozinho, Arnaldo vivia em seu escritório fazendo seus cálculos e projetos. A mulher ficava bordando, mas nunca deixava de ler livros e jornais. Certa vez, foram numa reunião entre conhecidos das duas famílias e Maribel percebeu a hostilidade do marido com um primo dele integrante da outra família. Aquela foi a primeira vez, mas muitas outras vezes isso aconteceu, inclusive com ela. Era como se ele estivesse gradativamente desenvolvendo uma espécie de discriminação racial. Isso estava se manifestando em todo o seu comportamento. Isso culminou quando o marido veio contar feliz que tinha conseguido desapropriar terras de pessoas bem carentes e que pertenciam a família dela no caso. Naquela altura do relacionamento, a mulher que se mantinha sempre quieta e vivia uma vida quase que à parte resolveu chamar o marido no escritório, após a janta, para conversarem. ‘Eu tenho algumas coisas a dizer, você gostaria de me ouvir?’, disse ela em tom calmo. Ele ficou surpreso, mas sentou-se na poltrona, acendeu o cachimbo e pediu que ela continuasse. A mulher primeiro começou a falar sobre eles, que haviam casado sem Amor, mas que isso acabou acontecendo com a convivência. Ele consentiu, uma vez que havia esquecido suas aventuras por causa dela. ‘Se você me ama’, disse ela, ‘Como pode desejar o mal a alguém de minha família?’. Ela argumentou que ainda não tinham filhos, mas que quando isso acontecesse como ele iria encarar o sangue dele misturado com o dela, que era de outra família. Depois disso, a mulher pegou vários papéis com cálculos que ela mesmo fizera sobre as finanças do comércio deles. O homem ficou surpreso, pois era uma excelente perspectiva que seus contadores nunca haviam pensado. Ele a olhou incrédulo e perguntou se havia sido ela que tinha feito tudo aquilo sozinha. Ela disse que sim e que o que a motivou foi a desapropriação das famílias. ‘Eu gostaria de pedir que você devolvesse o teto a essas pessoas, pois você pode ganhar dinheiro dessa outra maneira que estou lhe apresentando.’ Ele deu uma tragada no cigarro e ficou pensativo. Não imaginava que sua mulher fosse capaz de tudo isso. ‘Gostaria ainda de pedir uma última coisa.’, disse ela. ‘Tente mudar seu comportamento em relação aos meus parentes, pois eles nunca fizeram nada a você.’ O homem sentiu-se envergonhado, juntou os papéis e deitou-se naquela noite com o firme propósito de mudar seu modo de ver as coisas.

Após aquela ocasião o marido discutia sempre os problemas da empresa com a mulher, que sempre dava boas sugestões. Sua conduta em relação aos familiares também mudou muito. Nesse caso o Amor dos dois trouxe a cura para um mal que freqüentemente acontece entre as pessoas: a rivalidade.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

domingo, 8 de maio de 2011

Artes e Informação


Eu sou uma apaixonada pelas artes. Quem me conhece sabe que amo qualquer tipo de manifestação artística: seja cinema, literatura, música ou outras. Não poderia ser diferente, uma vez que eu mesma gosto de me manifestar através da escrita. O maior problema que tenho visto nas artes nos últimos tempos é uma certa insistência em certos assuntos que acabam por ‘engessar’ a ampla gama de temas interessantíssimos que poderiam ser abordados. Se formos pensar sobre a literatura brasileira e/ou sobre a literatura mundial, quantos séculos de escritores oferecendo os mais ricos textos e as melhores histórias para serem reproduzidas em montagens teatrais ou cinematográficas. Claro que também não podemos esquecer dos incontáveis escritores da atualidade. Mas, infelizmente, não tenho encontrado grandes atrações, principalmente nos cinemas. Havia um tempo em que o espetáculo realmente enchia os olhos e elevava a alma. Hoje, os temas parecem se repetir de uma sala de cinema para a outra. Falsidade, sexo, intrigas, traições, violência, vícios, humor esdrúxulo, falta de caráter e ausência de Amor em praticamente todas produções. O Amor, quando aparece, é algo tão sutil quanto um beijo no final do filme. Estou comentando mais sobre cinema porque creio ser algo que as pessoas gostam de fazer para se divertir no final de semana. Quem de sã consciência sai alegre de um filme de guerra e violência? Eu sei que alguns gostam do gênero, mas alegres certamente não saem.

Agora vou estender esse comentário também aos programas de televisão: será que é minha impressão ou os temas também parecem incansavelmente repetitivos? Penso o seguinte a respeito disso: quando se tem um veículo de comunicação de massa, se pode fazer tantas coisas positivas para ajudar tantas pessoas que ficar com o dedo sempre sobre a mesma tecla é deixar de crescer e ajudar todos esses que têm os olhos fixos na tela buscando aprender algo de bom. Eu fico relembrando tempos de ouro como a Belle Époque, por exemplo, que foi um período de cultura cosmopolita na história da Europa: uma época marcada por profundas transformações culturais que se traduziram em novos modos de pensar e viver o cotidiano. A informação é valiozíssima para ser desperdiçada com tão pouco como vem acontecendo. O uso correto dela pode transformar uma nação inteira e promover um crescimento tão assustadoramente fabuloso ao país e, principalmente, ao seu povo, que nos colocaria entre os grandes do mundo. A televisão é o divertimento de todos depois de um dia exaustivo de trabalho: se os programas tornarem-se mais ricos de informações boas e valiozas, além de divertidos, estarão melhorando a cultura e o conhecimento do povo.

Claro que eu não poderia deixar de citar que um desejo secreto meu era que o Amor fosse mais valorizado. Bem, acho que isso não é segredo há muito tempo na verdade. Faço esse comentário porque penso que se o Amor estiver presente nas produções – ou em pelo menos parte delas – isso tornaria as pessoas mais felizes. Acreditar em dias melhores e de paz, acreditar efetivamente no Amor faz bem para a mente e para a alma, o que já seria algo transformador para o nosso tempo.

Sonhar com belas artes, pessoas mais felizes e dias melhores é um dos meus maiores defeitos. Quem sabe não seria a minha maior qualidade? Creio que a melhor maneira de prender o imaginário de alguém é dando asas a infinitas maneiras de alcançar à verdadeira e eterna felicidade.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

sábado, 7 de maio de 2011

Nova Vida


Marília não poderia estar mais feliz com sua vida. Era o início de um dia glorioso e ela se sentia absolutamente radiante. Levantou sorrateiramente para não acordar o marido. No final de semana ele merecia descansar até mais tarde. Foi até a janela da casa de madeira e abriu a veneziana prendendo com um pequeno graveto. O chão do pequeno casebre rangia enquanto ela saia de um cômodo para o outro. Quando abriu a segunda janela que dava para o mar a brisa e o sol invadiram a casa. Marília colocou seus chinelos, abriu a porta e foi até o pomar no fundo da casa para colher frutas para o café. O cachorro veio correndo a saudar latindo. Ela sorriu e depois seguiu em frente até o pomar. Começou a pensar como era afortunada de estar vivendo aquela vida e de como vivera momentos de horror no ano anterior.

Marília era casada com um grande negociante de peles da cidade. Vivia numa casa que parecia um palácio de tão grande e estava cercada de luxo por todos os lados. Qualquer mulher no mundo pensaria que aquela era a verdadeira vida de princesa, mas Marília se sentia muito infeliz. As razões de sua tristeza eram várias: o marido era muito hostil e agressivo, a insultava e menosprezava na frente de todas as pessoas como se ela fosse a última das criaturas. Sentia-se satisfeito em fazer isso. Depois vinha todo manso para pedir desculpas, mas na primeira oportunidade fazia tudo novamente. Ela, que era uma mulher feliz e bonita, perdeu completamente o brilho por conta dele. Assim, ela se afastou muito dele e o evitava sempre que possível. Isso aumentou a fúria do marido, que começou assediá-la mais ainda e aumentar sua infelicidade. Marília começou a ficar cada vez mais dentro de casa e num quarto isolado. Tudo que ela fazia era ler e tentar esquecer a vida que estava levando.

Numa ocasião, passeando pelo jardim da casa, viu um homem saindo de dentro de uma porta no subterrâneo da casa. Achou aquilo muito estranho e resolveu segui-lo. Ele olhou para traz surpreso e ela indagou quem ele era e o que fazia no subterrâneo da casa. Ele ficou meio sem jeito por saber que se tratava da mulher do patrão, tirou o boné e o segurou com as duas mãos contra o peito e explicou que era o novo jardineiro. Ela apenas consentiu e seguiu caminhando lentamente. Quando ela já estava há uma certa distância, ele indagou: ‘Madame, quais suas flores favoritas para que eu plante no jardim?’. Ela pensou um pouco e respondeu:’Plante lírios brancos e rosas vermelhas.’ E seguiu com o olhar mais triste que o jardineiro já havia visto. Ele sentiu muita pena daquela mulher, mas não sabia como ajudá-la. Conforme o pedido da patroa ele cultivou belos lírios e rosas. Quando as flores já estavam vistosas ele colheu um buquê e deixou na janela do quarto onde ela ficava. Na manhã seguinte, quando ela abriu a janela deu um lindo sorriso de alegria. Procurou o jardineiro e perguntou se havia sido ele que entregara as flores. Ele ficou muito envergonhado, mas admitiu que sim. Ela achou graça e voltou para o interior da casa.

Quando chegou lá o buquê estava no chão todo pisoteado e o marido bufando de raiva ao lado. ‘Você arranjou um amante? Fica dando uma de pura e boazinha que não sai de casa, mas está me traído pelas costas!’. Nesse momento, ele a pegou pelo braço e a empurrou no chão com o rosto nas flores despedaçadas. ‘Quem é ele? Me diga! Quem é o seu amante?!’, ele esbravejava. Ela começou a chorar assustada e disse que não tinha amante nenhum e que eram flores do jardim. Ele não se conteve, pegou-a pelo braço e a arrastou até a porta de casa, puxou-a pelas escadarias abaixo indo em direção ao portão. Nisso apareceu o jardineiro, que pediu que ele tivesse misericórdia dela, pois ela não tinha culpa. ‘Fui eu que levei as flores.’, finalmente disse ele. ‘Agora eu peço que o senhor deixe a dama em paz e se quiser me despedir eu vou entender.’ O marido parecia que ia explodir de tanta raiva, pegou os dois pelo braço, abriu o portão e os emburrou na sarjeta. O jardineiro ajudou a dama a se levantar enquanto o marido fechava o portão atrás deles. ‘A senhora tem onde passar a noite?’, perguntou ele preocupado. ‘Não, toda a minha vida está dentro da propriedade.’ Ele, então, explicou que tinha uma casa muito humilde perto da praia que poderia servir de abrigo para aquela noite. Ela concordou, mas quando lá chegaram não pode acreditar na delicadeza do homem, que a deixou dormir sozinha na casa e dormiu numa rede do lado de fora. Ela não estava acostumada com esse tipo de cuidados.

No dia seguinte, o marido não permitiu que ela entrasse no interior da propriedade e a acusou de adúltera para que toda cidade soubesse. O jardineiro, que também era pescador, começou a sobreviver da pesca. Ela vivia de favor na casa dele e, por longos meses, o jardineiro pescador dormiu ao relento. Entre eles surgiu uma amizade profunda e, logo em seguida, um lindo Amor. Ele soube esperar até que ela se separasse para então pedir sua mão em casamento. Contudo, todas as noites antes do casamento, ele deixava uma flor para ela do lado de fora da janela.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

Dia das Mães



Infância

Maria Rita corria pelo gramado da frente da casa de veraneio tentando alcançar uma borboleta amarela. A Mãe cozinhava diante da janela e achava graça da garotinha. ‘Filha, cuidado para não cair!’, gritou ela. Rita riu alto enquanto seguia a borboleta. A Mãe desligou as panelas, limpou as mãos num pano de copa e foi até a menina. Segurou-a no colo e rodopiou com a pequena. Ela parecia um anjo com seus cabelos encaracolados que brilhavam no sol. As duas sentaram no degrau da escada que levava à entrada e ficaram brincando por um tempo. A mãe abraçou Rita e disse que ela era o presente mais lindo que Deus dera a ela. A garotinha inclinou a cabeça pensativa, fez um carinho no rosto da Mãe e disse: ‘Te amo Mamãe!’. Um pequeno e inesquecível momento do cotidiano.

Adolescência

Estela estava agitadíssima, pois estava se preparando para seu primeiro baile de debutantes. Além disso, ela faria parte do bolo vivo e, dessa maneira, sua ansiedade era redobrada. Colocou o vestido branco rodado e foi se maquiar: como não tinha nenhuma prática com isso borrou o rosto e ficou tão nervosa que começou a chorar. Foi até o escritório da mãe aos prantos. A mãe abraçou a garota e perguntou o que estava acontecendo. Ela explicou tudo. A mãe achou graça, enxugou o rosto da filha e o segurou com as duas mãos dizendo: ‘Minha filha, você tem uma beleza natural, não precisa pintar o rosto. Coloque apenas um brilho nos lábios. Vamos até seu quarto que vou arrumar seu cabelo e colocar um pregador que usei no meu primeiro baile de debutantes. Você vai ficar linda. ’ Assim, a mãe prendeu parte do cabelo da garota e a aprontou. De fato ela ficou muito bonita. A mãe não resistiu e tirou uma foto para guardar aquela lembrança. Depois, levou a menina até o local do evento. Quando viu a garota sair do carro e se encontrar com várias amigas teve certeza que uma nova fase estava começando e que perdera para sempre a sua bebê.

Idade Adulta

Dona Noemi andava com os nervos à flor da pele. Tudo por conta do casamento da filha Magdelen. Mesmo já tendo passado por isso anteriormente com seu filho Josué, quando se trata de ser a mãe da noiva isso implica em participação direta na organização de tudo. Eles eram judeus e tudo precisava estar em perfeita ordem segundo manda a tradição. Finalmente chegou a véspera do grande dia: Magdelen deitou-se cedo para estar bem descansada e sem olheiras. Todos apagaram as luzes por voltas das 22h. Passado mais ou menos uma hora, Magdelen continuava sem conseguir dormir. Acendeu a luz do abajur e ficou pensando no que poderia fazer. Nunca tomara medicamentos para dormir, mas sentia que devido à ansiedade não conseguiria pegar no sono naquela noite. No escuro foi pé por pé até o quarto dos pais. Entrou devagar e ajoelhou-se ao lado da mãe, falando baixinho: ’Mãe, acorda, preciso de uma ajuda. ’, e Magdelen explicou o problema. As duas foram juntas até a cozinha onde a mãe preparou um chá para a filha. As duas se deitaram e novamente apagaram as luzes. Por volta da meia noite, Magdelen continuava sem dormir pensando em todos os detalhes. Foi até o quarto da mãe novamente para pedir ajuda. As duas foram até a sala e ficaram sem saber o que fazer. Dona Noemi teve a idéia de bater na casa da vizinha e perguntar se tinha algum calmante. Dona Maria Aparecida, que era uma senhora idosa muito amiga da família, tinha um fitoterápico para ansiedade, mas sugeriu que elas fizessem uma oração para acalmar a noiva. Sentaram-se as três: Dona Maria Aparecida, que era católica, trouxe seu terço e rezava o Pai-Nosso; já a mãe e a filha rezavam a mesma oração judaica. Um momento ecumênico que deu certo: a noiva deitou-se e só acordou no outro dia com uma pele de pêssego.

Desejo a todas as Mães um dia maravilhoso, cheio de comemoração e alegrias! Ser mãe é um presente divino: é a possibilidade de gerar a vida e dar continuidade à espécie humana no nosso planeta. Deus abençoe a todas as Mães e que Jesus esteja sempre guiando todos os seus passos.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

A Menina do Sobrado


Abraão tinha onze anos e precisava comprar um presente para o Dia das Mães. O Pai recomendou que ele escolhesse uma bolsa nova, pois sabia que a Mãe estava precisando de uma. Deixou o menino no shopping com o cartão de crédito e pediu que não comprasse mais nada além do presente. Chegando numa grande loja de calçados, o menino ficou distraído com tantas opções que tinha, contudo olhou para o lado direito e viu uma sessão de esportes na loja. Chegando lá viu uma bola de vôlei que há muito tempo estava desejando. Não pensou duas vezes: pegou a primeira bolsa que viu e pediu para embrulhar para presente e levou a bola consigo. Voltou logo para casa, guardou o presente da Mãe e foi até uma casa abandonada na frente do seu prédio treinar o vôlei. Quando deu uma manchete mais forte a bola quebrou uma das vidraças do segundo piso da casa. O menino não sabia o que fazer, pois nunca entrara ali e a casa estava fechada por anos. Tentou abrir a maçaneta da porta da frente, mas estava trancada. Passou pelo pátio para ir até os fundos e viu que todas as janelas estavam pregadas em ‘X’, impedindo de abrir. Chegou aos fundos e a porta também estava lacrada. Passou no outro lado do pátio, olhou para cima e viu uma pequena fresta numa janela: resolveu procurar uma escada e, por sorte, encontrou. Colocou a escada no ângulo e começou a subir com cuidado. A janela também estava fechada, contudo ele percebeu que o trinco não estava totalmente preso. Ele tentou abrir a janela cuidadosamente, o trinco se soltou e ele levantou o vidro e entrou para o interior do sobrado.

Chegando ao interior da casa o rapaz se surpreendeu, pois embora estivesse abandonada, os móveis e objetos pareciam em uso. Foi até a peça em que a bola atingiu o vidro e, enquanto a estava juntando, ouviu passos atrás dele e olhou rapidamente. ‘Olá, como vai?’, perguntou a garota que tinha mais o menos a sua idade. Ele arregalou os olhos e perguntou: ’Você vive aqui?’. Ela sorriu e simplesmente disse que estava esperando a visita dele há algum tempo e que tinha algo que queria que ele tomasse conhecimento. O menino achou muito curioso, mas ficou esperando enquanto ela ia até uma estante e pegava um enorme e antigo livro. Ela sentou-se ao lado dele e começou a contar histórias de um tempo muito antigo, a mostrar figuras que levavam a genealogia de famílias, a figuras místicas e textos católicos. O menino achou tudo muito diferente e interessante. Ficaram olhando o livro por toda tarde. Então, a menina disse que ele devia ir. Ele não gostou, mas como era visita pegou sua bola e desceu a escadaria em caracol do sobrado. A menina abriu a porta e disse que ele poderia voltar no dia seguinte.

No outro dia, o menino entregou o presente de Dia das Mães e almoçou com a família. Em seguida, atravessou a rua e foi até o sobrado. Bateu na porta, mas ninguém abriu. Deu a volta na casa e tudo parecia fechado, contudo a escada estava no ângulo da janela. Ele subiu, abriu a vidraça e entrou. Chegando lá dentro não encontrou ninguém: apenas o livro sobre a antiga escrivaninha. Quando ele se sentou diante da página ficou assustado: estava aberto na árvore genealógica de uma família que apresentava a pintura das pessoas. Percebeu que a menina estava ali e que, pertencia a mesma família que dera origem a sua, tendo inclusive o mesmo sobrenome. Ao lado do livro estava a Torá, o Novo Testamento e um bilhete: ‘A leitura nos ensina e remete ao passado para entendermos o presente. Leve esses livros com você e cultive esse hábito. Da sua prima Maryam. ’ O menino segurou os três livros, desceu a escadaria em caracol como havia feito no dia anterior e tentou abrir a porta, mas essa estava completamente lacrada, assim como todas as outras que ele verificou naquele piso. Ele, então, subiu novamente no segundo piso e teve que descer pela escada próxima à janela, tomando cuidado para não cair. A partir daquele dia, o menino leu o manuscrito antigo que falava de várias coisas, mas tratava principalmente do Amor; leu um pouco da Torá e um pouco do Novo Testamento, que conhecia mais, pois freqüentava a Igreja Católica. Certo dia, sentiu curiosidade e voltou ao sobrado para ver se encontrava sua prima: chegando lá verificou que todas as janelas estavam lacradas em ‘X’, inclusive àquela que foi atingida pela bola e a outra pela qual ele entrou. Ele achou aquilo muito misterioso, mas não sentiu medo. Sabia que tudo que acontecera foi para ajudá-lo a entender mais quem ele realmente era. Pegou um pequeno pedaço de papel e escreveu o seguinte bilhete: ‘ Maryam, obrigado pelas leituras. O Amor mudou meu modo de ver todas as coisas. Com carinho, Abraão. ’ . Dobrou o papel e colocou por debaixo da porta.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Amor Familiar


Naquela tarde ensolarada Clarice olhou pela janela e sentiu vontade de andar pelos campos de lavanda. Ela colocou um vestido simples, um chapéu de palha e saiu pelo jardim do antigo sobrado respirando o ar fresco e perfumado da primavera. Sentia-se particularmente feliz no meio da natureza e, enquanto caminhava, gostava de tocar as plantas e as flores de lavanda. Os pássaros cantavam uma melodia adorável e a acompanhavam pelo caminho. Percebeu um barulho atrás e viu sua filha sorrindo e correndo em sua direção. A menina era absolutamente linda: tinha o rosto parecido com o dela, mas os olhos doces do Pai. Assim como o Pai e a Mãe, Maria Cristina adorava ficar sentada no banco do jardim admirando o canto dos pássaros. Naquela região onde moravam havia muitos e, dessa forma, o sobrado estava sempre cheio deles. Clarice chegou a construir um pequeno viveiro totalmente sem grades e colocava alimento e água para eles todos os dias. A música parecia a de uma orquestra pela manhã e no final da tarde. Dessa maneira, a menina foi acostumada com o canto dos pássaros desde bebê e sentia-se muito à vontade perto deles. Muitos pássaros a conheciam e pousavam no seu ombro. Ela, que tinha agora sete anos, achava graça e brincava com eles.

Naquele dia elas se abraçaram e rodopiaram até caírem na grama alta. Deram risadas juntas e depois sentaram lado a lado. A Mãe sempre trazia consigo um volume para ler após a caminhada. Ela acostumou a criança a escutar a leitura. Dessa forma, ensinava poesia, filosofia e religião para a garota desde tenra idade. Como isso acontecia desde que ela era bebê, a garota achava muito natural escutar a leitura da Mãe. Ali ficaram as duas por um bom tempo lendo e escutando a doce melodia dos pássaros. Clarice escolhera naquela tarde uma fábula de cavaleiros medievais e castelos assombrados. A menina ficou com medo dos barulhos do castelo assombrado, mas a Mãe disse que era apenas uma história. Ela explicou que, o que importava mesmo, é que no final da história o cavaleiro salvava a donzela e eles eram felizes para sempre. A garota sorriu, inclinou a cabeça para o lado e perguntou: ‘Mamãe, o Papai salvou você?’. Clarice não conteve o riso e explicou que o Amor do Pai salvava ela todos os dias. A garota levantou satisfeita com seu vestido rodado e um pássaro pousou em seu ombro. Clarice se levantou e pegou a garota pela mão: caminharam juntas em meio a flores de lavanda por algum tempo e conversavam sobre o Amor. A Mãe ensinava a ela que o mais importante do que tudo na vida era Amar e ser Amada. Contou à filha que naquela mesma região havia vivido uma mulher muito boa, mas que havia sofrido por causa de um Amor. Ela explicou que um jovem cavaleiro havia cuidado dela com Amor verdadeiro e a curou de muitos males e dores emocionais. A garota perguntou curiosa: ‘Você conheceu ela Mamãe?’. Clarice sacudiu a cabeça dizendo que não enquanto abaixou-se para colher um copo-de-leite do jardim que entregou a filha. Voltaram juntas ao sobrado e encontraram Jessé, o filho mais velho do casal.

O Pai chegou em casa na hora da cantoria dos pássaros: tirou o chapéu e o casaco. Veio sorrindo e abraçou as duas de uma só vez, depois deu um beijo em cada uma. Em seguida, abraçou bem forte o filho e disse que tinha uma surpresa. As duas se olharam curiosas. Ele tirou do bolso quatro ingressos e disse que iriam ao teatro. Todos ficaram radiantes e Clarice perguntou qual era a peça. ‘A Lenda do Rei Arthur’, ele respondeu. A menina arregalou os olhos e disse que era livro que elas estavam lendo. O Pai sorriu e disse que não sabia disso. Olhou para Clarisse e piscou o olho.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

A Garota da Biblioteca


Era cedo ainda quando Jaques chegou à loja: nenhum irmão ainda havia chegado. Ele colocou seus livros sobre uma das mesas e foi buscar sua roupa cerimonial. Pensava em assuntos do cotidiano enquanto vestia a toga. Ouviu um barulho na saleta ao lado da sala principal e resolveu verificar o que se tratava: encontrou uma garota que aparentava uns vinte anos juntando vários livros que haviam caído no chão. Como ele não a conhecia, perguntou o que fazia ali. Ela se apresentou e disse que trabalhava na limpeza da biblioteca da loja. Ele achou estranho, e perguntou quem a tinha contratado: ela explicou que estava se preparando para estudar na Universidade, mas perdeu toda a família num acidente de carro. Como seu pai pertencera à maçonaria, falou com um irmão para conseguiu um emprego para começar a vida. Explicou que o grão-mestre havia pedido para ela catalogar e limpar todos os livros da biblioteca. O homem achou aquilo no mínimo curioso: uma mulher tendo acesso a toda aquela informação. Depois pensou que era melhor não indagar a decisão dos outros irmãos.

Enquanto os irmãos chegavam e conversavam fraternalmente entre si, ele esqueceu completamente a presença da garota na saleta ao lado. Finalmente, começaram a reunião como faziam de costume. Trataram de diversos temas, estudaram e realizaram seus rituais. Quando ele foi guardar sua roupa, passou novamente na saleta ao lado e encontrou a garota absorvida numa leitura. Ele a olhou com olhar de surpresa e ela fechou o livro rapidamente, o colocando na estante. Ele perguntou se ela tinha curiosidade a respeito dos assuntos que eles estudavam e ela respondeu que sim. Ele disse que dentro da Maçonaria existiam lojas mistas e outras onde algumas mulheres se encontravam e sugeriu que ela poderia se informar sobre isso com o grão-mestre. Ela sorriu e disse que enquanto estivesse executando aquela tarefa ela não teria muito tempo. Além disso, disse que gostava de ser meio independente e ler sobre vários assuntos. Ele achou graça e entendeu que essa era uma característica da juventude. Ele se despediu e antes de sair se ofereceu para ajudá-la caso ela tivesse alguma dúvida.

Na outra reunião aconteceu um quadro parecido: quando Jaques chegou à saleta, lá estava a garota debruçada num enorme livro. Ela deu um sorrisinho maroto meio de lado e escondeu o livro na gaveta da escrivaninha. Ele não conteve o riso. O que fazer diante da curiosidade dela? Mantiveram aquele segredo. Manter segredos era o dom dos maçons.

Passaram-se alguns meses e eles sempre mantiveram o mesmo relacionamento de amizade e respeito. Numa ocasião, no meio da reunião foi solicitado que ele buscasse um livro na biblioteca: ao chegar lá encontrou a garota com um caderno fazendo várias anotações. Ele apenas passou os olhos quando passou atrás dela, mas viu que ela estava realizando o mesmo estudo que eles. Ele olhou sério e disse que falaria com ela depois. No final da reunião, depois que todos os irmãos tinham ido embora, ele perguntou se poderia ver o caderno. Ela explicou que eram anotações sobre leituras e sobre algumas reuniões que ela não pode deixar de ouvir. Quando ele abriu e começou a ler as anotações, verificou que ela tinha uma habilidade natural para aquele tipo de estudo e que muitos dos temas que ela abordava estavam acordo com as reuniões que eles, que estavam num grau já elevado, seguiam. ‘Você já mostrou isso para alguém aqui da loja?’, perguntou ele curioso. Ela respondeu que não com a cabeça. ‘Posso levar para dar uma olhada? Logo o entregarei de volta.’. Ela consentiu e voltou a arrumar os livros nas estantes.

Quando ele terminou de ler a última página ficou impressionado. Ela havia estudado coisas que em todos aqueles anos ele não havia aprendido. Pediu uma reunião em particular com o grão-mestre na qual mostrou o caderno sem dizer quem havia escrito. Ele leu calmamente e disse que ele poderia convidar essa pessoa para entrar para a irmandade. Ele sorriu e disse que se tratava da menina que limpava os livros. O grão-mestre arregalou os olhos incrédulo. Fizeram uma reunião com vários irmãos e uma votação. Naquele momento, aquela assembléia decidiu: a menina da biblioteca deveria ser convidada a fazer parte da irmandade. Isso não poderia sair de dentro daquele circulo de pessoas e se transformou no maior segredo daquela loja.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

Pérola


O vento daquela tarde estava diferente e trazia uma mensagem para Perla. Sentada num banco de frente para o mar ela sentia que algo muito novo estava para acontecer na sua vida. Passou as mãos nos cabelos tentando alinhá-los. Olhou a linha do horizonte e aspirou o ar carregado pela maresia. Conhecia bem aquele aroma desde criança, pois sempre vivera na praia. Tirou os chinelos e tocou a terra fofa que estava gelada naquela hora. Resolveu caminhar um pouco na beira da praia e molhar os pés: o contraste da temperatura da água com a da terra fez com que ela sentisse frio. Ela seguiu caminhando até um local cheio de quiosques e parou para tomar uma água de coco. Estava distraída olhando as gaivotas, quando percebeu um rapaz de vermelho se aproximar. Ele sorriu timidamente, mas se aproximou e perguntou onde ele poderia comprar um refrigerante. Ela deu uma risada e apontou o quiosque na frente deles. Ele, muito sem jeito, foi até o quiosque e voltou a sentar ao lado dela. Tiveram uma conversa agradável que durou algumas horas. Quando escureceu, Perla disse que precisava voltar para casa, então Jean se ofereceu para acompanhá-la até lá. Ele era adorável e sua intuição não se enganou a respeito de algo novo em sua vida. Na porta de sua casa, Jean a convidou para irem à praia juntos no dia seguinte e combinou que passaria ali às 9h da manhã.

Quando Perla acordou-se ela não podia acreditar: o mundo estava desabando em água. Uma chuva muito forte como há tempos ela não via. Ficou na dúvida se colocava roupa de banho, mas decidiu usar uma roupa normal, pois não daria nem para chegar perto da praia. Ficou observando na janela: Jean chegou de carro, estacionou e veio correndo até a entrada. Ela pegou a sua maior sombrinha para se dirigirem juntos até o carro. Não adiantou muito: ficaram ensopados. Jean disse que a levaria em uma parte da praia que poucas pessoas conheciam para eles conversarem um pouco. Ela concordou e estava gostando muito da companhia dele. Chegando ao local, o carro ficou próximo de pedras que davam direto para o mar. O lugar era muito bonito, mesmo com toda aquela chuva. Eles ficaram sentados de frente um para o outro por um longo tempo apenas conversando e se olhando. Jean timidamente tocou o rosto dela num rápido carinho e sorriu. Assim começou um grande Amor entre os dois. Passaram o verão inteiro juntos, sempre abaixo de muita chuva. Dizem que isso é um sinal de Deus e no caso deles definitivamente era.

Aquele foi o primeiro verão. No segundo o clima de romance permaneceu igual. Eles estavam completamente sorvidos um do outro. Viviam o Amor de forma suave, mas também intensa. Algo um tanto quanto difícil de explicar usando palavras. Não conseguiam ficar afastados e se ficassem, não conseguiam parar de pensar um no outro. Eles eram tão complementares que pareciam fazer tudo em sincronia. Numa noite de belo luar, Jean levou Perla novamente naquela praia que eles estiveram no primeiro encontro. Estava escuro e a lua cheia estava deslumbrante e refletia no mar. Ele tirou do bolso um pequeno embrulho e entregou a Perla. Era um par de brincos de pérolas com diamantes. Ela o beijou demoradamente e abraçou com muito carinho. Ele olhou em seus olhos e perguntou se ela aceitaria casar com ele. A lua, as estrelas e o mar foram testemunhas do sim e da noite inesquecível que eles passaram juntos.

Certa vez caminhando pela praia, ela sentou naquele mesmo banco do dia em que conhecera Jean. O vento era forte novamente e ela sentiu o cheiro da maresia com contentamento. Agradeceu a Deus pela benção de ter encontrado o Amor verdadeiro e por toda a sorte que tivera em sua vida. Nesse momento, o vento ficou mais forte. Ela, olhando para o oceano, deixou escorrer uma lágrima de alegria.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Verdade e Amor


Uma das coisas com a qual tenho enorme dificuldade em lidar é com a mentira. Vejo que isso é muito comum entre as pessoas e, muitas vezes, penso que é algo sensato de se fazer dependendo das circunstâncias. Contudo, se minto me sinto muito mal depois. Essa capacidade não está gravada no meu espírito. Ai vem uma pessoa e pergunta: ‘qual sua idade?’, eu dou uma risadinha meio de lado e respondo baixinho. Sou velha para isso, mas jovem de espírito e não nego esse fato. Ainda bem que Deus me manteve tanto tempo inocente, assim eu posso ter inspiração e escrever coisas bonitas. Na realidade, gosto de fazer várias coisas, mas me sinto muito satisfeita de poder expressar minhas idéias no papel. Cada um tem uma habilidade e eu acho que essa é a minha. Dessa maneira, creio que anos se passarão e eu sempre estarei aqui escrevendo. Naturalmente, aqueles que tiverem a oportunidade de ler terão opiniões diversas sobre meus textos. Acredito que isso é normal e faz parte de qualquer manifestação literária ou artística.

Como todos sabem meu tema favorito sempre foi e continua sendo o Amor. E algo que realmente me entristece é o desamor. Traição, mentira e desamor juntos formam uma bomba nuclear devastadora. Um pequeno conto para exemplificar o que tenho em mente:

Pietra era uma garota de 18 anos que tinha o péssimo hábito da mentira e da dissimulação. Ela tinha um namorado há algum tempo, mas nunca realmente Amou ele. Certa vez, combinou com um grupo de amigos uma festa numa danceteria nova da cidade. Lá chegando, foi apresentada à Maritza e ao seu noivo Carlos. Como Carlos era um influente político, Ela se interessou imediatamente por ele e resolveu ficar amiga de Maritza para se aproximar dele. Maritza e Pietra se tornaram amigas e, embora Maritza não soubesse, Pietra mentia muito a respeito de sua vida e não era efetivamente honesta em sua amizade com ela. Como ela estava sempre com Maritza, foi fácil chegar até Carlos: eles se encontravam escondidos e tiveram um tórrido caso, que também não era de Amor. Pietra tinha uma necessidade particular de desejar tudo que não estava ao seu alcance, mas depois que conquistava perdia o interesse. Ela desconhecia o Amor. Assim como fez com Maritza, Pietra agiu da mesma forma com outras pessoas. Ela vivia como muita gente vive: apenas de mentiras, paixões e sensações. Infelizmente, Pietra pensava que o Amor estava dentro desse contexto, pois assim ela aprendeu em sua vida. Para viver o Amor é preciso esquecer a mentira, a dissimulação e encontrar alguém que também sinta o mesmo e esteja disposto a viver um romance verdadeiro. Nos dias de hoje, isso também é muito difícil de encontrar. Dessa maneira, a sugestão para pessoas de todas as idades é menos teatro e mais verdade, menos paixão e mais Amor, menos ‘ligações perigosas’ e mais amizades verdadeiras. O mundo não vai mudar jamais se não começarmos por nós mesmos. Viver da mesma forma como a as pessoas viviam há muito tempo não é buscar mudanças e melhorias e, nem tampouco, colocar o Amor em nossas vidas.

Não à traição, à mentira e ao desamor. Verdade e Amor para todos! Sou inocente sim: creio que Deus me preservou dessa forma para poder dar o relato de que o Amor realmente existe, é bom e vale à pena.


Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Recordações


Dona Julieta era uma senhora de quase oitenta anos. Mesmo com uma idade tão avançada, fazia jus ao nome que recebera: era extremamente romântica. Como era viúva, vivia sozinha numa casa muito antiga que pertencia a sua família por gerações. Cuidava do jardim, cultivava legumes e verduras numa horta e tinha um canteiro especial com uma azaléia e um girassol. Esse canteiro ficava na frente de um muro baixo que trazia inúmeras recordações a Dona Julieta. Seu primeiro Amor, um jovem soldado do exército, dera o primeiro beijo nela diante daquele muro. Muitas vezes, Dona Julieta se apoiava no muro no final da tarde e suspirava relembrando da sua adolescência. Lembrava dos bailes que freqüentara cheios de moças com vestidos rodados e rapazes de farda. A melodia que tocava na orquestra numa noite muito especial para ela ainda estava na sua memória: seu namorado a pedira em noivado na pista de dança e, ao invés do tradicional anel, colocou uma gargantilha de coração em seu pescoço. Foi um momento inesquecível, assim como aquele Amor. Infelizmente, o destino desse romance foi trágico: alguns dias após o noivado, o exército convocou seu amado para a guerra. Eles se comunicavam apenas por cartas, que demoravam muitas semanas para chegar. Finalmente, ela parou de receber qualquer mensagem dele, assim como a família do rapaz, que estava em desespero. Passados mais ou menos uns onze meses chegou a terrível notícia: o rapaz fora atingido por um tiro e, mesmo depois de tratado no hospital, morreu de infecção. Foi um Deus nos acuda geral: Julieta ficou tão doente de depressão que quase morreu. Um determinado dia ela se levantou e foi até o jardim: pegou uma muda de azaléia vermelha e plantou num pequeno canteiro. No seu coração, aquela era a representação que o seu Amor ainda estava vivo e perto dela.

Como Julieta era muito jovem e bonita, logo superou a depressão e voltou a freqüentar os bailes com suas amigas. Foi numa ocasião dessas que um homem bem mais velho que ela a avistou de longe e ficou encantado. Ele mandou entregar flores no dia seguinte na casa de Julieta: eram belíssimas rosas vermelhas. No cartão estava o convite para um jantar e um número de telefone. Julieta ficou receosa, mas pela influência das amigas decidiu telefonar; algo que era muito ‘moderno’ para a época. Ela colocou um vestido rodado azul claro, uma echarpe da mesma cor e pintou os olhos com delineador negro, como era a moda da época. Quando o homem tocou a campainha ela não podia agüentar a curiosidade: qual foi sua surpresa quando se tratava de um homem ricamente vestido e muito elegante, apesar de muito grisalho. Tudo a impressionou nele: sua eloqüência, seu charme, sua inteligência, além de um olhar encantador. Eles tiveram uma noite muito agradável e antes da meia-noite Julieta já estava apoiada no muro suspirando pelo novo namorado. A lua estava cheia naquela noite e ela decidiu fazer um pedido: queria um sinal se aquele era o homem de sua vida. Na manhã seguinte, lavou o rosto, trocou de roupa e foi aguar as plantas do jardim. Quando abriu a porta, viu uma rosa cor-de-rosa sobre o muro e um bilhete que dizia:’Bom dia Princesa, uma dama não deve admirar a lua até tão tarde. Você estava linda. Olhe para seu lado direito. L.’ Ela olhou rapidamente para o lado e viu ele escorado no carro na frente de sua casa. Ela correu na direção dele e o beijou. Aquele era mais do que um sinal. De fato, nem a lua e nem o sinal se enganaram: Julieta e Luciano se casaram no final daquele ano. Compraram a propriedade atrás da casa onde ela morava e viveram naquele mesmo pátio ao lado daquele muro por trinta anos. Após a morte de Luciano, Julieta plantou um girassol ao lado da azaléia. Dessa forma, se sentia perto de seus grandes Amores.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

domingo, 1 de maio de 2011

Estrela do Mar


Era uma vez uma estrela do mar. Ela vivia nas profundezas do oceano muito tranqüilamente junto com suas irmãs. Elas brincavam na areia e se deslocavam graciosamente entre os corais e as algas. Contudo, essa era uma estrela diferente: ela tinha muita curiosidade de ir além dos limites estabelecidos pela sua comunidade a serem ultrapassados no oceano. Muitas e muitas vezes ela chegava até o marco, que era o coral mais alto, e ficava olhando lá embaixo e imaginando o que poderia existir além do que ela avistava. Por muito tempo, ela seguiu com a mesma curiosidade. Contudo, à medida que ela ficava mais velha, a curiosidade começou a dar lugar a um anseio e, em seguida, a uma necessidade. Então, a estrela juntou alguns pertences e, sem que ninguém percebesse, pulou rumo ao desconhecido.

Livre foi como ela se sentiu mergulhando naquela profundeza azul. Saberia que se sentiria só e que iria chorar de saudades das irmãs, mas acreditava que precisava conhecer o que era proibido e o que estava além. Nadou sem avistar a areia do fundo por muito tempo e, inclusive, começou a se sentir cansada. Resolveu ir à superfície e boiar um pouco, pois estava muito escuro. Lá chegando percebeu que era noite e arregalou os olhos quando avistou um mar de estrelas. Elas eram diferentes dela, pois tinham uma luz muito brilhante. Ela sorriu e pensou que não estava assim tão só. Nesse momento, a mais brilhante de todas elas piscou e a cumprimentou. ‘Você está perdida?’, perguntou a estrela brilhante. ‘Estou indo conforme a maré’, respondeu a estrela do mar. ‘Vou lhe orientar, siga meu facho’, e ela começou a se mover. A pequena estrela do mar seguiu até um ponto, mas cansou de tanto nadar rápido e necessitou parar. Resolveu seguir o percurso durante o dia quando tinha melhor visibilidade. Acordou de sobressalto com um barulho estridente: eram golfinhos que estavam brincando a sua volta. ‘Você quer uma carona?’, perguntou um deles. A estrela aceitou e colou na barbatana do peixe. Quando ela visualizou o fundo, pediu para parar. Um dos golfinhos avisou que ali era perigoso, mas ela achou o local tão parecido com sua antiga casa que não deu importância. Ficou no fundo brincando na areia e se escondendo entre rochas e corais.

Quando ela estava distraída dentro de um coral, um enorme tubarão a surpreendeu. Ela fugiu rápido, mas não era apenas um e sim muitos. Como seu corpo era pequeno, ela conseguiu nadar o mais rápido que pode até encontrar os destroços de um enorme navio e se esconder dentro da embarcação. Ela esperou os tubarões irem embora e foi novamente até a superfície boiar e procurar sua amiga do dia anterior, mas estava nublado e as estrelas estavam escondidas. Ela resolveu nadar à noite para evitar os tubarões. Começou a sentir uma movimentação estranha na água e recebeu um esguicho: olhou para o lado e viu uma enorme baleia. ‘Quer uma carona até a praia?’, perguntou ela gentilmente. A estrela não sabia o que era uma praia, mas resolveu ir. Pela manhã a baleia a deixou num local entre rochas e palmeiras e ela pode observar um mundo novo, que até então ela desconhecia. O sol estava se levantando e ela ficou encantada com o brilho. O sol sorriu e disse: ‘Seja bem-vinda!’. Uma gaivota parou ao seu lado e a convidou para um vôo. A estrela resolveu ir e foi uma surpresa quando olhou a terra de cima: ela tinha o formato de uma estrela, assim como ela. Quando desceu, sua pele começou a ressecar e ela voltou para a beira d’água. Pela noite, num dos braços da terra havia um farol que clareava a noite escura. Ali naquela praia, entre as rochas e os coqueiros, a estrela decidiu viver sua vida. Ela não estava mais na areia do fundo com as irmãs, mas aprendia muito todos os dias a respeito da vida e do equilíbrio natural de todas as coisas dentro e fora do oceano.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

sábado, 30 de abril de 2011

Dia do Trabalho


Hoje é celebrado o dia do trabalho em muitos países. Apesar de ser um domingo, hoje é dia de comemoração. Dia de sair com a família toda para ir a um parque, pegar sol e comer aquele almoço que só a avó ou a mãe da gente sabe preparar. Claro que a data lembra a obrigação de todos os dias, mas hoje é um dia especial e merece ser recordado por todos. Para aqueles que estão em Porto Alegre como eu, um bom passeio é o parque da Redenção ou o Gasômetro; que são locais sempre muito agradáveis para passar algumas horas. Para os mais religiosos, uma passada na Igreja Santa Terezinha depois do passeio na Redenção é algo que sempre gosto de fazer, pois renova a esperança de dias melhores para todos nós. Podemos, inclusive, agradecer a Deus e pedir que ele ilumine àqueles que têm o poder de modificar os diversos problemas relacionados ao trabalho no Brasil, de forma a beneficiar nossa população. Pensamentos positivos e preces são tão fortes como ações e se fizermos uma rede juntos certamente já estaremos colaborando para a mudança de alguma forma.

Desejo a todos um lindo feriado com muitas alegrias. Abaixo um breve trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo relacionado ao trabalho.

Muita sorte e felicidades!

Eleonora Reis.

Trabalhadores da Última Hora


1 – O Reino dos Céus é semelhante a um homem pai de família, que ao romper da manhã saiu a assalariar trabalhadores para a sua vinha. E feito com os trabalhadores o ajuste de um dinheiro por dia, mandou-os para a sua vinha. E tendo saído junto da terceira hora, viu estarem outros na praça, ociosos. E disse-lhes: Ide vós também para a minha vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram. Saiu, porém, outra vez, junto da hora sexta, e junto da hora nona, e fez o mesmo. E junto da décima primeira hora tornando a sair, e achou outros que lá estavam, e disse: por que estais vós aqui todo dia, ociosos? Responderam-lhes eles: Porque ninguém nos assalariou. Ele lhes disse: Ide vós também para a minha vinha. Porém, lá no fim da tarde, disse o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores e paga-lhes o jornal, começando pelos últimos e acabando nos primeiros. Tendo chegado, pois, os que foram junto da décima primeira hora, receberam cada um seu dinheiro. E chegando também os que tinham ido primeiro, julgaram que haviam de receber mais; porém, também estes não receberam mais do que um dinheiro cada um. E ao recebê-lo, murmuravam contra o pai de família, dizendo: Estes que vieram por último não trabalharam senão uma hora, e tu os igualaste conosco, que aturamos o peso do dia e da calma. Porém ele, respondendo a um deles, lhe disse: Amigo, eu não te faço agravo; não convieste tu comigo num dinheiro? Toma o que te pertence, e vai-te, que eu de mim quero dar, também a este último, tanto quanto a ti. Visto isso, não me é lícito fazer o que quero? Acaso o teu olho é mau, porque eu sou bom? Assim, serão últimos os primeiros, e primeiros os últimos, porque são muitos os chamados e poucos os escolhidos. (Mateus, XX: 1-16. Ver cap. XVIII, “Parábola da Festa de Núpcias”.) Evangelho Segundo o Espiritismo.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Los Angeles


Naquela manhã ensolarada Artemis estava absolutamente radiante. Ela tinha um motivo muito especial para tanto: depois de nove longos meses de separação com seu namorado iriam se reencontrar novamente. Ele estava vivendo em Los Angeles devido a uma oferta irrecusável de emprego que recebera. José, apesar de ser um homem bem mais velho que Artemis, compartilhava inúmeros gostos em comum com ela, além de amá-la verdadeiramente. A separação foi difícil para ambos, mas José resolveu aceitar essa condição pensando no futuro do casal. Ele estava planejando ajeitar tudo em Los Angeles para, então, pedir a mão de Artemis em casamento.

Artemis pegou um taxi até o aeroporto. Amava viajar de avião e aquela seria a primeira viajem longa para fora do país que iria fazer. Na bagagem de mão estavam seus objetos pessoais de maior valor, uma muda de roupa, pois estaria calor nos Estados Unidos e uma foto de seu amado. Devido à distância, eles usavam recursos disponíveis como telefone e internet todos os dias para matar a saudade. Antes de embarcar, Artemis ainda mandou uma mensagem de texto. Vivia colada ao telefone para se comunicar com o namorado. Coisas que apenas os apaixonados compreendem.

A viajem foi cansativa como ela imaginava. Quando o comandante informou que aterrissariam ela foi até o banheiro, tirou o suéter marrom com gola de pele e colocou uma blusa rosa bem primaveril. Aproveitou para lavar o rosto e pintar os olhos como o namorado gostava. Voltou para sua poltrona e apertou o cinto. Agora faltavam poucos minutos para vê-lo e ela começou a sentir um frio na barriga. Estava imaginando também que teriam dias inesquecíveis juntos. Ao descer do avião foi buscar o quanto antes sua mala para encontrá-lo o mais rápido possível. Ao sair no desembarque internacional, não avistou José. Procurou mais aflita e não o encontrou. Em seguida, visualizou um homem com uma placa com o seu nome. Conversou rapidamente com ele, que a conduziu até um carro e explicou que José ficara preso no trabalho, mas que ele a levaria até o apartamento. Chegando ao local, Artemis ficou impressionada com a beleza do local no qual ele vivia. Só a sacada era todo o seu apartamento no Brasil. Resolveu tomar um banho e se preparar para encontrá-lo mais tarde. Ao lado de uma deslumbrante banheira de mármore branco havia uma rosa vermelha e um bilhete de desculpas. Ela aproveitou e banhou-se na banheira, relaxando depois da longa viajem. Passou muito tempo ali sozinha: olhou um pouco de TV, comeu uma maça verde e ficou olhando a vista da sacada. Sentiu vontade de dar uma volta na quadra e desceu. Caminhando encontrou uma Igreja bem pequena numa esquina. Como era muito religiosa resolveu entrar para rezar um pouco. Sentiu uma energia muito pura e boa no interior da Igreja, ajoelhou-se e orou um Pai-Nosso. Abriu os olhos e percebeu que um monge de negro a observava. Ele sorriu e perguntou se ela não era dali. Ela disse que era de outro país. O monge disse que naquele templo não era permitida a entrada da comunidade. Ela desculpou-se e levantou-se rápido, mas ele disse que ela poderia fazer suas orações e então sair. Ela agradeceu e ficou ali por mais um tempo, depois voltou a caminhar nas ruas. Olhou o relógio que marcava 18h e apressou-se a voltar para encontrar José. Chegando ao apartamento, havia outro bilhete dizendo que ele tivera de ficar no trabalho até mais tarde junto de ingressos para uma peça de teatro e uma reserva num restaurante. Ela botou um belo vestido e fez a programação sozinha, se sentindo muito triste. Voltou para o apartamento que continuava deserto. Dormiu sozinha aquela noite. Na manhã seguinte, foi até a pequena Igreja e bateu na porta: o monge a reconheceu e permitiu que ela entrasse para orar novamente. Em seguida, ela arrumou suas coisas e chamou um taxi para ir ao aeroporto. Nesse momento, José abriu a porta e chegou com uma aparência exausta. Ele trabalhava com tecnologia e explicou que viraram a noite concertando um sistema que havia sido corrompido. Artemis não segurou as lágrimas que rolaram pelo rosto. Ele a abraçou com carinho, pegou-a no colo e a deitou no sofá. Ajoelhou-se ao seu lado, limpou as lágrimas do rosto dela e beijou seus lábios. Olhou em seus olhos e disse que ela não tinha porque ficar triste, que aquele era apenas um período de suas vidas. Ele se levantou e tirou o casaco que vestia, foi até a pasta e buscou um pequeno presente. Ela abriu curiosa: era um lindo anel de noivado.

Artemis casou-se com José e foi viver em Los Angeles. Embora não fosse uma religiosa, o monge daquela pequena Igreja sempre a deixava entrar para rezar. Artemis teve um casal de filhos e foi muito feliz. Às vezes é importante não tomar decisões precipitadas na vida, pois isso pode acarretar um destino completamente diferente do que era realmente programado. Se Artemis tivesse ido embora, a sua felicidade não haveria se concretizado como aconteceu. Prudência é algo que aprendemos apenas com o tempo, mas devia ser ensinado a todos desde muito jovens.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Vida e Amor


Eu devo ser muito antiquada mesmo, ou romântica demais. Creio que as duas coisas. Contudo, se formos analisar na literatura e nas artes em geral, sempre encontraremos prova de que o Amor é atemporal e nunca sai de moda. Sei que é moderno viver sem muitos apegos e que as relações têm prazo de validade curto hoje em dia. Acho que todos se adequaram àquilo que parece ser mais simples e talvez mais atraente. A valorização da imagem e do corpo está intimamente ligada a essa realidade. Não creio que seja errado se cuidar e/ou valorizar a aparência física, contudo o ser humano é muito mais do que uma embalagem bonita. Quando realmente gostamos de alguém, não importa muito a sua aparência de uma forma geral, mas sim aquilo que ele faz você sentir. Esse é o grande trunfo do Amor: mesmo quando você não queira sentir absolutamente nada, mesmo que você esteja pensando apenas em festas, mesmo que você diga que jamais vai se envolver; ele pode acabar acontecendo. Nesse caso, não estou falando de amores passageiros ou paixões. Estou falando de um Amor realmente durador de uma vida inteira.

Existem teorias que amores infinitos são aqueles impossíveis. Eu honestamente não concordo. Creio que entre um casal sempre podem existir diferenças e, inclusive, acho isso muito importante. Imagine que monótono se eles fossem exatamente iguais em tudo. Acho que um casal deve ser complementar: deve existir Amor, carinho, amizade, atração, mas é muito importante que exista compatibilidade intelectual. Os dois devem sentir-se bem fazendo atividades juntos, conversando sobre vários assuntos e trocando idéias até mesmo diversas sobre qualquer tema. Esse tipo de relação baseada em Amor promete durar uma vida toda. Claro que muitas dificuldades existem na vida dos casais, pois isso é natural e faz parte das relações. Saber superar os obstáculos, perdoar os erros, estender a mão no momento certo e ser, efetivamente, o porto seguro do outro é que faz do relacionamento algo mais especial. Muitas vezes, o ser humano necessita não apenas de grandes prazeres ou de uma vida cheia de emoções, mas de alguém que o entenda, ame e cuide. A felicidade está sim na simplicidade.

Eu gosto de assistir filmes românticos, pois sempre a história é parecida, mas me fascina. Sonhadora ambulante é o que sou e não estou sozinha nessa viajem: conheço gente que também sonha com o Amor perfeito. Não sei ao certo se vou encontrar um grande Amor novamente na minha vida, pois isso quem sabe é Deus. Além disso, acredito que esse tipo de coisa acontece espontaneamente. Sei que tudo tem um tempo certo para acontecer na vida e por isso não me preocupo. O Amor, na realidade, está dentro da gente: em cada célula do nosso corpo ele está. Quando a pessoa certa aparece, ela desperta aquele Amor que sempre esteve ali escondido e esperando o momento certo para se manifestar. Então o coração dispara e tudo em volta parece mais lindo. Trocar as ‘paixonites’ pelo Amor vale a pena em termos de longa duração. Essa é uma singela sugestão de alguém que realmente acredita e prefere o Amor.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Sobre Religiões


Um tema polêmico e que geralmente abordo por aqui são os diferentes dogmas das várias religiões. Claro que não conheço a maioria das religiões, muito pelo contrário. Sou uma pessoa curiosa a respeito desse tema e acabo lendo e pesquisando aquelas que mais me interessam. Dessa maneira, faço uma análise comparativa no sentido positivo do termo, pois valorizo todas. Durante o tempo em que fui vivenciando experiências e lendo livros, mudei muitas vezes de opinião. Creio que isso é algo constante e faz parte da evolução de qualquer ser humano. Hoje, aprendi a aceitar idéias que eu discordava há tempos atrás e a entender certas visões e realidades completamente diferentes da minha. Acho que essa é uma questão de respeito com as outras pessoas, pois ninguém tem o direito de modificar a crença de um indivíduo. Sou adepta da religião do Amor de Cristo como é notório. Na realidade, durante toda a minha vida fui Cristã, apesar de ter freqüentado diversas religiões. Em cada uma delas aprendi algo realmente especial e que fez de mim um ser humano melhor hoje. Por isso, creio que a minha fé em Jesus Cristo é o resultado dos ensinamentos de todas elas.

Não existe grande diferença na fé: o que existem são perspectivas diferentes e, algumas vezes, Deuses diferentes. Na minha inocência como teóloga experimental, certa vez resolvi comparar os Deuses antigos e os santos adorados hoje. Conclui que não existe muita diferença entre a mitologia deles: são representações humanas que apresentam características específicas e que o ser humano vê e/ou crê como sendo divinas. No fundo o cerne da questão está no poder da fé que é depositada naquela figura tida como santa. Portanto, não importa que santo e de qual religião a pessoa decidir ser devota: no momento em que há uma ligação através da prece o plano Divino se incumbe de mover montanhas se for necessário. Uma coisa é certa, não se pode duvidar jamais do poder da fé e da força que ela exerce sobre nossas vidas.

Dessa maneira, gostaria de deixar claro que sou uma pessoa bastante flexível em relação a qualquer religião: gosto de aprender e conhecer novos dogmas, embora tenha feito minhas próprias escolhas e convicções. Em termos mais simples: não estou somente do lado direito ou do lado esquerdo, estou dos dois. Estou onde está o equilíbrio, a fé e o Amor. Poderia até dizer que no fundo sou Ecumênica. Sei que essa é uma posição que talvez muitas pessoas não concordem, mas acredito que a maioria das religiões tem seu lado positivo e que pode acrescentar em muito na vida de seus seguidores.

Não poderia deixar de exaltar a importância de seguir uma religião e/ou de ter fé nos dias de hoje. Vivemos numa sociedade que beira o caos completo, onde os valores e o comportamento das pessoas estão completamente invertidos. Compreendo que, devido à vida agitada que todos levam, muitas vezes seja difícil encontrar um tempo para ir a uma Igreja ou templo de qualquer religião. Contudo, se tirarmos alguns momentos, alguns poucos minutos do nosso dia, para fazer uma breve prece agradecendo pela vida e pedindo proteção já está ótimo. As pessoas que não têm esse hábito devem iniciar aos poucos, como se fosse uma meditação. Em breve, torna-se algo natural. Como já escrevi anteriormente, a prece é transformadora e, se todos adquirirem esse hábito, certamente teremos um futuro melhor.

Meu sonho de hoje é que o Amor perfeito esteja em seus corações e mentes, e que a fé envolva a todos nós, como uma grande família que efetivamente somos.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.