'Para desvendar a vida não bastam as ciências, são necessárias também as letras e as artes. E para viver a vida verdadeira, a vida por inteiro, é preciso a ela entregar-se com amor e paixão'.


domingo, 1 de maio de 2011

Estrela do Mar


Era uma vez uma estrela do mar. Ela vivia nas profundezas do oceano muito tranqüilamente junto com suas irmãs. Elas brincavam na areia e se deslocavam graciosamente entre os corais e as algas. Contudo, essa era uma estrela diferente: ela tinha muita curiosidade de ir além dos limites estabelecidos pela sua comunidade a serem ultrapassados no oceano. Muitas e muitas vezes ela chegava até o marco, que era o coral mais alto, e ficava olhando lá embaixo e imaginando o que poderia existir além do que ela avistava. Por muito tempo, ela seguiu com a mesma curiosidade. Contudo, à medida que ela ficava mais velha, a curiosidade começou a dar lugar a um anseio e, em seguida, a uma necessidade. Então, a estrela juntou alguns pertences e, sem que ninguém percebesse, pulou rumo ao desconhecido.

Livre foi como ela se sentiu mergulhando naquela profundeza azul. Saberia que se sentiria só e que iria chorar de saudades das irmãs, mas acreditava que precisava conhecer o que era proibido e o que estava além. Nadou sem avistar a areia do fundo por muito tempo e, inclusive, começou a se sentir cansada. Resolveu ir à superfície e boiar um pouco, pois estava muito escuro. Lá chegando percebeu que era noite e arregalou os olhos quando avistou um mar de estrelas. Elas eram diferentes dela, pois tinham uma luz muito brilhante. Ela sorriu e pensou que não estava assim tão só. Nesse momento, a mais brilhante de todas elas piscou e a cumprimentou. ‘Você está perdida?’, perguntou a estrela brilhante. ‘Estou indo conforme a maré’, respondeu a estrela do mar. ‘Vou lhe orientar, siga meu facho’, e ela começou a se mover. A pequena estrela do mar seguiu até um ponto, mas cansou de tanto nadar rápido e necessitou parar. Resolveu seguir o percurso durante o dia quando tinha melhor visibilidade. Acordou de sobressalto com um barulho estridente: eram golfinhos que estavam brincando a sua volta. ‘Você quer uma carona?’, perguntou um deles. A estrela aceitou e colou na barbatana do peixe. Quando ela visualizou o fundo, pediu para parar. Um dos golfinhos avisou que ali era perigoso, mas ela achou o local tão parecido com sua antiga casa que não deu importância. Ficou no fundo brincando na areia e se escondendo entre rochas e corais.

Quando ela estava distraída dentro de um coral, um enorme tubarão a surpreendeu. Ela fugiu rápido, mas não era apenas um e sim muitos. Como seu corpo era pequeno, ela conseguiu nadar o mais rápido que pode até encontrar os destroços de um enorme navio e se esconder dentro da embarcação. Ela esperou os tubarões irem embora e foi novamente até a superfície boiar e procurar sua amiga do dia anterior, mas estava nublado e as estrelas estavam escondidas. Ela resolveu nadar à noite para evitar os tubarões. Começou a sentir uma movimentação estranha na água e recebeu um esguicho: olhou para o lado e viu uma enorme baleia. ‘Quer uma carona até a praia?’, perguntou ela gentilmente. A estrela não sabia o que era uma praia, mas resolveu ir. Pela manhã a baleia a deixou num local entre rochas e palmeiras e ela pode observar um mundo novo, que até então ela desconhecia. O sol estava se levantando e ela ficou encantada com o brilho. O sol sorriu e disse: ‘Seja bem-vinda!’. Uma gaivota parou ao seu lado e a convidou para um vôo. A estrela resolveu ir e foi uma surpresa quando olhou a terra de cima: ela tinha o formato de uma estrela, assim como ela. Quando desceu, sua pele começou a ressecar e ela voltou para a beira d’água. Pela noite, num dos braços da terra havia um farol que clareava a noite escura. Ali naquela praia, entre as rochas e os coqueiros, a estrela decidiu viver sua vida. Ela não estava mais na areia do fundo com as irmãs, mas aprendia muito todos os dias a respeito da vida e do equilíbrio natural de todas as coisas dentro e fora do oceano.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

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