'Para desvendar a vida não bastam as ciências, são necessárias também as letras e as artes. E para viver a vida verdadeira, a vida por inteiro, é preciso a ela entregar-se com amor e paixão'.


domingo, 30 de maio de 2010

O Tempo Retorna


“A arte salvará o mundo,
Para aqueles que quiserem ver.
No seu reflexo encontrará o que procura...
Salve Ictus!”


Conta a lenda que quando percorria suas terras em Lorena, Matilda parou para descansar e se refrescar no poço de uma fonte natural na floresta. Foi então que sua aliança de ouro caiu do dedo nas profundezas do poço. Antes da condessa ficar aflita com a perda, uma truta dourada pulou da água com sua aliança na boca. Matilda pegou o anel da boca do peixe solícito e exclamou: ‘Este é realmente um Vale de Ouro!’ E o lugar passou a se chamar Or-Val, Vale de Ouro, desde então. A condessa ficou conhecida como Matilda de Orval.



O Tempo Retorna

França, século XIII – Havia algumas semanas que Alessandro não recebia notícias de sua amada. Helena vivia dentro dos muros do castelo como ama da Princesa Catarina. Ela vinha de uma família de cavaleiros e tinha sido prometida a um dos rapazes da esquadra real. Alessandro era marcineiro e vivia de maneira muito simples na pequena aldeia de camponeses. Helena e Alessandro se conheceram pela força do destino e se amaram desde o primeiro olhar. Seu amor era impossível, mas era puro e verdadeiro. Trocavam mensagens em segredo por mensageiros amigos, encontravam-se no bosque atrás dos muros do castelo e, quando isso acontecia, a natureza parava para vislumbrar a beleza daquele Amor. Juntos, eles eram perfeitos. Feitos um para o outro. As convenções da vida não concordavam com isso. Alessandro pegou a pena e escreveu num pedaço de pergaminho: ‘Não tenho recebido mais notícias suas. Meu amor é o mesmo e cresce a cada dia. Sigo esperando meu amor. Esperarei o tempo que for preciso. Você é o meu reflexo...minha outra parte. Esperarei para todo sempre.’

Brasil, dias atuais – Sandro acessou o blog de sua amada: ela estava na Índia trabalhando com crianças doentes e colocava ali, naquele diário digital, todos os seus passos. Heloisa era médica e escolheu viver trabalhando junto a ONGs em países subdesenvolvidos ao redor do mundo. Sandro era garçom e conheceu Heloisa num hotel onde trabalhou há anos atrás. Heloisa e Sandro se conheceram pela força do destino e se amaram desde o primeiro olhar. Seu amor era impossível, pois Heloisa era casada, mas era puro e verdadeiro. Jamais cometeram adultério. Apenas saiam como amigos, caminhavam e conversavam por horas. Nesses momentos, o tempo parava para eles e algo mágico realmente acontecia. Até os pássaros percebiam a luz que os envolvia. Juntos, eles eram perfeitos. Feitos um para o outro. As convenções da vida não concordavam com isso. Alessandro parou de chamar Heloisa no MSN, pois sabia que não deveria seguir adiante. Contudo, no seu íntimo, seu amor era forte e latente. Resolveu, então, escrever um e-mail abrindo o seu coração e revelando todos os seus sentimentos: ‘Não tenho recebido mais notícias suas. Meu amor é o mesmo e cresce a cada dia. Sigo esperando meu amor. Esperarei o tempo que for preciso. Você é o meu reflexo...minha outra parte. Esperarei para todo sempre.’

As almas gêmeas nem sempre podem ficar juntas. É cruel que o destino seja esse, mas as vezes elas têm a permissão de se encontrarem. O tempo é soberano e somente ele determinará quando esse encontro poderá ser permanente. Todavia, quando a união entre essas almas predestinadas acontece, os amantes nunca mais se separam espiritualmente.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

terça-feira, 25 de maio de 2010

Segredos de Pandora


Os segredos e mistérios fazem parte do imaginário do ser humano. Não há como negar que todos nós gostamos de uma conspiração, o que se reflete na enorme quantidade de livros e filmes que tratam de algo do gênero. Todo segredo tem um sabor de pecado e de algo realmente fantástico. É parecido com tudo que é proibido que, sem dúvida, é melhor do que qualquer coisa lícita. A mistura de segredo com algo proibido gera frisson na mente de escritores, músicos e artistas em geral, pois se torna uma fonte de inspiração quase inesgotável. A mesma mistura mexe com o imaginário coletivo de tal forma que mesmo uma história sendo ficção, mas sendo muito bem contada, ganha credibilidade de verdade absoluta.

Se eu tenho algum segredo? Posso dizer veementemente que não, mas no fundo ter. Posso dizer que sim, mas não revelá-lo. Posso fazer mistério e depois contá-lo com todos os detalhes. Afinal, os segredos existem para serem revelados em algum momento e, talvez, tenha chego a hora exata e a oportunidade certa de fazê-lo. Isso não é verdade para alguns grupos de pessoas que se reúnem nas sociedades ditas ‘secretas’. Nesses casos, os segredos jamais podem ser revelados para os não-iniciados. Confesso que tenho uma enorme curiosidade acerca de tais segredos. Talvez eu seja meio Pandora, por isso sugiro que não deixem nenhuma arca com mistérios a meu alcance, pois sou capaz de abrir-la! Acho que, além de curiosa, sou extremamente simplista e acabaria fazendo o que as pessoas dessas sociedades secretas não querem: revelando tudo isso de forma muito singela. Depois dessa afirmação, definitivamente jamais serei aceita em qualquer uma delas.

Por outro lado, o segredo também é um forte tempero do Amor. Amar em segredo, um Amor secreto e sentimentos não revelados são alguns exemplos de segredos que, em geral, acabam amplificando muito o Amor. Assim, vou demonstrar isso usando o tema do Amor secreto num pequeno conto:

Ele olhou ansioso por sobre o muro que dava para o pequeno jardim da casa de sua amada. Ela estava sentada em um banco penteando os longos cabelos ruivos. Ele a chamou num tom baixo. Ela percebeu e correu para o muro. Beijaram-se com urgência. A família da moça era contra o namoro deles, pois ele era um andarilho pobre. ‘Está tudo pronto para partirmos amanhã. Você vem comigo, certo? Não desistiu?’. Ela sorriu e o abraçou dizendo: ‘Nós vamos com você! Fiz o teste e estou grávida querido!’ Ele ficou muito surpreso e colocou a mão sobre o ventre dela sorrindo. ‘Essa criança é uma benção e mais um sinal de que devemos ficar unidos para sempre!’ Ele partiu apressado antes que alguém o visse e ela continuou mergulhada nos seus sonhos de Amor eterno.
No dia seguinte, muito cedo pela manhã, ela ouviu passos apressados vindo em direção ao portão. Sorriram um para o outro, na sua grande cumplicidade, enquanto ela alcançava a ele a mala que levaria. Afastaram-se da casa sem dizer uma palavra ou olhar para traz. Os primeiros pássaros a cantar naquele dia foram cúmplices dessa fuga. No coração dos dois estava um misto de ansiedade, medo e um Amor tão grande capaz de quebrar qualquer obstáculo. Queriam ficar juntos, mesmo isso sendo algo proibido. Ficaram juntos e ainda perpetuaram esse Amor através de um filho. Foram felizes numa cidade do Sul. A família dela estava errada em proibir esse grande e maravilhoso Amor.

Dessa forma, o segredo fortaleceu mais ainda o Amor que eles sentiam um pelo outro. Um Amor forte e eterno.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis
eleonora.reis7@gmail.com

terça-feira, 18 de maio de 2010

Sonho de Luz


Essa era a segunda noite seguida que Mariana tinha um tipo de sonho diferente. Um sonho tão real e cheio de detalhes que poderia mesmo ser considerado como um sonho lúcido. Ainda em sono profundo, ela mudou de posição na cama e deu um profundo suspiro. Mariana via com clareza o rosto de seu marido sorrindo para ela numa expressão de grande contentamento. Ela sorriu para ele e pensou que o amava com todas as suas imperfeições e qualidades que ela tanto conhecia. Nesse momento, percebeu que estava nua e que seu corpo estava sofrendo uma transformação estranha em câmera lenta: exatamente metade de seu corpo - o lado esquerdo – começou a mudar de formas enquanto o outro lado permanecia igual. Ela viu surgirem mais curvas, o seio aumentou de tamanho e a coxa ficou mais grossa. Ela observava aquilo de forma serena e não se assustou em nenhum momento. Parecia ter consciência de que aquela transformação deveria acontecer. Então, seu marido ergueu um bebê que já tinha alguns meses e o entregou nos seus braços. O bebê sorria, era lindo e perfeito. Mariana aproximou o bebê do seu peito e ele, instintivamente, acomodou sua boca no seio dela. Ela se assustou e disse ao marido que não tinha leite para alimentá-lo. Mariana testou para ver se saia leite do seio e, para seu espanto, ela tinha muito leite! Assim, ela acomodou o bebê novamente no seu peito que mamou de forma muito natural, como já tivesse feito isso muitas vezes nela. Mariana viveu um momento de plenitude indescritível, principalmente porque jamais havia amamentado antes, pois não tinha filhos. Ainda sob efeito desse sonho tão forte e lindo, Mariana despertou vagarosamente naquela manhã.

Mariana estava sorrindo quando espreguiçou-se sentada na cama. Checou o corpo e os seios, que estavam inalterados. Levantou-se e seguiu em direção a grande sacada. No caminho, sentiu no ar a mistura do perfume dos lírios brancos que Juliano havia lhe dado na noite anterior e do aroma do café que ele preparava na cozinha. Abriu a porta de vidro e respirou profundamente a maresia. Diante dela a imensidão do mar azul e prata, devido aos reflexos dos raios de sol da manhã. Mariana pensou que nada era mais lindo do que aquele mar todo e do que o Amor que ela sentia por Juliano. Depois pensou no sonho novamente: ‘Um filho? Será um aviso...um sinal?’. Juliano chegou cantarolando uma música e carregando uma bandeja com o café da manhã, que colocou na pequena mesa da sacada. ‘Bom dia querida! Dormiu bem amore?’. Ela o abraçou com carinho, beijou seus lábios e pegou um pedaço de pão com mel. Olhou para ele pensativa e disse: ‘Essa noite eu tive um sonho muito real que quero lhe contar...’. Mariana contou com todos os detalhes o sonho e também deu sua interpretação: ela achava que o fato do corpo dela aparecer dividido poderia significar os dois papéis que uma mulher tem na vida – mãe e esposa – e que a transformação que aconteceu foi para evidenciar o momento da gravidez e pós-parto. Ela achava também que a sintonia que havia entre o bebê e ela no momento em que ela o amamentou foi um forte sinal que estava chegando o tempo dele vir ao mundo. Ela olhou para Juliano, que estava pensativo, e perguntou: ’Você gostaria de ser o Papai?’. Ele se levantou, caminhou em direção a Mariana, ajoelhou-se, sorriu de forma meio encabulada e deixou correr uma lágrima de emoção.

Alguns meses depois, o sonho de Mariana estava bem confirmado com um forte batimento cardíaco e numa nítida imagem de ultrassom . Mariana deu a luz ao sonho, que se chama Henrique e é tão lindo e perfeito quanto ela havia sonhado. O meu sonho de hoje é que todas as mulheres possam viver plenamente os seus dois papéis e, principalmente, que possam realizar o milagre de dar a luz...o milagre da vida.

Essa é uma singela homenagem ao mês das Mães.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

domingo, 16 de maio de 2010

Almas Separadas


Sentada sob a sombra da videira da casa de veraneio de sua avó, Magda sentia a suave brisa de verão tocar sua pele enquanto comia as doces uvas recém-colhidas. Mergulhada em seus pensamentos, sua mente estava a milhares de kilômetros de distância dali, mais exatamente em outro continente. Arthur era o dono desses pensamentos naquele momento e na grande maioria do tempo. Ele era descendente de ingleses e fora fazer o mestrado numa conceituada universidade da Inglaterra. Magda levantou-se e, observando um lindo cacho de uvas que pendia da parreira, pensou se havia perdido todas as oportunidades que tivera com ele.

Magda e Arthur eram colegas de faculdade e bons amigos: estudaram, conversaram, dançaram e viajaram muitas vezes juntos. Magda, por vezes, brigava com Arthur que se divertia muito com isso. Magda nunca via Arthur como um possível pretendente devido à grande amizade que sentia por ele. Todavia, tudo mudou numa linda noite de celebração: a festa dos 100 dias para a formatura. O tema escolhido pela turma era ‘os grandes bailes de todos os tempos’, de forma que todos deviam se vestir a caráter. Magda estava usando um deslumbrante vestido longo branco, luvas compridas, penteado e maquiagem anos 50. Arthur estava muito elegante de smoking, como a maioria dos rapazes. Quando Magda entrou no salão ele correu na direção dela e disse em tom irônico beijando sua mão: “A ‘Bonequinha de luxo’ é minha! Você me concederia o prazer dessa dança?”. Ela deu uma gostosa risada, que era a sua marca registrada, segurou a mão dele e foram direto para a pista de dança. Estavam sorrindo e se divertindo muito com uma música dos anos 80, mas logo a música mudou para um bolero antigo. Arthur se aproximou, puxou ela contra si pela cintura e a fitou direto nos olhos. Ele mudou completamente de expressão porque estava admirando a beleza de sua grande amiga. Magda sentiu aquele olhar diferente partindo dele, um olhar que ela desconhecia até então. Ela seguiu olhando nos olhos dele e percebeu um brilho diferente: algo que a atingiu no fundo de sua alma. Naquele instante eles entraram numa sintonia estranha: uma espécie de transe misturado ao momento mágico da dança. Ficaram assim ‘conectados’ por alguns minutos, até que Magda pensou que aquilo parecia surreal, não conseguiu mais fitá-lo e baixou os olhos. Magda saiu da pista de dança assustada e com os sentimentos muito confusos em relação ao seu amigo.

Depois daquela noite, Magda começou a ver Arthur com outros olhos: o amigo agora era um homem, alguém que balançava seu coração. A relação deles mudou para ambos e outros fatos estranhos ocorreram com eles: um parecia ler o pensamento do outro a ponto de completarem as frases que iam ser ditas. Telepatia? Provavelmente. Magda decidiu pesquisar sobre isso e encontrou resposta numa teoria cabalística: almas gêmeas. Pode ser que sejam mesmo. O fato é que eles têm uma ligação realmente fora do comum.

Magda caminhava por baixo da videira e lembrava de Arthur. Pensava nos momentos felizes que passaram juntos quando ainda não tinham consciência de nada. Pensava que o destino é injusto, às vezes, pois o levara para tão longe dos seus olhos. Pensava que gostaria de olhar novamente para ele e, então, deixar-se-ia levar por aquela sensação que tanto lhe causou espanto naquela primeira vez. Magda olhou o pôr-do-sol ao longe misturado com o azul/negro dos cachos de uvas. Será que Arthur iria morar a vida toda na Inglaterra? Será que encontraria alguém para amar por lá? Será que ainda lembrava daquela noite estranha e mágica? Magda respirou fundo, ergueu a cabeça e pensou que deveria escrever para ele. Pensou também que, sendo ele sua outra metade, sempre um pouco dela estaria na essência dele e vice-versa. Magda sorriu um sorriso melancólico e se retirou lentamente da vinha, vendo a noite cair no horizonte.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis
eleonora.reis7@gmail.com

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Paixão


Uma sensação que invade de forma inflamável todo o corpo e a alma. Uma sensação incontrolável e prazerosa. Uma sensação que rasga a pele até as entranhas. Dor e êxtase misturados numa proporção que somente o alquimista responsável (o Cupido, é claro!) conhece a dose certa. A paixão tem essa aura de magia e de sentimentos avassaladores. Poetas, músicos e românticos incuráveis em geral são viciados nos seus efeitos. Uma espécie de droga ou doença que tem o poder de transformar o mundo num local absolutamente perfeito quando se está ao lado do ser amado. Força, amor, revolução, luxúria, dor e todo o turbilhão de sentimentos que invade silenciosamente e sorrateiramente o peito e explode como dinamite. Uma poesia de amor eterno escrita em um pergaminho antigo com sangue e manchada com lágrimas.

Naquela tarde melancólica com uma forte chuva caindo sobre a cidade, Sarah foi a uma palestra num centro de estudos judaicos sobre Cabala. Sarah não era de origem judaica, mas era uma auto-didata nesse assunto e estava sempre buscando maiores informações. Escolheu uma cadeira e se colocou confortável esperando o início da reunião. Sem muita demora, um homem moreno de estatura mediana e muito bem vestido subiu ao pequeno palco e se apresentou: se chamava Joshua. Ele era membro de um grupo de estudos avançados sobre o tema e começou a palestra de forma elegante e didática. Sarah sentiu algo muito diferente ao olhar para ele: algo realmente desconcentrante. Arrumou-se melhor na cadeira, cruzou as pernas, pegou um livro de anotações e tentou, em vão, prestar atenção na palestra. No momento em que olhava para Joshua, Sarah era tomada de uma sensação nova para ela até aquele momento. Ele parecia um ser mitológico ali diante dela: um deus grego com a voz suave como a de um anjo. Ela desistiu de anotar alguma coisa e ficou apenas observando os traços dele, os trejeitos e o timbre da voz. Sentiu um calor percorrer seu corpo e terminar nas maças do rosto com um rubor. ‘Devo estar ficando louca’, ela pensou.

Ao terminar a palestra, cada participante deveria ir até o palco para pegar o certificado e um material xerocado que era oferecido. Sarah começou a sentir um frio na espinha quando se dirigiu para perto dele e resolveu ficar no último lugar da fila de forma a parecer mais ‘normal’ no encontro. Quando chegou a sua vez, Joshua olho nos seus olhos e sorriu. O mundo parou naquele instante e não foi somente para Sarah. Ambos sentiram um brilho diferente no olhar um do outro. Algo realmente mágico. Nitidamente alterado, ele perguntou se ela havia gostado da palestra e se pretendia fazer o curso que ele ia ministrar no próximo mês. Ela sorriu, com as pernas bambas, e disse que certamente faria. Quando ele foi passar o material para ela, num descuido, segurou a sua mão. Eletricidade pura é a definição. Sorte que Joshua era um homem sensível e que sabia ler os sinais. Ele olhou mais uma vez para aqueles olhos que brilhavam para ele e perguntou: ‘Você acharia muita ousadia minha te pedir o seu número de telefone?’. Sarah estava no céu e nunca anotou um número tão rapidamente num pedaço de papel como naquele momento.

Sarah e Joshua estão vivendo uma tórrida paixão que se encaminha para uma linda história de Amor. Almas gêmeas? Pode ser, afinal não se pode fugir do destino principalmente quando ele nos dá nítidos sinais. Que muitas paixões sejam correspondidas e se tornem Amores perfeitos!

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis
eleonora.reis7@gmail.com

domingo, 9 de maio de 2010

Mundo dos Sonhos


No mundo dos sonhos e da imaginação tudo se torna possível. Posso criar mundos fantásticos cheios de aventura, romantismo, dragões e princesas presas em torres. Posso imaginar uma floresta densa e úmida ser iluminada pela presença mágica de um unicórnio branco. Posso permitir que amores impossíveis, como o de Romeu e Julieta, tenham um final feliz. Cor, negro, luz, sombra, sol, lua: uma grande mistura numa paleta que aos poucos cria uma obra de arte única e nos transporta para essa realidade paralela. E basta ter um pouco de criatividade, que todos nós podemos criar esse mundo paralelo e mágico na nossa imaginação.

Já fazia um certo tempo que Paulo vivia mais no mundo dos sonhos do que na realidade. Amor impossível? Exatamente. Apaixonou-se perdidamente pela sua colega de trabalho recém-casada. Sentava ao seu lado todos os dias e a observava atentamente: cada gesto dela ou movimento dos cabelos era percebido e guardado como uma relíquia sagrada. Os seus sentimentos já estavam além da atração física: Paulo e Miriam tinham muita afinidade nos gostos em geral e uma amizade sólida que tornava a convivência diária muito agradável aos dois. A única diferença é que Paulo tinha uma ótica completamente diferente de Miriam em relação àquele relacionamento. Paulo a amava e sofria por esse amor. Chegava em casa todos os dias, ligava o som, escutava um CD com uma coletânea de músicas que fizera especialmente para lembrar de Miriam, deitava na cama, fechava os olhos e viajava dentro do universo de seus sonhos. Na sua imaginação, Paulo já estivera com Miriam em todos os lugares que ele considerava lindos e românticos. Paulo a levou nas areias de uma bela praia onde nadaram no mar e se beijaram como dois adolescentes; a levou em um belo jardim todo florido onde sentaram-se juntos e abraçaram-se para ver o pôr-do-sol e caminharam de mãos dadas por um caminho cheio de girassóis na luz de um dia radiante. Paulo encontrava o consolo nesse seu mundo tão particular e tão complexo: construíra um verdadeiro reino no qual Miriam era a rainha absoluta e estava sentada no trono a seu lado.

Passaram-se os anos, a relação de amizade entre os dois estava cada vez mais forte a ponto de Paulo seguidamente ser convidado para almoçar ou jantar na casa de Miriam. Nada havia mudado em relação aos sentimentos dele por ela, pelo contrário, seu amor era cada vez maior e mais sofrido. Todas as noites quando recostava a cabeça no travesseiro e fechava os olhos, imaginava Miriam sorrindo para ele e lhe estendendo a mão como num convite à felicidade. Dor, Amor, culpa, paixão e tristeza eram alguns dos sentimentos contraditórios que ele tinha nas suas crises. Contudo, uma avalanche de fatos inimagináveis caíram sobre ele naquela segunda-feira: Miriam fora trabalhar de óculos escuros aquele dia, pois estava com o olho todo roxo. Com uma expressão triste e aspecto de quem havia chorado muito, ela retirou os óculos de sol e colocou os de grau que usava para trabalhar. Paulo observava cada movimento muito assustado, dando a liberdade para que ela falasse o que tinha acontecido quando quisesse. Ela simplesmente olhou para ele e disse:’É complicado’. Ele estendeu a mão e os dois se abraçaram enquanto ela caia em pranto. Paulo a levou à Delegacia da Mulher e descobriu que aquela não era a primeira vez que isso acontecia. Paulo teve ódio e amou mais ainda Miriam.

Miriam separou-se do seu agressor e passou a viver de forma mais alegre sua vida. Paulo continuava a observar em silêncio e soube escolher o momento certo de aproximar-se. Paulo vive hoje a sua vida dos sonhos: casou-se com Miriam numa linda cerimônia à beira-mar e fizeram uma viajem de navio na lua-de-mel. Todos os seus desejos mais secretos estão se realizando um após o outro. Destino? Provavelmente.

O Cupido adorou essa história e disse que começará a dar flechadas com sonhos nos mortais. Ele acha que aquilo que desejamos e sonhamos acaba tendo um valor maior. Concordo com ele. Os sonhos enriquecem nossa alma e elevam o nosso espírito. Que todos os seus sonhos se tornem realidade!

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

terça-feira, 4 de maio de 2010

Loucamente Normal


Gostaria de entender o que é, efetivamente, a chamada normalidade. No filme ‘Alice no País das Maravilhas’ eles repetem algumas vezes uma frase que me chamou a atenção. Algo como: ‘ as melhores pessoas são aquelas consideradas loucas’. Filosofia interessante de analisar. Hoje, eu estava num grande shopping fazendo compras quando entro no elevador para ir até o estacionamento e me deparo com uma figura singular em todos os sentidos: imaginem uma senhora de seus sessenta anos ou mais, com longos cabelos grisalhos desalinhados, de vestido vermelho, cheia de colares de pérolas, com brincos enormes também de pérolas e usando uma maquiagem azul extremamente estravagante. O perfume que ela usava era de bom gosto, mas estava quase me sufocando pela quantidade excessiva dentro daquele ambiente herméticamente fechado. Enquanto o elevador subia, ela olhou para mim e deu um largo sorriso. Eu respondi com outro meio tímido. As portas se abriram e seguimos cada uma sua trajetória. O que ficou marcado em mim nesse encontro foi justamente a expressão facial dessa mulher: ela era serena e ao mesmo tempo muito feliz. Eu diria até que a expressão do seu rosto não combinava com a indumentária, mas não farei isso. Tenho certeza que 99,999% das pessoas que entrassem naquele elevador a julgariam ‘louca’. Contudo, eu tenho outro ponto de vista: acho que ela já está numa fase da vida em que não se preocupa mais com a opinião alheia. Creio que ela estava se sentindo muito feliz nessa manhã e se vestiu de forma a expressar toda a sua alegria, sem se preocupar com o julgamento dos outros. A maioria a consideraria louca, eu a considero sábia.

Claro que defender a loucura seria algo natural para mim, afinal tenho um enorme teto de vidro por ser cientista. Como todos sabem, os cientistas são irremediavelmente loucos! Eu devo confessar que esse estigma é quase totalmente verdadeiro. Dos muitos cientistas que conheço, a grande maioria é louco varrido e se orgulha muito disso. Acho que acabei adotando o estilo de vida deles. O pensamento de um ‘louco’ não está cheio de devaneios como todos pensam. Ser louco exige técnica e disciplina: olhe o mundo por uma ótica diferente, veja as possibilidades verdadeiras e as surreais (é preciso muita criatividade, eu sei!), deseje sempre os objetivos mais impossíveis (as vezes eles se tornam realidade), sonhe todo o tempo, seja feliz por escolha própria e acredite cegamente no Amor. Pronto: esses são alguns passos para se tornar loucamente normal.

Mas o que é, então, a normalidade? Calçar sapatos fechados no inverno e sandálias no verão, dormir 8h por noite, fazer no mínimo 3 refeições por dia, casar antes dos trinta (há controvérsias acerca do assunto), chorar vendo Titanic e sorrir com a ironia na poesia do Mário Quintana. Acho que esses são alguns comportamentos tidos como ‘padrão’ que todos procuram seguir, até mesmo os loucos. Mas ser uma pessoa ‘padronizada’ me parece um pouco sem graça. Eu ainda prefiro olhar as nuvens no céu e não ver apenas nuvens, mas formas: flores, ovelhas, pássaros, peixes, cavalos alados...a imaginação é livre! As nuvens podem ser o que eu quiser enxergar e irão alimentar minhas idéias e sonhos de escritora. Vendo esse cavalo alado que imaginei, por exemplo, posso criar um mundo de fantasia somente para ele e me inspirar de tal forma a escrever um livro inteiro sobre ele e seu mundo. Quebram-se os paradigmas e abre-se o leque das possibilidades.

Uma abordagem e uma perspectiva diferentes que fogem da chamada normalidade. Loucura? Pode ser. Mas uma loucura equilibrada e saudável que enche a minha vida de verdade e lux.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

eleonora.reis7@gmail.com

domingo, 2 de maio de 2010

Amor sem Barreiras II


Sofia estava confusa no setor de chás de um grande supermercado da cidade: precisava escolher alguns pacotes para levar para o trabalho e queria agradar a todos os gostos. Enquanto verificava o aroma de uma marca nova de chá preto, sentiu que alguém a observava à distância e virou-se bruscamente para olhar. Quando viu Thiago parado de braços cruzados e sorrindo para ela, gelou o corpo inteiro. Já fazia pelo menos uns seis meses que não se viam, mas ainda tinha fortes sentimentos por ele que a atormentavam diariamente. Depois da sensação de frio, a medida que ele ia se aproximando para falar com ela, começou a sentir um turbilhão de sentimentos no peito, a tremer as mãos e as pernas ficaram bambas. ‘Calma...respire fundo e tenha coragem’, disse ela a si mesmo nos seus pensamentos. Ela passou a mão nos cabelos, ergueu a cabeça e deu o melhor sorriso que podia para disfarçar o nervosismo: ‘Olá! Quanto tempo! Tudo bem com você?’, sentindo o peito disparar nesse momento.

Thiago precisava repor o seu estoque de chás: não costumava tomar café, pois já tivera problemas de estômago por conta disso. De qualquer forma, a bebida lhe agradava muito e foi por isso que passou no supermercado naquele dia. Quando entrou no corredor certo, observou aquela linda mulher de cabelos cacheados lendo as especificações de um tipo de chá. ‘Conheço esses cabelos’, pensou. Sofia estava tão linda e absorvida no que estava fazendo que ele cruzou os braços e ficou mais confortável para observá-la melhor. Aliás, observá-la nas fotos é o que ele vinha fazendo diariamente nos últimos seis meses. ‘Esse deve ser o meu dia de sorte’, ele pensou. Nesse momento, Sofia sentiu a sua presença e olhou para ele. Seu corpo estremeceu e o coração disparou, mas ele sorriu e seguiu em frente, pois sabia que era uma chance única de reaproximação. Ela perguntou se estava tudo bem com ele sorrindo. Ele segurou a mão dela e a beijou fazendo uma espécie de reverência: ‘Estou ótimo agora que lhe encontrei Princesa’, se referindo a uma antiga brincadeira deles em que ela era uma princesa. Sentir o toque da mão dela desencadeou uma reação química em cadeia no corpo dele e o coração bombeou mais e mais rápido todo o volume de sangue. ‘Esse é o momento de dar a cartada final’, ele pensou.

Depois daquele dia, Sofia e Thiago foram vistos em muitos lugares juntos: em parques, cinemas, museus, teatros, restaurantes, entre outros. As barreiras que existiam entre eles foram totalmente destruídas: o fim do muro de Berlim. Agora, se pode perceber a sua volta uma aura de felicidade, amor e encantamento. O Cupido garante que já viu até pombinhas voando e anjinhos protegendo, mas isso é para a visão dele que é um Deus. Eu e o Cupido concordamos que é assim que deve ser sempre: se há Amor ele deve ser vivido na sua plenitude, pois no final o Amor é o mais importante de tudo na vida.

Uma história pode começar com obstáculos, mas aqui ela sempre acaba com um final feliz.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com