'Para desvendar a vida não bastam as ciências, são necessárias também as letras e as artes. E para viver a vida verdadeira, a vida por inteiro, é preciso a ela entregar-se com amor e paixão'.


sábado, 30 de abril de 2011

Dia do Trabalho


Hoje é celebrado o dia do trabalho em muitos países. Apesar de ser um domingo, hoje é dia de comemoração. Dia de sair com a família toda para ir a um parque, pegar sol e comer aquele almoço que só a avó ou a mãe da gente sabe preparar. Claro que a data lembra a obrigação de todos os dias, mas hoje é um dia especial e merece ser recordado por todos. Para aqueles que estão em Porto Alegre como eu, um bom passeio é o parque da Redenção ou o Gasômetro; que são locais sempre muito agradáveis para passar algumas horas. Para os mais religiosos, uma passada na Igreja Santa Terezinha depois do passeio na Redenção é algo que sempre gosto de fazer, pois renova a esperança de dias melhores para todos nós. Podemos, inclusive, agradecer a Deus e pedir que ele ilumine àqueles que têm o poder de modificar os diversos problemas relacionados ao trabalho no Brasil, de forma a beneficiar nossa população. Pensamentos positivos e preces são tão fortes como ações e se fizermos uma rede juntos certamente já estaremos colaborando para a mudança de alguma forma.

Desejo a todos um lindo feriado com muitas alegrias. Abaixo um breve trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo relacionado ao trabalho.

Muita sorte e felicidades!

Eleonora Reis.

Trabalhadores da Última Hora


1 – O Reino dos Céus é semelhante a um homem pai de família, que ao romper da manhã saiu a assalariar trabalhadores para a sua vinha. E feito com os trabalhadores o ajuste de um dinheiro por dia, mandou-os para a sua vinha. E tendo saído junto da terceira hora, viu estarem outros na praça, ociosos. E disse-lhes: Ide vós também para a minha vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram. Saiu, porém, outra vez, junto da hora sexta, e junto da hora nona, e fez o mesmo. E junto da décima primeira hora tornando a sair, e achou outros que lá estavam, e disse: por que estais vós aqui todo dia, ociosos? Responderam-lhes eles: Porque ninguém nos assalariou. Ele lhes disse: Ide vós também para a minha vinha. Porém, lá no fim da tarde, disse o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores e paga-lhes o jornal, começando pelos últimos e acabando nos primeiros. Tendo chegado, pois, os que foram junto da décima primeira hora, receberam cada um seu dinheiro. E chegando também os que tinham ido primeiro, julgaram que haviam de receber mais; porém, também estes não receberam mais do que um dinheiro cada um. E ao recebê-lo, murmuravam contra o pai de família, dizendo: Estes que vieram por último não trabalharam senão uma hora, e tu os igualaste conosco, que aturamos o peso do dia e da calma. Porém ele, respondendo a um deles, lhe disse: Amigo, eu não te faço agravo; não convieste tu comigo num dinheiro? Toma o que te pertence, e vai-te, que eu de mim quero dar, também a este último, tanto quanto a ti. Visto isso, não me é lícito fazer o que quero? Acaso o teu olho é mau, porque eu sou bom? Assim, serão últimos os primeiros, e primeiros os últimos, porque são muitos os chamados e poucos os escolhidos. (Mateus, XX: 1-16. Ver cap. XVIII, “Parábola da Festa de Núpcias”.) Evangelho Segundo o Espiritismo.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Los Angeles


Naquela manhã ensolarada Artemis estava absolutamente radiante. Ela tinha um motivo muito especial para tanto: depois de nove longos meses de separação com seu namorado iriam se reencontrar novamente. Ele estava vivendo em Los Angeles devido a uma oferta irrecusável de emprego que recebera. José, apesar de ser um homem bem mais velho que Artemis, compartilhava inúmeros gostos em comum com ela, além de amá-la verdadeiramente. A separação foi difícil para ambos, mas José resolveu aceitar essa condição pensando no futuro do casal. Ele estava planejando ajeitar tudo em Los Angeles para, então, pedir a mão de Artemis em casamento.

Artemis pegou um taxi até o aeroporto. Amava viajar de avião e aquela seria a primeira viajem longa para fora do país que iria fazer. Na bagagem de mão estavam seus objetos pessoais de maior valor, uma muda de roupa, pois estaria calor nos Estados Unidos e uma foto de seu amado. Devido à distância, eles usavam recursos disponíveis como telefone e internet todos os dias para matar a saudade. Antes de embarcar, Artemis ainda mandou uma mensagem de texto. Vivia colada ao telefone para se comunicar com o namorado. Coisas que apenas os apaixonados compreendem.

A viajem foi cansativa como ela imaginava. Quando o comandante informou que aterrissariam ela foi até o banheiro, tirou o suéter marrom com gola de pele e colocou uma blusa rosa bem primaveril. Aproveitou para lavar o rosto e pintar os olhos como o namorado gostava. Voltou para sua poltrona e apertou o cinto. Agora faltavam poucos minutos para vê-lo e ela começou a sentir um frio na barriga. Estava imaginando também que teriam dias inesquecíveis juntos. Ao descer do avião foi buscar o quanto antes sua mala para encontrá-lo o mais rápido possível. Ao sair no desembarque internacional, não avistou José. Procurou mais aflita e não o encontrou. Em seguida, visualizou um homem com uma placa com o seu nome. Conversou rapidamente com ele, que a conduziu até um carro e explicou que José ficara preso no trabalho, mas que ele a levaria até o apartamento. Chegando ao local, Artemis ficou impressionada com a beleza do local no qual ele vivia. Só a sacada era todo o seu apartamento no Brasil. Resolveu tomar um banho e se preparar para encontrá-lo mais tarde. Ao lado de uma deslumbrante banheira de mármore branco havia uma rosa vermelha e um bilhete de desculpas. Ela aproveitou e banhou-se na banheira, relaxando depois da longa viajem. Passou muito tempo ali sozinha: olhou um pouco de TV, comeu uma maça verde e ficou olhando a vista da sacada. Sentiu vontade de dar uma volta na quadra e desceu. Caminhando encontrou uma Igreja bem pequena numa esquina. Como era muito religiosa resolveu entrar para rezar um pouco. Sentiu uma energia muito pura e boa no interior da Igreja, ajoelhou-se e orou um Pai-Nosso. Abriu os olhos e percebeu que um monge de negro a observava. Ele sorriu e perguntou se ela não era dali. Ela disse que era de outro país. O monge disse que naquele templo não era permitida a entrada da comunidade. Ela desculpou-se e levantou-se rápido, mas ele disse que ela poderia fazer suas orações e então sair. Ela agradeceu e ficou ali por mais um tempo, depois voltou a caminhar nas ruas. Olhou o relógio que marcava 18h e apressou-se a voltar para encontrar José. Chegando ao apartamento, havia outro bilhete dizendo que ele tivera de ficar no trabalho até mais tarde junto de ingressos para uma peça de teatro e uma reserva num restaurante. Ela botou um belo vestido e fez a programação sozinha, se sentindo muito triste. Voltou para o apartamento que continuava deserto. Dormiu sozinha aquela noite. Na manhã seguinte, foi até a pequena Igreja e bateu na porta: o monge a reconheceu e permitiu que ela entrasse para orar novamente. Em seguida, ela arrumou suas coisas e chamou um taxi para ir ao aeroporto. Nesse momento, José abriu a porta e chegou com uma aparência exausta. Ele trabalhava com tecnologia e explicou que viraram a noite concertando um sistema que havia sido corrompido. Artemis não segurou as lágrimas que rolaram pelo rosto. Ele a abraçou com carinho, pegou-a no colo e a deitou no sofá. Ajoelhou-se ao seu lado, limpou as lágrimas do rosto dela e beijou seus lábios. Olhou em seus olhos e disse que ela não tinha porque ficar triste, que aquele era apenas um período de suas vidas. Ele se levantou e tirou o casaco que vestia, foi até a pasta e buscou um pequeno presente. Ela abriu curiosa: era um lindo anel de noivado.

Artemis casou-se com José e foi viver em Los Angeles. Embora não fosse uma religiosa, o monge daquela pequena Igreja sempre a deixava entrar para rezar. Artemis teve um casal de filhos e foi muito feliz. Às vezes é importante não tomar decisões precipitadas na vida, pois isso pode acarretar um destino completamente diferente do que era realmente programado. Se Artemis tivesse ido embora, a sua felicidade não haveria se concretizado como aconteceu. Prudência é algo que aprendemos apenas com o tempo, mas devia ser ensinado a todos desde muito jovens.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Vida e Amor


Eu devo ser muito antiquada mesmo, ou romântica demais. Creio que as duas coisas. Contudo, se formos analisar na literatura e nas artes em geral, sempre encontraremos prova de que o Amor é atemporal e nunca sai de moda. Sei que é moderno viver sem muitos apegos e que as relações têm prazo de validade curto hoje em dia. Acho que todos se adequaram àquilo que parece ser mais simples e talvez mais atraente. A valorização da imagem e do corpo está intimamente ligada a essa realidade. Não creio que seja errado se cuidar e/ou valorizar a aparência física, contudo o ser humano é muito mais do que uma embalagem bonita. Quando realmente gostamos de alguém, não importa muito a sua aparência de uma forma geral, mas sim aquilo que ele faz você sentir. Esse é o grande trunfo do Amor: mesmo quando você não queira sentir absolutamente nada, mesmo que você esteja pensando apenas em festas, mesmo que você diga que jamais vai se envolver; ele pode acabar acontecendo. Nesse caso, não estou falando de amores passageiros ou paixões. Estou falando de um Amor realmente durador de uma vida inteira.

Existem teorias que amores infinitos são aqueles impossíveis. Eu honestamente não concordo. Creio que entre um casal sempre podem existir diferenças e, inclusive, acho isso muito importante. Imagine que monótono se eles fossem exatamente iguais em tudo. Acho que um casal deve ser complementar: deve existir Amor, carinho, amizade, atração, mas é muito importante que exista compatibilidade intelectual. Os dois devem sentir-se bem fazendo atividades juntos, conversando sobre vários assuntos e trocando idéias até mesmo diversas sobre qualquer tema. Esse tipo de relação baseada em Amor promete durar uma vida toda. Claro que muitas dificuldades existem na vida dos casais, pois isso é natural e faz parte das relações. Saber superar os obstáculos, perdoar os erros, estender a mão no momento certo e ser, efetivamente, o porto seguro do outro é que faz do relacionamento algo mais especial. Muitas vezes, o ser humano necessita não apenas de grandes prazeres ou de uma vida cheia de emoções, mas de alguém que o entenda, ame e cuide. A felicidade está sim na simplicidade.

Eu gosto de assistir filmes românticos, pois sempre a história é parecida, mas me fascina. Sonhadora ambulante é o que sou e não estou sozinha nessa viajem: conheço gente que também sonha com o Amor perfeito. Não sei ao certo se vou encontrar um grande Amor novamente na minha vida, pois isso quem sabe é Deus. Além disso, acredito que esse tipo de coisa acontece espontaneamente. Sei que tudo tem um tempo certo para acontecer na vida e por isso não me preocupo. O Amor, na realidade, está dentro da gente: em cada célula do nosso corpo ele está. Quando a pessoa certa aparece, ela desperta aquele Amor que sempre esteve ali escondido e esperando o momento certo para se manifestar. Então o coração dispara e tudo em volta parece mais lindo. Trocar as ‘paixonites’ pelo Amor vale a pena em termos de longa duração. Essa é uma singela sugestão de alguém que realmente acredita e prefere o Amor.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Sobre Religiões


Um tema polêmico e que geralmente abordo por aqui são os diferentes dogmas das várias religiões. Claro que não conheço a maioria das religiões, muito pelo contrário. Sou uma pessoa curiosa a respeito desse tema e acabo lendo e pesquisando aquelas que mais me interessam. Dessa maneira, faço uma análise comparativa no sentido positivo do termo, pois valorizo todas. Durante o tempo em que fui vivenciando experiências e lendo livros, mudei muitas vezes de opinião. Creio que isso é algo constante e faz parte da evolução de qualquer ser humano. Hoje, aprendi a aceitar idéias que eu discordava há tempos atrás e a entender certas visões e realidades completamente diferentes da minha. Acho que essa é uma questão de respeito com as outras pessoas, pois ninguém tem o direito de modificar a crença de um indivíduo. Sou adepta da religião do Amor de Cristo como é notório. Na realidade, durante toda a minha vida fui Cristã, apesar de ter freqüentado diversas religiões. Em cada uma delas aprendi algo realmente especial e que fez de mim um ser humano melhor hoje. Por isso, creio que a minha fé em Jesus Cristo é o resultado dos ensinamentos de todas elas.

Não existe grande diferença na fé: o que existem são perspectivas diferentes e, algumas vezes, Deuses diferentes. Na minha inocência como teóloga experimental, certa vez resolvi comparar os Deuses antigos e os santos adorados hoje. Conclui que não existe muita diferença entre a mitologia deles: são representações humanas que apresentam características específicas e que o ser humano vê e/ou crê como sendo divinas. No fundo o cerne da questão está no poder da fé que é depositada naquela figura tida como santa. Portanto, não importa que santo e de qual religião a pessoa decidir ser devota: no momento em que há uma ligação através da prece o plano Divino se incumbe de mover montanhas se for necessário. Uma coisa é certa, não se pode duvidar jamais do poder da fé e da força que ela exerce sobre nossas vidas.

Dessa maneira, gostaria de deixar claro que sou uma pessoa bastante flexível em relação a qualquer religião: gosto de aprender e conhecer novos dogmas, embora tenha feito minhas próprias escolhas e convicções. Em termos mais simples: não estou somente do lado direito ou do lado esquerdo, estou dos dois. Estou onde está o equilíbrio, a fé e o Amor. Poderia até dizer que no fundo sou Ecumênica. Sei que essa é uma posição que talvez muitas pessoas não concordem, mas acredito que a maioria das religiões tem seu lado positivo e que pode acrescentar em muito na vida de seus seguidores.

Não poderia deixar de exaltar a importância de seguir uma religião e/ou de ter fé nos dias de hoje. Vivemos numa sociedade que beira o caos completo, onde os valores e o comportamento das pessoas estão completamente invertidos. Compreendo que, devido à vida agitada que todos levam, muitas vezes seja difícil encontrar um tempo para ir a uma Igreja ou templo de qualquer religião. Contudo, se tirarmos alguns momentos, alguns poucos minutos do nosso dia, para fazer uma breve prece agradecendo pela vida e pedindo proteção já está ótimo. As pessoas que não têm esse hábito devem iniciar aos poucos, como se fosse uma meditação. Em breve, torna-se algo natural. Como já escrevi anteriormente, a prece é transformadora e, se todos adquirirem esse hábito, certamente teremos um futuro melhor.

Meu sonho de hoje é que o Amor perfeito esteja em seus corações e mentes, e que a fé envolva a todos nós, como uma grande família que efetivamente somos.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Boda Real


Um dos meus maiores defeitos, ou quem sabe a minha maior qualidade, é ser irremediavelmente romântica. Enquanto o mundo inteiro se perde em paixões, em rede de intrigas e ‘ligações perigosas’; eu fico sonhando com Amor verdadeiro e sincero. Bem, digamos que por estar em minoria talvez eu que pareça perdida. Contudo, em certas ocasiões eu percebo que não estou tão sozinha assim e que, no fundo, muitas pessoas anseiam pelo romance e por uma bela história de conto de fadas. O maior exemplo atual é o casamento real que será celebrado durante essa semana. O mundo inteiro está com os olhos voltados para a boda de William e Kate: no site oficial do casamento podemos encontrar desde uma contagem regressiva, até uma loja de souveniers. Para quem pensa que eles não irão vender um cartão postal sequer com a imagem dos pombinhos, saibam que eles estão arrecadando uma fortuna com isso. Tudo por conta do sonho que um casamento real desperta no imaginário coletivo: a idealização do Amor perfeito de um príncipe que pediu a mão de uma plebéia e do famoso ‘foram felizes para sempre’. Eu mesma estou planejando assistir a cerimônia, assim como tenho acompanhado os programas que estão sendo apresentados a respeito. Adoro casamentos! Acho que mesmo diante dos piores horrores e/ou realidades que existem no mundo eu não perderei esse meu lado de garota sonhadora.

Ainda lembro como se fosse hoje, embora fosse muito pequena, do casamento de Charles e Diana. Lembro que na minha casa acordamos muito cedo pela manhã para acompanhar toda cerimônia. Eu achei tudo deslumbrante: carruagem, vestido com a cauda mais longa que eu já havia visto e uma princesa linda e de verdade. Até então, só conhecia princesas de livros ou filmes. Um sonho dourado para mim. Creio que essas cerimônias ficam gravadas na memória das pessoas que, como eu, ainda acreditam que o romance e o Amor entre duas pessoas pode durar uma vida inteira. A vida de um casal normal pode não ter a pompa da realeza e pode envolver inúmeras dificuldades que fazem parte da vida. Contudo, o sentimento deve prevalecer para fortalecer os laços entre eles. O casamento é feito de momentos alegres e tristes, mas quando está baseado no Amor verdadeiro, nada abala a relação e, tampouco, há a necessidade de traição. O casamento e o sentimento amadurecem com o tempo de forma a serem aparadas as arestas. É possível sim viver uma relação saudável, estável e duradoura; basta existir Amor e respeito.

Confesso que amei o anel de noivado que pertencera a Diana, até porque azul é a minha cor favorita; estou ansiosa para ver o vestido escolhido pela noiva e para assistir a todo cortejo. Acho William e Kate adoráveis e se pudesse desejaria felicidades e muito Amor na vida conjugal. Eu e um mar de olhos ao redor do globo estaremos assistindo e sonhando com essa boda que promete ser tão memorável quanto o casamento da mãe de William.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A Cura


Fico imaginando como viviam as pessoas nos tempos de guerra. Sim, eu sei que guerras ainda existem infelizmente. Estou falando das grandes guerras mundiais, por exemplo, quando as pessoas saiam sem seus pertences, sem nada e também sem rumo. O destino era incerto a cada amanhecer. Não existia mais nacionalidade, território ou orgulho de pertencer a um país. Que coisa injusta e triste. Fora toda a humilhação a que eram submetidas nos campos de concentração caso fossem capturadas. Ser humano torturando ser humano. Que quadro dramático. Muitas pessoas, como meus antepassados, chegaram aqui no Brasil fugindo desses horrores em barcos que mais pareciam depósitos humanos segundo os antigos relataram. Sobreviver a tal viagem foi um teste de resistência por si. Eles venceram e por isso estou aqui hoje escrevendo esse texto. Eu, que graças a Deus nunca passei por guerras ou campos de concentração, desejo que isso jamais volte a acontecer em qualquer parte do mundo. Viver o terror todos os dias, fugir de bombardeios e ataques de inimigos é mil vezes pior que estar perdido numa selva cheia de animais perigosos. Os animais, com o devido cuidado, podem virar aliados; o ser humano quando tem o espírito maligno dificilmente muda.

Existe uma cura para tudo isso: cura que promete abrandar os espíritos malignos e acabar definitivamente com a guerra. Pode ser que eu esteja me tornando muito repetitiva, mas somente o Amor pode curar o ser humano e evitar tudo isso. O maior problema são os homens com a alma endurecida: para estes palavras de Amor apenas não bastam. Muitas vezes essas pessoas sequer se deixam abraçar e vivem isoladas, numa solidão opcional. Seus pensamentos são absorvidos de idéias negativas, de vingança e de terror. Se eu pudesse chegar até esses, colocar minha mão em seus corações, falar as palavras de verdade e de Amor e fazer uma prece, tenho certeza que alguma coisa poderia mudar, nem que por alguns instantes. A prece com Amor é transformadora e eu já tive muitas provas disso em minha vida. Mesmo a prece feita apenas à distância pode ter um grande poder de cura. Hoje mesmo, conversando com uma simpática irmã Carmelita, falávamos sobre o poder da oração e como ela não tem fronteiras. Então, uma boa solução para o ódio e a maldade que existe no mundo é orar todos os dias pela paz e pelo triunfo do Amor entre as pessoas. Como sou pacifista, não poderia jamais sugerir a compra de tanques e artilharia para combater o ódio. Seria ódio contra ódio, não concordam? Quando vejo que uma situação é insustentável na minha própria vida não acho inteligente guerrear até a morte. É preciso encontrar soluções para a situação e, é claro, rezar pela paz, nem que essa seja momentânea. Viver no caos é para quem está no inferno e eu, que me considero Cristã, creio que o Salvador está sempre comigo. Podem me tirar tudo que tenho, mas não a fé e, tampouco, a certeza de que Deus jamais desampara seus filhos.

Dias de tranqüilidade, Amor em todos os corações e paz entre as pessoas é o que mais desejo. Creio que esse é o caminho para o equilíbrio e para o fim definitivo das guerras no planeta.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

domingo, 24 de abril de 2011

Ensaio Sobre o Amor


Não é novidade que o tema que abordo quase todos os dias é o Amor. Aos olhos de todos devo parecer alguém bastante segura para abordar tal assunto, contudo às vezes fico pensando a respeito do sentimento em si e percebo que é algo realmente difícil de definir. Como querer interpretar ou explicar o que está, muitas vezes, gravado na alma? Como entender que certos encontros nunca foram casualidade do destino e sim algo muito bem elaborado pelo plano divino? Mesmo que todos os jornais, revistas e livros publicassem juntos matérias dizendo que o Amor está banido da sociedade, ainda assim esses encontros iriam acontecer. Os enamorados teriam que fugir ou se esconder bem para poder viver o Amor, mas não conseguiriam fugir de seus próprios sentimentos.

Acho graça que muita gente finja não amar. Acho que é mais seguro e prático. Eu, felizmente, não consigo me enquadrar nesse grupo. Também não me enquadro no grupo dos que fingem amar. E, definitivamente, não me enquadro no grupo dos que mentem sobre Amor. Quando eu Amo é para valer e, por isso mesmo, ou sou muito feliz, ou acabo sofrendo demais. Não posso modificar minha natureza e, honestamente, prefiro ser assim. Vale mais a pena viver um Amor memorável e sofrer se tudo acabar do que ficar uma vida inteira sem sequer conhecê-lo. Vejo o comportamento da nova geração e me assusto um pouco com a fugacidade que os relacionamentos acontecem, se é que se pode chamar de relacionamentos. Eu ainda sou partidária de olhar nos olhos, passear de mãos dadas, conhecer bem e efetivamente amar uma pessoa para seguir os passos naturais de um relacionamento. Romântica demais, eu admito. Novamente afirmo: não posso lutar contra a minha natureza. Por isso se eu tiver que fazer uma escolha em minha vida é certo que sempre irei optar pelo Amor.

Voltando ao assunto dos encontros que não são casualidade: tenho uma opinião muito definida a respeito, pois creio que mesmo que as circunstâncias sejam ‘forçadas’, como um amigo apresentando outro a uma garota, quando existe algo entre as almas dessas duas pessoas, mesmo que elas não desejem se envolver, acabam vivendo um grande Amor. Além disso, também acredito que quando duas pessoas que apresentam idéias opostas em relação ao Amor se encontram e são almas predestinadas, o sentimento as aproxima de tal maneira que acaba completamente com as diferenças. Por isso, posso afirmar que o Amor é, por si, um sentimento transformador que nos dá a capacidade de perdoar erros, aceitar desafios, enfrentar dificuldades, planejar sonhos e viver a felicidade mais plena e completa que o ser humano pode experimentar.

Eu acredito no Amor acima de tudo, creio que ele não morre jamais e que pode durar infinitamente. Amor hoje e para sempre.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

sábado, 23 de abril de 2011

Páscoa


Marcos 16

1 Ora, passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo.

2 E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro muito cedo, ao levantar do sol.

3 E diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro?

4 Mas, levantando os olhos, notaram que a pedra, que era muito grande, já estava revolvida;

5 e entrando no sepulcro, viram um moço sentado à direita, vestido de alvo manto; e ficaram atemorizadas.

6 Ele, porém, lhes disse: Não vos atemorizeis; buscais a Jesus, o nazareno, que foi crucificado; ele ressurgiu; não está aqui; eis o lugar onde o puseram.

7 Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, como ele vos disse.

8 E, saindo elas, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de medo e assombro; e não disseram nada a ninguém, porque temiam.

9 Ora, havendo Jesus ressurgido cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios.

10 Foi ela anunciá-lo aos que haviam andado com ele, os quais estavam tristes e chorando;

11 e ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram.

12 Depois disso manifestou-se sob outra forma a dois deles que iam de caminho para o campo,

13 os quais foram anunciá-lo aos outros; mas nem a estes deram crédito.

14 Por último, então, apareceu aos onze, estando eles reclinados à mesa, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem dado crédito aos que o tinham visto já ressurgido.

15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura.

16 Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.

17 E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas;

18 pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados.

19 Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus.

20 Eles, pois, saindo, pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam.



Aquela havia sido uma noite muito difícil e ela sequer adormecera. A angústia e um turbilhão de pensamentos invadiram sua mente como um mar em tormenta. Os últimos fatos de sua vida pareciam ter fugido ao seu controle. Ele não estava mais ao seu lado. Ele não estaria mais para sempre. Esse pensamento a consumia e ela não podia acreditar nessa terrível verdade.

Foi até o jardim e colheu as ervas ainda úmidas pelo sereno da noite. Levaria consigo até o momento da despedida e as colocaria simbolicamente no túmulo. Não podia acreditar que depois de três semanas de buscas no oceano não houvessem encontrado nenhum sinal do avião que Marcos pilotava e, tampouco, seu corpo. No seu íntimo, ela não queria acreditar na sua morte e ainda estava à espera de um milagre. Colocou as ervas na água, vestiu um agasalho e seus tênis e entrou no carro. Seu destino era apenas um: a Igreja que eles freqüentavam. Mesmo que a Igreja estivesse fechada naquele horário, havia um pequeno santuário na lateral onde ela poderia rezar um pouco. Estava precisando do consolo divino. As ruas estavam vazias naquele horário, assim como o santuário. Ela ajoelhou-se diante da imagem de Jesus Cristo, rezou implorando misericórdia e colocou sua mão sobre ventre: ela estava grávida e o marido nem sequer havia tomado conhecimento disso. Suas lágrimas não demoraram a rolar pelo rosto, pois a dor era muito grande. Pedia por força para ela e para o bebê, que iria nascer sem a presença de seu pai.

Como ela estava de olhos fechados, não percebeu que através de uma fresta do santuário uma luz resplandecente inundara o local. Quando ela abriu os olhos levou um susto, pois havia um anjo ao seu lado. Ele tinha uma fisionomia serena e sorria. Suas palavras estavam dentro da mente dela e diziam para ter fé que o seu marido estava vivo e que em breve ele retornaria para o lar. A mulher ficou um pouco assustada, mas a energia que ele transmitia era tão boa que ela resolveu acreditar, mesmo que aquilo fosse apenas um consolo. Voltou para casa quando o sol começava a se levantar, tomou um banho, vestiu um vestido negro e, chegado o momento da cerimônia, pegou as ervas e alguns lírios do jardim e foi até o local do sepultamento simbólico.

O padre estava conduzindo a cerimônia quando uma mulher desconhecida entrou correndo e procurando por ela. Assustou a todos, pois gritava o seu nome. Ela foi até a tal mulher que chegou com a notícia de que seu marido havia sido encontrado numa praia isolada e que já estava a caminho de casa. As ervas e flores que estavam em suas mãos caíram e, em seguida, ela desmaiou. Quando acordou viu várias pessoas a sua volta: umas a estavam abanando, outra oferecia um copo de água com açúcar e, no meio dos rostos, viu o anjo sorrindo docemente para ela.

O maior mistério de Deus é que para Ele nada é impossível. Ressurgir sempre em nome do Amor.

Feliz Páscoa e que a ressurreição de Cristo traga a esperança da renovação e de dias melhores para todos nós!

Eleonora Reis.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Fé e Esperança


Numa data triste para todos nós, num tempo de guerras e incertezas; escolho novamente escrever sobre a paz e sobre o Amor. A esperança, uma mulher de verde toda machucada de tanto ser torturada e humilhada, entre lágrimas ainda sorri quando vê o rosto de uma criança. Ela sabe que talvez ainda exista uma chance dos pequenos de hoje modificarem o mundo em que estamos vivendo. Não seria justo, nem para eles e nem para toda a sociedade, que o mal prevaleça ao bem. As crianças podem ter nascido no berço da guerra, mas Deus se incumbe de mandar seus mensageiros entre eles. O corpo pode nascer através das mãos dos homens, mas o espírito vem de Deus e, quando se trata de uma intervenção divina, nada pode ser feito. Dessa forma, se o homem acredita que pode dominar o mundo através da inteligência e sem fé, pode ter certeza que no momento apropriado para tanto, Jesus enviará um exército de anjos entre os pequeninos: eles nascerão pelas mãos dos homens como todos nós, eles serão fortes, eles estarão por toda parte, eles falarão apenas a verdade e o conteúdo será sempre o mesmo: a paz e o Amor. Haverá sofrimento, como em toda mudança, mas por uma causa nobre. Tudo isso em nome do Salvador Jesus Cristo. Espero que não interpretem mal essas palavras: não se trata de nenhum tipo de profecia. Na realidade, quando há um desequilíbrio num determinado sistema é natural que uma força contrária e de igual intensidade entre em ação de forma a atingir novamente o ponto de equilíbrio. Acredito que nisso todos concordamos: viver dentro do equilíbrio é melhor e faz bem ao corpo e ao espírito.

A paz e o Amor aos quais eu me referia antes é um sonho possível, assim como a liberdade. Os olhos dos pequeninos nos dizem isso, mas infelizmente seus espíritos são logo corrompidos pelo meio. Aqueles que têm a fé no coração e acreditam na palavra de Jesus podem educá-los de forma a jamais serem escravos das mentiras e da falta de fé. Deus nos criou perfeitos para seguir povoando o planeta e enviou seu Filho que nos trouxe a palavra do Caminho da verdade e cujo conteúdo é basicamente o Amor. Existem as diferenças culturais e de religião, contudo o Amor é uma verdade que serve para todos. Estender a mão a alguém que está caído, ter compaixão daquele que odeia e deseja vingança, ajudar desinteressadamente alguém por simples amizade, demonstrar afeto sem nenhuma outra intenção, ter fé no futuro e na vida, Amar sempre, mesmo que o mundo inteiro esteja desejando acabar com esse sentimento.

Um dia de sol, crianças sorrindo e brincando livres nas praças e nos jardins. Pessoas que se olham nos olhos com verdadeira amizade e respeito. Casais que se Amam muito e que juntos constroem a real felicidade. Paz na Terra e entre todos os povos. Utopia? Profecia? Nem uma, nem outra. Apenas uma esperança. Um desejo para o futuro.

Meu sonho de hoje é que a fé e a esperança estejam sempre presentes e que o futuro seja mais bonito que a atual realidade.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Consolador do Caminho


O bom homem acordou cedo como de costume. A noite havia sido fria para alguém que dormia coberto apenas com um manto de lã ao relento. Contudo, isso fazia parte da sua missão de ir até os locais onde a palavra de Jesus devia ser ouvida. Sua longa túnica negra trazia a insígnia Cátara para demonstrar o seu papel de sacerdote. Levava consigo apenas dois livros: um pequeno volume do Novo Testamento e outro livro sobre o Amor de Cristo. Ele levantou-se, retirou a grama que havia em suas vestes e seguiu pela estrada empoeirada. Enquanto caminhava, orava o Pai-Nosso como era o hábito dos Cátaros. Sentia-se muito feliz e vivo de estar podendo cumprir com o plano divino de ser um sacerdote e caminhava alegremente observando os campos e as flores a sua volta. Quando chegou à pequena aldeia que era seu destino, crianças vieram correndo em sua direção para recebê-lo. Ele abraçou e abençoou a todas elas. O dia estava muito claro, o céu azul e o sol muito brilhante. Uma das mulheres que estavam com as crianças chamou o sacerdote para o almoço, como era hábito fazer. Quando em missão eles não levavam nada consigo, conforme Jesus ensinou, e dependiam da caridade das pessoas.

Enquanto eles se dirigiam para a casa da senhora, o bom homem sentiu um ar gélido invadir sua alma e imediatamente parou de caminhar. Olhou para o seu lado direito e viu uma mulher vestida de verde com o semblante muito preocupado apontando para uma direção. Ele coçou os olhos, pois mal acreditava no que estava vendo, porém a mulher já não estava mais ali. Ele agradeceu a senhora pela gentileza de ter oferecido o almoço, mas explicou que precisava partir logo. Saiu a passos largos caminhando na direção em que a mulher de cabelos ruivos havia indicado. No alto de uma colina havia uma única casa: ele bateu palmas diante do portão para ser atendido. Ninguém respondeu. Ele percebeu que o portão estava aberto e resolveu entrar. Chamou a atenção de sua presença novamente perguntando se havia alguém em casa. Nenhuma resposta. Nesse momento, uma pomba pousou na porta de entrada, como que indicando que ele entrasse. Ele resolveu seguir o sinal, pois não sabia o que encontraria no interior da casa.

Ao entrar, a casa parecia abandonada há muito tempo. Mas algo dizia a ele que havia trabalho a ser feito. Foi abrindo as portas dos cômodos uma a uma, até chegar à última e ter uma surpresa extremamente dolorosa: um homem deitado num lençol coberto de sangue. Ele correu em direção ao homem e verificou que ele tinha chagas no corpo: as chagas de Cristo. Ele sabia do que se tratava e pensou que com todo aquele sangramento deveria logo fazer o Consolamentum. Quando impôs as mãos sobre o homem, ele visualizou de olhos fechados a mulher que indicara o caminho: ela explicou como fazer um preparado de ervas e óleo para passar nas feridas. Ele percebeu que o homem iria sobreviver, rezou o Pai-Nosso e foi até o jardim buscar as ervas. O homem melhorava há medida que ele ia passando o ungüento. Parecia que as feridas estavam cicatrizando por intervenção divina e, gradativamente, o sangue voltou a colorir o rosto do homem. O sacerdote sentou-se ao lado do doente, abriu o Livro do Amor e começou a ler algumas passagens. O homem abriu os olhos e sorriu em agradecimento.

Deus sempre envia o Consolador mesmo quando pensamos estar completamente sozinhos ou a beira da morte. E, mesmo diante da morte não devemos temer, pois o espírito é imortal. As idéias são imortais. Hoje, não é uma data para relembrarmos a morte e sim para aumentarmos a nossa convicção de que Jesus está mais vivo do que nunca através do seu Caminho e de sua palavra.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Caridade


Marié acordara mais cedo que usualmente naquele dia. Abriu a janela da antiga casa e pode observar um céu muito cinzento e um vento gelado de início de inverno. Como costumeiramente fazia, foi até o pomar colher frutas para o desjejum, mas seus sentidos e os sinais na natureza começaram a avisá-la que aquele não seria um dia típico. Ao voltar para o interior da casa, comeu apenas metade de uma maça e resolveu colocar suas vestes o quanto antes. Logo teria que sair. A longa túnica azul marinho cobria seu vestido simples até seus pés. Colocou o capuz e sentou-se ao lado da porta.

Apenas alguns minutos se passaram quando um cavalo em alta velocidade chegou à frente da casa. Batidas fortes e aflitas foram interrompidas quando ela imediatamente abriu a porta. Tratava-se de um homem da cidade, que veio angustiado buscá-la para dar o Consolamentum* a um moribundo. Isso não era novidade para Marié, mas sempre achava a passagem algo triste. Acompanhou o homem até o local onde estava o doente permanecendo em oração durante todo o percurso. Quando chegaram diante da casa, Marié mal podia acreditar em seus olhos: tratava-se da residência do padre local. Ela olhou para o homem um pouco receosa. Ele afirmou com a cabeça e disse:”Foi ele que mandou chamá-la”. Naquele tempo, existia muita rivalidade e preconceito entre as duas religiões, de forma que Marié entrou o mais rápido possível para não ser vista.

Ao chegar ao interior da peça onde o padre estava acamado e visivelmente muito mal de saúde, Marié sentiu enorme compaixão pelo homem. Aproximou-se dele e sorriu para ser agradável, antes de fazer o rito. Os olhos do padre misturavam dor, medo e súplica de quem não queria deixar a vida ainda. Marié percebeu algo muito diferente nele. Conhecia bem quando a morte se aproximava de uma pessoa, mas naquele homem certamente existia algo diferente. Antes de fazer o Consolamentum, resolveu impor as mãos sobre ele e realizar uma oração. Fechou os olhos e começou a rezar o Pai-Nosso, oração que os Cátaros sempre realizavam. Suas mãos começaram a arder em fogo, como seu uma descarga enorme de energia estivesse sendo transmitida através delas. Com os olhos fechados ela viu o corpo do padre todo em chamas, mas inexplicavelmente não se assustou com isso e continuou a orar. Á medida que o tempo passava, o fogo foi diminuindo até que cessou por completo, assim como a sensação de calor em suas mãos. Marié abriu os olhos e sentiu-se tonta. Um homem que estava ao seu lado trouxe uma cadeira e um copo de água com açúcar para ela beber, pois todos perceberam que aquele não havia sido um Consolamentum comum. Ela ficou preocupada com o padre e verificou que ele estava dormindo calmamente. Ninguém sabia como um homem que estava com dores por dias poderia estar sereno daquela forma. Marié olhou para todos que estavam presentes e pediu segredo absoluto sobre a vinda dela, acontecesse o que acontecesse. Todos consentiram.

Passados alguns dias, enquanto cuidava de sua horta, Marié recebeu uma carta de um mensageiro que estava lacrada com o brasão da Igreja. Ela abriu e ficou emocionada com o conteúdo: tratava-se de um agradecimento de próprio punho do padre, que afirmava ter sido curado de todas as suas dores. Ele contou que sentiu um calor, que viu chamas e que acreditava ter renascido das cinzas através da ajuda dela. Colocou-se a inteira disposição para tudo que ela precisasse. Marié chorou por duas razões: por Jesus a ter intuído que aquele não era o momento da passagem do padre e por que, devido a uma causa nobre, as diferenças foram completamente esquecidas.

Gostaria de salientar que nessa quinta-feira Santa resolvi escrever sobre a vida e não sobre a liturgia da última ceia. A doutrina Cátara acreditava em Jesus vivo e não como o cordeiro pascal. Ele efetivamente vive através de sua palavra até hoje junto a nós.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

*Consolamentum é um rito em que os sacerdotes cátaros, ou bons homens e boas mulheres, realizavam e representa simbolicamente a morte com relação ao mundo corrompido. Os crentes (croyants) que eram simpatizantes da doutrina cátara recebiam o consolamentum nos momentos que antecediam sua morte.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Encontro com Jesus


Estava ventando forte quando Maria de Fátima chegou ao pequeno hotel que ficaria por alguns dias na cidade de Jerusalém. Ela fora designada pelo jornal onde trabalhava para escrever uma resenha sobre a paixão de Cristo em virtude das comemorações da Semana Santa. Fátima arrumou suas roupas no pequeno armário do hotel, pegou um pequeno livro de anotações, um guia em que mostrava a Via Sacra e sua câmera fotográfica. Ela percebeu que para um dia de semana as ruas estavam muito vazias e achou curioso, mas seguiu o mapa que levava ao primeiro ponto da trajetória, onde Jesus foi condenado. Chegando ao local, Fátima sentiu que o vento ficara mais forte e gelado. Ela estava tentando buscar inspiração para escrever algo, mas aquele frio começou a entrar no seu corpo congelando suas mãos e seus pés e por fim o seu corpo inteiro. Ela cruzou os braços diante do corpo para tentar se aquecer e sentou num banco numa ruela lateral. Pensou em voltar ao hotel para colocar mais roupas, pois daquela maneira não conseguiria escrever. Olhou novamente para a primeira estação da Via Sacra e, novamente suas mãos ficaram roxas de frio. Nesse momento, o vento veio fazendo um redemoinho e levantando folhas e pó das ruas e parou exatamente na frente de uma estátua de um anjo. Ela, como sempre muito curiosa, foi até a estátua e viu que o anjo apontava para uma direção. Abaixo da estátua tinha uma inscrição, que ela traduziu usando seu dicionário: Monte das Oliveiras. Fátima sabia que esse não era o seu objetivo, mas teria mais dois dias na Terra Santa e achou interessante conhecer o Monte das Oliveiras.

Durante a caminhada até lá, Fátima começou a sentir o sangue voltar a correr em suas veias. Parecia um bálsamo. Seu corpo se aqueceu novamente por inteiro. Percebeu também que a paisagem era muito bonita e estava enfeitada pela natureza uma vez que era primavera. Tirou várias fotos da paisagem local e fez muitas anotações. Começou a sentir-se feliz: uma alegria sem nenhuma razão invadiu seu coração. Então, avistou um local mais elevado onde havia uma árvore muito bonita cercada de grama e flores. Fátima foi levada até o local instintivamente. Ela sentou-se na grama e fechou os olhos: respirou o ar puro e sentiu o calor do sol. Fátima entrou numa espécie de transe: uma experiência religiosa. Ela viu novamente a estátua do anjo, mas dessa vez ele estava vivo e falou com ela: “Ele está aqui e vai falar com você.”, disse o anjo resplandecente de luz. Ela sentiu um calor invadir seu corpo e viu chamas muito fortes, então uma luz azul que trazia muita serenidade. Ela viu um homem vindo em sua direção: estava com trajes antigos e era muito tranqüilo. Ele olhou para ela, sorriu e disse: “Minha filha, se vens até mim conheça a obra viva. Aqui é o lugar certo. Escreva isso para que todos saibam. Repita comigo a oração do Caminho.” Eles, então, rezaram o Pai Nosso e o homem desapareceu.

Fátima abriu os olhos e ficou assustada, pois já era quase noite. Não sabia por quanto tempo ficara adormecida ali. Pegou suas coisas e voltou para o hotel. Não entendia o que havia presenciado: poderia ser uma visão real ou efeito de muitas horas de viajem de avião. De qualquer forma, ela decidiu escrever sobre o Cristo quando vivo e seu legado imortal. Pegou seu laptop e passou algumas horas fazendo isso. Quando terminou o artigo, foi dar uma olhada nas fotos que havia tirado no Monte das Oliveiras para escolher uma e ficou realmente espantada: em todas, sempre ao fundo, havia um homem com as mesmas vestes daquele que falara com ela. A última foto não foi ela quem tirou: tratava-se de um belo sol no horizonte. Fátima cruzou os braços contra o peito e, em lágrimas, orou novamente o Pai Nosso.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Marcos 11:13-29


13 E, vendo de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa; e, chegando a ela, não achou senão folhas, porque não era tempo de figos.

14 E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E os seus discípulos ouviram isto.

15 E vieram a Jerusalém; e Jesus, entrando no templo, começou a expulsar os que vendiam e compravam no templo; e derrubou as mesas dos cambiadores e as cadeiras dos que vendiam pombas.

16 E não consentia que alguém levasse algum vaso pelo templo.

17 E os ensinava, dizendo: Não está escrito: A minha casa será chamada, por todas as nações, casa de oração? Mas vós a tendes feito covil de ladrões.

18 E os escribas e príncipes dos sacerdotes, tendo ouvido isto, buscavam ocasião para o matar; pois eles o temiam, porque toda a multidão estava admirada acerca da sua doutrina.

19 E, sendo já tarde, saiu para fora da cidade.

20 E eles, passando pela manhã, viram que a figueira se tinha secado desde as raízes.

21 E Pedro, lembrando-se, disse-lhe: Mestre, eis que a figueira, que tu amaldiçoaste, se secou.

22 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Tende fé em Deus;

23 Porque em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será feito.

24 Por isso vos digo que todas as coisas que pedirdes, orando, crede receber, e tê-las-eis.

25 E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas.

26 Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, vos não perdoará as vossas ofensas.

27 E tornaram a Jerusalém, e, andando ele pelo templo, os principais dos sacerdotes, e os escribas, e os anciãos, se aproximaram dele.

28 E lhe disseram: Com que autoridade fazes tu estas coisas? ou quem te deu tal autoridade para fazer estas coisas?

29 Mas Jesus, respondendo, disse-lhes: Também eu vos perguntarei uma coisa, e respondei-me; e então vos direi com que autoridade faço estas coisas.


Em virtude da Semana Santa, escolhi essa passagem da Bíblia para a postagem de hoje. Como podemos perceber, Jesus muitas vezes tomava atitudes mais enérgicas diante de algumas situações. Ele, que era um exemplo de brandura e equilíbrio, não aceitava certos hábitos do povo judeu. Isso fica bem claro em Mateus 11: 15-16 – “...Jesus, entrando no templo, começou a expulsar os que vendiam e compravam no templo; e derrubou as mesas dos cambiadores e as cadeiras dos que vendiam pombas....não consentia que alguém levasse algum vaso pelo templo.” Jesus acreditava que a Casa de Deus deveria ser respeitada como local de oração e não devia ser transformada num mercado. O descaso dos homens que ali faziam negócios fez com que o Mestre perdesse sua compostura buscando demonstrar o que seria o correto: realizar o comércio em um local apropriado para isso. Nessa passagem há um significado mais profundo: Jesus veio trazer a chamada Boa Nova, a pregação Dele era diferente do pensamento tradicional que acompanhava o povo de Israel por séculos. Dessa maneira, se vender pombas e vasos no templo era algo corriqueiro por gerações, aos olhos de Jesus isso não era um comportamento correto e ele foi severo ao demonstrar isso.

Infelizmente, na vida torna-se necessário ser um pouco mais enérgico quando algo está nos desagradando ou nos lesando. É claro que devemos respeitar as diferenças, pois elas sempre irão existir. Contudo, cabe exclusivamente a nós realizarmos as escolhas e os caminhos que desejamos trilhar em nossas vidas.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

domingo, 17 de abril de 2011

Casamento Perfeito


Essa história parecerá uma lenda antiga, mas dizem muitas pessoas que ela realmente aconteceu. Num povoado muito pequeno ao redor de um castelo na costa da Inglaterra, um rapaz, filho de um mercador local, aspirava ser reverendo, pois tinha uma ótima oratória e era extremamente religioso. Ele já estava tomando aulas com o reverendo da paróquia e, por ler muitos livros, conhecia a respeito de filosofia, outras religiões e principalmente sobre as escrituras. Certa ocasião, quando estava ajudando o reverendo a afinar o antigo piano que ficava no mesanino, uma jovem toda de negro entrou na Igreja, ajoelhou-se num dos primeiros bancos e começou a chorar. Vendo aquilo o rapaz olhou para o reverendo que sinalizou para ele ir até lá. Ele aproximou-se devagar e perguntou com delicadeza se poderia ajudar. Com o rosto coberto de lágrimas a jovem explicou que havia sido prometida para um homem, que era doutor da lei, mas que ela mal o conhecia e que estava desesperada. O rapaz a fez senta-se no banco e conversou por alguns instantes, depois rezou junto com ela. A jovem se sentiu renovada e partiu agradecendo a atenção dele. Contudo, naquele momento em que compartilharam houve mais do que um simples gesto de solidariedade: os olhares deles se cruzaram de uma forma diferente, com um brilho e uma intensidade únicos.

Passados alguns dias a jovem voltou a Igreja e começou a nascer entre eles uma amizade. Bem, talvez mais do que isso. Infelizmente, de tempos em tempos, a jovem chorava pelo seu próprio destino que já estava traçado. Numa dessas ocasiões, o rapaz segurou o rosto dela e falou com muita seriedade que a vida dela não precisava ser assim. Ela ficou surpresa e perguntou como poderia ser diferente. Ele apenas segurou em sua mão e disse: “Confie em mim, sempre estarei com você.” A jovem pegou um pequeno frasco de perfume que sempre levava consigo, pingou algumas gotas na mão e passou nos cabelos do rapaz como um sinal de carinho e agradecimento. Ele ficou surpreso, mas permitiu que ela assim fizesse.

Já estava em tempo da jovem se casar, mas o rapaz havia preparado tudo antes: iria mudar-se para uma paróquia que ficava numa praia próxima a um farol, longe do povoado e do noivo da jovem. Eles saíram em viajem pela noite para não serem vistos e depois de longos dias de viajem chegaram a sua nova morada. Como ele seria o reverendo, precisava casar-se com ela para morarem juntos. A cerimônia foi muito simples numa pequena capela de frente para o mar. Contudo, quando a população local soube que o novo reverendo estava se casando, vieram ver a festa que estava acontecendo na beira da praia. Uma das trabalhadoras da paróquia veio avisar ao reverendo que não havia comida para todas as pessoas. A noiva olhou para ele com dúvida e todos ficaram sem saber o que fazer. Ele olhou para o mar, orou em silêncio para que Deus mostrasse uma solução e, nesse momento, teve certeza que sua prece seria atendida. Olhou para a noiva e para todos e disse: “Deus proverá”. Em poucos minutos, o carro do dono da padaria local chegou repleto de pães que foram distribuídos a todas as pessoas. Parece que um menino que ele nunca vira antes na cidade foi até a padaria avisá-lo. Enquanto todos estavam celebrando, pescadores estavam retornando do seu trabalho diário e vieram correndo mostrar ao reverendo que não tinham como armazenar todos os peixes daquela pescaria. Todos se olharam pensando ser um sinal de Deus.

A pequena cidadezinha ao lado do farol foi muito próspera depois da chegada do reverendo e sua noiva. As pescarias sempre deram peixes em abundância desde aquela ocasião. Alguns acreditavam que o reverendo era santo. Outros que a noiva é que era afortunada e abençoada de Deus, pois além da relação de companherismo e Amor que eles transpareciam no trabalho na Igreja, muitos haviam visto ela indo sozinha ao farol para observar o mar e, algumas vezes, as pessoas viram uma pomba descer sobre sua cabeça. Independente disso, ambos estavam juntos, unidos pelo Amor e trabalhando como um só no Caminho de Jesus.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

sábado, 16 de abril de 2011

Domingo de Ramos


Mateus 21 – O Rei-Messias

1 E, quando se aproximaram de Jerusalém, e chegaram a Betfagé, ao Monte das Oliveiras, enviou, então, Jesus dois discípulos, dizendo-lhes:
2 Ide à aldeia que está defronte de vós, e logo encontrareis uma jumenta presa, e um jumentinho com ela; desprendei-a, e trazei-mos.
3 E, se alguém vos disser alguma coisa, direis que o Senhor os há de mister; e logo os enviará.
4 Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta, que diz:
5 Dizei à filha de Sião: Eis que o teu Rei aí te vem, Manso, e assentado sobre uma jumenta, E sobre um jumentinho, filho de animal de carga.
6 E, indo os discípulos, e fazendo como Jesus lhes ordenara,
7 Trouxeram a jumenta e o jumentinho, e sobre eles puseram as suas vestes, e fizeram-no assentar em cima.
8 E muitíssima gente estendia as suas vestes pelo caminho, e outros cortavam ramos de árvores, e os espalhavam pelo caminho.
9 E a multidão que ia adiante, e a que seguia, clamava, dizendo: Hosana ao Filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!
10 E, entrando ele em Jerusalém, toda a cidade se alvoroçou, dizendo: Quem é este?
11 E a multidão dizia: Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galiléia.

“Fora um dia memorável para os nazarenos. A entrada de Jesus em Jerusalem recebera o apoio popular que haviam previsto. Na verdade, até ultrapassara as expectativas. Quando os seguidores foram chamados para aprender a Oração do Caminho – Jesus chamava-a agora de Oração do Senhor ou Pai-Nosso-, a gruta no Monte das Oliveiras provou ser muito pequena. Os seguidores que acompanhavam a pregação de Jesus espalharam-se pelas encostas, esperando sua vez de chegar perto do ungido, seu Messias, para que ele pudesse lhes ensinar também a oração. Jesus permaneceu ali até ter certeza de que cada homem, mulher e criança conhecia e compreendia a oração, gravada para sempre em seu coração.” (O Segredo do Anel – Kathleen McGowan, Cap.19).

Que a glória da chegada de Jesus a Jerusalém esteja em nossas mentes e em nossos corações nesse Domingo de Ramos. Ele é o nosso Mestre e a Ele louvamos realizando a prece que Ele nos ensinou:

Pai Nosso que estais no Céu,
santificado seja o vosso Nome,
venha a nós o vosso Reino,
seja feita a vossa vontade
assim na terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
perdoai as nossas ofensas
assim como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido,
e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do Mal.
Amém.

Um excelente domingo!

Eleonora Reis.

Eterno Amor


Lindas histórias de Amor são sempre as minhas favoritas e hoje resolvi contar uma realmente bonita. Tudo começa com uma viajem até uma fazenda nas imediações da grande cidade. Tâmara era uma garota de 16 anos cheia de energia e idéias. Adorava ler e escutar música e, como se tratava de uma viajem com a família, levou seu iPod e uma pilha de livros. Ela imaginava que seria uma viajem meio entediante então resolveu ter um arsenal de cultura para passar o tempo. Com a família devidamente instalada, Tâmara resolveu pegar um livro novo e dar uma volta para explorar o local. Achou o hotel fazenda realmente bonito, embora não fosse muito chegada a animais. Finalmente, encontrou o local que escolheu como seu favorito: tratava-se de um pequeno lindo jardim com uma fonte no meio e alguns bancos. O barulho da água trazia paz a ela, que se sentou, respirou ar puro e abriu o livro na primeira página. O canto dos pássaros também era uma melodia adorável do local. Tâmara estava muito distraída na sua leitura e não percebeu a chegada de Miguel: ele sentou-se ao seu lado, sorriu e perguntou o que ela estava lendo. Tâmara achou a abordagem meio estranha, mas explicou que se tratava de um livro sobre religiões antigas da França. Ele se interessou e quis saber sobre o conteúdo. Ela respondeu que era simples e podia ser resumido em uma palavra: “Amor”. O rapaz desconhecia tal religião, mas achou bonito. Ele também achou Tâmara muito bonita.

Miguel convidou Tâmara para um passeio a cavalo: eles visitaram a fazenda e vários locais em volta nos bosques e campos de flores. Miguel não resistiu e deu um lírio do campo de presente para Tâmara, que ficou feliz e envergonhada. À noite, todos jantavam juntos na longa mesa da fazenda e Miguel não conseguia tirar os olhos de Tâmara que havia sentado junto de sua família. Na hora em que serviram a sobremesa, quando Tâmara estava passando para se servir, Miguel a puxou por trás de uma porta e a beijou com carinho. Eles saíram sem que ninguém percebesse e foram olhar o céu estrelado de mãos dadas na frente da fazenda. Depois se sentaram no jardim e ficaram se olhando longamente completamente apaixonados. Ali nasceu um grande Amor. O tempo que passaram juntos naquele verão foi mágico para os dois, cheio de momentos inesquecíveis.

Infelizmente, as férias terminaram e os namorados moravam em cidades diferentes. Eles tentaram namorar pela internet, telefone, e-mail e até carta. Mas com uma distância de 500 km não é nada fácil para dois adolescentes. Então, as coisas acabaram esfriando como era de se esperar.

Chegado o tempo de férias novamente, a família de Tâmara decidiu ir para uma praia. Ela não era uma pessoa que gostasse de tomar muito sol, mas uma vez no local, passou bloqueador solar, pegou um livro e uma cadeira e sentou-se de frente para o mar. Quando estava divagando olhando as ondas, percebeu que um rapaz sentado quase ao lado não parava de olhar na sua direção. Ela ficou sem jeito, mas viu que ele se levantou e veio sorrindo. O sol estava forte e ela não conseguia enxergá-lo direito. ‘Tâmara?’, ele falou. Ela imediatamente reconheceu a voz: ‘Miguel!’. Eles imediatamente se abraçaram e sentaram-se para conversar sobre a vida. Miguel segurou a mão de Tâmara e disse que não havia a esquecido. Ela se emocionou e uma lágrima de alegria correu pelo seu rosto. Miguel, que era mais velho que Tâmara, contou a novidade que estava trabalhando numa grande empresa e que iria ser transferido para a cidade que ela morava. Eles se abraçaram e se beijaram: era muita alegria, pois poderiam finalmente ficar juntos. Miguel convidou Tâmara para jantar fora à noite. Quando ele chegou diante da casa de praia, Tâmara ficou realmente feliz por ter reencontrado o seu querido namorado. Eles passaram um verão maravilhoso, se divertiram bastante e foram muito felizes. Quando voltaram para cidade não foi diferente. Eles eram realmente parecidos e compartilhavam suas idéias e sonhos. Passado alguns anos, eles fizeram uma pequena cerimônia para a família e amigos mais íntimos naquela praia onde se reencontraram. A lua de mel foi no hotel fazenda onde se conheceram pela primeira vez.

Uma história romântica e de Amor, como deve ser sempre!

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Guerra dos Sexos


Uma das coisas que acho mais tristes e que realmente me envergonho quando vejo é um homem humilhar de alguma forma uma mulher. Parece coisa da pré-história, mas isso acontece com mais freqüência que se possa imaginar. O porquê desse comportamento será sempre um enigma da psicanálise. Guerra dos sexos parece um termo do século passado para mim. Se formos analisar friamente, homens e mulheres têm capacidades iguais, modificando apenas alguns hormônios, estatura física e órgãos reprodutivos. Claro que trabalhos mais forçados, como em construções onde há uma necessidade de força muscular maior, os homens ganham das mulheres com vantagem. Contudo, intelectualmente isso não é verdade, pois vemos as universidades cheias de meninas com muitas aspirações para o futuro. Os rapazes também estão por lá obviamente, mas quando chego ao Campus onde trabalho e vejo esse quadro, penso que o amanhã será realmente promissor nesse aspecto. Desejo que as mulheres possam ser mais valorizadas pelo seu conhecimento e sua capacidade laborativa e caminhem lado a lado com os homens. Na ciência, que tenho maior convívio, mas também em outros setores da sociedade, vejo que se torna necessário buscar a luz do conhecimento trabalhando em equipe, homens e mulheres juntos. Trabalhar dessa maneira aprimora o resultado final do objetivo proposto e gratifica a todos que estão participando. Infelizmente, ainda temos um caminho relativamente longo a trilhar até alcançar esse estágio.

Outro aspecto que me incomoda bastante é quando uma mulher é tratada, de alguma forma, como um objeto sexual de um homem. Existem profissionais desse ramo como todos sabemos, mas essa foi uma opção que a pessoa fez em algum momento de sua vida e trata-se de uma forma de ganhar o seu sustento. Não se pode repreender uma escolha. Contudo, existem homens que tratam sua namorada ou esposa como se fosse um brinquedo sexual. Isso é realmente feio e degradante para um ser humano. O sexo é uma coisa muito boa e prazerosa e deve ser feito com carinho e Amor. Quando uma das partes se sente mal ou lesada de alguma forma é que certamente algo não está bem. Eu, que sou muito romântica como todos já sabem, não consigo me imaginar num jogo sexual sem nenhum Amor, como se fosse uma peça do jogo de xadrez. Pode ser que eu tenha visto filmes antigos e comédias românticas demais. Pode ser que eu seja a última a acreditar no Amor verdadeiro. Pode ser que eu seja a única a chorar todas as vezes que, na milionésima vez que passa a reprise de ‘Uma Linda Mulher’, o milionário bonzinho retira a prostituta das ruas. Ponto de vista de quem é irremediavelmente louca pelo Amor. Quisera outros homens bonzinhos salvassem mulheres que, mesmo não sendo efetivamente prostitutas, estejam sendo tratadas como tal. Quantas dores e lágrimas seriam evitadas!

O Amor é lindo, o sexo com Amor é sublime e o homem que olha uma mulher nos olhos e a valoriza como ser humano, como sua parte complementar e como sua consorte merece todo o meu respeito. Na vida, um dos momentos mais mágicos e intensos que se pode experimentar é quando encontramos o verdadeiro Amor. Ficar com alguém por ficar, como se vê tão costumeiramente as pessoas fazerem, pode trazer um prazer momentâneo e que não se compara em nada a estar junto de quem realmente se ama. Sei que sou apenas uma escritora de folhetim, mas se as moças e os rapazes resolvessem modificar um pouco suas escolhas e vivenciar o que tento expressar aqui, certamente o mundo seria um lugar mais feliz.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Pensamento & Pequeno Conto


Abstrair o pensamento e simplesmente filosofar um pouco a respeito da vida não é para muitos. Contudo, quando estou mergulhada nos meus próprios pensamentos a respeito dos temas que não se cansam de encher minha mente, creio que não devo estar sozinha a fazer isso nesse mundo afora. Podemos ver exemplos disto em vários filmes e livros. O somatório das obras dessas pessoas pode modificar, de alguma maneira, diversos conceitos na sociedade ou trazer algo de positivo e produtivo para quem acompanha seu trabalho. Escritores, em geral, são pessoas esquisitas que não se integram perfeitamente no contexto da sociedade, mas sonham muito: sonham por eles e pelos outros. Na realidade, dou o exemplo do escritor por me identificar, mas outros artistas, como compositores, também são assim. Honestamente, não vejo mal algum em imaginar um mundo perfeito, acreditar na paz e desejar que o Amor invada os corações das pessoas. Também não vejo mal em criar uma linda história, num belo local, com cores e sons, com final feliz e presença do Amor. Eu me sinto muito bem lendo coisas bonitas, lendo poesia, escutando boa música, vendo belos quadros. Creio que por isso me importo em escrever textos: para agradar aos outros.

Hoje pensando longe – já estava na Itália, em Toscana – lembrei de um filme antigo que gostei muito e se chama ‘Sob o Sol de Toscana’. A história é muito bonita, a protagonista é uma escritora e a idéia principal é a grande mudança que inesperadamente acontece em sua vida. Todos sabemos que a vida não é um mar de lágrimas e nem um circo de euforia, ou seja, não há alegria eterna e nem males que nunca acabem. As mudanças acontecem sempre ao seu tempo conforme um plano muito bem escrito por Deus. Ninguém ficou atrasado ou está enganado no seu caminho: cada ser humano é único e está vivendo sua vida conforme seu próprio destino.

Como fiquei inspirada com o tal filme, resolvi mudar o estilo literário hoje e escrever parte uma crônica (que termina aqui) e parte um conto.

Manuela estava na pequena sacada da casa centenária que dava de frente para o vinhedo de sua família. Ela era uma mulher morena, de olhos claros, cabelos crespos e muito bonita. Parecia muito com Sofia Loren quando jovem. Usava sempre vestidos que ela desenhava e costurava. Gostava de escrever e pintar belos quadros de paisagens locais. Certa vez, um mercador de vinhos leu uma poesia que Manuela deixara sobre a mesa do escritório de seu Pai. O homem ficou encantado e perguntou a ela se já havia publicado algo. Ela achou graça disso, pois escrevia por inspiração e criatividade. Ele reuniu uma série de poemas e levou para a cidade, disse que achava que poderia falar com o dono de uma editora. Ela achou pouco provável, mas aceitou a ajuda do homem. Passadas três semanas, o homem retornou triunfante com a notícia da publicação. Manuela ficou pasma, pois não esperava que isso acontecesse. Nesse dia, o homem encontrou Manuela pintando uma aquarela das vinhas do pai. Ele achou o trabalho muito bonito e perguntou se ela tinha outras. O homem gostou tanto que resolveu levar as aquarelas para fazer a ilustração do livro. Manuela ainda não estava acreditando muito na empolgação do homem, mas resolveu selecionar seus melhores trabalhos para que ele levasse.

Alguns meses depois, o homem retorna com uma caixa e coloca sobre a mesa da casa de Manuela. Ela sorri e abre devagar, aproveitando aquele momento. Quando ela viu vários exemplares do livro com seus poemas e ilustrações pronto, seus olhos se encheram de lágrimas e ela chorou de alegria escondendo o rosto com as mãos. O homem a abraçou e entregou um dos livros pedindo que ela olhasse. Ela se aproximou da janela onde estava mais claro, abriu as páginas vendo seus versos e suas aquarelas. Nesse instante uma pequena borboleta pousou na sua mão. Ela sorriu, e achou que se tratava de um sinal de sorte. Realmente, o sinal estava certo e o livro foi bem aceito pelo público. O editor pediu mais trabalhos e Manuela, aquela moça do interior, se tornou uma escritora. Coisas que apenas o destino é capaz de explicar.


Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

Todas as Formas de Amor


Elisandra conheceu Saulo numa festa: era verão, fazia muito calor, mas quando os olhares se cruzaram o tempo congelou. Eles dançaram juntos uma música muito agitada, que nenhum dos dois prestou atenção qual era, se olhando nos olhos como se fosse uma valsa antiga. Foi um momento realmente mágico para os dois. Um momento que ficaria para sempre em sua memória. Elis e Saulo namoraram, se amaram muito e, naturalmente, se casaram e tiveram filhos. O Amor deles se perpetuou nos seus corações e na sua família infinitamente.

Maria de Lourdes e César viveram, a princípio, aquele tipo de paixão arrebatadora. Algo tão intenso que pegou ambos desprevenidos. Em geral, pensamos que temos controle sobre o coração, mas as vezes ele pode pregar uma peça. No caso deles, o Amor chegou e assumiu o controle. Nenhum dos dois imaginava isso, mas aconteceu, foi real e mudou o rumo de suas vidas para sempre. Maria e César também se casaram e tiveram filhos. O Amor novamente se perpetuou pelas mãos de Deus.

Elisandra (aquela acima) tinha um primo que morava no Canadá: ele viria visitá-la em breve e, para tanto, Elis arrumou espaço no quarto de hóspedes. Quando ele chegou, os dois passearam pela cidade e se divertiram muito. Numa dessas voltas dos dois, Elis encontrou um grande amigo seu e o convidou para ir a uma festa com eles naquela noite. Elis notou que os dois rapazes trocaram olhares, achou graça e resolveu chamar o namorado (Saulo) para ir com ela na festa. Sim, o primo e o amigo começaram a namorar naquela noite mesmo e foram muito felizes. Elis, sem querer, foi o cupido.

Diana era uma garota que gostava de aventuras: adorava viajar, correr o mundo, fazer esportes radicais como rapel e ser livre. No auge de sua juventude ela já havia namorado dois garotos, mas não havia amado efetivamente nenhum deles. Numa ocasião entre amigos, Diana foi apresentada à Noemia, que era uma mulher mais velha que ela, mas que despertou o interesse da garota. As duas se tornaram instantaneamente grandes amigas e, dessa amizade, surgiu o grande Amor de Diana. Hoje, elas vivem juntas e são muito felizes.

Mistérios do Amor: jamais entenderemos completamente o que une uma alma a outra. Eu mesma já escrevi por aqui sobre almas gêmeas e essa pode ser uma explicação. Outra muito plausível seria o reencontro de espíritos que haviam sido casados ou grandes amantes em outras encarnações. Carma seria a terceira possibilidade. Citei nesse texto quatro exemplos de diferentes tipos de relacionamento, mas seja como for, seja no corpo de uma mulher ou de um homem, seja num relacionamento heterossexual ou homossexual, quando o Amor existe isso torna tudo realmente especial. Na minha singela forma de ver o mundo, penso que o certo seria que o Amor estivesse presente em todos os relacionamentos. Sei que isso é uma utopia da minha parte, mas não custa sonhar com dias mais bonitos e com o Amor presente nos corações e manifestando-se em todas as formas de Amor.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Infinito Amor


O sol bateu na janela de Lisandra naquela manhã de primavera. Ela abriu a janela e sorriu com a agradável vista do jardim todo florido. Colocou seu chapéu de palha, calçou as sandálias, pegou o regador e foi até lá, onde começou a aguar lindas margaridas que ela mesma havia plantado. Estava fazendo um dia fabuloso: os pássaros cantavam e as borboletas voavam livres pelas flores. Ela estava distraída e não percebeu a chegada de um homem no portão, que bateu palmas para chamar sua atenção. Ela se assustou um pouco e aproximou-se dele: nesse momento, quando olhou em seus olhos mergulhou naquele olhar e teve a nítida sensação que já o conhecia de muito tempo. Eles ficaram se olhando por alguns segundos sem falar nenhuma palavra. Ele ficou nitidamente transtornado também, mas decidiu dizer o porquê estava chamando sua atenção: pediu se ela poderia lhe oferecer um copo de água, pois estava com sede. Lisandra foi até o interior da casa e trouxe o copo d’água para o homem, que bebeu parecendo estar com muita sede. Ela observou a vestimenta do homem: estava empoeirada, mas tinha uma insígnia que ela desconhecia. Certamente viera de longe. Ele agradeceu e partiu. Lisandra ficou observando o desconhecido partir. Quando ele estava já montado no cavalo e um pouco distante, observou ele olhar para trás e disfarçou voltando para o jardim.

Algo de diferente acontecera com ela: seu peito disparou e suas mãos estavam suando frio. Ela esquecera de perguntar o nome dele e de onde vinha! Sentou perto de uma árvore e, meio tristonha, pensou que jamais o veria novamente. Seguiu cuidando de suas flores e sonhando com o homem misterioso durante aquele dia inteiro.

Fazia uma noite quente de verão e o castelo estava todo ornamentado para o grande baile que aconteceria em homenagem ao aniversário da princesa. Lisandra e sua família faziam parte da corte e, portanto, eram convidados. Ela colocou seu vestido azul Royal e enfeitou os cabelos com pequenas flores azuis e amarelas que ela mesma cultivara. Estava radiante como qualquer garota que está prestes a ir a um baile. Chegando ao castelo Lisandra encontrou suas amigas, e juntas subiram as escadarias que as levou ao salão de baile principal. Lisandra estava rindo do comentário de uma amiga e passando os olhos pelas pessoas quando percebeu que junto ao rei estava o forasteiro do outro dia. Seu sangue gelou e ela disfarçou o impacto como pode. Nesse momento, a orquestra começou a música: o maestro estava conduzindo uma belíssima valsa e os casais começaram a dançar harmonicamente no salão. Lisandra parou perto do balcão que dava para o jardim e ficou observando a lua. Nesse momento, sentiu alguém segurar seu braço. ‘Gostaria de dançar?’, ele perguntou sorrindo. Ela apenas consentiu com a cabeça e foram para a pista de dança. Aquele foi um momento mágico que ficará na memória dos dois para sempre. Seus olhos e suas almas se fundiram numa sensação que nenhum dos dois já havia vivenciado. Naquele momento, num baile, nasceu um grande Amor.

O forasteiro era um alto funcionário do exército que se mudou para a cidade. Ele pediu a mão de Lisandra em casamento logo que já estava vivendo no reino. O casamento aconteceu numa pequena capela decorada com as flores do jardim de Lisandra. O rei abençoou o casal e compareceu na cerimônia. Como nos contos de fada onde os amores são perfeitos, eles viveram felizes para sempre.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

terça-feira, 12 de abril de 2011

A Videira, o Manjericão e o Anjo


Salmo 80

1 Tu, que és pastor de Israel, dá ouvidos; tu, que guias a José como a um rebanho; tu, que te assentas entre os querubins, resplandece.
2 Perante Efraim, Benjamim e Manassés, desperta o teu poder, e vem salvar-nos.
3 Faze-nos voltar, ó Deus, e faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos.
4 O SENHOR Deus dos Exércitos, até quando te indignarás contra a oração do teu povo?
5 Tu os sustentas com pão de lágrimas, e lhes dás a beber lágrimas com abundância.
6 Tu nos pões em contendas com os nossos vizinhos, e os nossos inimigos zombam de nós entre si.
7 Faze-nos voltar, ó Deus dos Exércitos, e faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos.
8 Trouxeste uma vinha do Egito; lançaste fora os gentios, e a plantaste.
9 Preparaste-lhe lugar, e fizeste com que ela deitasse raízes, e encheu a terra.
10 Os montes foram cobertos da sua sombra, e os seus ramos se fizeram como os formosos cedros.
11 Ela estendeu a sua ramagem até ao mar, e os seus ramos até ao rio.
12 Por que quebraste então os seus valados, de modo que todos os que passam por ela a vindimam?
13 O javali da selva a devasta, e as feras do campo a devoram.
14 Oh! Deus dos Exércitos, volta-te, nós te rogamos, atende dos céus, e vê, e visita esta vide;
15 E a videira que a tua destra plantou, e o sarmento que fortificaste para ti.
16 Está queimada pelo fogo, está cortada; pereceu pela repreensão da tua face.
17 Seja a tua mão sobre o homem da tua destra, sobre o filho do homem, que fortificaste para ti.
18 Assim nós não te viraremos as costas; guarda-nos em vida, e invocaremos o teu nome.
19 Faze-nos voltar, SENHOR Deus dos Exércitos; faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos.


A Videira, o Manjericão e o Anjo

Maria Cristina era uma mulher simples que aprendera a lidar com a terra desde criança. Nascida na Itália, havia se mudado para o Brasil com a família para o cultivo de vinhas. O pai lhe ensinara que aquelas mudas de vinha que eles haviam trazido eram especiais e mereciam enorme cuidado para que germinassem e dessem bons frutos. Eles, então, iniciaram o cultivo que ofereceu muitas e excelentes safras ao longo dos anos. Passou-se o tempo e Maria Cristina ficou sozinha administrando a fazenda e o cultivo das vinhas. Ela seguia o método tradicional que dera bons resultados ao longo dos anos, contudo ela não esperava pelas situações que estavam por vir.

Em janeiro, época ideal para o plantio da vinha e quando o solo está mais seco, Maria Cristina buscando duplicar sua plantação, investiu quase todos seus recursos nesse objetivo. Tudo parecia em perfeita harmonia, quando uma forte chuva veio por sete dias consecutivos. Maria Cristina desesperou-se, pois não sabia ao certo se iria perder tudo com aquele aguaceiro todo. No oitavo dia, com uma fina chuva caindo sobre o rosto ela sentou ao lado de uma videira encharcada e chorou. Ela elevou o pensamento a Deus numa oração silenciosa mantendo seus olhos marejados de lágrimas na terra. Nesse momento, um anjo do Senhor apareceu resplandecente diante dela que ficou pasma com sua energia e luz. Ele falou dentro de sua mente orientando que em três dias as chuvas iriam cessar e que, nesse dia, ela deveria plantar uma muda de manjericão e cuidar tão bem como fazia com as vinhas. Ela achou aquilo muito curioso, mas seguiu a orientação do anjo. Ela sabia que o manjericão representava o amor, mas não entendia qual a relação disso com as suas videiras.

Passou-se o tempo e Maria Cristina cuidava das videiras e do manjericão conforme a orientação do anjo. Em uma ocasião, a empregada da fazenda mudou o vaso de manjericão para outra peça da casa, onde ficou escondido. Maria Cristina, que aguava o vaso sempre que passava por ele na cozinha, acabou esquecendo-se do mesmo. O pé de manjericão foi perdendo a força e secou numa sala escura sem que ninguém visse. Sete dias após a morte do pé de manjericão, um calor insuportável e um sol fortíssimo atingiram a região. Em um primeiro momento, Maria Cristina pensou que isso poderia ser bom para as videiras, mas no vigésimo segundo dia começou a ver rachaduras no solo, que começou a se parecer com um deserto. Maria Cristina desesperou-se novamente e chorou muitas lágrimas, que ao caírem no solo levantaram uma nuvem de fumaça: o anjo apareceu novamente. O anjo disse as seguintes palavras na sua mente: ‘Tua mãe era como uma videira plantada junto às águas; ela frutificou e encheu-se de ramos...Mas foi arrancada com furor...e agora está plantada no deserto...não há mais nela ramo forte, não há mais o Cetro real’ (Ezequiel 19:10). Maria Cristina perguntou, aos prantos, o que poderia fazer. O anjo a fitou com o olhar mais doce que ela já vira e disse que estava faltando Amor em tudo que ela fazia. Perguntou do manjericão e ela percebeu que havia se esquecido por completo. Ele disse que a raiz do manjericão ainda estava viva e pediu que ela plantasse junto a uma das videiras. As últimas palavras do anjo: 'Tudo o que está entre o céu e a Terra depende da fé e do Amor'.

Maria Cristina fez tudo como o anjo a ensinou: plantou a raiz que estava mesmo viva, começou a ter mais fé e acreditar no Amor. O pé de manjericão ficou enorme e deu origem a outros que ela plantou próximo às vinhas. Ela teve prosperidade nos negócios e no Amor: casou-se com um agricultor local. No buquê, além de flores, haviam generosos galhos de manjericão para nunca faltar o Amor entre eles.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O Olhar dos Bebês


Hoje vi muitos bebês por toda parte onde andei. Não sei se geralmente estou distraída e não os percebo, mas o fato é que todos eram lindos e pareciam anjos. Adoro crianças e isso é um fato, contudo não sei se um dia serei mãe efetivamente? Independente disso, uma coisa que sempre vem a minha mente é como esses bebês e futuras crianças serão educadas. Penso que eles serão o futuro de nosso país e do mundo que vivemos e, por isso, seria importante se preocupar com os princípios que serão transmitidos em casa e na escola. Eu, particularmente, sonho com um mundo onde haja mais amor verdadeiro, menos violência entre os homens, mais compreensão entre todos, mais perdão, menos vingança, mais felicidade e menos lutas por poder. Poderia enumerar muitas coisas importantes que poderiam ser mudadas, mas elas dariam o tamanho desse texto que escrevo. Dessa maneira, escolhi algumas que considero fundamentais.

Você já olhou nos olhos de um bebê alguma vez? O que vemos é um pedaço do céu: um olhar doce, sereno, alegre, verdadeiro e que não tem nenhuma maldade. É assim que Deus nos cria todos: somos parte da sua essência mais pura e, a cada vez que voltamos nesse planeta, ele nos dá mais uma chance de manifestar esse lado bom do nosso espírito. O que acontece com a maioria de nós, senão com todos, é perder esse lado puro e bom devido a nossa educação e ao convívio na sociedade. Os homens corrompem uns aos outros e acabam apagando a chama divina que mora no coração de todos. Muitas vezes, uma pessoa que era sensível, dócil e adorável pode, devido à ação da sociedade, se tornar fria, calculista e conseqüentemente muito triste. Como evitar isso? Bem, muitas vezes aproximando essa pessoa de alguém que manteve a chama de Deus ainda acesa no coração, para que ela possa recordar como era boa antes e como isso a fazia bem. Uma pessoa sempre pode ajudar outra a modificar-se. Por outro lado, existe aquela medida “preventiva” que seria adotar um padrão de comportamento diferenciado diante de um bebê de forma que ele pudesse ser orientado a amar, a respeitar seu semelhante, a acreditar em Deus, a ser correto nas suas atitudes, a não buscar a guerra ou desejar vingança, mas sim a paz em sua vida e na vida de todas as pessoas. Eu sei que pode parecer utopia, mas imaginem se grande parte das pessoas que têm bebês resolvessem fazer isso? Cedo ou tarde o planeta estaria povoado com pessoas mais brandas e sensíveis, que iriam buscar soluções mais lógicas e sem guerra, que iriam amar verdadeiramente a vida e seus semelhantes. Eu sei que parece a música do John Lennon e que estou imaginando demais, mas não custa sonhar com um mundo melhor para todos aqueles anjos que eu vi hoje.

Esqueci de falar de mim mesma: eu acredito que fui criança tempo demais e ainda continuo sendo. Contudo, o dia que eu deixar totalmente de ser criança vocês irão notar que minha prosa perderá o encanto, perderá a inocência e o Amor. Não quero perder isso. Não posso deixar o Amor de lado. Na realidade, tomara que essa escrita sirva para as crianças e que elas possam sonhar, assim como eu, com o Amor verdadeiro. Num mundo onde o Amor estiver presente nos corações e os amantes se olharem com verdade, num olhar puro e semelhante àquele que vimos nos bebês, certamente todos seremos naturalmente mais felizes.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

domingo, 10 de abril de 2011

Leitura Curta

FRANCISCO XAVIER
Bordeaux, 1861


14 – Que pensarão de mim, dizeis freqüentemente, se me recusar à reparação que me pedem, ou se eu não a pedir àquele que me ofendeu? Os loucos, como vós, os homens atrasados, vos censurarão; mas os esclarecidos pela flama do progresso intelectual e moral, dirão que agis segundo a verdadeira sabedoria. Refleti um pouco: por uma palavra, dita muitas vezes sem intenção, ou inteiramente inofensiva, por um de vossos irmãos, vosso orgulho se fere, respondeis de maneira áspera, e a provocação está feita. Antes de chegar ao momento decisivo, perguntai se estais agindo como cristão. Que contas prestareis à sociedade, se a privardes de um de seus membros? Pensai no remorso de haver roubado a uma mulher o seu marido, à mãe o seu filho, aos filhos o pai e com ele o seu sustento!

Certamente, aquele que ofendeu deve uma reparação. Mas não é muito mais honroso dá-la espontaneamente, reconhecendo os seus erros, do que expor a vida daquele que tem o direito de queixar-se? Quanto ao ofendido, convenho que pode, às vezes, sentir-se gravemente atingido, seja na sua própria pessoa, seja em relação aos que lhes são caros. Não é somente o amor próprio que está em causa; o coração foi magoado e ele sofre. Mas, além de ser estúpido jogar a vida contra um miserável capaz de infâmias, mesmo que mate a este, por acaso a afronta não subsiste, seja qual for? O sangue derramado não provocará maior alarde sobre um fato que, se falso, deve desaparecer por si mesmo, e se verdadeiro, deve ocultar-se no silêncio? Só restaria, pois, a satisfação da vingança praticada, triste satisfação que, freqüentemente, já nesta vida, deixa causticantes remorsos! E se for o ofendido quem sucumbe, onde está a reparação?

Quando a caridade for à regra de conduta dos homens, eles conformarão os seus atos e as suas palavras a esta máxima: Não façais aos outros o que não quereis que os outros vos façam. Então, sim, desaparecerão todas as causas de discórdias, e com elas, as causas dos duelos e das guerras, que são duelos entre povos (O Duelo – Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 12).

Uma ótima semana!

Eleonora Reis.

O Segredo


No pequeno povoado, milhas e milhas das grandes cidades, tudo parecia em absoluto e total equilíbrio. Todos os dias, as mulheres levantavam cedo para preparar o pão e ordenhar as vacas. Os homens partiam em direção aos campos para trabalhar nas plantações. As pequenas lojas e mercearias colocavam seus produtos na calçada da frente para atrair os clientes. As damas passeavam pela rua principal com seus chapéus importados e seus vestidos longos. Na frente da igreja, sempre havia alguma reunião de pessoas – mulheres que se encontravam ali e formavam associações para educar crianças ou fazerem algum curso de artesanato. O padre cedia o salão paroquial para essas finalidades. Muitos homens também tinham interessem em fazer estudos bíblicos, que eram feitos geralmente à noite com a orientação do padre. Numa dessas reuniões realizadas à noite, uma moça da aldeia chamada Carmem resolveu se colocar do lado de fora da janela e observar o que acontecia no interior do salão. Carmem era conhecida na cidade por ser extremamente religiosa desde tenra idade. Os poucos livros que conseguia adquirir, pois era muito pobre, eram sobre religião. Seus pais eram pessoas muitos simples do campo e, portanto, não entendiam o interesse da moça. Contudo, aquela foi uma noite muito diferente e especial: Carmem abriu um pouco a janela para ouvir as orações e começou a fazê-las junto. Ela era acostumada a rezar sozinha e na missa, mas naquele ritual eles estavam falando palavras que ela desconhecia. Como o padre também estava falando, ela repetiu ajoelhada na grama macia.

À medida que ela repetia as palavras, sua mente começou a entrar em um estado de consciência diferente, a moça começou a ter uma espécie de visão, algo muito estranho. Ela deitou-se na grama e fechou os olhos: ela mergulhou no passado e no presente, viu sua vida inteira passar como num filme, viu mulheres e homens que ela desconhecia e que pertenciam a terras distantes. Por último, viu a imagem de Cristo e chorou de emoção. Naquele instante, inexplicavelmente, uma palmeira dentro do recinto onde estavam os homens pegou fogo. Foi uma correria dentro da igreja para que aquilo não virasse um incêndio. Um dos homens foi abrir as janelas para escape da fumaça e viu a jovem desacordada e caída do lado de fora. Ele alarmou a todos e o padre foi pessoalmente ver do que se tratava. Chegando no local, percebeu que a moça segurava uma bíblia marcada na leitura que eles faziam aquela noite, tinha um pouco de fuligem no rosto e uma pequena queimadura, que olhando bem de perto parecia uma cruz em forma de “X”. Ela abriu os olhos e o padre levou um susto. Ela balbuciou que precisava de água. Os homens foram buscar um copo, mas não foi suficiente. Ela pedia por água e gelo. Ela bebeu muita água na frente de todos e só então disse quem era e desculpou-se do padre por espiar. Os homens apenas se olharam.

O padre convidou, em segredo, a moça para participar das reuniões. Ele estava se arriscando, mas sabia que certas regras podem ser quebradas em alguns casos. A moça leu muitos livros que o padre recomendou. Ela ensinava aos homens muitas coisas também, pois tinha um conhecimento natural e intuitivo. No povoado, como era de se esperar, todos ficaram sabendo do incêndio. Contudo, ninguém jamais comentava.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

sábado, 9 de abril de 2011

O Canto da Sereia


Um viajante do deserto estava caminhando longos e longos dias sozinho por novos caminhos que escolhera seguir. Levava na mão um cajado e vivia mergulhado em seus próprios pensamentos. Um certo dia, começou a perceber que a vegetação começava a mudar e sentiu no vento uma espécie de aroma que ele não conhecia. À medida que ele avançava, a brisa ficava mais forte, assim como aquele desconhecido aroma. Começou então a escutar estrondos no vento: um barulho alto e forte de algo em movimento. Teve medo no princípio e pensou em voltar para o deserto que conhecia como a palma de sua mão. Mas a curiosidade foi maior e ele sentiu que queria saber o que havia mais adiante. Quando o som estava mais alto do que nunca e a brisa trazia uma umidade forte ele escutou um canto. Era um canto agudo e doce, quase lamurioso na voz de uma mulher. Ele, que era um homem controlado e não se deixava levar por sentimentos, ficou abalado com aquele canto. Quem seria a dona daquela voz? Buscando essa resposta, o viajante começou a caminhar mais rápido escutando o canto ficar cada vez mais forte.

Chegou, enfim, numa paisagem que o deslumbrou: tratava-se de uma imensidão de água azul que estava em movimento pela ação do vento. Ele sentou-se por um instante para admirar aquela visão tão diferente do deserto que conhecia. Naquele instante, escutou novamente a voz, agora muito alta e clara. Olhou para uma pedra próxima e viu uma bela mulher cantando e olhando o mar. Ele ficou muito curioso e resolveu aproximar-se para conhecer a dona da voz que ouvira de tão longe. Quando ele aproximou-se, ela imediatamente sentiu sua presença e parou o canto um pouco assustada. Ele assustou-se mais ainda quando percebeu que a mulher possuía um corpo de peixe da cintura para baixo. Ela sorriu e ele ficou sem jeito. Ela perguntou o que um viajante do deserto fazia na praia: ele disse que escutara seu canto e que gostara muito. Ela sorriu e disse que ele poderia escutar sempre que quiser, pois ela cantava para ajudar um pescador chamando os peixes para a sua pescaria. Nesse instante, um barco de pesca se aproximou da costa: o pescador acenou para a sereia mostrando o resultado da pesca daquele dia. Ele desceu do barco e cumprimentou a sereia, que apresentou o amigo ao pescador. Eles apertaram as mãos e o pescador convidou o novo amigo para dar uma volta de barco enquanto deixava a sereia em mar aberto. O viajante teve receio de entrar naquela imensidão de água, mas aceitou o convite. A sereia ficou feliz de ver os dois amigos se entendendo.

Na parte mais profunda do mar a sereia pediu para parar o barco, deu uma pérola para cada um de seus amigos de presente, despediu-se e mergulhou nas profundezas. Ambos sorriram e voltaram para a costa. Descendo do barco, o viajante do deserto despediu-se do novo amigo prometendo voltar ali mais vezes quando estivesse passando pela praia. O pescador disse que ele seria sempre muito bem-vindo.

O viajante seguiu sua caminhada com o aroma da maresia em suas narinas. Quando estava sozinho no deserto, principalmente à noite, ele segurava aquela pérola que a sereia havia lhe dado e lembrava do seu canto. Ele não era dado a sentimentos, mas ficara encantado com a voz e a beleza da sereia. Como ela não era humana, cabia a ele apenas sonhar.

O viajante voltou à praia algumas vezes e até ajudou o pescador na pescaria. A sereia aparecia sempre para ajudar: cantava do barco ou das pedras e atraía os peixes para o pescador. Assim, formou-se uma bela e duradoura amizade entre eles: diferenças à parte e tendo o mar como testemunha.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.