'Para desvendar a vida não bastam as ciências, são necessárias também as letras e as artes. E para viver a vida verdadeira, a vida por inteiro, é preciso a ela entregar-se com amor e paixão'.


quinta-feira, 30 de junho de 2011

Para Crianças: As Duas Torres


Anualmente, acontecia uma disputa acirrada no Império de Confins do Mundo. A cidade era dividida em duas torres, que correspondiam aos dois reinos: Azuis e Vermelhos. Essa competição costumava parar a cidade e atraia viajantes de muitas localidades que faziam questão de vir para assistir o confronto. Contudo, se vocês estão imaginando que se trata de uma batalha entre guerreiros estão completamente enganados. Os representantes dos dois reinos são duas crianças, na realidade, duas meninas.

Tudo é arrumado para que as crianças consigam num período de 11h desvendar o labirinto que está diante do castelo da cidade e levar a bandeira de seu reino até o Imperador. Na trajetória que deve ser percorrida existem muitos obstáculos e um relojoeiro acompanha cada participante, mas não tem permissão de ajudá-la. Ele vai junto apenas para alertar a hora certa.

Nesse ano, as participantes eram duas garotas chamadas Alice e Morphea respectivamente. Todos estavam apostando em Alice, pois era uma garota atlética e rápida de uma forma geral. Morphea era uma garota mais intelectual, além de ser mais lenta, pois passara um bom tempo da sua infância apenas sonhando. Muitos achavam que ela não chegaria nem ao meio do labirinto. Independente da opinião das pessoas, no momento da largada lá estavam os quatro: Alice e o relojoeiro vermelho, Morphea e o relojoeiro azul. Nesse instante um canguru maluco pulou alto e um coelho saltou de dentro da bolsa disparando um tiro de festim e confete: estava dada a largada!

Alice era dona de uma personalidade extremamente competitiva: para ela não havia meio termo, era ganhar ou ganhar. Ela não admitia perder ou sequer pensar nisso. Achava que seria moleza ganhar da sonhadora, pois tinha o corpo fino e rápido. Olhou o relojoeiro e achou ele um traste que só iria atrasá-la. Decidiu perguntar as horas: “– Treze para as onze. ’, ele respondeu calmamente. “- O que!!?? Vamos mais rápido! Estranho...pensei que recém havíamos iniciado o percurso?!”, nesse momento ela por distração pisou em falso e caiu numa armadilha: um buraco cheio de uma erva com poderes muito fortes que provocava inclusive alucinação. Alice alucinou e logo entrou num transe semelhante a um sono. O relojoeiro, que não podia ajudar, apenas sentou e esperou.

Morphea era uma criança calma. Calma até demais para muitos. O fato é que ela pensava antes de agir: usava mais a razão à emoção. Dessa maneira, conseguiu desviar de várias armadilhas do caminho e estava indo muito bem no percurso do labirinto. Num dado momento, ela indagou as horas para o seu relojoeiro: “- Treze para as onze.” , ele respondeu sonoramente. “-Como?!”, perguntou ela incrédula. “-Deixe-me ver esse relógio!”. “-Não posso! Ordens são ordens!” disse ele sacudindo a cabeça. “- Pois acho que você está mentindo e vou desconsiderar a informação.”, disse ela muito brava. Seguiu caminhando na mesma velocidade. Nesse momento, Morphea avistou o relojoeiro vermelho sentado na frente de um buraco. “- O que faz aqui?” indagou ela. “– Não posso fazer nada, ela caiu!”. Diante disso ela achou que devia tomar uma atitude, afinal a garota estava em sono alucinógeno profundo e ela conhecia bem os danos disso. Pegou os dois relojoeiros pelos colarinhos e disse firme: “– Se vocês não ajudarem, mando cortarem a garganta de ambos quando chegarmos, pois sou filha do Rei Azul! Ela precisa de ajuda urgente!”. Os dois, apavorados, retiraram a garota do buraco e Morphea a carregou nos braços por todo o labirinto.

Quando chegou diante do Imperador de Confins do Mundo com a outra competidora nos braços e com as duas bandeiras ele imediatamente decidiu que a Torre Azul era a vencedora. Contudo, Morphea não aceitou, pois sabia que a adversária já estava quase alcançando o final do labirinto quando caiu. Naquele ano, as Torres Azul e Vermelha festejaram juntas e Alice ficou profundamente agradecida a Morphea. Sendo assim, viraram amigas e esqueceram as diferenças entre os dois reinos.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Para Crianças: Burning Boy


Burning Boy era uma criança muito diferente das demais: suas costas passavam o dia todo queimando. Além disso, tinha os sentidos mais aguçados que a maioria e costumava beber muita água. Durante a noite, Burning Boy apagava e virava cinzas. Muitas vezes ele fazia xixi na cama por conta do fogo que ficava exposto durante todo o dia.

Ser assim, tão diferente dos demais, tinha um custo alto. As crianças riam muito dele e faziam piada do seu fogo. Na realidade, a maioria tinha medo de se aproximar e se queimar. Dessa maneira, Burning Boy era uma criatura solitária e triste. Muitas vezes, ele chorava sozinho no seu travesseiro à noite. A regeição é uma das piores coisas que se pode enfrentar na vida, mas ele estava tendo que se acostumar com isso. Não existiam outros como ele e, dessa maneira, a vida escolhera por si a solidão como único caminho ao pobre garotinho.

Certa vez, estava passando na frente da casa de uma das suas colegas e percebeu fumaça na janela do quarto dela. Em seguida, ouviu gritos de socorro de dentro do quarto e avistou a garota na janela com labaredas por de traz. “– Socorro Burning! Me Ajude!”, ela gritou em desespero. Naquele momento, ele sentiu algo muito diferente: uma espécie de transformação em seu corpo seguida de uma dor intensa. Imediatamente, asas de fogo apareceram nas costas do garoto e ele voou e salvou sua colega.

Quando os bombeiros chegaram, Burning Boy percebeu que existiam outros anjos da guarda de fogo iguais a ele e sentiu-se muito feliz. A garota, por sua vez, espalhou para toda a escola que Burning Boy era, na realidade, um anjo. Após aquele dia todos o aclamaram pela sua façanha.

Burning Boy foi convidado a trabalhar, nas horas vagas, nos bombeiros e aceitou. Assim, ficou perto daqueles que eram como ele e, dessa maneira, sentiu-se incluso e útil na sociedade.

Na vida, nem todos são iguais e aqueles que possuem habilidades especiais devem ser inclusos e valorizados para cumprirem com os seus próprios destinos.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.