'Para desvendar a vida não bastam as ciências, são necessárias também as letras e as artes. E para viver a vida verdadeira, a vida por inteiro, é preciso a ela entregar-se com amor e paixão'.


quinta-feira, 29 de julho de 2010

A Redação de Lucas


Lucas é um menino de nove anos que vive na região metropolitana de uma grande cidade. Ele vem de uma família de pequenos agricultores que sobrevivem tirando o sustento da terra. Parte do que é plantado é comercializado e a outra parte é para a alimentação da própria família. Lucas está na terceira série do ensino fundamental e sua professora pediu que todos os alunos escrevessem uma pequena redação sobre o meio ambiente. Lucas pegou seu caderno e seu lápis e foi sentar-se numa pedra na lateral da propriedade da família. Ele visualizou os campos cheios de plantações e alguns com a terra ainda revolvida pelo arado. Olhou para além da cerca que demarcava o terreno da família e viu um quadro bem diferente: um aterro sanitário com enormes depósitos de lixo. Lucas inspirou o ar e sentiu a mistura do cheiro de terra recém revolvida, gás e mau cheiro do lixo. Ele já estava acostumado com isso, pois vivera a vida toda ali. Ele coçou a cabeça, olhou a sua volta e começou a escrever o seguinte texto:

‘Meio Ambiente

Meu Pai tem uma plantação muito bonita. Plantamos batatas, cebolas, abóboras e muitas coisas boas. A terra sempre nos dá boa colheita. Aqui em casa é um lugar cheio de árvores de frutas, bichos e coisas do meio ambiente. Por isso vim aqui na rua pra escrever. Pena que aqui do lado de casa tem um lixão. Sempre aparece uma água escura* (*chorume) aqui perto da nossa plantação. Aquela água tem um cheiro muito ruim e o Pai coloca terra sobre ela pra sumir. Quando chove a gente não vê essa água, acho que a chuva leva embora. Não gosto quando ela aparece aqui em casa. O lixão estraga a vista da gente. Lá eles despejam de tudo: eu ja vi ali comida, pneus, coisas de hospital com sangue e até um monte de remédios dentro das caixas uma vez. Peguei um e trouxe pra casa pra mostrar pra Mãe. Ela bateu na minha mão e disse pra mim sair de perto do lixão. Acho que é bom mesmo. Uma vez um menino ali do sítio do lado viu até uma perna de gente no lixão. Eu fiquei com medo de ver isso. Mesmo assim, eu sou curioso e vou lá sem o Pai ver. No lixão também tem uns fogos que ficam queimando. A Mãe disse que eu posso me queimar lá. Acho o cheiro muito ruim e quando eu vou lá é mais forte. Eu não gosto de quase nada de lá, mas as vezes eu já encontrei brinquedos. Eu escondo do Pai e da Mãe pra poder brincar. Fora isso, podiam pedir pra acabar com esse lixão. Acho que o meio ambiente aqui de perto seria melhor sem ele.’


Lucas fechou o caderno e voltou para dentro de casa com o sol se pondo. Ele fizera sua lição do dia e abordou um tema de extrema importância que deveria ser analisado pelas mentes mais influentes da nação. Muito já foi modificado no comportamento das pessoas com relação a seleção do lixo dentro das próprias casas. Contudo, os aterros sanitários ainda são um problema e, principalmente, o efeito dos mesmos no meio ambiente. Diferentes soluções como incineradores e usinas de compostagem são algumas alternativas. Creio que autoridades nesse assunto podem sugerir melhores saídas. O fato é que toneladas de lixo forma-se todos os dias e, cedou ou tarde, todos nós estaremos vivendo como Lucas: ao lado do lixão. Melhor tomar alguma iniciativa antes que isso aconteça.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

domingo, 25 de julho de 2010

Reconstrução do Amor


Salmo 8
‘O SENHOR, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra, pois puseste a tua glória sobre os céus!
Tu ordenaste força da boca das crianças e dos que mamam, por causa dos teus inimigos, para fazer calar ao inimigo e ao vingador.
Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste;
Que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites?
Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste.
Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés:
Todas as ovelhas e bois, assim como os animais do campo,
As aves dos céus, e os peixes do mar, e tudo o que passa pelas veredas dos mares.
O SENHOR, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome sobre toda a terra!’


Reconstrução do Amor

Passado e presente misturavam-se como num turbilhão de emoções e sentimentos na mente de Clara. Deitada em seu quarto ela viu passar na tela da memória momentos felizes e outros nem tanto. Viu pessoas que entraram e sairam de sua vida sem ao menos dizer adeus. Viu amores que foram tão lindos e importantes, que encheram de alegria sua existência em tempos diferentes. Começou a pensar no Amor e no sentido dele. Para Clara Amar era como uma sinfonia: algo complexo que precisa acontecer de forma ordenada e harmônica para que saia realmente bonito. Ela era uma mulher que, embora já tivesse amado algumas vezes, permanecia com o coração puro e sonhava com o Amor verdadeiro. Clara pensou que ela era, talvés, uma alienígena no meio da sociedade. Ela observava o comportamento adotado pela maioria das pessoas em relação aos relacionamentos e ao sexo e ficava, muitas vezes, assombrada. Certa vez, ela lembrou, recebera um telefonema no meio da madrugada de um amigo a convidando para ‘passar a noite’ com ele. Ela, naturalmente, respondeu que não. Contudo, não dormiu mais naquela noite e ficou pensando se o Amor estava assim tão descartável na mente das pessoas. Na sua concepção, ela costumava sair com o pretendente algumas vezes até que começassem a trocar beijos e carinhos, namorar efetivamente e, quando o laço afetivo já estava mais sólido, então partiriam para o sexo, que seria feito com envolvimento emocional. Achava essa uma sequência natural. Todavia, observava que a ordem estava trocada agora: sexo primeiro e se acontecer o Amor que venha depois. Achava isso triste e frio. Mas, era apenas uma alienígena entre tantos homens e mulheres seguidores desse pensamento. Cada um sabe o que é certo ou errado para si.

Clara sabia que independente da sociedade, ainda assim acreditaria no Amor verdadeiro. Ela não pretendia ser exemplo de nada, apenas sentia no seu íntimo que tinha que ser honesta consigo mesma. Amar e ser amada em resposta é o que ela desejava. Construir um relacionamento sólido era um de seus objetivos de vida. O Amor é infinito enquanto dura, como diz o poeta, e perfeito quando correspondido. Viver no mundo real um romance de sonhos deveria ser o desejo de toda mulher. Encontrar a mulher de seus sonhos deveria ser o que todo homem deveria buscar. Pode parecer final feliz de comédia romântica, mas garanto que com mais Amor em suas vidas as pessoas se tornariam menos amargas e hipócritas. Amor e felicidade andam juntos e de mãos dadas. Clara escolheu viver de acordo com os ideais de seu coração. Admiro o pensamento dela e, honestamente, torço para que outras pessoas escolham um caminho parecido. O Amor verdadeiro pode parecer fraco demais nos dias de hoje, mas garanto que ele ainda tem uma força descomunal que o torna soberano.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis
eleonora.reis7@gmail.com

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Mulher


‘Salmo 23
O Senhor é o meu Pastor, nada me faltará.
Deitar-me faz em verdes pastos,
guia-me mansamente às águas tranquilas;
Refrigera a minha alma,
guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome,
Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte
não temeria mal algum, porque tu estás comigo,
a tua vara e o teu cajado me consolam;
Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos,
unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda;
Certamente que a bondade e a misericórdia
me seguirão todos os dias de minha vida,
e habitarei na casa do Senhor por longos dias. ‘


Mulher

Ela é simples e caminha suavemente entre os rebanhos de ovelhas.
Ela é bela e vaidosa: usa o espelho para admirar-se.
Ela é pura e traz no peito um coração verdadeiro e bom.
Ela é nobre e caminha alegremente num jardim de flores multicoloridas.
Ela é forte e enfrenta com coragem as vicissitudes da vida.
Ela é penitente de seus próprios erros.
Ela é mãe que zelosa cuida de seus filhos.
Ela é amante que encontrou sua outra parte.
Ela tem fé que é distribuída através de palavras de Amor.
Ela é feliz quando passeia com os pés descalços na beira do mar.
Ela é...MULHER.

Apenas uma Mulher


Já passavam das 5h da manhã, no final de uma grande festa que estava acontecendo na sua própria casa quando ela ouviu os gritos de seu marido completamente bêbado esbravejando contra ela. Ele a pegou pelo braço, abriu a porta da casa e a jogou para fora junto com um casaco de frio e mais nada. Ela ouviu ele bater a porta e a trancar por dentro. Ela levantou-se ainda um pouco tonta, ajeitou o vestido vermelho que ficara um pouco sujo com a queda, colocou o casaco por cima e decidiu caminhar um pouco para escapar do sofrimento. Ela fechou o casaco e colocou as mãos nos bolsos devido ao frio daquela madrugada. Andando pelas ruas, via as pessoas olharem para ela incrédulas: uma mulher num vestido de festa vermelho andando sozinha sem nenhum destino aquela hora não podia ser boa coisa. Muitos pensavam o pior dela. A realidade é que, naquele exato momento da vida, ela não tinha mais absolutamente nada: sem dinheiro, sem telefone, sem local para ir, sem ninguém. Sua família era do interior e na cidade grande tinha poucos conhecidos. Ela sentiu cansaço nas pernas devido ao salto alto: entrou numa estação de metrô e sentou-se encolhida no chão num canto. Ali, enrolada no único abrigo que tinha que era o seu velho casaco, ela viu passar um filme na sua mente contando a sua própria vida. Ela chorou quando chegou ao momento presente, no qual o destino foi tão injusto. Aliás, pensou que o destino só é justo com os justos da Terra. Não era o seu caso. Ela era apenas uma mulher com sonhos e ideais como qualquer outra do planeta. Agarrou os joelhos com os braços e encostou a cabeça fechando os olhos. Elevou o pensamento a Deus pedindo ajuda por estar cansada demais para tomar uma iniciativa. Sentiu que com o aumento do volume de pessoas na estação muitas passavam e a chutavam como se ela não fosse sequer humana. Outros simplesmente a olhavam com desprezo pensando que ela fosse uma prostituta. Ela estava se sentindo tão humilhada e desprezada que apenas fechava os olhos, chorava e rezava.

Sentiu alguém bater em seu ombro: ela recuou assustada acreditando que fosse ser agredida novamente. Olhou e viu um homem com uma fisionomia calma a olhando com preocupação. ‘O que houve senhorita? Porque está aqui nesse local, onde as pessoas estão inclusive a machucando?’. Ela contou sua história e disse que, naquele momento, não tinha mais para onde ir. Ele a levantou do chão e disse que um casamento não se acaba assim enxotando uma pessoa da sua própria casa. Ele disse que a acompanharia de volta à casa para dar apoio e que esperaria do lado de fora até que ela conversasse com o marido, entrasse num acordo, pegasse suas roupas e algum dinheiro para poder alugar pelo menos um quarto de hotel para recomeçar a vida. Ele alertou que caso o marido fosse agressivo com ela, que ele estaria ali e que ela gritasse pelo seu nome. E foi assim, escoltada por um nobre e bondoso desconhecido, que a pobre moça juntou o resto de dignidade que tinha e arrumou a bagunça que estava dentro da sua vida. Saiu de casa levando suas malas e o sonho de que a vida certamente abriria uma porta melhor do que aquela, onde ela encontraria verdade, paz e um grande Amor. Aquele homem foi o primeiro amigo que ela fez na sua nova jornada e, a ele, ela sabe que será eternamente grata. No seu íntimo ela confia que a esperança de dias melhores está embasada nas palavras do Cristo ‘Todo aquele que se rebaixa será elevado e todo aquele que se eleva será rebaixado.’

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

sábado, 17 de julho de 2010

Entrevista com o Pescador


Maritza era aquele tipo de mulher que vivia a vida em função do trabalho: ela era uma jornalista de renome que havia ficado viúva muito jovem e não tivera filhos. Certa vez, suas férias foram adiantadas para melhor atender as necessidades da redação e ela, pega de surpresa, comprou um pacote de última hora para Fortaleza. Nenhum de seus amigos poderiam tirar férias em setembro para acompanhá-la, o que fez com que ela viajasse sozinha. Mas Maritza era muito prática e estava mesmo pensando em buscar inspiração para escrever um livro nessa viajem. Pegou sua mala, seu notebook e foi em direção aos trópicos. Lá chegando, colocou um vestido verde claro muito confortável, um chapéu de palha e foi beber água de coco num bar à beira mar. Ela levou o jornal do dia e um caderno de anotações caso tivesse alguma idéia no passeio. Estava distraída lendo as notícias e sentindo a suave brisa marinha quando ouviu o motor de um barco se aproximar do píer que estava a apenas alguns metros dela. Tratava-se de um barco de pesca de médio porte que estava retornando da jornada diária. Haviam vários homens trabalhando e retirando caixas de peixes da embarcação, mas Maritza observou um homem bronzeado de sol, de estatura alta, cabelos relativamente longos, claros e um pouco desalinhados devido ao vento que estava sentando na parte da frente do barco lendo um livro. No final do trabalho, ele se juntou aos outros, deu várias instruções, apontou para uma direção no mar, sorriu gentilmente e apertou a mão de todos. Depois, o homem voltou para a embarcação e para o seu livro enquanto todos foram embora. Maritza ficou muito curiosa a respeito daquele pescador intelectual que acabara de avistar e ficou mesmo interessada em que livro ele estava lendo. Como jornalista achou que ele daria uma boa história e como mulher achou ele realmente atraente. Quase instintivamente antes de deixar o bar, ela perguntou ao atendente que horas pela manhã os pescadores partiam para alto mar. O rapaz disse que em geral às 5 horas da manhã. Ela agradeceu com um gesto e resolveu passar perto do píer. Caminhando devagar, Maritza passou ao lado do barco do pescador, que estava absorvido na leitura. Ele sentiu o olhar e virou-se na direção dela. Ela sorriu e seguiu caminhando, enquanto ele a cumprimentava com a cabeça. Apesar de estar acostumada a abordar pessoas para suas matérias, dessa vez ela preferiu observar um pouco mais.

Parecia loucura, mas às 4h30min da manhã Maritza estava levantando para ir até o píer munida de um livro de anotações, câmera fotográfica e idéias sobre qual seria a história daquele homem. Chegando lá viu os homens reunidos junto dele conversando e se divertindo antes de sair para o trabalho. Ela pensou ‘momento de descontração oportuno’ e chegou de mansinho. ‘Bom dia, sou jornalista e não pude deixar de notar seu interesse por livros. Gostaria de ser entrevistado e falar um pouco sobre isso? Trabalho para um jornal de grande tiragem de São Paulo.’ O homem sorriu gentilmente e de forma muito educada respondeu: ‘Estamos de partida senhorita, mas se quiser nos acompanhar na jornada de hoje poderei responder as suas perguntas com muito gosto.’ Maritza jogou sua bolsa dentro do barco e pulou sem pensar duas vezes. Além da aventura de participar de uma pescaria, ela queria conhecer aquela figura tão simples e nobre ao mesmo tempo. Durante aquele dia, Maritza descobriu que o homem era, na realidade, um filósofo graduado em uma Universidade de renome no país. Ele contou que à medida que foi se aprofundando nos seus estudos resolveu viver de uma forma mais simples e saudável. Disse também que a pesca era um hobby que acabou virando sua fonte de renda. Maritza ficou encantada com a calma com que ele falava e a paz que ele transmitia. Quando viu o sol se pondo no horizonte, ela sentiu que não queria mais ficar longe daquela pessoa tão maravilhosa. Enquanto os homens descarregavam o barco, Maritza estava tentando pular para fora quando ele estendeu a mão para ajudá-la. Eles se olharam num momento tão mágico que até as estrelas brilharam com maior intensidade no céu. O pescador convidou Maritza para jantarem juntos naquela noite: ele preparou um peixe da pescaria e beberam um bom vinho que ela trouxe. O luar foi testemunha do Amor que surgiu entre eles. Em poucos meses, Maritza mudou-se para Fortaleza, foi morar junto do seu Amor no barco e começou a escrever um livro sobre o meu tema favorito: o Amor.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis@gmail.com

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Cartas para o Amor


A brisa marinha beijava seu rosto e desalinhava seus cabelos num dia frio de sol. Sentada sobre uma pedra e apoiando sobre o colo seu pequeno livro de anotações, Julia tinha suas idéias bastante conturbadas e cheias de dúvidas. O mar estava absolutamente calmo, mas dentro dela havia um maremoto descontrolado. Ela passou a mão nos cabelos e escreveu rapidamente: ‘Não importa quanto tempo passe, não importa que a primavera chegue novamente, não importa onde você esteja: nada irá mudar o Amor que sinto por você.’ Ela olhou pro céu azul e deixou correr uma lágrima de tristeza e saudade. Passou a mão sobre o ventre e sentiu a vida que crescia ali dentro. Falou baixinho: ‘Esse é o fruto do verdadeiro Amor’. Julia teve que se separar do seu amado por conta da guerra que aconteceu no início do século passado. Naquele tempo, as comunicações eram muito precárias e as cartas se perdiam ou não eram entregues muitas vezes. Já havia alguns meses que ela não recebia nenhuma carta dele e todos já estavam pensando o pior. Uma amiga chegou a dizer para ela esquecer tudo isso, viver a vida que continuava e de dedicar ao filho que ela estava gerando. Ela concordava, mas todas as noites ela escrevia no seu livro coisas a respeito do Amor, pois isso fazia com que ela se sentisse mais próxima dele. Ela escrevia cartas também, mesmo sabendo que possivelmente não haveria resposta. Escrevia, chorava, sofria por Amor. Infelizmente, o Amor pode causar esses efeitos físicos quando somos privados dele. Por outro lado, ela escreveu as coisas mais lindas e puras nessas noites em que estava somente ela, o livro e a pena. Ela escreveu certa vez: ‘O Amor que sinto vai além da distância que um navegador avista na linha do horizonte. Maior que o oceano inteiro. Maior que o planeta em que vivemos. Esse sentimento me preenche por completo e me dá coragem para seguir no caminho. Sei que o Amor vence as maiores barreiras e é capaz de mudar o destino de uma pessoa. O Amor mudou o meu destino e o curso de minha existência. O Amor me curou quando estive doente. O Amor me traz alegria e fé. Às vezes, sofro também por Amor, mas somente devido à incerteza de que poderei estar em seus braços novamente.’ E numa carta ao amado ela escreveu: ‘Hoje, lembrei daquela noite especial em que você me tratou como uma princesa e me deu de presente o anel que jamais tirei do dedo. Sempre que olho o anel lembro que ele representa uma união que vai além do entendimento das pessoas. Representa nossa união eterna.’

Esse livro que ela escrevia eram suas memórias mais íntimas, mas algumas vezes uma amiga lia e ficava realmente encantada com as palavras doces que ela usava. Achavam mesmo que tratava-se de um Amor memorável, embora não tivessem certeza de que o amado estava vivo. Certo dia, sentada numa cadeira no jardim que fora plantado na frente da casa, Julia ouvi alguém gritar seu nome. Estava um pouco distraída em seus pensamentos, mas logo ouviu de novo. Levantou-se com dificuldade devido aos 8 meses de gestação e foi até o portão. Era o mensageiro com uma carta de seu Amor. Ela ficou paralisada diante da carta e não sabia ao certo se devia abrir, mas reconheceu logo a caligrafia. Foi de volta para o jardim, sentou-se na cadeira e abriu a carta devagar: queria saborear cada palavra que ele havia escrito e sentir a presença dele através delas. Ele contou que estivera ferido, que perdeu muito sangue e que quase havia morrido. Ele fez questão de mencionar que um grande amigo que fizera nos campos de batalha ia, todas as noites, quando ele estava na enfermaria desacordado e lia alguma carta nova e todas as outras cartas que ela havia enviado. Todos perceberam que a recuperação dele melhorava com isso. Todos queriam conhecer a dona dessas idéias que foram como um bálsamo para ele e pediam que enviasse um retrato. Além disso, ele disse que o retrato ia ajudar a superar a saudade dele durante a viagem, pois logo estará retornando de volta para casa. Sobre o filho, ele prometeu que estaria presente durante o parto. Não preciso dizer que a alegria invadiu o coração de Julia. Depois de toda a tormenta ela teve a certeza de que o mais importante na vida é o Amor.

Muito Amor para todos!

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

domingo, 11 de julho de 2010

Ponto de Vista sobre o Amor


A opinião das pessoas é mesmo intrigante. Falando sobre Amor, certo dia ouvi alguém afirmar que ‘Amor perfeito não existe’. Outra pessoa largou a pérola que ‘Amor romântico acontece apenas na juventude ou nos filmes, pois na maturidade outras coisas são mais importantes’. Eu escutei com a minha melhor máscara de paisagem e não falei nada. Mas acho que tamanhas bobagens merecem uma boa resposta. Quem não acredita que um Amor pode ser perfeito, ou beirar a perfeição, jamais sequer Amou. Para essas pessoas meus pêsames e minha compaixão, visto que perderam uma existência inteira sem conhecer a bela face do Amor. A perfeição do Amor está principalmente nos pequenos detalhes que ligam duas almas: no carinho, na amizade, no respeito, no afeto, na verdade e no desejo. Querer sem segundas intenções, querer por simplesmente amar, querer e não agüentar viver sem. Isso une dois corações mais do que qualquer outra coisa que esteja em primeiro plano na imaginação de cada um. Para quem acha que ascensão por dinheiro ou status é o mais importante, para quem pensa que a beleza é tudo, para quem acha que sexo está na frente de qualquer coisa; eu afirmo que ai não está o Amor. União de almas acontece por afinidades, por pensamentos semelhantes e por tudo mais que eu já havia mencionado. É um conjunto harmônico e quimicamente compatível. Uma mistura difícil de achar, mas nunca impossível. Trata-se de olhar no espelho e ver o seu verdadeiro reflexo.

Sobre a opinião que o Amor verdadeiro ocorre somente na juventude: a juventude é realmente a época dos sonhos e das fantasias com príncipes e cavalos brancos; não duvido que nessa fase os Amores se assemelhem mais aos filmes. Todavia, alcançar a maturidade e perder essa inocência boa é também perder a capacidade de sonhar. Eu, que não sou mais uma menina, sonho muito e jamais deixarei de sonhar. O Amor não tem idade. Se tivermos 15, 25, 35, 45...70 anos ou mais, vamos sentir a mesma emoção diante do Amor. Ao envelhecermos perdemos um pouco daquela ansiedade adolescente, mas se mantivermos os sonhos em nossos corações, a felicidade irá, de igual maneira, tomar conta de nosso corpo e de nossa alma. A minha grande questão é: porque, afinal, privar-se disso tudo? Precisamos rever os conceitos de maturidade e Amor o mais breve possível. A idade nunca vai interferir nos sentimentos de dois corações e, tampouco, impedir a sua união sagrada.

Meu sonho de hoje é que as pessoas abram seus corações para o Amor. Sim, ele existe é não é criação de poetas, músicos ou cineastras. Deixe o Amor entrar em suas vidas mesmo que a grande maioria ache errado seu modo de pensar. A maioria não está dentro do seu íntimo e não sabe os anseios de seu coração. Viva o Amor verdadeiro! Viva o Amor romântico! Viva a permanência da inocência e dos sentimentos puros! Amar muito e Amar de verdade é o que realmente faz a diferença e irá transformar o seu mundo e o mundo lá fora num lugar bem melhor de se viver.

O Cupido achou que eu sou meio infantil, mas eu expliquei a ele que trata-se de uma nova filosofia. Ele repensou e teve que concordar comigo. Ele gosta muito de Amor verdadeiro e acabou separando várias flechas para me ajudar nessa nova tendência. Ainda bem que ele me apóia! Vamos espalhar esse Amor todo sem idade ou condição específica. Vamos encher o planeta de Amor!

Felicidades e sorte sempre!
Eleonora Reis.

eleonora.reis7@gmail.com

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Crimes Silenciosos


Como é bonito pensar sobre a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Uma vitória feminina depois de séculos de sofrimento, lágrimas e vergonha. Mas será que realmente atingimos esse objetivo? Olho a sociedade e vejo algumas mulheres independentes e bem sucedidas donas do seu nariz e do seu pequeno universo. Contudo, vejo mulheres que vivem nas mesmas condições de desrespeito e humilhação nos seus lares como no início dos tempos. Déspotas modernos estão em toda parte: dentro dos lares, nas Universidades, no ambiente de trabalho ou em muitos outros locais. São homens que acreditam controlar o universo e fazem jogos de poder com o sexo oposto. Jogos muito perigosos esses, que envolvem tirania, agressão sexual, agressão moral e completa falta de respeito com a mulher. Na maioria das vezes, esses homens sentem-se bem em ferir o físico e/ou a alma feminina e, em ambos os casos, as feridas geram cicatrizes profundas que podem permanecer doloridas por toda uma vida. Não pretendo fazer um discurso sexista ou feminista. Muito pelo contrário, pois acredito sobre tudo no Amor e na união dos opostos: masculino e feminino. A minha abordagem está direcionada àqueles que vêm a mulher como um objeto sexual, como um ser inferior em todos os sentidos, como uma criatura não merecedora de respeito ou de qualquer outro sentimento nobre. São os agressores, os estupradores, os manipuladores, os mentirosos, os assassinos, os traidores e os assediadores. Eles cometem brutalidades e são inocentados. Matam e têm uma curta pena na cadeia. Transformam a vida de uma mulher num verdadeiro inferno, mas nunca são senteciados por não deixarem rastro ou prova de suas ações perversas. Tudo muito bem planejado em completo silêncio. Monstros psicopatas é como eu melhor posso classificá-los. Para eles, já que a justiça dos homens é falha ou não tem provas suficientes para condená-los, eu clamo pela justiça de Deus. Deus é onipresente e conhece bem todos os passos deles. A justiça divina defenderá a todas essas pobres vítimas que apenas recebem pedras no lugar de carinho e de Amor. O tempo e a verdade caminham de mãos dadas.

Por outro lado, existem homens que Amam e valorizam o feminino. São homens que têm o coração puro e aberto e acreditam verdadeiramente no Amor. Quisera todas as mulheres pudessem estar com um homem que as trate com delicadeza, com respeito, com honestidade, com amizade, com afeto, com carinho e com Amor. Homens assim são difíceis de encontrar, pois infelizmente vivemos ainda num meio muito machista. Para aquelas que vivem no inferno de indiferença, crueldade e desamor eles parecem um bálsamo que cura todas as feridas. Meu sonho de hoje é que todos os déspotas do mundo sejam julgados pelos seus crimes silenciosos e que todas as suas vítimas recebam amparo e suporte nos braços dos homens do Amor.

A mulher e o homem foram criados para viver em harmonia e paz. Para isso devem construir uma relação de amizade, respeito e Amor. Na diferença dos opostos está o equilíbrio. No seu reflexo encontrará o que procura.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

terça-feira, 6 de julho de 2010

O que é o Amor?


Mergulhada em meus pensamentos e sonhos comecei a me indagar sobre o principal assunto que abordo: o que é, afinal, o Amor? O mais sublime de todos os sentimentos seria uma resposta apropriada. Contudo, o Amor é um sentimento tão complexo e cheio de faces que acredito que essa resposta teria inúmeras variações de acordo com o coração da pessoa que fosse indagada. Acredito que essas variações aconteceriam também devido às experiências pessoais de cada um. Um sujeito que não recebeu amor fraternal dos pais e nunca encontrou alguém que realmente se entregasse com o coração aberto a ele, tende a ver o Amor em coisas que talvez não sejam representantes principais dele. Outro exemplo seriam as pessoas que acreditam que Amor é igual a sexo. O sexo é uma manifestação do Amor. Quando amamos verdadeiramente alguém é natural que desejemos essa pessoa e que nos sintamos felizes e bem quando fazemos sexo com ela. A união dos corpos torna-se perfeita e até mesmo sagrada através do sexo feito com Amor. Mais isso não significa que sexo é Amor. Inclusive, acredito que todas as pessoas que já fizeram sexo com Amor devem saber bem a diferença de uma simples transa. Nos dias de hoje, com a falta de romantismo e a valorização excessiva da imagem dos corpos e da sexualidade nos meios de comunicação, a idéia de Amor e de fazer Amor parece que foi parar dentro de um baú empoeirado que pertencia aos nossos avós. Acho isso lastimável, pois creio que o Amor é tão maior que o simples toque sensorial e uma série de reações fisiológicas que acompanham o mesmo. O Amor faz a gente se sentir vivo, sonhar acordado, realizar todas as coisas lindas ao lado e de mãos dadas com a pessoa amada. Amar é construir uma vida juntos e viver os bons e maus momentos sem jamais esquecer o outro. Amar é tolerar as diferenças de idéias e comportamentos que naturalmente ocorrem, pois não somos programados para agirmos de maneira idêntica. Amar é preocupar-se e cuidar da pessoa amada. Amar é ver as mudanças causadas pelo decorrer do tempo na face e no corpo da pessoa amada e, mesmo assim, continuar amando. Amar é sentir prazer em apenas conversar com o outro. Amar é viver o momento mágico do nascimento de um filho, que representa a união eterna de dois corações. Eu poderia escrever um livro inteiro somente abordando o tema ‘verdadeiro Amor’, do qual sou profunda admiradora. No entanto, creio que a idéia principal já foi posta em pauta. O verdadeiro Amor, esse que vimos nos filmes em preto e branco, é aquele mais perto do Amor infinito.

O Cupido está um pouco desconfortável com todo esse assunto, pois ele ainda prefere o Amor moderno. Ele diz que é mais rápido e facilita o trabalho dele. Eu, honestamente, prefiro coisas clássicas, demoradas e realmente verdadeiras. Vou tentar explicar que o antigo e o novo podem gerar uma combinação inusitada e surpreendentemente boa. Amor verdadeiro, Amor Infinito, Amor perfeito.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

domingo, 4 de julho de 2010

Reflexão em Verde e Amarelo


Um mar de olhos incrédulos assistiram a triste derrota do Brasil na última sexta-feira. Decepção de uma nação inteira não é pouca coisa: choro, sofrimento e sonhos destruídos. Eu achei, de igual maneira, algo realmente lastimável. Apostei todas minhas fichas na seleção de ouro, mas não foi dessa vez que meu palpite estava certo. Na vida e no jogo nem sempre o que parece favorito vence. Por outro lado, juntando os pedaços de esperança que estavam caídos no chão, comecei a pensar se os brasileiros realmente deveriam sentir-se envergonhados ou tristes por isso. Futebol é uma paixão nacional, isso não se discute. Concordo que as pessoas, no auge de uma paixão, sofram demais diante de um resultado negativo. Mas colocando os óculos para enxergar melhor, vejo que o futebol não é o único atributo do nosso país. Vivemos num dos países mais ricos de recursos naturais do mundo: temos abundância de águas, terras férteis e mata nativa que contém a maior farmácia natural do globo. A agricultura, a pecuária e os minérios são abundantes. Nossas belezas naturais têm uma diversidade impar e atraem milhares de turistas que vêm ao Brasil para ver nossas praias, rios e florestas. O Brasil é um dos países mais promissores com um desenvolvimento de causar inveja a muito país desenvolvido. Nossas crianças estão vivendo hoje num país melhor, com um acesso mais fácil à educação o que levará a uma sociedade melhor no futuro. Tantos atributos tem nosso país e nosso povo que eu poderia escrever um texto realmente longo. Creio que já deixei claro meu ponto de vista. Sou patriota sim. Torço como louca para a seleção brasileira, mas meu patriotismo não termina com uma derrota. Não sou patriota apenas num jogo da copa do mundo. Sou patriota ontem, hoje e amanhã. Sou patriota até debaixo d’água. Sou patriota por inteiro. Isso porque amo verdadeiramente o Brasil e tenho muito orgulho de ser brasileira.

Não estou, com isso, induzindo ninguém a se comportar da mesma maneira. Contudo, acho que podemos transformar essa nuvem negra que está sobre o país num dia ensolarado novamente. Muitas alegrias virão nos jogos de futebol nacionais e tantas outras com o crescimento do país. Esperança e fé em dias melhores servem para esse acontecimento e para muitos outros da vida. Cabeça erguida e orgulho de viver nessa nação rica e maravilhosa.

Como eu não podia deixar de falar de Amor, mesmo num texto sobre a derrota do Brasil na copa, quero fazer a seguinte comparação: essa derrota é como o rompimento de um relacionamento – é muito doloroso e sofrido que chega a dar vontade de desaparecer. Porém, se existe Amor o casal reata novamente e a reconciliação tem um sabor tão bom que tudo chega a ser melhor do que era antes. Vamos esperar por esses dias e pela alegria que eles prometem. Vamos nos reconciliar com a seleção e com o Brasil.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com