'Para desvendar a vida não bastam as ciências, são necessárias também as letras e as artes. E para viver a vida verdadeira, a vida por inteiro, é preciso a ela entregar-se com amor e paixão'.


terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Salvando Vênus



A clássica relação sogra-nora dispensa, via de regra, grandes apresentações: a hostilidade costuma ser inata. Interessante, foi a forma como esse assunto foi abordado na divertidíssima comédia inglesa "Bons Costumes". Na trama, um jovem inglês casa-se, sem o conhecimento da família, com uma americana glamourosa e muito moderna para a sua época (final dos anos 20). Os problemas começam quando eles se mudam para a casa da família do noivo: a sogra inicia uma batalha de nervos diária, sempre de forma elegante e sorridente, transformando a vida da heroína num inferno. Não há grandes novidades, até então, nessa história. Todos ou já passamos por algo similar, ou conhecemos alguém que passou. O que gostaria de chamar a atenção é para o comportamento adotado pelo jovem inglês: ele dizia amar com todas as suas forças a heroína, a chamando, inclusive, de sua ‘Vênus’(a deusa grega do amor). Contudo, ele parecia não ter voz ativa diante de sua mãe: era totalmente manipulado e preferia acatá-la a se desentender com ela, mesmo que isso arruinasse o seu casamento. O filme tem cenas hilárias, como a da heroína derrubando (e destruindo!) uma réplica da Vênus de Milo que ficava no hall de entrada da casa. Chic, descolada e com atitude!

Uma abordagem que explicaria a atitude do nosso herói seria a época em que se passa o filme. Seguir e acatar os conselhos de seus pais e, particularmente, de sua mãe no que diz respeito ao seu relacionamento com sua mulher poderia ser alguma regra da época. Será? Acho que não, pois ele se casou às escondidas. Se os pais fossem fundamentais para decisões desse tipo ele os teria consultado antes. E será que isso acontece nos dias de hoje? Eu posso garantir que esse filme nunca esteve tão em voga: conheço mais de um caso idêntico a esse. Parece brincadeira, mas não é. Homenzarrões de 20, 30 e até 40 anos podem ser sim os bebezinhos da mamãe! Conselho de uma mulher contemporânea lúcida: se você encontrar um desses fuja enquanto é tempo, pois você jamais vai ocupar o lugar de mulher da vida dele. Esse lugar já está ocupado desde o dia em que ele nasceu e o trono tem um M enorme de Mamãe!

Não sei ao certo se isso é um tipo de vício na educação dos filhos ou se falta um pouco de coragem nesses rapazes. Confesso que no fundo sinto um pouco de pena deles, afinal ninguém pode ser realmente feliz sendo um fantoche no teatro de marionetes da própria mãe. Não quero que fique subentendido que eu discordo da relação de amor e amizade entre mãe e filho. Muito pelo contrário! Acho que esse relacionamento é fundamental tanto para homens como para mulheres. Contudo, é preciso ter critérios na vida e aprender a dizer não mesmo que isso possa magoar sua mãe. As mães são mais experientes, mas são seres humanos e estão tão propensas a errar como qualquer um, principalmente se ciúmes e amor estiverem envolvidos. O certo é filtrar os bons conselhos apenas, discutir e decidir sobre a relação somente com o seu amor. Dessa maneira, talvez a estátua da Vênus permaneça intacta.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com