'Para desvendar a vida não bastam as ciências, são necessárias também as letras e as artes. E para viver a vida verdadeira, a vida por inteiro, é preciso a ela entregar-se com amor e paixão'.


terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Balzaquianas em Apuros



Ultimamente, estou cercada de idéias hilárias a respeito de mulheres balzaquianas. Na mesma semana, estava lendo o livro que deu origem à série de TV “Sex and the City” e fui assistir à excelente peça de teatro “Como Agarrar um Marido antes dos 40”. No livro, mulheres bem-sucedidas em suas carreiras, bonitas e descoladas que vivem na cidade de Nova York fingem não ter o mínimo interesse na vida conjugal, até que a protagonista (Carrie) conhece seu namorado (Mr. Big) e começa cogitar a viver num sobrado no subúrbio e ter uma penca de filhos! Claro que isso é apenas num momento do livro, já que a autora construiu essa personagem para ser independente, auto-suficiente e forte como uma rocha. Muito bonito na ficção, mas não se esqueçam que na vida real existem hormônios e, só por esse detalhe, Carrie acabaria se enlouquecendo e enlouquecendo o tal Mr. Big com idéias de casamento e filhos, pois o seu relógio biológico já está quase passando do prazo de validade. Dessa maneira, a história não teria muita emoção ou surpresas, pois todas nós mulheres já saberíamos exatamente como seria o desenrolar e o desfecho desse livro. Melhor ficar como está, assim podemos proferir juntas em uníssono: viva a independência feminina! Definitivamente, não é fácil ser mulher depois dos 30.

Na peça de teatro, uma advogada bem-sucedida em sua carreira, bonita e descolada que vive na cidade de Porto Alegre - qualquer semelhança com as mulheres do livro que citei acima não é mera coincidência- vive em crise por causa dos hormônios (tem TPMs que a enloquecem), está prestes a completar 40 anos e não tem nem sinal de um futuro pretendente a marido. Detalhe: ela acredita que se não se casar até os 40 anos ficará ‘encalhada’ para sempre! A peça é divertidíssima e expõe os medos e anseios femininos, passando por todos os tratamentos cosméticos e corporais que prometem ser a fonte da juventude. Essa heroína é uma mulher da vida real que deseja ser uma profissional e ter uma carreira, mas também sonha com os antigos ideais das nossas tias casamenteiras de outrora: um lar com marido e filhos. Essa é, na realidade, a verdadeira mulher ‘Cosmopolitan’ contemporânea. Difícil é encontrar mulheres corajosas o suficiente para assumir isso: todas parecem fazer parte de alguma sociedade secreta na qual esse desejo não pode jamais ser mencionado, pois está sutilmente subentendido. Definitivamente, não é fácil ser mulher.

Deviam escrever livros e peças de teatro a respeito do comportamento dos homens de 30, 40 e 50 anos (ou mais) que estão em busca de sua consorte. Garanto que o universo masculino também ofereceria um rico material igualmente hilariante. Se existem homens desesperados para casar? Claro que sim! Exatamente desses que as mulheres casamenteiras correm apavoradas de medo. Todas têm absoluta certeza de que, por se exporem dessa forma anunciando que querem casar, são algum tipo de psicopata ou golpista. Coitados, eles são apenas românticos. Existem também aqueles que estão doidos para casar, mas não falam nada, pois já sabem do pacto de silêncio que existe na sociedade secreta feminina. Quando eles encontram suas parceiras, em silêncio, marcam a data do casório. Bem, existem muitos outros tipos, mas isso exigiria uma pesquisa de campo mais detalhada. O fato é que mulheres e homens no fundo, bem lá no íntimo, não desejam ficar sozinhos. Mais do que natural, a formação de casais que estabeleçam uma união estável visando o bem-estar mútuo, o carinho, o companheirismo, o amor e a procriação é uma das finalidades da vida.
Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Amor em Tempos Modernos II


Há muito que a relação homem-mulher já não obedece mais à célebre frase dos casamentos: ‘até que a morte os separe’. Infelizmente, já não há mais indissolubilidade do matrimônio. Ou, melhor colocando, felizmente, pois más escolhas trazem apenas sofrimento para os cônjuges e, como todos nós sabemos, errar faz parte da natureza humana. Liberdade para começar de novo, para reescrever a história da sua própria vida foi o que o divórcio trouxe para as famílias. Não estou, com isso, querendo dizer que não acredito no casamento. Acredito sim, desde que seja um convívio harmonioso baseado no amor, no respeito, na cumplicidade, no desejo e na verdade. Viver uma mentira somente para satisfazer os olhos da sociedade é coisa do século passado.

Com essas mudanças, uma revolução aconteceu também dentro das famílias, surgindo novos graus de parentesco inexistentes ou pouco comuns em décadas passadas: namorado da Mãe, namorada do Pai, filho(a) da namorada do Pai, filho(a) do namorado da Mãe, Mãe e Pai da namorada do Pai, Mãe e Pai do namorado da Mãe (seriam novos avós?) e assim por diante. Complicado, mas pós-moderno. O mais interessante e, porque não dizer, o mais saudável é quando as famílias decidem ter uma relação de amizade, visto que se o primeiro relacionamento não foi bem sucedido mas gerou filhos, esses merecem atenção e carinho do casal mesmo que eles já tenham casado novamente com outras pessoas. Além disso, muitos casais tornam-se amigos após a separação, o que é especialmente proveitoso para os filhos. Não é raro, então, num almoço de domingo encontrarmos dividindo a mesma mesa de restaurante a mulher e seu namorado, o homem e sua namorada, os filhos do primeiro casamento desse casal, os filhos dos respectivos namorados e, quiçá, os ex-sogros! Melhor assim, pelo menos todos se respeitam e são felizes.

Não quero que fique subentendido, de alguma forma, que duvido da instituição casamento. Pelo contrário: respeito muito, considero lindo o ritual religioso e seu significado e, sendo muito honesta, farei eu mesma tudo novamente se tiver oportunidade um dia. Penso assim, porque creio que todos merecem uma segunda chance de começar a escrever da página 1 de um livro novo, já que o primeiro teve final irremediavelmente trágico. Assim, realmente espero poder escrever um romance bem açucarado, cheio de paixão, aventura e noites de luar e, quem sabe, publicá-lo para que todos vocês possam ler.
Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Amor em Tempos Modernos


A brisa marinha acaricia de leve a pele bronzeada de sol. No calçadão à beira-mar os olhares se procuram e se cruzam com a intensidade de uma tempestade de raios. Ela olha tímida. Ele sorri e pisca o olho. Ela sorri de volta dando a abertura necessária para que ele se aproxime e comecem a conversar. A receita antiga de uma típica paquera de praia que se repete, geração após geração, ao longo do tempo. Mas será que na era da informática isso continua assim? A internet e as telecomunicações, sem dúvida, modificaram o comportamento de toda uma geração. É claro que as paqueras reais ainda existem, desde que, após alguns segundos de conversa, você passe seu número de celular, seu e-mail e seu ‘Messenger’ para não perder contato. Ah! Quase esqueci: o Orkut e o Twitter também! Todos querem estar conectados, compartilhar fotos e ‘bisbilhotar’ um pouco a vida alheia, principalmente quando se trata de um possível pretendente.
A velha receita de paquera não se aplica mais aos incontáveis casais que se formam todos os dias via internet. Sites de relacionamento, salas de bate-papo, fóruns e até sites que combinam perfis compatíveis dão uma mãozinha na aproximação de pessoas. Acho muito curioso esses últimos: você tem fotos e informações acerca das pessoas que mais parecem um currículo e, assim, pode escolher dentre inúmeros o que lhe parece mais compatível com você. Não estou criticando, pois trata-se de uma maneira inteligente de conhecer alguém com os mesmos interesses. Contudo, posso afirmar que uma foto linda e um perfil perfeito nem sempre passam no teste da ‘paquera real’: aquele olhar que ‘faísca’ que comentei no início. Claro que o destino, a sorte, a química e o Cupido Virtual (sim, até ele já fez um ‘download’ e atualizou suas funções para tempos de amor via ‘bytes’) devem conspirar para o relacionamento dar certo. E um grande número de relacionamentos dá realmente muito certo: as pessoas são felizes, vivem na vida real a estima que se iniciou no mundo virtual, se apaixonam, namoram e, porque não, se casam. Tempos pós-modernos: amores eletrônicos.
E no verão 2010: a brisa marinha acaricia de leve a pele bronzeada de sol. No calçadão à beira-mar os olhares se procuram e se cruzam com a intensidade de uma tempestade de raios. Ela recebe uma mensagem no seu celular via ‘bluetooth’ com o seguinte recado: ‘Você é linda! Meu MSN é gato@hotmail.com vá ao cybercafé que estou on-line.’ Ela atravessa a rua, entra no cybercafé, adiciona o ‘gato’ e começam a conversar. Se dessa paquera virtual surgirá um grande amor não sei? Melhor perguntar ao Cupido Virtual. O que tenho certeza é que as relações humanas mudaram e muito ao longo do tempo.
Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.
eleonora.reis7@gmail.com

Então é Natal...


Os anúncios nos jornais, na TV e a decoração dos shoppings avisam a todos que chegou o Natal. Época esperada e feliz para uns e melancólica e triste para outros. Sempre que chega dezembro, lembro dos Natais da minha infância: pinheiro natural na sala da casa de minha avó com direito a presépio embaixo da árvore, ansiedade para receber aquele presente que eu aguardava meses para ganhar, meu tio vestido de Papai Noel (assustador para as crianças), ceia farta e deliciosa depois da meia-noite. Um tempo inesquecível para mim e que me coloca dentre as pessoas que adoram o Natal.

Hoje, a perspectiva e a velocidade das coisas mudaram: vivemos num tempo no qual tudo acontece rápido e se obtém com facilidade. Dificilmente, uma criança espera meses para ganhar uma boneca como acontecia antigamente. O consumismo voraz, tão comum na nossa sociedade, acaba tirando a magia da troca de presentes no Natal. Então, que tal encontrarmos outros aspectos mais importantes para valorizar nessa época tão bonita? O significado religioso do Natal, todos sabemos, é o nascimento de Jesus Cristo, que faz com que todos os povos cristãos do globo comemorem juntos essa data. Mesmo aqueles que não são cristãos podem celebrar de forma diferente essa época, como é o caso do Chanukah dos judeus. O importante é sentir-se envolvido pelo espírito de fraternidade, de esperança e de alegria.

Natal é uma época de luz, então ilumine a sua vida iluminando sua casa: decore sua árvore de Natal, sua janela, seus arbustos com muitas lâmpadas brancas ou coloridas, afinal o que importa é a alegria que isso causa em você, nos seus familiares e nos olhos das crianças das redondezas. Decore também com enfeites de Natal sua casa para espalhar o espírito natalino dessa época dentro do seu lar. Ensine as crianças a valorizarem o Natal de uma forma diferente: convide elas a fazer biscoitos natalinos aproveitando para explicar o significado dos símbolos do Natal. Escolha uma música natalina, faça cópias e distribua entre seus familiares para vocês cantarem a meia-noite da véspera de Natal. Enfim, essas são algumas sugestões para aproveitar essa época sem necessariamente associá-la aos presentes, afinal o Natal é, sem dúvida, muito mais do que isso.

Quero aproveitar para desejar a todos os leitores um Natal mágico: que a memória do nascimento do Cristo esteja presente entre seus familiares na noite de Natal e encha seus corações de esperança, alegria e paz.

Feliz Natal!

Eleonora Reis.

Publicado em Dezembro de 2009, JAP número 249.

Bonecas de Palha



Acho tão glamouroso o mundo da moda. Tudo parece mágico e perfeito. A mitologia, a poesia e a música se encontram no grande espetáculo. Eis que, então, ela surge, em meio a flashes e luzes, e todos a aguardam atentos, afinal é a última atração do desfile: então, ela entra gloriosa no seu vestido branco e com as rosas que caem, uma a uma, de suas mãos na passarela. Todos sempre querem ver a noiva desfilar.


No universo da elegância tudo é absolutamente lindo e dentro dos padrões aceitos. Exatamente nesse contexto que surge o grande problema: o estereótipo de perfeição que a sociedade atribui às modelos. Ser modelo é tudo que a maioria das adolescentes deseja ser, independente de classe social. Claro que, para tanto, é preciso estar com todas as ‘medidas’ desejáveis. Então começam as cobranças: Você tem que se vestir assim! Não coma chocolate menina! Ponha fora toda essa comida do prato! Seu cabelo tem que ser assim! E por ai vai. O grande mal é que essa conduta está, na grande maioria dos casos, presente na família e não só na cabecinha dessas meninas. E mesmo que nenhuma delas venha ser modelo um dia, todas seguem religiosamente todas as privações e exercícios que moldam o corpo de uma modelo. E elas são muitas...e estão em muitas partes do mundo. E elas são lindas e teriam um futuro brilhante pela frente, mas cometem todas o mesmo engano quando adoecem por vaidade. Eu olho para elas e as vejo frágeis...tão leves como uma pluma no vento...tão finas como uma boneca de palha. Será que elas serão felizes? Será que elas irão ‘estragar’ o corpo um dia para terem filhos? E se fizerem, será que ficarão felizes com a própria imagem? Esse novo padrão de beleza imposto enfraquece o padrão biológico que a natureza escolheu desde o início dos tempos como sendo o adequado: a mulher saudável, com peso normal, o organismo em equilíbrio, que se alimenta regularmente e por isso tudo apresenta a capacidade reprodutiva normal de forma a perpetuar a espécie.

Muitas meninas escolhem esse caminho em busca do sonho dourado de ser rica e famosa de maneira rápida e fácil. Esse é outro grande equívoco, pois estudar, trabalhar honestamente, receber reconhecimento profissional e constituir uma família feliz já é, por si, acertar na loteria. A felicidade está nas entrelinhas da simplicidade e é construída a cada dia. Principalmente porque, às vezes, o glamour se distorce...e quando as pessoas tomam o rumo errado podem se deparar com o submundo das drogas, do álcool e dos transtornos de comportamento como a anorexia e a bulimia. Quando isso ocorre, pode se ter certeza que nada vai bem. O mundo dos flashes e das passarelas definitivamente não é bom para todas.

Creio que é chegada a hora de sermos mais críticos e rígidos e usarmos uma ‘balança’ na sociedade quando se refere a padrões corporais impostos. E, dessa vez, essa balança não será para medir o peso corporal das meninas.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

Publicado em Novembro de 2009, JAP número 248.

Primavera


Nossos dias já estão mais iluminados e coloridos avisando a todos os sentidos que a nova estação chegou com toda a sua exuberância. Inspiração para artistas, poetas e músicos pelos séculos afora, a Primavera traz consigo a força da renovação ou renascimento da Natureza após o frio e sombrio Inverno. É tipicamente associada ao reflorescimento da flora e da fauna terrestres. Mas apresenta, além disso, uma magia incrível que foi muito bem representada nas artes no concerto para violinos ‘Primavera’ pertencente às ‘Quatro Estações’ de Vivaldi e no intenso quadro ‘Lírios’ de Vincent van Gogh. Alegria na melodia e vibração nas cores. É isso que o músico e o pintor sentiram ao imortalizarem essa Estação em suas obras.

Será que estamos percebendo toda essa mudança acontecendo silenciosamente a nossa volta? Muitas vezes, na alucinante ciranda das horas do dia, não encontramos tempo para comtemplar, por exemplo, um jardim florido que está diante de nós. Na realidade, não temos tempo sequer de olhar nosso próprio rosto no espelho. A famosa urgência da vida moderna. Pois então, eu proponho um experimento simples que poderá trazer um pouco de alegria aos seus dias primaveris. A Primavera é a própria renovação, então porque não renovar os hábitos? A proposta serve para homens e mulheres e é muito simples: 1-Comece o dia com um maravilhoso banho morno; 2-Escolha cores claras e alegres para vestir, as meninas podem abusar das estampas florais; 3-Abra as janelas e deixe a luz natural invadir sua casa; 4-Coloque o seu melhor perfume; 5-Observe a Natureza ao deixar sua casa: o céu azul, as flores que estão por toda parte, o verde intenso das árvores, o canto dos pássaros e o brilho da luz solar; 6-Respire fundo e absorva o perfume e a magia da Primavera; 7-Compre flores e coloque na sua mesa de trabalho e na sua casa. Pronto! São mudanças bem simples, mas que podem trazer mais alegria e ânimo nessa tão formosa época do ano.

A vida se apresenta, muitas vezes, como uma mulher sizuda e triste que se veste apenas de preto. Entendo que ela tenha seus motivos para ser assim. Contudo, podemos convidá-la a usar um lindo vestido vermelho, soltar os cabelos ao vento e sorrir de todas as dificuldades. Temos o dever de permitir que a felicidade venha para a nossa própria vida. Então, porque não deixar a energia da Natureza transformar essa Primavera no início de uma grande mudança interior? Nova atitude, novas perspectivas e novos sonhos. Que a cor, o perfume e a luz da Primavera permaneça em sua vida durante as quatro Estações do ano.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

Publicado em Outubro de 2009, JAP número 247.