Negras

Sempre fui muito devota de Nossa Senhora. Creio que desde a tenra idade essa fé brotou em meu coração quase que instintivamente. Claro que conhecia as imagens tradicionais de Maria com o Menino Jesus no colo com se vê em qualquer templo mariano. Essas imagens sempre me transmitiam uma sensação de bem estar e segurança que somente uma mãe pode transmitir. Então, minha experiência religiosa de devoção e fé a Maria, Mãe de Jesus, sempre foi e continua sendo algo realmente especial.

Por outro lado, nos últimos anos eu entrei em contato com representações diferenciadas de Maria que me chamaram muito a atenção. O primeiro contato aconteceu num santuário que visitei em Curitiba da Virgem de Czestochowska. Quando visualizei o belo ícone percebi que ele apresentava várias marcas (como cicatrizes no rosto) e tinha uma cor castanha. Fui pesquisar a respeito dessa Madonna e descobri que existe uma lenda que relata que o próprio São Lucas havia pintado esse quadro no tempo de Maria Santíssima. Além disso, parece que sua cor escura deve-se ao fato da igreja que o abrigava ter pego fogo e que a única coisa que permaneceu intacta foi a imagem. Isso fez com que eu sentisse uma profunda admiração por aquela Maria: ela carregava a cor e as cicatrizes das dificuldades que enfrentou e, mesmo assim, permanece no alto do altar olhando por nós. Naquele dia mesmo no santuário, comprei uma imagem de Nossa Senhora de Czestochowska que guardo com muito carinho junto com outras imagens marianas.

Como falar de Virgens Negras e não lembrar da querida Padroeira do Brasil? Essa Maria, amada pelo povo brasileiro, também tem um local especial no meu coração. Não faz muito tempo que fui presenteada com uma imagem sua que deixo em um local especial onde sempre posso vê-la. Milagrosa e com uma história um tanto quanto interessante – foi encontrada por pescadores em um rio com a cabeça separada do corpo, que era escuro por conta do lodo do rio – desde sua aparição muitos fiéis têm suas promessas atendidas e vão ao Santuário de Aparecida para agradecer. Seu nome - Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida – tem, na realidade, o sentido de concepção (Conceição). Isso está relacionado à Vida e à fertilidade. Alguns acreditam inclusive que todas as Marias Negras, que são muito numerosas no mundo inteiro, devido a sua cor estão relacionadas com a terra, o útero, a Mãe Terra, a Deusa Mãe, que também era conhecida no paganismo como a Deusa de fertilidade. Para as mulheres como eu, elas representam uma força infinita que vem de suas entranhas capaz de conceber o Deus vivo que está dentro de nossos corações. O Deus vivo que está no meio de nós.

Existem muitas outras Marias Negras que eu poderia mencionar. Deixo esses singelos exemplos apenas para relembrar sua existência e importância como potência feminina.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

Gêmeos

Outro dia, entrei no perfil do ‘orkut’ de uma grande amiga e lendo o que ela havia escrito em ‘quem eu sou’ me deparei com a seguinte frase: ‘sou uma pessoa que ainda acredita em almas gêmeas’. Como não se ouve mais falar em almas gêmeas como há tempos atrás, achei aquilo curioso. Claro que, desde quando eu era bem jovem, eu escuto falar sobre isso. Mas sabe aquele assunto que ficou misturado aos sonhos de adolescente e as bonecas? Então, hoje me deparei pensando nisso.

Obviamente que na literatura, nos filmes, na música e nas artes em geral o romance entre duas partes idênticas e complementares está muito bem retratado. Lindo de se imaginar a concretização desse sonho. Eu, em particular, já tive o privilégio de presenciar a união de duas almas gêmeas: meus avós maternos. Dessa maneira, para quem desacreditava que isso poderia acontecer de fato, eu posso oferecer o meu relato. O relacionamento de meus avós era, no geral, muito semelhante ao de qualquer outro casal. Contudo, o amor que os unia e que permaneceu imutável por longos anos e mesmo depois do falecimento de minha avó, a harmonia de seus pensamentos e propósitos e os grandes projetos concluídos em nome do Amor são apenas alguns exemplos do que essa perfeita parceria foi capaz. Além disso, não era preciso ser sensitivo para ver a forma como eles se olhavam. Creio que essa não foi a primeira e nem será a última vida que eles virão juntos. Tomara que estejam bem felizes onde estiverem!

Outra questão que me incomoda um pouco nesse assunto de almas gêmeas: já ouvi dizer que as vezes as almas gêmeas estão bem perto, passam na rua lado a lado, mas jamais se falam ou se conhecem efetivamente. Puxa, acho isso muito injusto! Acho que deveríamos ter uma forma simples de identificar a nossa outra parte: tipo um brilho diferente no olhar, um frio na espinha, uma aura multicolorida ou a mistura disso tudo para ter certeza. Dessa maneira, não se correria o risco de nossa alma gêmea se casar com a alma gêmea de outra pessoa, assim como isso é verdadeiro para nós mesmos. Mas quem sou eu para questionar a forma de identificação de almas gêmeas que Deus criou? Os Mistérios de Deus estão longe de ser completamente compreendidos. Ainda bem que acredito na pluralidade das existências: se não ficar com minha alma gêmea nessa vida, já deixo por escrito nessa singela crônica que temos um encontro marcado na próxima.

É claro que como boa romântica eu vou continuar sonhando com minha alma gêmea e espero que todos os solteiros e solteiras façam o mesmo. Afinal de contas, com sorte e um empurrãozinho dos anjos pode ser que eu tropece nele na próxima esquina! Tenho certeza que será amor a primeira vista!

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

2011 e a Vida

Todo ano é a mesma coisa na época da virada de ano: qual o Orixá que rege o novo ano? Qual a cor que deve ser usada? Comer lentilha garante dinheiro no próximo ano. Deve-se usar uma peça íntima rosa para atrair amor. Frango na ceia? Nem pensar! Porco é sempre a melhor escolha.

Superstições à parte, o fim de um ciclo e início de outro é sempre um momento de reflexão. Enquanto a TV mostra a retrospectiva dos principais fatos e notícias do último ano, a maioria das pessoas mergulha no seu interior e se pergunta se fez o melhor que podia e se viveu tudo que deveria viver. Por essa razão, muitas pessoas acabam ficando tristes ou melancólicas durante a passagem do ano. Quantas vezes vemos pessoas se abraçarem e chorarem exatamente à meia-noite. Isso não é ruim, pois é uma forma de extravasar as coisas ruins e os medos que ficaram para trás com o ano velho e deixar o coração e os sentimentos abertos para uma nova fase no ano que está chegando.

A vida é feita de ciclos e isso é um fato. Estamos todos entrando num novo momento nesse janeiro: seja no âmbito político do Brasil, seja nas mudanças em nossas próprias vidas. Precisamos estar prontos para encarar os novos desafios da vida e para as mudanças que estão por vir. Planejar e ter metas é sempre importante, mas saber que na prática a vida é que ‘leva’ a gente também é fundamental. Certa vez, um sábio professor disse durante uma aula que a vida é um cavalo em alta velocidade que não está selado, ou seja, ele nos conduz. Devemos ter isso em mente para aprender a aceitar as mudanças de rumo inesperadas, tanto as boas como as ruins.
Dessa forma, penso que não há nenhum mal em sucumbir às superstições na passagem de ano. Se quiser vestir branco, vista. Se sentir vontade de acender uma vela para o Orixá do ano, acenda. Se quiser comer um prato de lentilha, coma. O importante é: acreditar na vida; acreditar em dias melhores; acreditar nas pessoas; dar o melhor de si em qualquer atividade que fizer; acreditar em tudo que está entre o céu e a Terra, por que não compreendemos os mistérios de Deus; e acreditar em si mesmo. Essa é uma boa maneira de começar o ano de 2011.

Espero que a virada de 2010 para 2011 tenha sido muito boa para todos os leitores e desejo que nesse novo ano seus projetos, seus desejos e seus sonhos tornem-se realidade. Lembrem-se que a vida é quem nos conduz, mas os sonhos são só nossos e eles duram para sempre.

Feliz 2011!!!

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.