'Para desvendar a vida não bastam as ciências, são necessárias também as letras e as artes. E para viver a vida verdadeira, a vida por inteiro, é preciso a ela entregar-se com amor e paixão'.


quarta-feira, 4 de maio de 2011

Pérola


O vento daquela tarde estava diferente e trazia uma mensagem para Perla. Sentada num banco de frente para o mar ela sentia que algo muito novo estava para acontecer na sua vida. Passou as mãos nos cabelos tentando alinhá-los. Olhou a linha do horizonte e aspirou o ar carregado pela maresia. Conhecia bem aquele aroma desde criança, pois sempre vivera na praia. Tirou os chinelos e tocou a terra fofa que estava gelada naquela hora. Resolveu caminhar um pouco na beira da praia e molhar os pés: o contraste da temperatura da água com a da terra fez com que ela sentisse frio. Ela seguiu caminhando até um local cheio de quiosques e parou para tomar uma água de coco. Estava distraída olhando as gaivotas, quando percebeu um rapaz de vermelho se aproximar. Ele sorriu timidamente, mas se aproximou e perguntou onde ele poderia comprar um refrigerante. Ela deu uma risada e apontou o quiosque na frente deles. Ele, muito sem jeito, foi até o quiosque e voltou a sentar ao lado dela. Tiveram uma conversa agradável que durou algumas horas. Quando escureceu, Perla disse que precisava voltar para casa, então Jean se ofereceu para acompanhá-la até lá. Ele era adorável e sua intuição não se enganou a respeito de algo novo em sua vida. Na porta de sua casa, Jean a convidou para irem à praia juntos no dia seguinte e combinou que passaria ali às 9h da manhã.

Quando Perla acordou-se ela não podia acreditar: o mundo estava desabando em água. Uma chuva muito forte como há tempos ela não via. Ficou na dúvida se colocava roupa de banho, mas decidiu usar uma roupa normal, pois não daria nem para chegar perto da praia. Ficou observando na janela: Jean chegou de carro, estacionou e veio correndo até a entrada. Ela pegou a sua maior sombrinha para se dirigirem juntos até o carro. Não adiantou muito: ficaram ensopados. Jean disse que a levaria em uma parte da praia que poucas pessoas conheciam para eles conversarem um pouco. Ela concordou e estava gostando muito da companhia dele. Chegando ao local, o carro ficou próximo de pedras que davam direto para o mar. O lugar era muito bonito, mesmo com toda aquela chuva. Eles ficaram sentados de frente um para o outro por um longo tempo apenas conversando e se olhando. Jean timidamente tocou o rosto dela num rápido carinho e sorriu. Assim começou um grande Amor entre os dois. Passaram o verão inteiro juntos, sempre abaixo de muita chuva. Dizem que isso é um sinal de Deus e no caso deles definitivamente era.

Aquele foi o primeiro verão. No segundo o clima de romance permaneceu igual. Eles estavam completamente sorvidos um do outro. Viviam o Amor de forma suave, mas também intensa. Algo um tanto quanto difícil de explicar usando palavras. Não conseguiam ficar afastados e se ficassem, não conseguiam parar de pensar um no outro. Eles eram tão complementares que pareciam fazer tudo em sincronia. Numa noite de belo luar, Jean levou Perla novamente naquela praia que eles estiveram no primeiro encontro. Estava escuro e a lua cheia estava deslumbrante e refletia no mar. Ele tirou do bolso um pequeno embrulho e entregou a Perla. Era um par de brincos de pérolas com diamantes. Ela o beijou demoradamente e abraçou com muito carinho. Ele olhou em seus olhos e perguntou se ela aceitaria casar com ele. A lua, as estrelas e o mar foram testemunhas do sim e da noite inesquecível que eles passaram juntos.

Certa vez caminhando pela praia, ela sentou naquele mesmo banco do dia em que conhecera Jean. O vento era forte novamente e ela sentiu o cheiro da maresia com contentamento. Agradeceu a Deus pela benção de ter encontrado o Amor verdadeiro e por toda a sorte que tivera em sua vida. Nesse momento, o vento ficou mais forte. Ela, olhando para o oceano, deixou escorrer uma lágrima de alegria.

Felicidades e sorte sempre!

Eleonora Reis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário